Married By Chance escrita por ThataListing


Capítulo 8
Capítulo 7


Notas iniciais do capítulo

ah gente desculpe a demora q eu naum tive tempo de postar.
mais vamos oque interessa!!!


Boa Leitura



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Com os olhos fixos no teto azul, Sasuke submeteu seu autocontrole a mais um teste. O corpo ten­so clamava por sexo, mas ele sabia que Sakura, aninhada em seu peito, queria principalmente ternura e calor humano.

— Vai dar tudo certo — ele sussurrou no ouvido dela. — Mas por uns dias ainda precisamos fingir que estamos casados.

Meditando na proposta, ela demorou a responder.

— Está bem — disse finalmente, com a voz sonolenta. — Faço qualquer coisa para me aquecer.

Sasuke cerrou os olhos e bendisse a natureza pela tempestade que os aproximava dessa maneira. Outra tempestade agitava seu íntimo.

— Vamos nos sair bem, eu garanto. — Beijou o nariz gelado de Sakura. — Quero descobrir tudo sobre nosso casamento. Mas também quero ficar com você.

Sentiu que ela estremecia em seus braços, e não era de frio. A atração que os ligava mantinha-se viva e real. Antes que o clima mudasse, ele esticou o braço para a calça abandonada no chão, ao lado da cama, e retirou do bolso o preservativo que havia comprado no armazém perto do lago. Tinha esperanças de que a noite de amor se repetisse. Sakura não havia dito "nunca mais".

— Pronta para fingir? — propôs maliciosamente, enquanto corria os dedos pelo rosto dela.

Sakura colheu o polegar de Sasuke com os lábios e sugou-o em uma promessa de volúpia maior. Seu corpo, impulsionado pelas lembranças da noite nupcial, também ansiava por prazer. A mente, porém, ainda resistia.

Ela conhecia aquele homem menos do que o bom senso re­comendava. Já sabia de seu lado nobre e também prezava suas habilidades como amante. Mas havia um detalhe impor­tante: Sasuke gostava de premeditar tudo, levava uma vida pla­nejada, e, portanto poderia tornar-se tão controlador quanto seu pai e irmãos. O que seria de sua almejada liberdade?

Sakura tinha de dobrar-se à realidade. Sentia que sua paixão por Sasuke era crescente, estava perto de entregar-se mais uma vez. Mas um casamento formal surgia como algo distante em seu futuro. Muito mais próximo era o prazer que ele lhe oferecia.

— Quando estamos juntos na cama, eu não preciso fingir — ela sussurrou entre dois beijos na boca de Sasuke.

Estimulado, ele afastou a coberta e o lençol, contemplou em adoração as formas de Sakura e apressou-se em desnudá-la completamente.

— Estou com muito frio — ela reclamou.

— É por pouco tempo — asseverou Sasuke, acariciando com os lábios o vão dos seios e depois os mamilos. — Mais quente agora?

— Um pouco. — A voz fraquejou. Sasuke sorriu e retomou o jogo. Moveu o corpo para baixo e, erguendo uma das pernas de Sakura, alcançou com a boca o ponto exato de sua coxa onde, na festa de casamento, havia colocado a liga. A lembrança da cena acendeu ainda mais o desejo que os unia.

— E assim?

— Muito melhor. O beijo evoluiu para uma carícia íntima, e os gemidos de

Sakura levaram Sasuke ao máximo da excitação. Ele precisou conter a urgência enquanto deslizava os lábios pelo ventre alvo e subia ao longo da pele arrepiada, com breves toques de língua. Relâmpagos intermitentes iluminaram o rosto de Sakura, trans­figurado de paixão. Em uma bem-vinda pausa, Sasuke esticou-se ao lado dela, resfolegando, e repousou a cabeça no travesseiro. Sakura não parecia disposta a esperar. Chamou para si a ini­ciativa e deitou-se sobre Sasuke, de corpo inteiro. Beijou-o com sofreguidão ao experimentar a força de um par de mãos em suas nádegas. Mudou de posição e abriu caminho com a boca por entre os tufos de pêlos em caracol que adornavam o peito do homem. Com a mão, ele pressionou-lhe a cabeça até abaixo da cintura!. Os suspiros de Sakura transportaram Sasuke outra vez ao limiar do êxtase. Se havia algo de errado naquele relacionamento, não era a afinidade sexual.

— Deixe-me aquecê-la inteira — ele pediu sem necessidade, pois ela imediatamente tombou para o lado, pronta para recebê-lo.

Cada beijo, cada toque e cada gemido aumentava o arrebatamento. Ao som da chuva no telhado, bastou a Sakura seguir seus instintos. Passou os braços pela nuca de Sasuke e, sincronizando os movimentos, sentiu dentro dela uma crescente onda de calor.

Todos seus nervos clamavam por um alívio final, mas este foi sistematicamente adiado até que ela se visse consumida por um fogo abrasador, fora do tempo e da razão.

No mesmo instante, Sasuke também atingiu o auge e desabou inerte sobre ela. Ainda a beijou uma última vez, sem conseguir abafar seus gritos e sussurros.

Por mais que os dois corpos guardassem a memória da pri­meira noite, desta feita Sasuke e Sakura estavam conscientes do prazer que tinham proporcionado um ao outro, o que era muito mais gratificante.

— Nunca senti nada igual — ele disse, girando para o lado.

— Nem eu — ela confidenciou com um sorriso, serpenteando para acomodar-se no peito dele.

Ele puxou a coberta e, com a ponta do lençol, enxugou o suor da testa. Cobriu Sakura até o pescoço e beijou-lhe as pálpebras fechadas.

— Ainda quer que eu passe a noite na poltrona?

— Não se mova até eu dizer que pode — ela resmungou. Estava saciada e quente demais para imaginar qualquer outra coisa que não fosse dormir abraçada a Sasuke.

O tempo limpou, e o sol da manhã despertou Sakura de um sono profundo. Agradáveis sensações ainda percorriam seu corpo. Imaginou se tudo aquilo não passava de um sonho. Não dessa vez, concluiu. Sasuke a aquecera e amara de verdade durante a noite. Ela retribuíra com toda a paixão de que era capaz. Já o amava também. Ao ver o travesseiro vazio, deduziu que ele havia se levantado mais cedo. Lançou um olhar sobre a poltrona, e Choko também não estava ali. Prolongou o momento de abandono e permaneceu na cama, relembrando os beijos ardentes que re­cebera e os músculos firmes que a haviam enlaçado até adormecer.

— Levante-se, rápido! — As palavras foram seguidas por um beijo no rosto e pelo aroma forte de café. Um focinho frio de cachorro também a procurou.

— Sasuke? Choko?

— Quem mais estava esperando? Fui levar o cão para pas­sear lá fora e pegar alguma coisa para o desjejum. — Sasuke ergueu os braços, mostrando nas mãos uma garrafa térmica e uma rosca doce, que levou para a mesa.

— Não consigo me levantar — ela sorriu, estreitando o tra­vesseiro que conservava o aroma masculino. Depois, agitou-se sob a coberta. —, Podia ficar aqui para sempre.

— Impossível — ele retrucou enquanto apanhava uma faca e duas xícaras.

— Por que não? Temos alguns dias de vantagem antes de voltarmos a Las Vegas.

— Mas também temos muito o que resolver por lá. Quanto antes, melhor.

Sasuke olhou deliciado para o corpo de Sakura quando ela se ergueu e enrolou-se no lençol.

— Onde conseguiu o café e a rosca?

— Por incrível que pareça, o encarregado do motel me ofe­receu, dizendo que estavam incluídos na diária do chalé nupcial. Como você percebeu, o homem é abusado. Comentou que eu estava muito bem, com cara de felicidade.

— Deus do céu! — ela exclamou ao aproximar-se da mesa e servir-se. — Eu devo estar com a mesma cara. Como vamos disfarçar para meu pai?

— Ora, ele não aprovou nossa viagem de lua-de-mel?

— Sim — Sakura murmurou. Apesar da aprovação do pai, ainda temia escandalizá-lo. — Mas o que nós fizemos esta noite deve estar escrito em nossa testa.

— Não é tão ruim quanto pensa — retrucou Sasuke. — Parece até que você não gosta de ser feliz.

— Minha família me inibe demais. Se ficássemos aqui mais um pouco...

Sakura passeou os olhos pelo ambiente. Parecia mais acon­chegante naquela manhã de sol e servia perfeitamente como um ninho de amor. Ela tomou um grande gole de café e pensou nas vezes que se privara do amor de Sasuke. Depois da estada no Majestic, tinham perdido a noite seguinte em seu próprio quarto e mais outra na casa de campo. Tinha sido preciso uma tempestade para juntá-los de novo sob os lençóis. Agora, queria prolongar as horas de intimidade com Sasuke.

— Por mim, ficaria mais tempo aqui — insistiu na idéia.

— Você é mesmo incrível, Sakura Haruno — ele riu, dirigindo-lhe um olhar afetuoso. — Este não é um lugar para férias, nem para uma lua-de-mel. Não conta nem mesmo com um aquecimento decente para as noites frias.

Foi a vez de Sakura rir, sentindo um agradável calor por todo o corpo. Nunca precisaria de aquecimento artificial enquanto estivesse perto de Sasuke.

— Quando vence a diária? — perguntou, com esperanças de convencer o parceiro.

— Ao meio-dia, creio. Podemos partir logo depois do almoço, se é que o hotel fornece refeições melhores do que café com rosca.

— E quanto a Choko? Precisamos alimentar o cachorro.

— Não há problema. Vou pegar um pacote de ração no carro, mas ele terá de comer lá fora.

Ele prendeu a guia ao pescoço de Choko e fez menção de deixar o quarto. Em um repentino impulso, voltou-se para ela e questionou:

— Primeiro me diga com quem você se identifica melhor esta manhã. Srta. Sakura ou sra. Uchiha?

— Pergunte-me depois — ela respondeu, aproximando-se dele para um beijo. Sasuke conduziu-lhe a mão para dentro de sua camisa semi-abotoada e apertou-a contra o peito.

— Guarde-se para quando eu voltar — ele sugeriu enfaticamente.

— Não se atreva — Sakura rebateu em tom pouco persuasivo.

— Cuidado comigo, moça. Gosto de um desafio. — Sasuke levou a mão dela à boca para um toque de língua entre o nó dos dedos.

— Eu também — ela atalhou.

Sakura ficou em suspenso por intermináveis minutos, enquan­to Sasuke saía para alimentar Choko e deixá-lo preso na varanda. Quando ele despontou na porta, ela apenas o contemplou com os olhos brilhantes de desejo. Deixou cair o lençol a seus pés, exibindo-se no esplendor da nudez.

Em questão de segundos, o mundo novamente desapareceu para eles.

O som de patas arranhando a porta despertou Sakura do torpor que a envolvia na cama. Sasuke, já vestido, deixou o cachorro entrar. Uma nesga de sol forte invadiu o quarto.

Bem-humorada, Sakura focalizou o olhar em Sasuke.

— 0 que vamos fazer agora? — indagou cheia de expectativa.

— Vamos embora. — Ele passou-lhe a roupa, e ela ergueu-se contrafeita. — O telefone continua mudo, e preciso entrar ur­gentemente em contato com o Naruto.

— Ninguém sabe para onde ele viajou com Hina.

— Sim, mas posso tentar descobrir. Quero ir ao Majestic atrás de detalhes sobre nosso casamento. Ah, e também há aquele produtor de televisão, Lee. — Vestiu a jaqueta de couro e passou as mãos pelos cabelos arrepiados. — Ele não pode ter promovido um show desse tipo sem uma licença legal. Deve saber o nome do juiz de paz que oficiou a cerimônia.

Ao considerar que poderia não existir nenhum registro do casamento, Sakura assumiu um ar desconsolado. Teria agido mal em conceder-se mais uma noite e uma manhã de prazer?

Até então, Sasuke parecia respeitar suas vontades, permitin­do-lhe fazer as próprias escolhas. Ele a havia protegido e ofe­recido ajuda, insistindo na idéia de que estavam casados. Qual­quer que fosse o motivo alegado para agir assim, naquele dia ele já aparentava ser outro homem, determinado a provar que tinha razão. E se não tivesse?

Sakura sentiu que uma sutil barreira se erguia entre os dois. Pelo silêncio dela, Sasuke percebeu o mal-estar.

— Você se lembra de algum detalhe importante sobre a festa no hotel? — ele perguntou sem convicção.

— Acho que não — ela respondeu evasivamente. — Estava pensando se eu não devia acompanhá-lo nas buscas.

— Seria mais proveitoso se ficasse em sua casa e tentasse descobrir o paradeiro de Naruto e Hinata. Afinal, ela é sua melhor amiga e algum parente pode ter a informação. Além disso, foram eles que chamaram a televisão.

— Vou apenas me vestir e poderemos partir — ela propôs antes de rumar para o banheiro, com as peças de roupa no braço.

Ele conteve o impulso de juntar-se a Sakura sob o chuveiro. Por que a estava apressando, afinal? Tinham saído para uma semana inteira e não eram aguardados tão cedo. Deu-se conta, porém, de que para reter Sakura junto a si precisava encontrar logo a certidão de casamento.

Já não suportava a possibilidade de perdê-la.

No setor de produção da emissora de tevê, a secretária de Rock Lee recebeu o visitante com um largo sorriso.

— Como vai o senhor? E sua esposa?

Sasuke sentiu os nervos retesados, em estado de alerta.

— Você me conhece?

— Claro! — A jovem balançou a cabeça. — Como poderia esquecê-lo?

— Fico contente, srta. Mitsashi  — afirmou ele, lendo o nome da funcionária no crachá. Ouviu ruídos no estúdio próximo, mas a falta de atividade no escritório o preocupou. — Lee está?

— Não. Está de férias, excursionando pelas montanhas do norte.

Excursionando? Tem certeza?

— Absoluta. Ainda ontem Lee telefonou e disse que está feliz por se livrar desta gaiola de ouro, pelo menos por algum tempo. Saiu daqui cansado de tanto produzir e gravar casamentos. Em que posso ser útil?

— Bem... — Sasuke hesitou, detestando passar por idiota. — Naquela confusão toda, esqueci de pegar minha certidão. Talvez tenha ficado com Lee.

— Não que eu me lembre. — A moça franziu a testa. — Espere um minuto. Vou verificar na mesa dele.

Sasuke cruzou os dedos em um voto de boa sorte. Pouco depois, a srta.Mitsashi  voltou à mesa da recepção.

— Sinto muito. Não achei nada parecido com uma certidão de casamento. Terá de aguardar o regresso de Lee e então perguntar-lhe diretamente.

— Quando ele volta? — Em pensamento, Sasuke amaldiçoou sua sina.

— Dentro de uns quinze dias. — A moça de novo exibiu os dentes, como se o sorriso o confortasse.

— Obrigado por tentar. Duas semanas são um prazo longo demais para mim. — Enxugou com a mão o suor da testa. — Pode me informar onde vocês obtêm as licenças de casamento?

— Seu pedido não é comum por aqui. Por que pretende ir ao cartório? Já não está casado?

Notando o interesse da secretária, Sasuke decidiu ser sincero.

— Não ria, mas é justamente o que estou querendo provar.

— O que aconteceu? — A secretária sucumbiu à vontade de rir. — Champanhe demais para se lembrar da cerimônia?

A última coisa que Sasuke desejava era parecer irresponsável.

— Não, eu apenas acompanhei minha mulher na bebida.

— Nesse caso, sente-se. Talvez eu possa resolver seu caso.

 Apontou a cadeira em frente à mesa e em seguida entregou a Sasuke caneta e papel. — Escreva seu nome e o de sua esposa, os de solteiro, claro. Minha prima trabalha no cartório, como digitadora. Como está tudo no computador, vou telefonar e pedir a ela que verifique os arquivos.

Sasuke agradeceu e acompanhou ansioso o gesto da moça ao teclar um número.

— Anko? Aqui é TenTen. Pode me fazer um favor? — Com os olhos no visitante, ela passou os nomes à prima e disse do que se tratava.

Quase inclinado sobre a mesa, Sasuke contou os segundos.

— Tem certeza? — a conversa prosseguiu. — Mas deve haver algum registro. Eu mesma os vi se casando. Na verdade, o marido está sentado bem à minha frente. — Mordiscou o lábio enquanto ouvia. — Está bem, então. Obrigada.

Desligando, TenTen encarou Sasuke com ar de fracasso.

— Nada. Infelizmente, minha prima diz que esses nomes não constam. Como vocês podem ter-se casado sem uma licença? — Fez uma pausa e adotou um tom confidencial. — Talvez estejam fora da lei. Sua mulher sabe disso?

— Basta que eu saiba — ele respondeu em voz baixa. — Mas como vocês transmitiram um casamento sem a certidão legal?

— Foram duas cerimônias, Sr. Uchiha. Nosso programa, Ca­samento na Tevê, é ao vivo e um pouco de improviso torna-se inevitável. Fomos cobrir a festa de um amigo de Lee...

— Naruto Uzumaki, meu melhor amigo.

—... E quando ele falou da brincadeira da liga, meu chefe achou que seria interessante. Imediatamente anunciou o evento e levou ao ar. Sem censura, pois já era meia-noite, e nesse horário pode-se mostrar quase tudo. Daí a promover o casa­mento dos dois astros da noite foi apenas um passo. Afinal, estava tudo lá: a câmara, os convidados, os noivos...

— E o juiz de paz? E o gerente do hotel? Não participaram?

— Como secretária da produção, eu supus que Naruto sabia o que estava fazendo e que já tinha providenciado uma licença.

— Droga! — Sasuke imprecou furioso com o amigo. — Ainda posso processar a emissora e o hotel por danos morais.

— O hotel, certamente não. Eles apenas alugaram o salão de festas. Quanto a nós, tínhamos a autorização de seu amigo, que poderá confirmá-la a qualquer momento.  

— Ah, sim. Com certeza ele fará isso, só para me atazanar. Sasuke levantou-se para sair. Apesar da decepção, conseguira obter informações preciosas. Talvez a certidão que procurava estivesse com Naruto. Se não, seria uma vítima do espírito brin­calhão do amigo e do sensacionalismo que rege certos progra­mas de televisão. Mas o custo a pagar era alto: afeiçoara-se a Sakura e teria de afastar dela.

Devo estar em meu inferno astral — comentou depois de agradecer a atenção da secretária.

— Seja como for, Sr. Uchiha, parabéns pelo desempenho. Seu e de sua... companheira. Foi um sucesso de audiência.

— Qualquer dia eu voltarei para cobrar o cachê — ele ainda brincou.

A paisagem desértica das imediações de Las Vegas, com seus arbustos espinhentos, combinava com o estado de espírito de Sasuke. A caminho da base militar de Nellis, onde Sakura o esperava, ele dirigia o carro como um autômato, cogitando a melhor forma de lhe dar a notícia.

Era difícil aceitar a hipótese de que não estivessem casados, quando toda a equipe da televisão e do hotel, além dos convi­dados, tinham testemunhado a cerimônia.

Com certeza, passada a bebedeira, nem ele nem Sakura que­riam um compromisso formal. Mas as coisas tinham mudado muito no espaço de poucos dias. Sakura o havia cativado com sua beleza, humor e inteligência. Fizera-o aceitar até mesmo a presença constante de um cachorro, antes inadmissível para quem detestava animais.

Em nível mais profundo, ocorrera uma modificação essencial: Sasuke já enfrentava com serenidade o inesperado, em vez de ater-se a uma vida programada, sem a graça do imprevisto.

— Sakura, seu marido está aqui! — gritou o pequeno Seiji logo ao abrir a porta. — Entre, Sasuke, Estamos em meio a uma comemoração.

Comemoração? Sasuke sentiu o sangue gelar quando notou que umas vinte pessoas, todas empunhando latinhas de cerveja, olhavam-no com curiosidade. Abrindo caminho entre as pernas dos convidados, Choko veio festejá-lo e pulou em seu colo.

— Lamento, mas agora não, Choko.

Dispensou o cachorro com uma palmada no lombo e exibiu um sorriso desajeitado para os presentes.

— Que festa é esta? — perguntou a Seiji.

— A do nosso casamento — respondeu Sakura despontando em meio à pequena multidão e vindo tomá-lo pelo braço. — Resolveram fazer uma pequena reunião para celebrar.

Sasuke olhou para ela, incrédulo. Seria possível que Sakura es­tivesse, de certo modo, oficializando o matrimônio com uma festa para amigos e parentes?

Ela o levou para a cozinha, menos agitada do que a sala, e mostrou com orgulho as travessas de canapês sobre a mesa.

— Não me diga que você preparou tudo isso!       

Sakura sorriu, apertando a mão de Sasuke entre as suas com óbvio prazer. Apontou com a cabeça para a volumosa mulher que lidava na pia, cortando quadrados de pão.

— Não seja tolo. Quando soube que eu tinha me casado, tia Kumiko ofereceu a festa. Decidimos fazer surpresa para você.

— Minha sobrinha única merece — disse a mulher, voltando-se para Sasuke com um sorriso aliciante. — Espero que cuide bem dela. — Sem aviso, dirigiu-se até ele, de faca na mão, e quase o sufocou em um abraço apertado.

Diante da cena, Seiji teve a má idéia de rir, chamando a atenção de tia Kumiko para a cerveja que trazia na mão.

— Para você, rapazinho, há refrigerante na geladeira — bradou a enorme senhora, tomando-lhe a lata. — Beba logo e venha ajudar a servir.

— Tio Kunio, este é Sasuke Uchiha. — Ela o apresentou a um homem corpulento. — Kunio é o marido de Kumiko, e os outros são quase todos meus primos e amigos da família.

Felizmente, a maioria limitou-se a acenar para Sasuke, com um sorriso aprovador, o que lhe evitou uma cansativa seqüência e apertos de mão e beijos na face. Sakura fazia parte de uma grande e afetuosa família. Relembrando seu frio e discreto nú­cleo familiar, imaginou se ela estava ciente da sorte que tinha.

Em seu garboso uniforme, o pai dela mantinha-se isolado, mas atento, entretido em uma aparente conferência militar com os filhos Kazu e Kenji. Era estranho que ainda não tivesse vindo falar com Sasuke.

Se o casamento estava se tornando público, como contar a Sakura o resultado da infrutífera busca? Sasuke não conseguia as­similar a hipótese de que tudo tinha sido uma farsa, montada para os objetivos de um programa popular de televisão.

Como provar que a cerimônia no hotel não fora sonho nem encenação? Como dizer a Sakura que o relacionamento que vi­nham mantendo era ilegal? Seria justo abandoná-la à ira do pai e dos irmãos?

Não. Sasuke tinha boas razões para julgar-se honrado e honesto. Jamais fugiria das conseqüências de seus atos, mesmo que não houvesse sido ameaçado. No entanto, a falta de um documento oficial poderia marcá-lo como mentiroso e aproveitador.

A pior conseqüência de todas, concluiu, seria o desprezo de Sakura.

 

Continua...

 

 

 


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Notas finais do capítulo

Axo q amanha vou postar mais um cap!
beijoo