Consequências do Amor escrita por Rah Forever, Reh Lover


Capítulo 2
Capítulo 2 - Um Toque, Um Sentimento


Notas iniciais do capítulo

Oii gente! ❤ Aqui está o próximo capítulo. Esperamos que gostem.

Queríamos agradecer a LarissaS2 que favoritou a fanfic, muito obrigada linda. ❤

Muito obrigada também as lindas que comentaram no primeiro capítulo:

- Duh Leon
- ViolettaS2
- LeitoraTinista

Obrigada pelo apoio meninas, vocês nos incentivaram muito a escrever❤

Por favor não deixem de Comentar, pois queremos muito saber a opinião de vocês sobre o capítulo. ❤

Boa leitura! ❤



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              "Cause you are the piece of me
                I wish I didn't need
               Chasing relentlessly
               Still fight and I don't know why

     If our love is tragedy
               Why are you my remedy?
               If our love's insanity
               Why are you my clarity?"

        * Clarity ( Sam Tsui)

 

 

ANGIE

Acordei com os raios solares irradiando o quarto e batendo no meu rosto. Constatei rapidamente que Vilu precisava urgente de uma cortina.

A primeira coisa que fiz foi procurar meu celular, que mantinha-se em cima do criado mudo de Vilu. Logo que o peguei, acendi a tela e tomei um susto. Eram dez horas em ponto. Eu havia dormido mais de dez horas consecutivas, sem acordar uma única vez. Eu estava tão cansada que depois que deixei German sozinho na cozinha, corri pro quarto e em poucos minutos o sono me pegou de jeito.

Por mais que o acontecido na noite passada desse margem para minha imaginação fértil, eu me sentia tão esgotada que nem isso foi capaz de manter-me acordada. Por um milagre, eu consegui dormir. É, pelo jeito o chá surtira mais efeito do que eu esperava.

Mas quem pensa que tive um sono relaxante, se engana. Se minha mente não podia fantasiar acordada, iria faze-lo em forma de sonho. Mas percebi que até os meus sonhos gostavam de me iludir. No sonho era eu quem estava ficando noiva de German, não Priscilla... Mas tratei de afastar da mente os resquícios do sonho dos quais me lembrava. Não era nem um pouco saudável ficar sonhando com o que não era destinado a ser seu... Ficar fantasiando só traria sofrimento e eu estava farta de me sentir assim.

Fui até minha mala, peguei uma muda de roupa e corri pro banheiro.

Vinte minutos depois eu já estava completamente arrumada. Desci as escadas como um furacão, corri até a cozinha, peguei algo pra comer e fui andando o mais rápido que pude até o Studio, já que eu tinha uma reunião marcada com o Antônio. Como eu sempre conseguia me atrasar? Parecia que o universo adorava conspirar contra mim. Só podia ser carma.

Quando faltavam poucos metros pra mim chegar ao Studio, meu celular começou a tocar. Olhei pra tela e imediatamente, vi a foto de Vilu piscar na tela. Resolvi não atender, já que estava quase no Studio e poderíamos conversar pessoalmente.

Andei os metros que faltavam e logo que pus meus pés no salão, Vilu veio ao meu encontro.

— Bom dia, tia! — Me cumprimentou com um abraço.

— Bom dia, querida. — Retribui.

— O que está fazendo aqui, Angie? — A garota perguntou educada e sorridente como de costume.

— Eu vim falar com o Antônio sobre as minhas aulas. — Respondi sorrindo ao me lembrar do motivo de estar no Studio, e ao saber que voltaria a fazer o que mais gostava no mundo (além de cantar, claro) : dar minhas aulas de canto.

— Sério? Então quer dizer que vai mesmo voltar a dar aula pra gente? — Perguntou animada com a idéia.

— Se tudo der certo, sim.

— E vai dar, Angie! — Ela pegou minhas mãos e uniou-as com as suas. — O Antônio não perderia a oportunidade de ter a melhor professora de canto trabalhando aqui.

— Não perderia mesmo. — A voz de Antônio preencheu nossa conversa.

— Antônio! — Corri até ele e o abracei. Sentira tanto a falta dele. E da última vez que nos falamos, que foi quando me ofereceu o trabalho, nos falamos pelo telefone. E falar pelo telefone não é a mesma coisa de falar cara a cara com a pessoa. Eu sempre fui o tipo de pessoa que preferia falar pessoalmente.

— Angie! — Antônio me recebeu em seus braços.

 

                           NARRADORA

O abraço não durou mais que alguns segundos, mas Angie pode perceber o quanto sentira falta de Antônio. Ele era muito especial em sua vida, já que ele sempre fora um amigo de longa data de sua mãe, Angélica.

Angie se despediu de Vilu, que tinha que ir pra aula e acompanhou Antônio até a sala do diretor.

— Com licença. — Angie falou enquanto sentava-se com a bolsa no colo.

— Aceita um cafezinho? — O dono do Studio perguntou educadamente.

— Não, obrigada, Antônio.

— Então vamos aos negócios. — Falou carinhosamente e animado, fazendo Angie sorrir também.

 

                                     (...)

 

German dirigia cuidadosamente, atento ao tráfego, que por sorte era calmo. Diferentemente de seus pensamentos.

Desde que Angie o deixara na cozinha na noite anterior, ele não parava de pensar no quão inconsequente fora. Se não fosse pelo celular de Angie, ele provavelmente a teria beijado. Ele queria beija-la. Como ele deixara o momento o guiar... Mas isso não se repetiria. Não era certo e além do mais era com Priscilla que ele queria ficar. Ele a amava, certo? E pessoas que se amam, não tem olhos pra outra pessoa que não seja a que ama. Ele devia desculpas a Angie e devia também se manter afastado dela. Momentos como os que tiveram não podiam mais ocorrer.

Ele continuou o trajeto. Em um determinado momento lembrou-se que estava próximo ao Studio, então decidiu buscar Vilu e Ludmi, já que àquele horário a aula deveria estar terminada.

Minutos depois, ele estacionou em frente ao Studio e foi procurar as meninas. Por sorte encontrou Vilu, Ludmi e Angie conversando animadamente. Pelo que conseguira ouvir da conversa antes que percebessem sua presença, Angie voltaria a ser a professora de canto do Studio. Conhecendo ela, sabia que aquilo significava muito pra Angie, e se alegrou. Ela mantinha um sorriso enorme no rosto. Um sorriso tão belo, que foi seguido de uma risada mais bonita ainda. E ele se viu entorpecido por aquela melodia nada sutil. Melodia da qual ele tanto sentira falta.

 

                                       GERMAN

— Papai? — Vilu disse, percebendo minha presença - O que faz aqui? Aconteceu alguma coisa? — Ela se aproximou de mim.

— Não. — Comecei — Estava passando aqui perto e me lembrei que a aula de vocês já acabou e vim dar uma carona pra vocês até em casa.

— Que fofo, pai. — Sorriu carinhosamente. — Mas eu e Ludmi e o resto do pessoal, vamos nos reunir daqui a pouco pra decidir os detalhes da apresentação que vamos fazer. — Explicou. — Mas a Angie já estava indo pra casa, você podia dar uma carona pra ela.

— Imagina, Vilu. — Angie falou apressada. — Eu prefiro ir caminhando mesmo. Manter a forma, sabe?

— Mas o papai insiste, não é pai? — Vilu falou e me lançou um de seus sorrisos que dizia " Estou aprontando alguma".

— Claro. — Concordei dando de ombros. E olhei pra Angie que parecia querer matar Violetta apenas com o olhar. Quase ri da cena.

— Tudo bem. Eu aceito — Concordou ainda contrariada depois de Vilu lhe dar um empurrãozinho de leve, o que fez com que Angie parasse ao meu lado. E instantaneamente, senti seu perfume adocicado se instalar ao meu redor. A essência era tão delicada, que por um momento me vi distraído e só despertei quando ouvi a voz de Vilu me chamar. Pelo visto, Angie virara sinônimo de distração pro meu cérebro.

— Pai? Planeta terra chamando papai. — Brincou.

— O que foi, filha?

— Angie está esperando.

— Ah sim. — Angie e eu nos despedimos de Vilu e Ludmila e seguimos até onde eu havia estacionado o carro. Angie não disse nada durante o rápido percurso, apenas me agradeceu sem olhar nos meus olhos, quando abri a porta do carro para que ela entrasse.

Depois de dar a volta no carro e entrar, dei a partida e o carro começou a andar. O silêncio era total enquanto dirigia, até que Angie se virou pra mim de repente.

— Posso ligar o rádio?

— Claro. — Concordei. E logo que Angie ligou o aparelho, uma voz feminina preencheu o veículo. Não demorou muito e Angie começou a cantarolar a música num tom baixo, mas ainda audível pra mim. Ela mantinha os olhos fechados enquanto eu só escutava atentamente cada verso da música.

" I remember years ago
            Someone told me I should take
            Caution when it comes to love, I did, I did
            And you were strong and I was not
            My illusion, my mistake
            I was careless, I forgot, I did

 And now, when all is done, there is nothing to say
           You have gone and so effortlessly
           You have won, you can go ahead, tell them

 Tell them all I know now
           Shout it from the roof tops
           Write it on the sky line
           All we had is gone now
           Tell them I was happy
           And my heart is broken
           All my scars are open
           Tell them what I hoped would be
           Impossible, impossible
           Impossible, impossible"

                 [...]

"Eu me lembro de anos atrás
           Alguém me disse que eu deveria ter
           Cuidado quando se trata de amor, eu tive, eu tive
           E você foi forte e eu não
           Minha ilusão, meu erro
           Eu fui descuidada, eu esqueci, eu esqueci

 E agora, quando tudo está feito, não há nada a dizer
           Você se foi e tão sem esforço
           Você ganhou, você pode ir em frente, diga a eles

 Diga a eles tudo o que eu sei agora
           Grite isso de cima dos telhados
           Escreva isso no horizonte
           Tudo o que nós ti­nhamos se foi agora
           Diga a eles que eu era feliz
           E meu coração está partido
           Todas as minhas cicatrizes estão abertas
           Diga a eles o que eu esperava ser
           Impossível, impossível
           Impossível, impossível"

 

                                  NARRADORA

Aqueles versos preencheram em cheio German. Se seus pensamentos já eram confusos e turbulentos, agora ele já não sabia mais como classifica-los. Cada palavra ficara cravada em sua mente. Não teve dificuldade alguma em compreende-las; era fluente em li­ngua inglesa antes mesmo de concluir o ensino médio.

Conforme a música ia tocando, Angie sem perceber aumentava a voz conforme a música pedia. E German se viu embasbacado. Ele sempre soube que Angie tinha uma voz maravilhosa, mas naquele momento, ouvindo ela cantar com tanta emoção, sentiu a garganta secar e o ar ficar mais escasso. Estava tão linda e tão concentrada, era como se cantasse pra si mesma sem se importar com o resto do mundo.

Por um momento German desviou a atenção, um pouco precária pra quem dirigia, e olhou pra Angie no momento em que a música terminou e ela abriu os olhos, como se despertasse de um sono profundo e seus olhos se cravaram nos do moreno.

Ela entreabriu os lábios para falar algo mas antes que pudesse proferir uma única si­laba... German de soslaio percebeu que o carro estava prestes a sair da rua e invadir a calçada . Ele então parou o carro de imediato.

Angie assustou-se com a freada brusca, elevando as mãos ao coração que aparentava querer saltar do peito.

German olhou pra Angie com um semblante preocupado. Necessitava saber se ela estava bem.

       — Angie, você está bem? — Perguntou, encarando aquele par de olhos verdes, os examinando a procura de uma resposta.

A loira o encarou com um sorriso agradecido no rosto, ainda que não estivesse completamente recuperada do susto. Ele fazia uma cara tão fofa quando ficava preocupado.

        — Eu estou bem, German — Colocou sua mão direita sobre a dele que segurava o volante com força. Os calos da mão estavam tão brancos, tamanha força da qual ele exercia sob o objeto — Não se preocupe, tudo bem?

— Como não vou me preocupar, Angie? — Ele desviou o olhar para frente. — Um pouco mais de descuido e eu poderia ter causado um acidente.

— Hey, a culpa não foi sua — Ela posicionou sutilmente a palma da mão na bochecha de German. E ele ao sentir o contato da mão quente e delicada de Angie sobre sua pele, voltou a observa-la.

Ele olhou bem dentro dos olhos dela e deixando seu lado racional de lado, confessou:

— Eu não me perdoaria se algo de ruim acontecesse com você, Angie. Nunca.

Angie ficou sem palavras; sabia que a frase que saira dos lábios de German não só soavam verdadeiras, como eram. Ela sentiu seu coração se acelerar, e dessa vez nada tinha a ver com um susto. E sim com aquele sentimento que ela arduamente tentava esconder bem escondidinho no fundo de sua mente. O Amor. A droga do amor que fazia com que ela agisse inconsequentemente, como estava prestes a fazer novamente.

Ignorando por um momento todas as barreiras entre eles, ela simplesmente o abraçou.

Ele a envolveu em seus braços, procurando o tipo de calmaria e conforto que só ela poderia proporcionar. Sentiu tanto medo do que poderia ter acontecido. Angie sempre seria uma parte importante em sua vida, mesmo que nunca ficassem juntos.

Ele beijou a cabeça dela e permitiu-se respirar novamente. Como ela conseguia trazer tanta paz consigo? Como conseguia iluminar um ambiente inteiro com apenas seu sorriso ou uma de suas gragalhadas? Ela era um anjo mesmo, ele sabia. O anjo mais lindo de todos.

Angie tinha certeza de que não deveria ficar tão próxima de German. Ele era sinônimo de sofrimento. Já não se machucara o bastante ao ver ele quase se casar duas vezes? Sabia perfeitamente que o que estava fazendo não era saudável pra si mesma, mas não podia evitar sentir o que sentia, mesmo que estivesse iludindo a si mesma.

Continuaram abraçados por mais um tempinho. E quando se separaram, se entreolharam sorrindo.

Antes que pudessem fazer ou dizer qualquer coisa, o celular de German tocou.

German não queria atender, mas poderia ser algo importante, então pegou o aparelho e o atendeu.

 

                                     ANGIE

German falava no telefone enquanto eu tentava me distrair, olhando os carros passando ao meu lado. Quando a ligação acabou, German jogou o celular sobre o console do carro. E logo seu rosto assumiu uma expressão cansada.

— O que foi? — Questionei-o. — Você parece cansado.

Ele olhou pra mim e respondeu:

— Não é nada demais. É que a Alfaiataria ligou pra confirmar se eu iria ir escolher o terno do noivado hoje. Eu me esqueci completamente. Tenho que estar lá em dez minutos — Seu semblante passou de cansado para preocupado.

— E o que te preocupa?

— Priscilla quer um terno que combine perfeitamente com seu vestido. Eu não tenho idéia de qual escolher. — Contou.

— German Castillo, o mais renomado Engenheiro de Buenos Aires não consegue escolher um simples terno? — Brinquei tentando fazer com que ele relaxasse um pouco. E pareceu funcionar, os cantos da boca de German se ergueram em um belo sorriso.

— Você brinca, mas Priscilla não quer um terno qualquer, quer o terno perfeito.

— E por que ela não te ajuda a escolher e pronto?

— Hoje não dá, ela tinha cabeleireiro marcado e spa. — Respondeu.

Por que Priscilla não podia deixar um pouco seus caprichos de lado e ajudar o futuro esposo com uma tarefa tão simples? Ela deveria ajuda-lo já que queria o terno "perfeito".

Vendo a preocupação retornar de volta pros olhos de German, antes que meu cérebro pudesse me alertar, falei:
          — Se quiser, eu posso ajudar.

Ele parou pra pensar alguns segundos e por fim, disse:

          — Tem certeza que não vai ser um incômodo?

— Tenho, sim. — Respondi, enquanto claramente eu deveria dizer um não, mas uma coisa era certa: mesmo que eu estivesse contribuindo em algo pro noivado de German e Priscilla e com isso estivesse lutando contra meus próprios sentimentos, eu o ajudaria. Desde que eu era pequena desenvolvi algo que pode ser considerado muito bom, mas que as vezes me colocava na pior: sempre se visse que alguém precisava de ajuda, eu ia ajudar. Independentemente de quem fosse.

E em resposta, German me lançou um sorriso mais que agradecido e seguimos rumo a Alfaiataria.

 

                                 (...)

 

Eu nunca tinha visto tantos ternos na minha vida. Fazia meia hora que ti­nhamos chegado e ainda estavamos procurando por mais ternos. Por fim acabei escolhendo um terno preto com riscas de giz, um terno branco e um azul escuro com abotoadoras prata. E também escolhi uma gravata vermelha, já que essa seria a cor do vestido de Priscilla. Pensei que ela fosse querer usar algo se não branco, em um tom pastel, mas conhecendo Priscilla, sabia que iria querer chamar o máximo de atenção possível.

— Angie, pode me dar uma ajudinha? — German pediu, saindo de dentro do provador. Ele havia escolhido experimentar o terno azul com abotoadoras e estava tão... deslumbrante. Não consegui evitar um sorrisinho ao constatar que ele havia escolhido o terno que eu mais gostei. Eu nunca havia me interessado por homens que se vestiam sempre de maneira social, mas Germam mudara totalmente meus conceitos sobre isso. Foi só olhar pra ele que uma onda de calor subiu pelo meu corpo. — Não estou conseguindo dar o nó na gravata.

— Ah, claro. — Me aproximei e comecei a ajeitar a gravata. Depois de finalmente dar o nó na gravata, German me agradeceu, e eu dei um passo pra trás, enquanto ele se virou para olhar-se no espelho.

— E então? Como estou? — Perguntou fazendo uma cara de galã de novela mexicana.

— Está ótimo senhor Castillo. — Respondi entrando na brincadeira. — O que já era de se esperar, já que fui eu que escolhi esse terno, não acha?

— Então quer dizer que além de ter vocação pra cantar, também tem vocação pra moda, senhorita Carrara? — Questionou. Um sorriso provocativo surgiu nos seus lábios.

— Não querendo me gabar, nem nada do tipo — Dei de ombros — mas concordo totalmente com você.

German se aproximou e ficamos um de frente pro outro.

— Não acha que esta sendo convencida demais, senhorita Carrara?

— Convencida? Eu? — Me fiz de desentendida — Nunca!

— Tem certeza?

— Claro que sim! — Fiz uma cara de ofendida. — Como pode pensar uma coisa dessas de mim, senhor Castillo? Assim você me magoa.

Nos encaramos por alguns segundos e de repente caímos na gargalhada.

E quando finalmente nos acalmamos, German olhou pra mim sorrindo descontraidamente.

— Adoro te ver assim. — Ele falou, enquanto prendeu um cacho solto atrás da minha orelha. O toque fora tão delicado, tão doce. Eu gostava demais desse German descontraído.

— Assim? — Perguntei curiosa. — Assim como?

— Tão feliz, alegre. Cheia de vida. — Senti minhas bochechas queimarem.

— Também gosto de te ver assim. Relaxado e brincalhão. — Devolvi, sem conseguir evitar sorrir.

Ficamos alguns segundos nos encarando sorrindo, até que German deu um passo pra trás e falou:

— Eu vou ir me trocar. — Concordei com a cabeça e German entrou no provador.

 

                                        NARRADORA

Enquanto esperava German se trocar, Angie estava distraída vendo várias abotoadoras no balcão. Até que o celular de German tocou.

Ela pegou o aparelho nas mãos e caminhou até o provador. E sem pensar, abriu a porta e deu de cara com um German sem camisa.

Na hora o rosto de Angie ganhou um tom avermelhado.

— Angie? Tudo bem? Aconteceu alguma coisa? — Perguntou surpreso por vê-la ali.

Angie demorou alguns segundos pra conseguir responder algo, estava tão distraída com o corpo musculoso e másculo de German, que sua mente parecia não querer funcionar direito.

— O celular começou a tocar e… Desculpa, eu... vou esperar lá fora. — Disse colocando o celular que começou a tocar novamente, na mão de German. E saiu dali rapidamente, caminhando pra fora da loja. Deixando German tão confuso quanto na noite passada.

 

                                       (…)

 

Enquanto esperava German, Angie resolveu atravessar a rua e sentar em um dos bancos de uma praça, que ficava ali em frente.

Passados poucos minutos que a loira estava ali sentada, percebeu que na outra extremidade da praça tinha um vendedor de maçã-caramelada. Angie não acreditou; fazia tanto tempo que não saboreava o doce.

Angie andou então até o vendedor e comprou uma maçã-caramelada. Depois voltou para o banco em que estivera sentada minutos antes.

— E aqui está minha consultora de moda. — German disse sentando-se ao lado de Angie. — Sabia que não resistiria a uma maçã-caramelada.

— Não, mesmo. — Sorriu — Mas como da última vez, eu não posso te oferecer, sabe? Sou estritamente sigilosa com minha comida.

German lançou-lhe um olhar de divertimento.

— Você quis dizer egoísta, não é?

— Egoísta? — Disse com um sorriso petulante surgindo no rosto. — Tem certeza que essa é a palavra certa a se usar comigo?

— Provavelmente não.

— Que bom que sabe, senhor Castillo, e se me der licença gostaria de comer minha maçã-caramelada em paz.

— Agora é você que está me magoando, Angie. — Ele colocou as mãos sobre o coração como se estivesse sentindo dor.

— Ai tadinho, é melhor você procurar um cardiologista. — Brincou.

— Desde que voltou da França, você anda bem engraçadinha, não acha?

— Bom, tecnicamente sim. - Deu de ombros. — Mas na verdade eu sempre fui assim, só sabia controlar melhor as palavras.

— Sei. — Olhou pra ela novamente imitando um galã de novela mexicana — Então decidiu trocar o sobrenome Carrara por Sincera?

— E você, vai sair do ramo da engenharia e tornar-se ator de novela mexicana?

Se encararam e sorriram. Pelo jeito não era só Angie que era sarcástica ali. Quando Angie agia dessa maneira, era inevitável pra German, se controlar e não responder no mesmo tom. Ele gostava da Angie sincera e ao mesmo tempo brincalhona. Gostava mais do que de fato deveria.

— Vou lá comprar uma maçã-caramelada pra mim, já que um certo alguém não gosta de dividir. — Brincou, se levantando e indo até o vendedor.

Angie sorria enquanto observava German caminhar até o carrinho e o vendedor. Ela tinha certeza de que não deveria estar ali. Tinha de admitir que adorava ter momentos assim com German e que apreciava demais sua companhia, mas ela não tinha prometido a si mesma se afastar dele? Mas não conseguia. Algo em German sempre a trazia de volta pra ele, mesmo que ela relutasse com cada partícula do seu corpo.

Minutos depois German voltou e sentou ao lado da loira.

Os dois ficaram um bom tempo conversando enquanto saboreavam o doce.

German sabia que tinha de se desculpar pela forma inconsequente que agira na noite passada, mas tinha medo que a conversa descontraída que estavam tendo, se transformasse em um silêncio constrangedor depois que ele tocasse no assunto. Mas ele tinha de fazê-lo.

— Angie. — Ele chamou e ela olhou pra ele sorrindo, mas percebendo que ele estava sério, o sorriso em seu rosto se apagou. — Sobre ontem… — Começou.

— Eu sei o quê você vai dizer, German. Vai dizer que está com a Priscilla e eu devo me manter afastada.

— Não, não é isso. — Apressou-se a dizer.

— Então o que é? — Perguntou séria.

— Eu queria me desculpar, Angie. — Começou — Pela noite de ontem.

Ela encarou os próprios pés.

— Você não tem o que se desculpar. — Ela voltou a encara-lo. — Está tudo bem.

— Eu deixei me levar pelo momento e…

— Não precisa me explicar nada German, você não me deve explicações.

Os dois ficaram mudos por alguns segundos, até que Angie quebrou o silêncio:

— Está ficando tarde, eu tenho muita coisa pra organizar…

— É mesmo, eu tenho que resolver algumas coisas também. — Mentiu e ela assentiu.

 

                                        (…)

 

                                    GERMAN

O clima entre mim e Angie durante o trajeto de volta a mansão, era péssimo. Eu sabia que não devia ter tocado naquele assunto.

Desde que tinhamos entrado no carro, Angie não disse nenhuma palavra e muito menos dirigiu o olhar pra mim, apenas ficou olhando pela janela o mundo lá fora.

Quando chegamos, estacionei o carro. Angie já estava abrindo a porta do carro, quando segurei sua mão esquerda, o que fez com que seus olhos verdes se encontrassem com os meus, esperando provavelmente que eu dissesse algo.

— Obrigada. — Agradeci, ainda segurando sua mão. — Obrigada por me ajudar a escolher um terno, se não fosse por você, eu estaria perdido. — E era verdade, Angie foi minha salvação.

— Disponha. — Ela sorriu, mas não era um de seus sorrisos iluminadores, era um sorrisinho beirando a tristeza ou algo parecido, que eu não soube identificar.

Ela desviou o olhar pra nossas mãos unidas por meros segundos, para depois retirar sua mão da minha e sair do carro. Segui seu exemplo e entramos dentro da mansão.

Logo que entramos Ludmila e Violetta se aproximaram com uma expressão preocupada no rosto.

— O que foi meninas? Está tudo bem? — Angie perguntou percebendo o estado de ânimo delas.

— Vocês não estavam ensaiando? — Perguntei, confuso. Sempre que as duas saíam com os amigos não costumavam voltar tão cedo.

— Sim, mas a Priscila ligou e disse que era urgente. — Vilu falou.

— Ela disse que precisávamos vir pra cá. — Ludmila completou.

— Mas aconteceu algo? — Perguntei. — Onde ela está?

— Quando chegamos encontramos ela aqui na sala. Ela estava brava,pai. Muito irritada.

— Irritada? Por quê?

— Ela falou que estava tentando falar com você há mais de uma hora e não estava conseguindo, ela perguntou onde você estava e com quem estava… E sem querer… — Ludmila disse.

— E sem querer acabamos falando que você estava com a Angie... — Vilu olhou pra mim e pra Angie com um olhar que pedia desculpa. — E ela não reagiu muito bem…

— E ela viu as coisas da Angie, quando foi procurar a Vilu depois que voltou do spa - Ludmila falou cruzando os braços. — A gente tentou acalmar ela mas não funcionou.

Passei as mãos sobre o cabelo e respirei fundo.

— Onde ela está? — Perguntei, por fim.

— Está no seu quarto, pai. — Vilu respondeu. — É melhor conversar com ela.

— Você está certa. — Falei e me diriji as escadas.

 

                                        (…)

 

        * NOTAS: TRADUÇÃO


                            CLAREZA

"Porque você é um pedaço de mim
           Eu desejo que não o precisasse
           Perseguindo implacavelmente
           Ainda luto sem saber por que

Se o nosso amor é uma tragédia
          Por que você é meu remédio?
          Se o nosso amor é insano
          Por que você é minha clareza?"

 

 


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Notas finais do capítulo

O que vocês acharam? COMENTEM pra gente saber o que vocês acharam desse capítulo. ❤

* A música que usamos no meio do capítulo se chama " Impossible " e quem canta é a Shontelle. ❤

Beijos e até o próximo capítulo ❤



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