Married By Chance escrita por ThataListing
No primeiro momento, Sasuke Uchiha não identificou o que o tinha atingido.
Envolto por um alegre círculo de convidados ao casamento, ele levava aos lábios sua taça de champanhe quando subitamente um objeto cruzou o ar. A liga rendada da noiva, ainda quente do calor de sua perna, alcançou-lhe a testa bem acima do olho. Passado o susto, Sasuke instintivamente a apanhou no piso de mármore do salão de festas. Os convidados abriram espaço e, para sua perplexidade, começaram a aplaudir e dar vivas.
No palco, diretamente em sua linha de visão, a dama de honra estava sentada com seu vestido um pouco erguido na cor verde-esmeralda igual aos seus olhos , uma perna em suspenso e um olhar malicioso na face. Tinha o cabelo num tom rosa exotico, bonita e apertava nas mãos o buquê de flores da noiva. Pela expressão visível em todos os rostos, Sasuke deduziu o óbvio: esperavam que ele colocasse a liga na perna que a moça oferecia.
Ao lado do noivo, a recém-casada entretinha-se em bater palmas ao compasso da música, tocada com estridência por uma banda de amadores. O baterista produziu um rufar de tambores, e o mestre-de-cerimônias gesticulou incisivamente, apontando para a coxa exposta da rosada.
Sasuke ficou paralisado. Que estranho costume!
Um turbilhão de pensamentos girou em sua mente, incluindo o de escapar dali o mais depressa possível. Devia sentir-se gratificado. Afinal, aquela era a primeira vez que ganhava algo mais do que uns parcos dólares na loteria. A situação não o encabulava, mas por que o prêmio tinha de ser um teste de masculinidade? Ele espichou o olhar para a perna escultural que o aguardava e pensou em uma boa desculpa para declinar da honraria. Não
achou nenhuma. O noivo era Naruto seu melhor amigo desde o jardim de infancia , e ele seu padrinho. A tradição da cerimônia estava em jogo. Para evitar constrangimentos, resolveu entrar no espírito da festa.
Ele respirou fundo, tomou um gole encorajador de champanhe e passou a taça para o vizinho. Assim fortalecido, caminhou para junto do palco, onde a jovem ruiva permanecia cheia de expectativa, agora um tanto envergonhada. Sasuke não a culpou. Haviam se conhecido pouco antes, e o gesto que ele estava para fazer era bastante íntimo.
Ajoelhou-se diante da moça, removeu cuidadosamente o gracioso sapatinho e deslizou a liga com firmeza pelo pé, depois pela perna sedosa até acima do joelho. Sentiu-se ruborizado ao ver, na dama de honra, mais
encantos do que gostaria de admitir. Parou e, batendo a mão sobre a meia rendada, fez menção de erguer-se.
— Não, não! — fizeram em coro os convidados.
— Mais para cima! — instruiu a seu lado o mestre-de-cerimônias, mantendo-o agachado e indicando o caminho.
Sasuke suspirou outra vez, olhou para a jovem como se pedisse desculpas e subiu a liga um pouco mais.
— Mais, mais! — gritava a pequena multidão.
Em silêncio, Sasuke conteve seu mal-estar e pausadamente moveu a liga coxa acima, mais um centímetro, depois outro e outro. Seu corpo se acalorava a cada movimento. Os incentivos que lhe eram dirigidos não amenizavam seu desconforto, muito pelo contrário. Quando chegou ao fim da meia, na parte superior da coxa feminina, estava rubro como um adolescente pego em flagrante.
Um último rufar de tambores e o som dos pratos assinalaram o fim da brincadeira. Como qualquer outro homem, Sasuke gostava de uma anedota machista, mas o olhar triste da jovem que ele tocava tão intimamente era incômodo demais.
Murmurou suas desculpas e torceu para que tudo fosse logo esquecido.
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