Consequências do Amor escrita por Rah Forever, Reh Lover


Capítulo 23
Capítulo 23 - Um Retorno, Um Reencontro


Notas iniciais do capítulo

Oiii, gente ❤ Muito obrigada pelos comentários, adoramos cada um deles! Obrigada por todo incentivo e apoio que vocês têm nos dado! ❤ Temos os melhores leitores do Nyah! ❤

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#Duh Leon
#GabriellaSantos
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●●● Esperamos de coração que gostem do capítulo. Boa leitura! ❤



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"No hubo nadie a quien amara tanto
Ahora entiendo claramente cuanto
Terminemos con la cara en alto este amor

Por esos dí­as llenos de sueños
Por las sonrisas que no volverán
Por ese beso que estuvo apunto de matar
Seamos cuerdos un momento
Por los recuerdos"

                                      * Con la Cara en Alto
                                                               (Reik)

 

                                              NARRADORA

O coração de Angeles batia acelerado, como se quisesse saltar do peito. Ela tentava mais que tudo manter a calma, pelo bem de seu bebê. Já tinha chorado o suficiente.

Brenda segurava sua mão enquanto as duas esperavam o táxi chegar ao Hospital Central de Buenos Aires.

Angie odiava hospitais e depois que Brenda lhe contara o que acontecera, ela teve certeza que odiava com todas as suas forças hospitais. Quando soube que seu pai (de criação) morrera ela estava no mesmo hospital ao qual elas estavam à caminho. Quando Maria morrera não fora diferente. Aquele hospital só lhe trouxera dor até o dado momento. Ela não aguentaria perder mais alguém que amava…

Só de pensar para onde estavam indo, os olhos de Angie se encheram de lágrimas. Logo que Brenda lhe dera a notícia de que Antônio e Violetta haviam sofrido um acidente de carro, Angie teve um ataque de choro. Demorou para se acalmar.

Felizmente, pelas notícias que Brenda recebera ao falar com German (já que Angie se recusara a falar com ele), Violetta não sofrera nada grave, seus machucados eram bem leves. O que a estava matando por dentro era saber como Antônio estava. Da última vez que tiveram notícias, os médicos ainda não tinham dado um veredicto definitivo sobre o estado de seu pai.

Seu pai… Da última vez que ela se encontrara com ele e a mãe, as coisas não saíram como o planejado, pelo contrário, tudo saira mal. Ela se arrependia profundamente por não ter ouvido o que o pai queria dizer. E se agora fosse tarde demais? E se nunca mais pudesse falar com Antônio? Por mais que doesse saber o que os pais esconderam dela, ela queria ter uma relação de pai e filha com Antônio, queria ter momentos com ele. Queria que seu bebê tivesse a chance de conhecer o avô.

— Angie, chegamos. — Brenda anunciou, tirando Angie de seus pensamentos. Ela estava tão distraída que nem percebera que estavam chegando ao seu destino. — Vamos.

As duas pagaram o taxista e se dirigiram até a entrada do hospital. Ambas caminharam até a recepção, onde se apresentaram e logo foram encaminhadas a sala de espera.

                                                     (…)

— Filha, você tem certeza de que está bem? — German perguntou à Violetta pelo que parecia ser a centésima vez naquele dia.

— Outra vez a mesma pergunta, pai? — Questionou, os cantos dos lábios contraídos em um leve sorriso. Ele se preocupava tanto com ela que até chegava a ser fofo.

Mesmo que Vilu apenas tivesse leves arranhões nos braços e um machucado pequeno na lateral direita da testa, German ainda se preocupava excessivamente com a saúde da filha.

Quando ele soubera do acidente, sentiu seu corpo gelar. O mundo parecia girar em um ângulo diferente do habitual. Se não fosse por Ramalho, German teria quebrado algo no escritório. O medo de perder a filha era quase palpável.

Por sorte, nada grave acontecera com Violetta. Ele não conseguiria suportar se perdesse a filha.

German e Violetta continuaram a conversar, tentando se distrair do que estava acontecendo. Os olhos de Vilu ainda exibiam sinais de que a garota chorara por muito tempo. Era difícil não ter notícias de Antônio. Infelizmente os exames estavam demorando demais e por isso os médicos ainda não lhes tinham informado com exatidão o estado de Antônio.

Um vinco entre as sobrancelhas de German, denotava a sua preocupação. Se já era difícil para eles saberem que Antônio se encontrava naquele estado, ele imaginava o quão arrasada Angie estaria. Pelo que Brenda lhe contara, Angie estava mal, pois tinha medo de não poder ver o pai biológico novamente.

German sabia que se existia alguém no mundo que merecia ser feliz era Angie. Ela não merecia tanta dor e perdas em sua vida, ela já sofrera demais e German sabia que parte desse sofrimento fora ele que causara.

German continuou a conversar com Violetta, até que de repente a filha parou de falar enquanto encarava um ponto fixo.

German seguiu o olhar da filha e foi sua vez de ficar paralisado.

          Ela estava ali. Angie.

Logo que o olhar de Angeles se encontrou com o de German, o clima na sala de espera tornou-se tenso entre os ex-namorados. Ambos se encaravam, sem dizer nada.

Angie sentia seu coração bater forte contra seu peito. Será que sempre seria assim? Será que sempre que ela o visse seu coração reagiria da mesma maneira?

German sabia que uma hora ou outra eles acabariam se encontrando, mas nada poderia prepara-lô para aquele momento.

Ela estava linda, ele pensou. Mesmo que seus olhos estivessem inchados e que algumas olheiras denunciassem as noites mal dormidas pela loira. Seu cabelo estava mais liso e por isso dava a impressão de estar mais comprido.

Os dois sustentaram o olhar por apenas mais meio segundo, pois Violetta correra ao encontro da tia.

Angie recebeu a sobrinha carinhosamente em seus braços. Ela sentira tanta falta de Vilu…

— Ah, Angie… — Disse emocionada. — Eu senti tanto sua falta!

— Eu também, Vilu! — Respondeu sentindo a garganta apertar.

Ficaram abraçadas por vários minutos, deixando-se serem confortadas uma pela outra.

— Como você está, querida? — Angie perguntou, tentando conter as lágrimas que ameaçavam escorrer.

Vilu sorriu fracamente.

— Fisicamente eu estou bem, meus machucados são superficiais. O que me preocupa é o Antônio. — Contou, a voz ficando embargada. — Foi horrível, Angie. Eu estava indo para casa da Fran e o Antônio que estava passando ali por perto me ofereceu uma carona, eu aceitei. Estávamos próximos da casa da Fran, quando um carro surgiu do nada. Antônio tentou desviar e foi aí que perdemos o controle do carro. E depois eu não lembro de mais nada, apenas tenho a impressão de ter escutado as sirenes da ambulância.

— Sinto tanto que tenham passado por isso… — Angie lamentou deixando uma lágrima escorrer.

— Não chore, tia. — Vilu enxugou a lágrima do rosto de Angie. — Temos que ser fortes, por mais difícil que isso seja.

— Você está certa, Vilu. — Angie concordou.

Angie respirou fundo e olhou ao seu redor. Brenda conversava com Pablo e Angélica, enquanto German a fitava intensamente.

Angie não queria ter de encarar sua mãe e muito menos German. Tudo o que ela queria era poder ver o pai, sem ter de entrar em conflito consigo mesma ao ter de falar com German e com a mãe.

Ela então caminhou em direção ao pequeno grupo.

 

                                                GERMAN

Angie estava tão linda quanto eu me lembrava. Eu tinha a impressão de que tinha algo diferente nela, mas não consegui identificar o que era.

Angie caminhou para onde eu, Pablo, Brenda e Angélica estávamos. Pensei que ela estivesse vindo exatamente em minha direção, mas para minha total decepção, ela correu para os braços de Pablo, que abraçou-a forte.

Fiquei enciumado em ver a cena, apesar de saber que Pablo e Angie eram apenas amigos. Eu queria estar no lugar dele. O que eu esperava? Que Angie passasse por cima do seu orgulho e corresse até mim? É claro que ela não faria isso, eu havia sido um covarde com ela. Eu não merecia seu afeto.

Tudo o que eu mais queria era poder abraça-la e dizer a ela que eu a amava e que tudo ficaria bem.

Depois de se afastar de Pablo, Angie cumprimentou sua mãe com um recatado beijo no rosto, eu podia ver que ela ainda estava chateada com a mãe. E por último, Angie me cumprimentou:

— Olá, German. — Disse séria, eu sabia que ela só havia falado comigo por educação.

— Olá, Angie. — Devolvi, estranhando o tom cordial com que me referi a ela. Pareciamos dois estranhos.

Depois disso, o ambiente caiu em um silêncio total. Ninguém sabia o que dizer. Até mesmo Violetta mantinha-se quieta, apenas observando a reação de cada um de nós.

Antes que o clima tenso pudesse se intensificar, o médico responsável por Antônio veio falar conosco.

Angie logo se apresentou e perguntou sobre a saúde do pai.

— Como meu pai está, doutor? — Perguntou com um leve tremor na voz.

O médico olhou para todos nós, atentos as suas palavras.

— Tenho que ser sincero com vocês, o estado do seu pai é bem crítico.

Os olhos de Angie se encheram de água, eu podia ver o quanto ela se esforçava para não deixar-se abater. Uma das coisas que eu sempre adimirara nela, era sua força.

 

                                                      ANGIE

Eu tentava manter a calma diante das palavras do médico, mas essa era uma tarefa tão difícil… Era tão difícil saber que existia a possibilidade de eu perder meu pai.

Como eu gostaria que as coisas tivessem ocorrido de forma diferente, tanto sofrimento teria sido evitado.

O médico continuou a falar sobre o quão delicado era o estado do meu pai, mas por mais que eu tentasse, eu não conseguia me concentrar em suas palavras. Minha mente estava tão confusa e eu me sentia cansada tanto física como emocionalmente.

Tudo o que eu mais queria era ver meu pai, mas pelo visto isso não seria possível nesse momento segundo o médico. Vilu acabara de perguntar sobre isso ao profissional e ele explicara que meu pai não poderia receber visita pelas próximas horas.

Então, não me restou nada ao não ser sentar-me em um dos bancos da sala e esperar.

                                                      (…)

 

                                              NARRADORA

Horas se passaram, mas a angústia que Angie sentia só aumentou.

Durante o tempo que ficara ali sentada, muitas pessoas vieram visitar Antônio, a maioria eram alunos e professores do Studio, mas no momento os únicos que estavam ali eram German, Violetta, Angélica, Pablo, Brenda e Angie.

Em um determinado momento, Angie levantou-se para pegar um copo d'água. Angélica seguiu-a.

Depois de beber todo o conteúdo do copo, Angie jogou o recipiente no lixo e encarou sua mãe.

— Filha, nós podemos conversar? Tenho tanta coisa para esclarecer… — Pediu sincera.

Angie respirou fundo.

— Mãe, eu não acho que seja uma boa ideia nesse momento. Tem tantas coisas acontecendo, meu mundo está de cabeça para baixo.

— Eu sei, Angie.

— Eu preciso de um tempo. No momento o mais importante é a saúde do meu pai. — Explicou tentando soar firme. Ela via arrependimento nas feições da mãe e isso a machucava, mas antes de tudo ela precisava pensar, precisava de um tempo só dela, sem pressões.

Angélica concordou com a filha dando um leve aceno de cabeça.

— Leve quanto tempo precisar, filha. Quando você sentir-se preparada, eu também estarei.

— Tudo bem. — Disse simplesmente, não sabia o que mais poderia dizer.

Ambas voltaram aos seus respectivos lugares.

Duas horas depois, e os únicos que ainda permaneciam ali eram Angie, Brenda e German.

Angie estava impaciente, sentia cada partícula do seu corpo tensa.

German observava cada movimento de Angie, estava preocupado com ela. Sabia que a loira estava cansada, mas a mesma se recusava a ir para casa.

Cansada de ficar sentada, Angie colocou-se de pé, mas logo em seguida arrependeu-se de sua escolha. Uma tontura a atingiu em cheio.

Percebendo que Angie não parecia bem, German levantou-se e ficou ao lado dela. Rapidamente ele envolveu sua cintura com seus braços fortes.

— Angie, você está bem? — Quis saber, sua expressão preocupada.

— Eu acho que… — Ela tentou responder, mas sentiu as pernas fraquejarem e tudo ao seu redor desaparecer.

                                                     (…)

 

                                                   ANGIE

Acordei em um quarto branco, muito diferente do meu. O que havia acontecido?

— Como você está se sentindo?

Olhei para o lado e encontrei minha melhor amiga sorrindo para mim de forma reconfortante.

— Estou bem, só um pouco confusa. — Respondi me ajeitando melhor sobre a cama. — O que aconteceu?

— Você desmaiou, Angie.

— O quê? — Indaguei confusa.

Brenda suspirou.

— É verdade, Angie. Nós estávamos na sala de espera, daí de repente você levantou e o German também, já que ele percebeu que você não estava muito bem. Se não fosse o German te segurar, você teria caído com tudo no chão. — Contou. — E falando no German, ele está muito preocupado com você.

— Eu fiquei muito tempo apagada? — Perguntei surpresa. Eu nunca desmaiava.

— Não, segundo o médico não foi nada grave. Eu contei para ele a sua situação e ele disse que esse é um sintoma da gravidez e que as fortes emoções que você tem passado contribuíram para o desmaio. — Explicou para o meu alívio.

— O German já sabe? — Perguntei nervosa, passando a mão sobre meu ventre.

Brenda negou com a cabeça.

— Ainda não, mas acho que você deveria contar. Ele merece saber, amiga. — Aconselhou como a boa amiga que era.

— Você está certa, mas eu não estou pronta para fazer isso. Preciso de um tempo. — Confessei. Eu sabia que German merecia saber sobre minha gravidez.

— Tudo bem, Angie. Mas não demore para contar a ele, okay?

— Okay. — Concordei.

Conversamos mais um pouco até que perguntei:

— Eu já estou liberada?

— Sim, o médico me disse que preferia que você ficasse de repouso por alguns minutos. — Explicou. — Tenho certeza de que German gostaria de te ver, posso chama-lo? — Mudou de assunto.

Eu respirei fundo e respondi:

— Pode sim.

Eu não tinha certeza se gostaria de ver German, mas eu devia pelo menos um agradecimento a ele.

Brenda sorriu para mim e saiu do quarto. Segundos depois German entrou.

Ele se aproximou de mim.

— Você está bem? — Quis saber, demonstrando preocupação genuína comigo.

— Estou ótima. — Sorri fracamente, sem muita emoção. — Aliás, obrigada por ter amparado minha queda.

— Não foi nada, não tem que me agradecer.

— Tenho sim, se não fosse por você eu teria me estatelado no chão. — Eu nem conseguia imaginar a cena.

German sorriu e eu quase sorri junto. Quase.

— O que o médico disse sobre o desmaio? — German quis saber.

— Ele disse que isso é relativamente normal, já que eu estou gr… — Parei antes de continuar a frase. Eu quase falara sobre a minha situação atual. Será que esse era um sinal de que eu deveria contar para ele naquele exato momento?

German franziu o cenho.

— Já que você está… — Ele me incentivou a continuar.

— … já que eu estou muito alterada devido aos últimos acontecimentos. — Improvisei, torcendo para que ele acreditasse.

German balançou a cabeça afirmativamente, em concordância.

Ficamos algum tempo sem dizer nada, até que German quebrou o silêncio:

— Eu sei que esse talvez não seja o melhor momento para conversarmos sobre isso… mas eu preciso saber.

— O que você precisa saber? — Indaguei curiosa e confusa ao mesmo tempo.

German me fitou intensamente e falou:

— Você recebeu a mensagem que eu te enviei? — Perguntou, apreensivo.

Ele estava falando da mensagem mais linda e mais triste que eu já recebera na vida? Da mensagem que me fizera questionar novamente tudo o que havia acontecido dois meses atrás?

German continuava me olhando, esperando pela resposta.

— Sim. — Tomei coragem e respondi.

— Angie… — Ele segurou minha mão delicadamente, mas logo que eu senti seu doce toque, recolhi minha mão. Pensei ter visto um vislumbre de tristeza passar pelos olhos de German e logo me senti mal por ter feito aquilo. — Quero que você saiba que tudo o que eu disse é verdade. Eu gostaria de poder conversar e esclarecer as coisas.

— German…, eu acho que esse não é o momento certo para isso. — Expliquei sem conseguir olha-lo nos olhos.

German não insistiu, apenas acatou minha decisão.

Ficamos em silêncio novamente, até que Brenda retornou ao quarto.

— Angie, o médico disse que você já está liberada.

— Que bom. Obrigada, Brenda.

Minha amiga sorriu em agradecimento e logo trocou de assunto:

— A Vilu me ligou perguntando sobre como as coisas estavam aqui no hospital e eu acabei contando que você desmaiou. — Contou. — Ela ficou muito preocupada, eu expliquei para ela que você estava bem, mas ainda assim ela continuou preocupada. Ela me pediu que eu insistisse para que você passasse essa noite na mansão.

Só Vilu para me pedir uma coisa dessas…

— Eu não sei se é uma boa ideia. — Eu não achava uma boa coisa ficar tão próxima de German. Eu ainda estava machucada pelo que aconteceu, mas não queria magoar minha sobrinha. — Você não se importaria, German?

— É claro que não, Angie. — Ele olhou de mim para minha amiga. — O convite se estende a você também, Brenda.

— Obrigada, German. — Brenda agradeceu. — Acho que vai ser bom que fiquemos todas juntas nesse momento tão difícil.

                                                   (…)

Quando estávamos saindo do quarto, o médico responsável por meu pai veio ao nosso encontro e avisou que dois de nós poderíamos ver meu pai hoje.

Brenda insistiu que eu e German fossemos juntos, já que éramos mais próximos de Antônio. Eu estava tão ansiosa para ver meu pai que logo concordei com a sugestão de minha amiga, sem me importar com o fato de que eu ficaria próxima de German.

German e eu fomos encaminhados para a sala onde meu pai estava.

Logo que adentramos o ambiente, senti minha garganta apertar e meus olhos se encherem de lágrimas.

 

                                             NARRADORA

Angie sentiu dificuldade em respirar ao ver o pai. Antônio encontrava-se quase imóvel e muito pálido. Tinha alguns hematomas espalhados pelo corpo e sua cabeça estava enfaixada com gaze. Ele utilizava um aparelho para ajuda-lo a respirar e seu braço estava perfurado com um soro.

Ela nunca vira Antônio em um estado como aquele. Desde que ela conhecera Antônio raras vezes o vira doente, ele sempre teve uma saúde de ferro.

Angie estava estática, por mais que quisesse se aproximar do pai, tinha um certo receio em faze-lo.

Partia o coração de German, ver a mulher que amava tão triste. Angie merecia ser feliz e não lidar com tanta coisa ao mesmo tempo.

Percebendo a dificuldade de Angie em se aproximar por conta própria, German entrelaçou seus dedos nos dela, e por incrível que pareça, dessa vez ela retribuiu o toque.

German começou a andar e Angie o acompanhou.

Logo que chegou mais perto do pai, Angie tocou a mão pálida de Antônio.

— Oi, pai. — Disse com dificuldade, sua voz era trêmula.

Angie respirou fundo, tentando controlar as lágrimas que não demorariam muito a extravasar.

— Você acha que ele pode me escutar? — Perguntou, dirigindo-se a German.

— Eu não tenho certeza, Angie, mas acho que isso pode te fazer bem.

Angie não disse nada, apenas concordou com um leve meneio de cabeça.

A loira se aproximou um pouco mais do pai, dando um passo a frente.

— Pai, me desculpa por ter agido como eu agi. Não foi fácil para mim descobrir que vocês escondiam uma coisa tão grande de mim, mas isso não me dava o direito de agir como eu agi. Eu fui tão hipócrita. Quem sou eu para julgar? Eu já escondi tanta coisa de pessoas que eu amo e por consequência as machuquei... — Confessou deixando as lágrimas escorrerem livres igual as palavras que saíam de seus lábios. — Por favor, não me deixa, o que eu vou fazer sem você? Como eu vou poder continuar vivendo sabendo que nunca poderemos construir momentos de pai e filha? Você sempre me aconselhou e sempre esteve do meu lado, mesmo que eu não soubesse do nosso parentesco. Você sempre me incentivou a seguir meus sonhos e quando eu pensei que tudo estava acabado, você me mostrou um caminho para seguir. Você me ensinou tanto e sei que ainda tem muito a ensinar, não só a mim, mas aos outros também.

Angie parou alguns segundos para tomar fôlego e continuou:

— Por favor, melhora rápido. Eu preciso de você, dos seus conselhos sábios, dos seus sorrisos aconchegantes, dos abraços acolhedores. Tenho tantas coisas para te contar… — Soluçou, se abraçando. — Eu nunca conheci uma pessoa tão bondosa e amorosa quanto você, pai. Você sempre ajuda os outros, sem julgar ou acusar. Você mudou a vida de tantos alunos e a minha também. Você me deu um motivo para lutar, você me ajudou a me encontrar e eu sempre serei grata por isso. Eu amo você, pai. — Confessou e seu choro se intensificou.

Angie sentia uma dor insuportável ferindo-lhe a alma. Ver Antônio ali e não poder fazer nada, a machucava em um grau inimaginável.

Não conseguia parar o choro. Antes chorar parecia aliviar algo dentro dela, mas agora quanto mais chorava, mais vontade tinha de não parar.

German também sentia um aperto no coração e dificuldade em respirar. Ele nunca vira Angie tão desolada. Ele lutava contra o desejo de aninha-la entre seus braços, mas tinha medo de Angie não gostar.

Deixando de lado seus receios, German deu um passo a frente e falou, pouco mais alto que um sussurro:

— Angie…

Angie virou-se para German e seu semblante triste, fez o peito dele apertar, com dificuldade de obter ar. Ele via um misto de dor e arrependimento no rosto angelical de Angie.

German abriu os braços em um sincero convite e deixando seus mais profundos desejos guia-la, Angie se jogou entre os braços do homem que ainda mexia com seus sentimentos.

Ela chorava de encontro ao peitoral tórrido de German, enquanto suas mãos agarravam com força a camisa social dele, como se isso pudesse aplacar parte da dor que sentia.

Tremores percorriam o corpo delicado de Angie.

German sentiu os olhos marejarem ao ver o quanto Angie estava machucada. Ele não suportava vê-la naquele estado. Abraçava-a, necessitando estar próximo, como se assim pudesse protegê-la do mundo. Precisava dela de uma forma difícil de explicar em palavras.

Se pudesse, ele pegaria toda a dor que Angie sentia e passaria para ele mesmo. Angie não merecia nem por um segundo tudo o que passara ultimamente.

— O que eu vou fazer se ele se for? — Angie perguntou em um fio de voz.

— Você não vai perde-lo, Angie. — Ele acariciou os cachos sedosos dela carinhosamente. — Vocês dois ainda vão ter vários momentos de pai e filha, eu tenho certeza.

Angie afastou o rosto do peito de German para poder olha-lo. Seu rosto estava banhado por lágrimas.

German então retirou um lenço de dentro do bolso e passou a enxugar delicadamente o rosto de Angie.

Angie fechou os olhos, permitindo-se sentir o mar de sentimentos que German provocava nela. Não conseguia agir de modo indiferente, quando German estava sendo tão atencioso e preocupado com ela.

Quando terminou a delicada tarefa, German depositou um beijo casto no topo da cabeça de Angie. E ela por sua vez abriu os olhos.

— Obrigada por estar aqui comigo. — Ela agradeceu sincera. Mesmo que as coisas entre os dois não estivessem bem como antes, Angie tinha de admitir que a presença de German fora de suma importância naquele momento.

— Disponha. — German respondeu sorrindo levemente.

Dessa vez, Angie não conseguiu reprimir um sorriso. Um sorriso delicado formou-se em seus lábios.

O sorriso de German se alargou ainda mais em ve-la sorrir. Ele se deu conta de que sentira tanta falta daquele sorriso.

Ambos se fitavam, ainda sorrindo quando uma enfermeira entrou na sala. Imediatamente a bolha de cumplicidade que os cercava estourou.

— Com licença, mas o horário de visita acabou.

— Tudo bem. — Angie respondeu, sentindo-se insatisfeita por dentro, queria ficar mais tempo com o pai.

Angie caminhou até Antônio, deu um beijo carinhoso na testa dele e antes de se afastar, sussurrou com a voz um tanto amoada:

— Eu te amo, pai. Melhora logo, viu?

                                                         (…)

                                                      ANGIE

O relógio do quarto de hóspedes marcava 1:30 da madrugada e eu ainda não conseguira pegar no sono. German me oferecera o meu antigo quarto, mas eu me recusava a entrar naquele quarto novamente, ele trazia muitas lembranças das quais eu não estava preparada para lidar.

Sem conseguir dormir, vesti meu roupão e desci para fazer um chá. Quem sabe um chá poderia aliviar parte da tensão que eu sentia.

Preparei o chá em poucos minutos e me sentei diante da bancada da cozinha para saborear a bebida fumegante.

Enquanto bebericava o chá, tentei organizar meus pensamentos.

Ver German me fizera recordar lembranças dos dias que passamos juntos, antes de tudo desmoronar. Foram dias cheios de sonhos e promessas, de sorrisos e beijos apaixonados.

Eu jurava que dessa vez tudo daria certo, mas eu não podia estar mais errada. Nunca ninguém me fizera sentir tão amada e especial quanto German fazia.

Suspirei, me sentindo cansada dessa situação. Por que eu não podia simplesmente deixar German no passado e seguir em frente?

— Angie? — Uma voz chamou, me despertando de meus devaneios.

Por falar em German…

Me virei para encarar o homem que ainda mexia com meus sentimentos, e logo que meus olhos se encontraram com os dele, meu coração traidor passou a bater descontrolado.

— Você está bem? — Ele perguntou, aproximando-se de mim.

— Sim, só vim fazer um chá.

— Não está conseguindo dormir?

— Exatamente. — Respondi abaixando levemente a cabeça, sem olhar para ele, pois um sorriso surgira em meus lábios ao constatar o quanto ele me conhecia bem. Não queria que ele levasse meu sorriso como um incentivo. — E você?

— Também não consigo dormir. — Admitiu, parecendo realmente cansado.

— E o que é que te preocupa tanto? — Não consegui deixar de perguntar.

German sentou-se em uma das cadeiras ao meu lado e respondeu:

— São tantas coisas... Ultimamente parece que o mundo esta girando em uma órbita diferente. — German não pareceu querer se aprofundar no assunto, então eu não insistiria.

— Concordo. — Suspirei cansada, fechando os olhos por um instante.

— Você está bem? — Perguntou, sua respiração próxima da minha.

Abri meus olhos e fiquei hipnotizada com a intensidade com que German me olhava. Eu ainda via nele o homem que um dia eu amei e ainda amava.

— Sim. — Respondi com a voz um tanto alterada. — Eu estou bem.

German parecia preocupado comigo, aliás, todos pareciam.

 

                                              NARRADORA

— Fiquei tão preocupado com você, meu anjo. — German confessou, acariciando levemente a bochecha de Angie. Ao sentir o toque delicado, ela fechou os olhos. Como ela gostava quando ele a chamava de "meu anjo"…

Ela suspirou e German resistiu a vontade de inclinar-se para beijar os lábios rosados dela.

Tremores percorriam o corpo de ambos, tinham a necessidade de estarem mais perto, mas tinham medo de prosseguir. German porque não queria fazer nada que Angie não quizesse, e Angie porque travava uma batalha naquele momento contra o seu próprio orgulho.

Angie estava disposta a não se envolver amorosamente com German, mas seu ser clamava por ele.

"Era mais seguro que eu me afastasse de German", pensou. E com esse pensamento colocou uma das mãos sob o peito forte de German, para o afastar, mas ao sentir o quanto o coração dele batia forte contra a palma dela, ela não conseguiu se afastar.

Estavam tão próximos que suas respirações se cruzavam...

                                                   (…)


                                                    * TRADUÇÃO:

"Não houve ninguém que me amasse tanto
Agora entendo claramente quanto
Terminemos com a cabeça erguida este amor

Por esses dias cheios de sonhos
Pelos sorrisos que não voltarão
Por esse beijo que esteve a ponto de matar
Sejamos sãos por um momento
Pelas lembranças"


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Notas finais do capítulo

E aí, o que acharam do capítulo? ❤ Não deixe de comentar, a opinião de vocês é muito importante pra gente! ❤

Bom final de semana e até a próxima! Beijos ❤



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