A Trilogia Malévola - Parte 1: O Espantalho escrita por Samuel Schiavoto


Capítulo 2
The Scarecrow


Notas iniciais do capítulo

SAAAAALVE PESSOAL
Finalmente, o segundo capítulo saiu. Coloque para tocar a respectiva música: https://www.youtube.com/watch?v=L-PkfKZAT6E&list=PL2QdWlqtZbKBG_9ID14qzd8wFCtFlkVy5 para ter uma maior imersão na história. Boa leitura!



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Rise to fame — time has come.

Make your claim — time has come for the crow to fly away.

Ascenda à fama — a hora chegará.

Faça a sua reivindicação — chegou a hora do corvo voar para longe.

 

O vento forte do cair da noite fustigava a janela.

O homem loiro de cavanhaque estava ali, parado à frente de Tobias — sorrindo. O susto que o músico levara fora tão intenso que ele mal conseguia se mover. Não o conhecia, não sabia quem era ele. E, ainda assim, o homem estava em sua casa.

E havia algo sobre ele — algo que Tobias não conseguia dizer o que era, mas ele tinha certeza de que ele não era um humano comum. Era como se houvesse uma aura, alguma coisa terrível que emanava daquele homem. E, embora terrível, tentadora. Tobias ofegava, jogado contra a parede, sobre a cama. E o homem ainda permanecia ali, parado em pé.

Olá, velho amigo, dissera ele. Velho amigo? Mas Tobias nunca sequer vira ele na vida. Estivera o observando de longe há muito tempo? Ou conhecia algum conhecido do músico?

Tobias respirou fundo, e quando se viu livre da paralisia inicial do susto, gritou.

Quem é você?”  Tobias se contorcia sobre a cama, com medo de se aproximar. Os cabelos compridos e dourados do homem reluziam, mesmo não havendo fonte de luz alguma senão a do sol poente que desaparecia através da janelinha. E ele ainda sorria, com a boca fechada desaparecendo atrás da barba.

“Meu nome é Lande,” respondeu o homem. “Sou um anjo enviado do Senhor.” Anjo. Anjo? Um anjo com aquele tipo de aura negativa? Mas... mas Tobias nunca sequer vira um anjo; não sabia como era a aura de um...

O músico engoliu em seco.

“O... o que você quer?” perguntou, ainda aterrorizado.

“A questão não é o que eu quero,” disse Lande, o suposto anjo. “A questão é o que você quer.” Ele se sentou em uma cadeira próxima a uma estante. “Tobias Sammet. Um homem fracassado. Um homem cujo amor não retribui o favor. Um homem com um desejo profundo e incandescente de ter sucesso na vida. Um homem que estaria disposto a qualquer coisa, qualquer coisa para alcançar seus sonhos e desejos. Estou certo?”

Tobias engoliu em seco, franzindo o cenho. Fagulhas de incerteza brotavam e desapareciam em sua mente, mas seu rosto, esbanjando concórdia, respondeu afirmativamente por ele.

“Eu posso lhe dar tudo isso,” continuou Lande. “E mais. Você só tem que dizer que sim e me dar algo em troca.”

Tobias engoliu em seco. “O quê?” perguntou.

Lande sorriu.

“Sua alma, para que eu a deixe nas mãos do Senhor.”

Eu sou só um perdedor no jogo do amor, pensou Tobias para si mesmo, embora sentisse que o “anjo” pudesse ler seus pensamentos. Só um rapaz disperso nas sombras, e não sou reconhecido por nada bom. Talvez não seja uma má ideia.

Mas outra voz falava em sua mente, protestando contra as palavras de Lande. Embora vaga e distante, Tobias podia sentir que não eram apenas pensamentos — sentia que era uma voz, real e verdadeira, nítida e intensa.

Não aceite, dizia a voz. Ele não é o que diz ser.

Mas... mas se aquela voz pertencia a algo ou alguém benevolente, por que diabos Tobias ainda sofria? Se Lande fosse, de fato, um ser maligno e perverso, por que ele proporia algo bom em troca algo que já não tinha valor — sua alma? O anjo ainda estava ali, sentado, parado, apenas observando-o com aquele sorriso acolhedor no rosto.

Não, não. Tobias já conhecia aquele truque. Dê-me sua alma e eu lhe darei o que deseja. Lande pedia a alma dele em troca, e seu verdadeiro intento era quase óbvio. Tobias sentiu-se estúpido por não ter percebido antes. Ele se sentou na cama, repentinamente aparentando ter recuperado as forças, e protestou:

“Já conheço essa história. Você não me engana. És um demônio. Quer minha alma para tê-la na palma da mão, e me dará tudo pelo que anseio por um momento, até começar a desgraçar ainda mais a minha vida e, no final, tomar de mim a minha alma definitivamente.” O sorriso de Lande sumiu de seu rosto, mas ele continuou encarando o músico.

“Você realmente acha que um demônio seria tão confortante assim?” perguntou ele. “Você sabe que quer aceitar a minha oferta, e pode sentir que sou benevolente.” Era verdade: Tobias sentia que a voz de Lande o chamava; tão doce e atraente, levando-o cada vez mais perto de aceitar a proposta. “Mas, se quer um tempo para pensar a respeito, então o terá.” Lande se levantou e se dirigiu à saída. “Voltarei a ti dia após dia, sempre a este horário, até que tenha a resposta. Lembre-se que não estou lhe obrigando a nada. Mas, se realmente precisa de tempo para aceitar que um anjo interfira bondosamente em sua vida para realizar os seus mais profundos e desesperados desejos, não há problema.”

O anjo saiu pela porta e virou à esquerda. Eu realmente tenho uma escolha? Não, não, não! , disparou Tobias em seus pensamentos. E ele gritou: “Espere!” mas, quando levantou da cama e correu atrás dele, olhando para fora, para a rua deserta da noite, Lande já havia desaparecido.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado, pessoal. Vejo vocês no próximo capítulo, e não se esqueçam de comentar!



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