One-shot - The Day We Met escrita por Nahy


Capítulo 1
Parte I


Notas iniciais do capítulo

Sim, gente. Depois de quase 1 ano estou postando a prometida continuação kkk
Me perdoem pela demora e boa leitura!
OBS: dividi a one em 2 caps porque ficou grande.



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A garota escutou o barulho de passos se aproximando e rapidamente voltou-se para trás. Seus olhos imediatamente foram para figura loira que caminhava em sua direção que observava suas unhas sem interesse.

— Está feito – disse a loira ao parar a sua frente e ela balançou a cabeça enquanto olhava para longe, ainda conseguia escutar o barulho do fogo.

— Você foi descuidada Tania – disse, olhando para ferida em seu braço. – Você sabe que essas coisas são venenosas.

— Me poupe das suas reclamações Isabella – respondeu-lhe, zangada. – Você foi a única a me deixar a colocar fogo naquelas coisas sozinha.

Ela não respondeu, sabia que era verdade e até mesmo não sabia o motivo para aquilo. Ela era uma bruxa de Vanskley, uma matadora, assassina que destrói qualquer monstro que encontrar, por que vampiros seriam uma exceção?

— Vocês já estão discutindo? – ambas viraram para trás, para a bela ruiva que andava em direção a elas enquanto segurava uma jovem garota assustada.

— Onde a encontrou? – perguntou Tania examinando a pequena garota.

— Não muito longe daqui – comentou e olhou para a morena. – Precisamos fazê-la falar. Isabella?

Isabella, que até então estava em silencio, olhou para pequena garota. Ela não deveria ter mais que 15 anos, seus olhos vermelhos estavam assustados, a garota não deve ter sido treinada ainda, pensou. Era uma recém-criada.

— Como se chama? – perguntou a garota, tentando não assustá-la.

Franziu o cenho confusa, não assustá-la? Isso era um absurdo.

— Bree – sussurrou se escolhendo.

— Você sabia quem eram as pessoas que moravam com você? – Tania bufou.

— Aquilo eram monstros, não pessoas.

Isabella lançou um olhar mortal em direção a Tania fazendo-a se calar e voltou a olhar para Bree, incentivando-a a falar.

— Eu não sei... – sussurrou – Eu estava voltando para casa e eles me pegaram, disseram que eu iria servir, que eu poderia ser útil ao exercito.

— Exercito? – perguntou a ruiva com os olhos estreitos fazendo Bree tremer com sua expressão – Quantos de vocês eram?

— E-Eu não sei – gaguejou.

— Eles falaram algo mais? Algum lugar?

— Eu os ouvi falando uma vez sobre um lugar. Acho que era Hoonah.

As três olharam umas para as outras surpresas.

— E eles falaram algo mais? – perguntou Isabella e Bree balançou a cabeça.

— Não, eles nunca falavam nada perto de nós.

Isabella assentiu e se afastou, ela sabia o que significava esse lugar, Hoonah era propriedade dos vampiros, a única cidade em que nenhuma bruxa de Vanskley se atrevia a ir. Ela somente conheceu uma pessoas que foi até aquele lugar, mas nunca mais há viu.

— Não Ruby – disse ao ver a ruiva se aproximar de Bree. – Ela é inocente.

— Você sabe que temos que fazer isso – disse com um suspiro.

— Fazer o que? – Bree perguntou temerosa para Isabella e ela hesitou.

— Você não pode viver sanguessuga – respondeu Tania com um sorriso de lado.

— Não! – olhou em pânico para isabella – Por favor, não me matem! Eu juro que faço qualquer coisa, por favor!

Isabella hesitou olhando-a, a garota obviamente era inocente, ela não tinha culpa por estar no local errado na hora errada.

— Temos que cumprir as regras Isabella – disse Ruby com um pouco de simpatia na voz, ela também não gostava de fazer isso. – É o nosso dever proteger os humanos.

— Eu sei... – sussurrou e levantou os olhos para Bree.

— Por favor... – chorou desesperada. – Eu faço qualquer coisa, por favor... Não me mate...

— Eu sinto muito – murmurou antes de virar e adentrar a floresta.

Ela tentou cobrir as orelhas, tentou fechar os olhos e fingir que nada estava acontecendo, mas nada deu certo. O grito de Bree ficaria para sempre na sua cabeça, assim como a de todos os outros.

***

Isabella olhava para grande salão entediada.

Ela não entendia o porquê daquelas anciãs colecionarem tanta porcaria. O salão estava repleto de estátuas antigas e quadros pintados, haviam algumas armas também, mas estas pareciam ser tão antigas quanto as anciãs. Revirou os olhos ao ver um arco mais a frente, como iria caçar fantasmas com aquilo?

Encarou o quadro ao seu lado e fez uma careta ao se ver ao lado de algumas outras caçadoras vestindo um vestido enorme e antigo. Ela não conseguia imaginar como caçava assim, agradecia o fato de suas memorias serem apagadas a cada novo ciclo de vida.

Era por isso que odiava esse lugar.

Odiava olhar para esse salão e perceber quantas vidas já haviam passado. A única certeza que tinha era o seu nome que sempre fora o mesmo. Mas quantas vezes ela já esteve nesse salão olhando para esses retratos? Quantas vezes ela ainda terá que repetir isso? Será que isso nunca irá acabar?

Odiava esse lugar.

Cruzou os braços irritada olhando impaciente para a porta. Estava pensando seriamente em invadir aquela reunião e mandar todos a merda, pois ela iria a Hoonah nem que fosse sozinha.

— Finalmente – resmungou quando a porta se abriu e Ruby saiu como um furacão. Franziu o cenho ao ver sua expressão, parecia estar pronta para matar um. – O que aconteceu?

— Aquelas malditas! – grunhiu socando uma das estatuas que quebrou na mesma hora. – Elas não vão nos permitir ir.

Isabella, que até agora olhava divertida os pedaços de pedra no chão, se virou chocada para Ruby.

— Elas o que? – rosnou irritada pronta para entrar naquela sala e fazer o que sempre sonhou desde que nasceu. Tinha certeza que Ruby a ajudaria a chutar Georgina, uma das anciãs que mais infernizou sua vida.

— Droga, eu estou tão... – Ruby não terminou e respirou fundo tentando se acalmar.

Isabella não conseguia ter essa mesma calma.

— Eu quero matar aquela maldita velha! – Isabella apertou a mão em punho e se virou para a saída – Tenho que sair, preciso me acalmar.

Saiu sem esperar uma resposta e correu para fora. Sentiu-se melhor ao sair daquele castelo e curvou a cintura apoiando as mãos nos joelhos, estava arfando mesmo sem estar cansada e tentava controlar sua vontade de socar algo ou alguém. Respirou fundo se endireitando e entrou no seu carro.

Sabia que se continuasse lá poderia atacar Georgina a qualquer momento. Ela odiava aquela velha, ela era a que mais fazia questão de tortura-la na sua infância, trancava-a no porão logo em seguida e a deixava sozinha para curar suas feridas.

Apertou o volante enquanto dirigia, queria voltar e arrancar sua cabeça, mas sabia que a maldita era poderosa, poderia acabar com ela em um segundo ou poderia a deixar viva e tortura-la até quase a morte. Georgina já havia feito isso uma vez, mas ela sobreviveu e jurou a si mesma mata-la algum dia, poderia não ser hoje ou amanhã, mas algum dia certamente...

Freou o carro bruscamente ao ver uma figura preta no meio da estrada.

Guinchou ao bater a cabeça no volante, mas não se preocupou com isso, pegando rapidamente a arma ao seu lado.

Ela apontou a arma para frente, tentando enxergar algo naquela escuridão, mas não havia nada.

Não havia ninguém na estrada.

Isabella, mesmo ainda sendo um pouco inexperiente, podia sentir quando algo estava errado ou quando não estava, isso tinha haver com o que era, todas já nasciam com isso, e nesse momento algo definitivamente não estava certo.

Desconfiada saiu do carro, seus passos eram cautelosos e sua atenção estava a mil nesse momento.

Olhou ao redor procurando por algo, mas havia somente ela e o barulho da sua respiração acelerada, a adrenalina corria por seu corpo e seu coração batia acelerado.

Algo está estranho. Pensou.

Sabia que deveria entrar no carro e sair dali rapidamente. Ela era inexperiente, havia ido somente há algumas missões, mas sempre estava acompanhada de alguém.

Deu alguns passos, parando em frente ao farou do carro e seus olhos varreram o local, mas novamente não encontrou nada. Será que imaginei? Perguntou-se confusa, duvidando de sua sanidade e suspirou baixando a arma, empurrou o cabelo para trás e virou-se para voltar ao carro.

Encontrei você.

Isabella virou-se para trás, seus olhos estavam arregalados e a arma tremia em sua mão. O que foi isso? Olhou assustada ao redor, podia contar quantas vezes sentiu-se assim, seus sentidos gritavam para ela correr, para fugir, mas seus pés não obedeciam, e por que pelos céus tremia tanto? Não fazia isso desde que tinha 10 anos.

— Olá gracinha.

Ela olhou para trás e lá estava ele, um homem loiro e alto que exibia um sorriso sarcástico. Ela soube de imediato o que ele era. Vampiro.

— O que faz aqui? – perguntou, ela ainda podia sentir aquela sensação assustadora, mas esta não vinha desse vampiro. Então o que foi aquilo?

— Estou perdido – disse empurrando o cabelo para trás e a olhou como se ela fosse algo de comer. – Será que a senhorita poderia me guiar?

Isabella soltou um riso seco e apontou a arma para ele.

— Acho que não. – então ela atirou.

Ela sabia, ou deveria saber que isso não iria acertá-lo, embora as balas estivessem encantadas, ele poderia se desviar. E foi o que exatamente fez.

Em menos de um segundo ele estava a sua frente tirando a arma das suas mãos. Então ela resolveu atacar e flexionou o joelho, o impulsionou para cima, sorrindo quando viu sua face em pura dor e o chutou para longe, fazendo-o parar há alguns metros de distância.

Então talvez ela pudesse caçar sozinha afinal. Vangloriou-se. Isso não era tão difícil.

Mas, antes que ela pudesse ir em direção ao vampiro e acabar com sua raça, sentiu algo atingir sua cabeça por trás e o ar faltou em seus pulmões.

Havia outro.

Antes de cair ela olhou para trás e o viu, ele era moreno que carregava um sorriso assustador no rosto, como se gostasse do que via.

Então foi dele que ela sentiu aquela sensação.

Os olhos de Isabella fecharam e seu ultimo pensamento foi o quão idiota ela foi por pensar que poderia.

Ah Ruby... Você tinha razão. Ainda sou muito fraca.

***

— O que fazemos com ela?

— Que pergunta idiota é essa? Claro que vamos levá-la ao clã.

Isabella acordou sob o som de vozes. Ela não conseguia se lembrar onde estava e o que tinha acontecido, mas tinha uma certeza. Algo definitivamente estava errado.

Ela podia sentir suas mãos e pés amarrados. Por alguma razão seu tornozelo latejava em dor e então as lembranças do que havia acontecido voltaram para ela.

Droga. Pensou olhando em volta, estava em uma espécie de sala, havia uma TV velha quebrada mais a frente e um sofá rasgado, a janela estava trancada com madeira e ela não conseguia invocar nenhum feitiço. Droga, droga! Ela sabia que havia apenas uma coisa poderia impedi-la de algo assim. As cordas estavam encantadas, como eles conseguiram algo assim?

Devo fugir.

Ela sabia que algo de bom definitivamente não iria acontecer com ela. Mas porque eles estavam a mantendo viva?

Queriam algo?

Mas, antes que pudesse formular mais algum pensamento a porta foi aberta com brusquidão.

— Ela acordou – ela conheceu o vampiro loiro que entrou, ele havia a tacado na estrada.

— Isso é uma ótima noticia.

Então mais um vampiro entrou, este era moreno, alto e tinha o cabelo curto. Então foi ele que me atacou antes de desmaiar. Lembrou.

— O que vocês querem? – cuspiu com ódio se debatendo e o moreno riu.

— Nosso chefe tem um gosto peculiar – disse se aproximando e se agachou a sua frente, passando um dedo por sua face. – Embora eu também esteja um pouco curioso sobre o gosto do seu sangue.

Sangue fugiu do rosto de Isabella e seu estomago embrulhou. Ela iria virar a refeição de um vampiro? Que ótimo modo de morrer.

— Jared – o outro avisou. – David disse para não tocarmos em nenhuma gota de sangue dela.

Jared suspirou e levantou.

— Eu sei, isso é uma pena. – ele parou e olhou para seu corpo. Um calafrio passou por Isabella quando viu seu sorriso sádico. – Bom, ele não falou nada de aproveitarmos da companhia da nossa querida convidada.

O loiro franziu o cenho e olhou para Isabella.

— Você... – mas antes que pudesse terminar a frase a janela fora quebrada e algo muito veloz passou por ela.

Isabella mal pode acompanhar com os olhos a cena que aconteceu diante dela.

Em um minuto o loiro estava falando, no outro sua cabeça estava caída no chão. O horror gravado em seus olhos.

Jared mal teve tempo de reagir, mas assim que alguém o pegou pelo pescoço ele o jogou longe, atingindo a parede e formando um buraco na mesma com o impacto.

Jared se virou para Isabella e rapidamente a pegou nos braços. Estava prestes a sair quando escutaram um rosnar feroz e algo o atingiu por trás, fazendo-o gemer de dor deixando Isabella cair no chão.

Isabella se virou para olhar para trás, mas Jared não estava mais ali. O estranho de costas para ela terminava de arrancar sua cabeça e a jogou para um canto da sala. Ela não conseguiu ver seu rosto, mas podia perceber sua respiração forte e a tensão presente em seus ombros.

Ela sabia que seria a próxima e não iria morrer assim, sem fazer nada. Com uma das mãos tentou alcançar a faca que guardava próximo ao tênis e cortou as amarras de suas mãos.

Entretanto, qualquer esperança que ela possuía foi por agua a baixo quando o estranho se virou para ela. Ela viu seu rosto adquirir uma expressão chocada e murmurou um maldição quando ele deu alguns passos em sua direção. Em segundo a faca em sua mão havia desaparecido e os braços dele a envolveram com tanta força que a fez gemer de dor.

— Bella... – ele tirou um pouco do seu aperto e olhou em seus olhos com tanta intensidade que a fez arfar. Ele olhava-a como se ela fosse o centro universo e ela, por mais louco que seja, se sentiu exatamente assim. – Eu senti tanto a sua falta.

Ele puxou seu rosto para seus lábios. Ele não era um cavalheiro quando exigiu que ela retribuísse ou quando invadiu sua boca com sua língua sem pedir permissão. Ela estava sem reação, surpresa pelo beijo inesperado e exigente, mas quando ele rosnou impaciente por sua falta de ação, ela retribuiu, e caramba ela não o conhecia, mas retribuiu com a mesma intensidade.

O beijo era intenso e não tinha nada de delicado, mas para os dois aquilo, aquele momento, era perfeito.  Ele jogou todos os seus medos nele, puxando seu corpo para perto como se tivesse medo de perdê-la a qualquer momento, e ela mais tarde poderia se arrepender por isso, mas nesse momento não se importava, puxava seus cabelos da nuca, finalmente sentindo-se viva.

Ele não queria sair dali nunca, mas ela precisava respirar. Ele precisava que ela respirasse.

— Bella... – afastou seus lábios com um sorriso enquanto ela se apoiava nele arfante.

Isabella fechou os olhos ao se dar contar do que fez. Ela beijou um vampiro! Um vampiro... Oh céus... Merda. Pensou. Afastou-se um pouco para olhá-lo e o seu sorriso a fez vacilar.

— Quem é você? – murmurou curiosa e um pouco intrigada. De onde ele a conhecia?

O corpo dele congelou, seu sorriso morreu imediatamente e os olhos dele arregalaram-se em horror.

— Você não se lembra...? – perguntou, mas sua voz morreu. Balançou a cabeça e suspirou. – Claro que não. Avisaram-me sobre isso.

— Como me conhece? – ela perguntou, ficando irritada quando ele baixou a cabeça e não a respondeu. – Me responda caramba! – Grunhiu tentando afastar-se, mas ele a impediu. – Como. Me. Conhece?

Ele levantou a cabeça e olhou-a por um longo momento. Momento esse que a irritou, estava prestes a levantar quando ele respondeu.

— Edward – disse tentando ver algo nos olhos dela, mas parece que não encontrou, pois logo em seguida suspirou. – Meu nome é Edward. – ela assentiu e ele fechou os olhos um por momento antes de continuar. – Eu conheci você há 43 anos.

***

Isabella dividia-se entre irritada e impaciente.

Primeiro, por que ele não lhe contava mais nada? E segundo, para onde ele estava levando-a?

Ela sabia que não deveria confiar em um vampiro, mas não é todo dia que ela encontra alguém que afirma tê-la conhecido em sua outra vida e jugando pelo modo que ele agiu quando a reconheceu com certeza tinha algo mais.

Balançou a cabeça e suspirou. Ela tinha mesmo se envolvido com um vampiro?

Mas foi só olhá-lo e ela teve sua resposta ao sentir uma pontada em seu coração. Droga. Pensou nervosa, ela estava tão ferrada.

— Aqui está – Edward falou ao parar em frente a uma casa.

— O que fazemos aqui? – perguntou e ele saiu rapidamente pela porta, aparecendo ao seu lado em um piscar de olhos.

— Darmos um jeito no seu pé – respondeu enquanto pegava-a em seus braços e começou a caminhar em direção a casa de dois andares.

A casa era pequena e simples, o que a deixou surpresa, não haviam muitos moveis, somente um sofá velho e uma TV, a madeira estava gasta e empoeirada o que a fez revirar os olhos. Vampiros.

Ele a depositou com cuidado no sofá e ajoelhou-se a sua frente, tocando delicadamente seu tornozelo.

— Acho que isso vai doer – disse a ela. – Você deslocou o osso. Vou ter que colocar de volta – ela assentiu e fechou os olhos em uma tentativa de diminuir a dor.

Bom, não funcionou. Ela ouviu o estalo e gemeu alto de dor.

— Está bem? – ele perguntou preocupado e ela abriu os olhos. Seu pé latejava em dor, mas ela assentiu.

— Vou ficar.

Ele suspirou e sentou ao seu lado no sofá, trazendo seu pé para seu colo e passando a mão levemente, o que ela gostou, o frio de sua mão aliviava um pouco a dor.

Eles ficaram em silencio por um momento até ela não aguentar mais. – Vai me contar ou não?

Ele suspirou e reconfortou-se no sofá antes de começar a falar. – Eu conheci você em Forks. Você estava caçando e pensou que minha família era culpada das mortes que aconteceram na cidade.

— E não eram?

— Não – ele a olhou e ela viu a verdade ali. – Eu e minha família não nos alimentamos de sangue humano. Nós só bebemos sangue de animais.

Ela assentiu aliviada, isso significava que ela não tinha que mata-lo. Mas logo franziu o cenho ao perceber algo.

— Onde está sua família? – ele desviou os olhos e encarou o nada por um momento.

— Eu me separei deles depois que você morreu. – suspirou. – Nunca aceitei o que aconteceu... Eu estava tão acabado que não poderia ficar com eles, não depois que... – ele a olhou nesse momento. – Não depois que minha companheira morreu.

Ela arfou e baixou a cabeça. Seu coração disparou com aquela declaração e ela não podia acreditar naquilo. Companheira de um vampiro? Isso era um absurdo. Nunca em toda a história da sua raça algo assim aconteceu.

Ela fechou os olhos com força e inspirou forte antes de encará-lo.

— Você está enganado. Isso não pode acontecer.

— Um vampiro sabe quando isso acontece – um canto do seu lábio elevou-se em um meio sorriso. – Eu não posso mentir, não para você. – ela balançou a cabeça e ele suspirou ficando serio. – Depois que você morreu eu pensei em te seguir, mas antes tinha que descobrir o que aconteceu e o que você era... Bom quando descobrir que você voltaria... – lá estava seu sorriso novamente e dessa vez ela suspirou. – Isso mudou tudo.

— Como descobriu? – sua voz estava baixa e de repente ela se sentiu tímida.

— Eu comecei a caçar também – os olhos dela aumentaram em surpresa e seu sorriso aumentou. – Acabei descobrindo muitas coisas.

Ela assentiu, sabia muito bem que um dos benefícios por caçar era o conhecimento.

— Quantos anos faz desde você nasceu? – ele perguntou de repente e Isabella fez as contas.

— 19 se não me engano – respondeu e suspirou cansada. – Isso tudo não faz sentido. Eu não posso ser sua companheira. Isso não é possível.

Ele ficou em silencio por um minuto e quando a olhou nos olhos ela ofegou com a intensidade que viu lá.

Nada é impossível Bella. Nada – ele levantou-se colocando com cuidado sua perna na poltrona. – Eu vou buscar algo para você comer. Fique aqui até eu voltar.

Isabella o observou partir e suspirou quando a porta bateu. Nada mais fazia sentido em sua vida.

Desde pequena foi ensinada a matar monstros, nunca pensou pelo outro lado, nunca havia passado por sua cabeça que eles poderiam amar, ter uma família ou simplesmente viver uma vida comum sem machucar as pessoas.

Eles não tinham escolha do que se tornar.

A figura assustada da pequena vampira Bree passou pela sua cabeça e ela apertou a mão em punho.

Bree não teve escolha. Ela não lhe deu uma.

Isabella precisava pensar, precisava descobrir. Ela nunca soube de vampiros com companheiros de outra raça. Talvez houvesse algo sobre isso... Talvez alguém soubesse.

Ela levantou decidida e tentando ignorar a dor em seu pé mancou para fora da casa. Iria procurar sobre isso e havia somente uma pessoa que poderia lhe ajudar.

Era hora de descobrir a verdade.

***

 

Você está maluca? — a voz de Ruby era estridente e isso só fez Isabella revirar os olhos.

— Vamos invadir a biblioteca. Quão difícil é entender isso?

Ruby ainda a olhava com o queixo caído em choque e isso fez Isabella rir. Pelos céus ela sabia que isso também era uma loucura, mas se importava? Definitivamente não, isso nunca a impediu de fazer algo antes e agora não seria diferente.

Ela teve a sorte de Edward ter deixado o carro quando saiu, sabia que ele iria ficar furioso, mas caramba! Ela precisava descobrir a verdade! Precisava descobrir se havia algum meio de ter suas lembranças de volta.

— Por que isso agora? – Ruby suspirou sentando-se no sofá velho e Isabella hesitou.

— Eu conheci alguém... – sua amiga arqueou uma sobrancelha e ela respirou fundo. – Da minha vida passada. Ele me disse que eu era/sou sua... Companheira.

O sorriso de Ruby foi enorme e Isabella franziu o cenho começando a pensar que vir a casa de Ruby não foi uma boa ideia.

— Quem... – antes que a ruiva terminasse um som horrível de algo quebrando soou e logo em seguida ouviram um rosnar feroz.

Um vulto passou por ambas e Isabella sentiu alguém a empurrar para trás. Os olhos dela aumentaram ao reconhecer quem era.

Ela percebeu Ruby sair do seu estupor rapidamente e pegar algo atrás de si preparando-se para atacar. Seu pânico aumentou ao ver Edward fazer o mesmo, mas antes que um dos dois se matasse ela gritou.

— Não! – Ruby a olhou chocada e Isabella deu um passo a frente tocando o braço de Edward que relaxou ao seu toque.

— Isabella o que...? – a ruiva parecia confusa e desconfiada e Isabella suspirou ficando entre ambos.

— Ele é o motivo para eu querer invadir a biblioteca. – disse e os olhos de Ruby arregalaram.

Ele?— sua boca abriu ao vê-la assentir e ela baixou a arma que pegara fazendo Isabella suspirar de alivio. – Mas ele? — Ruby balançou a cabeça. – Isso não é possível.

Isabella sorriu. Ela se perguntava se havia ficado assim também quando Edward contou a verdade.

— É possível – ela pegou a mão do seu vampiro desconfiado e entrelaçou seus dedos fazendo seus lábios se repuxarem em um sorriso. – Vê isso?

Algumas bruxas nasciam com um dom especial. Ruby era uma delas, ela podia ver o elo que uni as pessoas.

— Oh merda... – murmurou olhando-os impressionada. – Isso é inacreditável.

— Eu sei – Isabella sorriu e apertou a mão de Edward. – Sabe por que quero invadir a biblioteca agora?

A ruiva assentiu e olhou para sua amiga. – Você está ferrada. – disse e olhou rapidamente para o vampiro. – Mas vou te ajudar.

Isabella sentiu o alivio a dominar e tentou soltar sua mão, mas Edward não deixou.

— Você não vai fazer isso – decretou com os lábios cerrados.

— O que?

— Você não vai invadir aquela biblioteca. – os olhos de Isabella arregalam-se.

— Como sabe disso? – pressionou o olhando com os olhos semicerrados e ele hesitou antes de falar.

— Eu posso ler os pensamentos das pessoas. – o queixo de Isabella caiu e de repente ela se sentiu muito exposta. Edward ao perceber isso tratou de explicar. – Mas não a sua.

Isso a fez respirar aliviada, não sabia como se sentia sobre ter uma pessoa na sua cabeça. Ela nunca teria privacidade e não gostava disso.

— Eu tenho que ir – disse decidida e os olhos dele se estreitaram.

— Não.

— Uh... Briga de casal. – Ruby disse divertida e Isabella lançou um olhar mortal em sua direção, o que só a fez soltar um riso. – Vou subir um pouco.

Assim que Ruby sumiu para o andar de cima Isabella o olhou irritada e tentou se soltar, mas novamente foi impedida.

— Você não pode me impedir – ele deu um sorriso mortal que a irritou e ao mesmo tempo fez algo bom com o seu corpo.

— Não me desafie – disse e ela grunhiu fazendo-o soltar um riso.

— Eu poderia parar você.

— Se pudesse já o teria feito. – isso só fez sua raiva aumentar.

Ele tinha razão. Isabella ainda muito jovem e ainda não tinha o domínio sobre sua magia, isso levava anos de pratica.

— Qual é o seu problema? – grunhiu e seu sorriso se desfez, assumindo uma expressão séria.

— Eu não quero te perder de novo Bella – ele estremeceu puxando-a para mais perto. Certificando-se que ela estava bem e ao seu lado. – Uma vez já foi o bastante, eu não posso... Não de novo.

Isabella suspirou e pensou em se afastar, mas estar ali, nos braços dele, a fazia sentir coisas que nunca antes experimentou.

Ele faz eu me mentir protegida. Percebeu e fechou os olhos por um segundo aproveitando a sensação. Ela nunca soube o que era isso, nunca soube que algo assim existia. Desde que nasceu só sentiu o peso da responsabilidade que carregava, ela foi ensinada a matar, a nunca sentir medo e por um tempo pensou que isso bastava, mas agora... Por que tudo parecia tão ridículo?

Ela apertou a mão em punho e balançou a cabeça afastando-se.

Não posso pensar nisso. Baixou os olhos com medo de olhá-lo. Não posso sentir isso.

— Eu... – Isabella abriu a boca para falar, mas de repente um estrondo no andar de cima a fez se calar.

Ela se virou surpresa para Edward, que parecia tão surpreso como ela e tentou se afastar, mas ele a impediu e tomou a sua frente, subindo a escada em menos de um segundo.

Isso a irritou. Mas sua raiva não durou muito ao ouvir o som de vidro sendo quebrado e um grunhido.

Ela correu para cima e arfou surpresa ao entrar no quarto de Ruby e encontra-la caída no chão com uma poça de sangue ao seu redor. Havia um corte em sua barriga que ela pressionava com força.

A janela havia sido quebrada e Edward não estava no quarto.

Que merda aconteceu aqui?

— Ruby... – se ajoelhou perto da sua amiga e avaliou o estado da sua ferida. – O que houve?

— F-Foi T-Tânia... – tentou falar e tossiu com o esforço. Os olhos de Isabella aumentaram ao ver mais sangue escorrer por sua boca.

Isabella prendeu o lábio entre os dentes e procurou em sua cabeça alguma magia de cura, mas ela não sabia nenhuma forte o suficiente para curar uma ferida dessa profundidade.

Ah como ela se arrependia por não ter prestado atenção nas aulas da velha Maggie.

— Onde está Tânia? – perguntou enquanto rasgava um pedaço da sua blusa e tentou conter o sangue, embora ela mesma quisesse ir atrás de maldita e fazê-la engolir a própria língua.

— Fu-ugiu... E-Ela ouviu t-tudo...

— Shh... Não faça nenhum esforço – Isabella a impediu e fechou os olhos tentando concentrar a magia em sua mão enquanto recitava um feitiço antigo. – Estvitae thymorbs...

— Vo-ocê está diz-zendo er-rrado... – Ruby riu, mas sua risada foi interrompida por uma tosse.

Isabella balançou a cabeça e tentou ignorar seus olhos que ardiam com as lágrimas não derramadas. Ela não sabia mais o que fazer.

— Cale-se Ruby.

— Bella? – ela se virou para trás quando Edward entrou pela janela quebrada.

Ele tinha uma ferida no braço e as roupas sujas de terra.

— Onde ela está? – a raiva estava evidente em sua voz. Ela queria acabar com Tânia.

— Ela escapou.

Isabella baixou a cabeça com um suspiro e sentiu a mão de Ruby em seu rosto. Quando ela levantou os olhos viu que Ruby sorria.

— Querida você s-sabe o que ela v-vai fazer...

Ela não respondeu, mas sabia que Tânia ia direto as anciãs e agora todas viriam atrás delas.

— V-Você precisa fugir... – os olhos de Isabella aumentaram ao ouvir as palavras de Ruby e ela balançou a cabeça.

— Nem pense em fazer isso – ela ameaçou com as lágrimas molhando seu rosto enquanto observava o sorriso fraco de Ruby. – Você não vai morrer! Eu vou segui-la até o inferno se for possível e chutar sua maldita bunda se fazer isso! Não se atreva... – ela tomou o ar profundamente e sacudiu a cabeça para logo em seguida parar e levantar os olhos trêmulos. – Não se atreva a me deixar...

Ruby olhou nos olhos de Isabella e levou a mão ao seu rosto banhado por lágrimas. Ela só havia visto Isabella chorar uma única vez, quando ela matou pela primeira vez na sua segunda caçada.

Ruby abriu a boca para falar algo que pudesse consolá-la. Ela sabia que Isabella sempre a viu como uma irmã e ela própria considerava-a como uma irmã mais nova desde que Maggie a deixou sobre seus cuidados quando a mesma tinha apenas 10 anos.

Ela não queria morrer agora. Queria ver sua irmãzinha ser feliz com o vampiro e ajuda-la a chutar o traseiro gordo de Georgina em algum futuro.

— Me desculpe... – sussurrou deixando as lágrimas caírem e olhou para o vampiro ao lado da sua amiga, falando em seu ultimo suspiro. – Faça-a feliz...

Isabella levantou os olhos ao perceber a mão de Ruby cair do seu rosto. Por um segundo o ar faltou em seus pulmões e ela sacudiu a cabeça repetidamente.

— Não... – sussurrou, o horror presente em sua voz.

Ela tocou no rosto pálido de Ruby, percebendo como as bordas iam se iluminando em uma luz fraca e depois aumentando em direção ao centro.

Seus olhos doeram quando a luz se intensificou, mas ela não desviou o olhar, pois sabia que não poderia perder um único minuto daquele acontecimento ou iria se arrepender pelo resto da sua vida.

A luminosidade ia desaparecendo e com ele levando o corpo de Ruby. Isabella tentou tocar uma ultima vez a face da sua amiga, mas não existia nada mais solido, apenas a luz que se concentrou no centro e explodiu em milhões de pedaços, como pequenos vagalumes flutuando no escuro... Voando, voando cada vez mais longe, levando Ruby embora.

Levando sua irmã.

Ela sentiu os braços de Edward a envolverem e finalmente deixou as lágrimas caírem livremente, agarrando-o como seu único fio de esperança, segurando-o para não cair no abismo que ela se encontrava.

Ela queria tirar aquela dor do seu peito, queria poder tirar aquela sensação de que iria quebrar a qualquer instante.

Mas ela não podia.

Então ele a segurou, e não a deixou quebrar.


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Notas finais do capítulo

Então o que estão achando? Amanhã estarei postando o outro cap!
Bjuss



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