Bem Me Quer escrita por Maitê Miasi


Capítulo 5
Não Resisto A Nós Dois


Notas iniciais do capítulo

Enfim, saiu. Espero que gostem *-*



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[...”Me ame, aproxime-se e me ame,
Me dê de presente um pouco do seu calor,
Arrisque-se do meu amor
Não tenha medo e só
Me ame, agora e sempre me ame,
Que o mundo se inventou para os dois
Não tem a paixão de explicação...”]

****

Rosa, até o momento tinha seus olhos fechados, arregalou-os no mesmo instante que escutou um nome que não era o seu. Seus olhos estavam fitados em Chico, que até então, não percebera a burrada que tinha feito.

— Será que você pode repetir o que disse? – Sua cara não era a das melhores.

— O que foi Di... – Imediatamente Chico se dera conta da merda que fizera. – Rosa – ele tentou segurar suas mãos, mas Rosa deu um passo para trás – eu... Me desculpa, eu não quis... Na verdade, nem sei por que disse o nome dela.

— Porque era nela que você estava pensando! – Falou alto. – Ou eu estou errada?

— Rosa, eu não sei o que deu em mim, eu não queria ter te magoado, eu juro!

— Ah, com certeza me chamando pelo nome de outra mulher, que é mais linda e muito mais interessante do que eu, eu não ficaria chateada, muito óbvio! – Sua voz estava elevada, e suas mãos já haviam atrapalhado o penteado que Diana havia feito horas antes, de tanto que ele tinha mexido, por seu nervosismo.

— Não diga isso Rosa – ele deu um passo até ela, e ela deu outro para trás – você está tão bonita.

— É, estou né, hoje, mas daqui a pouco volto ser a mesa cinderela de sempre. Por que você não vai procurar a Diana, ele vai sempre estar linda e deslumbrante Chico, ah, talvez ela não queira você né, que chato.

— Por favor, Rosa, me desculpe, eu não queria que fosse assim. – Disse sem muitos argumentos.

— Ah, tarde demais. Agora acho melhor você ir, essa noite já deu o que tinha que dar.

— Rosa... – Insistiu.

Ela foi até a porta, e abriu-a.

— Por favor, vá embora.

Ele a olhou uma última vez, e saiu, sabia que estava errado, e não adiantaria contornar nada naquele momento. Depois que ele saiu, Rosa bateu a porta, e foi para o seu quarto, onde chorou se sentindo a pior pessoa do mundo.

...

Com passos lentos, Chico caminhou até sua casa, sem conseguir uma explicação lógica para aquilo, mas sabia que Rosa estava certa, era Diana quem ele queria beijar naquele momento.

Depois de ficar um longo período sentado no degrau da entrada de sua casa, Chico resolveu finalmente entrar, não porque estava cansado, mas ele só queria vê-la um pouquinho, e entender se aquilo fazia algum sentido.

Chico entrou no quarto em que Diana dormia, num completo silêncio. Ele sentou na beira da cama, e ficou a olha-la, e acariciar seus cabelos, e ela, todavia, continuava a dormir.

— Ah Diana... – Um sorriso de canto se formou em seus lábios enquanto ele a admirava.

Ele não ficou ali por muito tempo, para não correr o risco de acorda-la, mas antes de sair, ele depositou um selinho em seus lábios, e a moça sorriu inconsciente, fazendo-o sorrir também, foi então que algumas coisas acabaram por fazer algum sentido.

...

No dia seguinte, depois do café da manhã, uma conversa agradável surgiu entre os primos. Diana lavava a louça do café, enquanto Chico estava sentado à mesa comendo uma fruta, nenhuma ofensa fora trocada até então.

— E então Francisco – ela estava de costas para ele – como foi o jantar ontem? – Depois de um tempo conversando, ela fez a pergunta que tanto a interessava. – Creio que se divertiram.

— Foi ótimo Diana, não tinha como ser diferente. – Ele foi sucinto, aguçando a curiosidade dela.

— Não vai me falar nada além? – Ela o olhou.

— Pra quê quer saber?

— Ora Francisco, curiosidade.

— Bom, tudo aconteceu além do que eu esperava, desde o minuto que coloquei os pés na casa dela, e não digo pela comida, foi tudo um conjunto. Diana, você não imagina como ela estava linda – Diana o olhava atenciosamente – linda como eu nunca antes vi, acho que foi a mulher mais linda e encantadora que já tive o prazer de contemplar – suas palavras eram apenas para provocar Diana – ela estava deslumbrante!

— Imagino. – Ela disse sem nenhum entusiasmo.

— Bom – ele continuou – além de linda e ótima cozinheira, Rosa também é muito educada, não ficamos sem assunto em nenhum momento, mas infelizmente tudo que é bom dura pouco né, e eu tive que voltar pra casa.

— E não rolou nada entre vocês? – Havia emergência em sua pergunta.

— Ham... Como eu posso dizer? O clima esquentou entre nós quando nos despedimos, sentir aquela morena nos meus braços, e não fazer nada, é até um pecado, mas eu não quis ser rápido demais, e assustar ela, por isso, ficamos somente no abraço.

— Então, não passou de um abraço? – Perguntou aliviada, voltando sua atenção para a louça, com um sorriso discreto.

— Pois é, tristeza de uns – ele se levantou, e caminhou até ela – e alegria de outros – ele juntou seu corpo ao dela, e com seus braços paralelos aos dela na pia, sussurrava em seu ouvido – não é mesmo Diana?

— Francisco... – Disse quase sem voz.

— Você ficou feliz por isso, não ficou Diana? – Ele falou baixinho em seu ouvido, hora ou outra, encostava seus lábios no pescoço dela. – Hein, responde Diana!

— É melhor você sair daqui, antes que nossas mães aparecem. – Diana já estava entregue aquela situação, e sua voz saía engasgada em sua garganta.

— Não precisa me responder, eu sei que você adorou saber disso, mas eu só te deixo, quando você parar de me chamar de Francisco. – Ele segurou sua cintura, colando ainda mais seus corpos.

— Francisco, por favor... – Seus olhos fechados absorviam ainda mais toda aquela situação.

— Chico Diana – mordeu o lóbulo da sua orelha – Chico.

Diana sabia que ele estava certo, que ela havia amado o fato de não ter acontecido nada mais entre eles, e sabia também que se não fizesse logo o que ele estava pedindo, ela não ficaria em bons lençóis, e cederia fácil, fácil aos seus encantos.

— Tudo bem Chico, é isso que você quer? Pronto! – Ela retomou sua sanidade.

— Assim que eu gosto Dianinha – ele se afastou dela de uma vez – bom, agora tenho que fazer minhas coisas, até mais tarde. – Piscou e ela riu.

— Posso saber a razão de tudo isso?

— Nenhuma, só quis te provocar mesmo, priminha. – Ele deu sorrisinho cínico e saiu, deixando Diana rindo sem entender muito bem o que acabara de acontecer.

...

Um pouco mais tarde, Diana havia ido até a casa de Rosa, Sua curiosidade estava aguçada demais para ficar somente com as informações que Chico havia dado a ela, e ela sabia que a amiga contaria a ela os pequenos detalhes.

— E então – ela estava eufórica – conta como foi o jantar de vocês, tô ansiosa pra saber!

Diana estava sentada na cama de Rosa, com pernas de chinês, enquanto Rosa guardava algumas peças de roupa.

— Ah, foi bom Diana – ela deu um sorrisinho – na verdade, foi melhor que eu esperava. – Ela guardou a última peça de roupa, e se juntou a Diana na cama.

— Só isso? Não tem nada mais que você queira me contar? – Ela insistiu.

—Bom, Chico foi um verdadeiro cavalheiro, em nenhum momento foi grosso, acho que até estranhei um pouco no começo.

As duas riram.

— Mas eu gostei muito dessa versão dele – Rosa continuou – enfim, foi tudo perfeito ontem à noite, tudo foi como o esperado, só teve uma hora que...

— Que? – Diana a cortou com certo desespero.

— Antes de ele ir, acho que rolou um clima entre nós, e apesar de eu estar com vergonha, eu tava gostando sabe, ele me olhava de um jeito diferente, talvez porque ele nunca tinha me visto vestida daquele jeito, mas enfim, ele me pediu um abraço, e eu não neguei, era o que eu mais queria. Só que eu percebi que aquele abraço foi ficando quente, as mãos dele começaram a me apertar mais – Diana se mexia, mudando de posição, incomodada com o que Rosa dizia – e mais, e ele beijou meu pescoço algumas vezes, e quando ele finalmente me olhou, quando eu senti que ele me beijaria, ele disse algo que acabou com a minha noite.

— O quê? – Ela perguntou a imaginar qual seria a resposta.

— Ele disse com todas as letras que te queria.

Os olhos de Diana quase saltaram de tanto que ela os arregalou. Ela começou a rir, não acreditando no depoimento de Rosa, um misto de emoções a envolvia, não sabia se sentia feliz, ou abismada.

— Flor – ela deu um pulo da cama, e ficou de frente pra Rosa – você não ouviu errado não? Tem certeza que ele disse meu nome?

— Claro que não ouvi errado Diana, ele disse seu nome, era você que ele queria beijar, e não eu.

— Mas, mas... – Ela riu. – Isso não pode ser possível – ela caminhava de um lado para o outro – esse Chico é um estúpido! – Parou de frente para Rosa. – Eu preciso ir Flor, depois a gente se fala.

— Diana, o que você vai fazer? – Ela perguntou preocupada.

— Eu não vou fazer nada, apenas vou tentar digerir o que você acabou de me dizer.

As duas se entreolharam, e Diana saiu.

...

No caminho de volta para casa, Diana ria feito uma boba apaixonada, se esquecendo de todos os motivos que a levaram até ali.

Assim que se aproximou de casa, ela o avistou de longe, cortando algumas lenhas, sem camisa, com seu peitoral másculo amostra, deixando Diana meio desnorteada. O desejo da bela morena era se jogar naqueles braços nus, se deliciar do maravilhoso sabor dos seus lábios, e dizer a ele que também o queria, e queria muito, mas num estalo, se lembrou da sua missão, e logo desistiu da ideia, e preferiu fazer o que fazia de melhor, provocar.

— É melhor você se afastar, ou algumas lascas de lenha vão acabar de acertando.

Ele disse assim que ela se sentou no degrau da escada, na entrada da casa, sem dar a ela atenção, Diana por sua vez, ficou a olha-lo de forma angelical, é isso seguiu durante alguns longos minutos.

— Mentir é feio, sabia? – Ela disse por fim.

— Do que cê tá falando? – Ele perguntou sem interesse nenhum naquela conversa.

— Do beijo que não rolou, porque você não quis apressar as coisas. – Arqueou uma sobrancelha.

Chico deixou seu machado caído no chão, e foi até onde ela estava, Diana, que estava sentada, se colocou de pé, de forma que o rosto dos dois ficou próximo.

— Quem foi que te disse isso?

— Eu te quero Diana? Acho que isso não deveria ser dito a uma mulher que não se chama Diana Francisco, que vacilo hein. – Ela deu uma bela olhada para o peitoral dele, e voltou à atenção para seus olhos. – Isso não se faz, não mesmo. – Balançou a cabeça de um lado ao outro.

Depois da pequena lição de moral, Diana, simplesmente beijou seu indicador, e após encostou-o nos lábios do primo. Não era isso que ela queria, mas era o que o momento permitia.

Cumprindo com sucesso seu desejo de provoca-lo, ela somente piscou, e sumiu dentro de casa, deixando Chico sem reação, ou melhor, aumentando ainda mais seu desejo de tê-la só para si.

...

Já era um pouco tarde, Ana e Valquíria já tinham se recolhido, Diana também já estava em seus aposentos, pronta para dormir, só estava à espera de Chico, para colocar seu plano maléfico em prática.

— Diana – Chico gritou do corredor – tô entrando.

Ao ouvir a voz do primo, Diana se colocou do lado da porta, quando Chico entrou, ela, rapidamente, fechou a porta com a chave, e ele a olhou sem entender nada.

— Você não tem medo de se trancar num quarto com um homem, vestida assim? – Ele a olhou de cima a baixo, ela usava uma camisola preta e curta, bastante tentadora.

— Você não vai fazer nada, por isso eu não me preocupo. – Ela atravessou o quarto, e foi até ele. – Senta!

Ela ordenou, e ele atendeu seu pedido, ou melhor, sua ordem, de pronto. Já sentado na cama, Diana se pôs a sua frente, e ele a olhava atentamente, se segurando para não agarra-la.

— Pode me dizer pra quê a palhaçada? – Ele a olhava com a cabeça levemente inclinada para cima.

— Você sabe que posou na bola com a Flor né? Pois é, você deve a ela um pedido de desculpas, e vai fazer isso amanhã. – Disse autoritária.

— Quem você pensa que é pra me dar ordens?

— Amanhã você vai dar a ela um buquê de flores – ignorou a pergunta dele – e vai chamar pra tomar um sorvete, sorvete de creme ajuda muito, sabia? – Sorriu. – Ah, e sobre as flores, acho que você pode colher por aqui mesmo, eu vi que tem umas bem bonitas no quintal, eu posso te ajudar se quiser.

— Será que ela vai gostar disso? Ela tá muito chateada comigo.

— Mulheres gostam dessas coisas, gostam que sejam românticos com elas.

— E você?

— Eu? Claro que não, não me iludo com essas coisas, já passei dessa fase. Bom – ela se afastou, dando espaço para que ele se levantasse – já pode pegar suas coisas e sair, tô com sono – forjou um bocejo – e quero dormir.

— Você fez isso tudo pra me dizer isso? Ah, pelo amor de Deus Diana!

Ela levantou levemente os ombros, com uma cara descarada, e não disse nada. Ele pegou suas coisas, e foi para a porta. Com as costas encostadas no objeto de madeira, ele olhava Diana, que ia lentamente ao sei encontro, com a chave na mão, e então, finalmente se veria livre de sua prima debocha.

Porém, os planos da morena eram outros, e ele não esperava que estivesse em maus lençóis em poucos instantes.

— O que você tá fazendo?

Ele perguntou quando ela uniu seu corpo ao dele, elevando seus braços acima dos ombros deles, deixando suas mãos repousando na porta.

— Ué, devolvendo a caridade que você fez mais cedo, depois do café – ela cochichou em seu ouvido, na ponta dos pés – você judiou de mim Francisco, não sabe como eu fiquei. – Ela tinha a voz melosa.

— Diana, por favor, não faz assim, abre essa porta...

— Ah Francisco, eu não via a hora de estar assim com você – ela desceu suas mãos até seu peito – só nós dois – mordeu sua orelha – assim, juntinhos.

— Abre essa porta Diana! – Ele ordenou.

— Ué, você tá com medo de ficar trancado comigo aqui, Francisco? – Ela disse com a boca quase encostando-se à dele.

Chico estava se segurando o máximo que podia, mas já não aguentava mais tanta provocação da parte de Diana. Foi quando ele resolveu tomar uma atitude. Ele puxou Diana mais para si, como se ainda houvesse alguma distância entre os dois, e começou acariciar seu pescoço com seus beijos molhados e quentes, sua boca buscava mais e cada vez mais sua pele nua, e a moça já delirava em seus braços, mas sabia que aquilo tudo não avançaria mais, ela não ia se permitir trair sua amiga Rosa, mesmo que seu maior desejo fosse estar ao lado de Chico, ela não queria magoar Rosa. 

O próximo passo seria o beijo, e não levaria muito para que isso acontecesse. Ciente disso, Diana se afastou bruscamente de Chico, destrancando a porta e se afastando, ele, por sua vez, a encarou, sem entender nada.

— Boa noite – ela deu um sorriso cínico – durma bem.

— Ah, sua...

— Olha lá o que vai dizer, hein. Agora vai, eu quero mesmo dormir.

Chico saiu cuspindo marimbondos, e batendo a porta atrás de si, enquanto a peste se jogou na cama, rindo do acontecido, mas se maldizendo por não ter deixado que as coisas fossem mais além.

...

No café da manhã do dia seguinte, poucas palavras, e olhares foram trocados entre os dois, mas eles estavam ativos no assunto que Ana e Valquíria falavam.

— Bom, a conversa está ótima, mas nós precisamos ir, não é Chico. – Diana disse, limpando sua boca com um guardanapo, se preparando para se levantar.

— O que vocês vão fazer? – Ana perguntou desconfiada.

— Resolver um mal entendido, né Diana?

— É, é isso, pode ficar despreocupada mãe, não somos crianças.

— É disso que eu tenho medo. – Ana retrucou.

Diana deixou um beijo na bochecha da mãe e da tia, e os dois saíram, deixando as duas com uma pulga atrás da orelha.

...

Os dois estavam pelo quintal colhendo algumas flores em silêncio e longe da visão de todos. Eles agiam como se nada tivesse acontecido na noite anterior, ou como se não soubessem o que dizer depois do feito.

— Tem certeza que ela vai gostar Diana? – Ele puxou assunto depois de um tempo.

— Tenho – ela puxou uma flor, e o olhou – eu já disse que mulheres gostam dessas coisas.

E de novo eles ficaram em silêncio.

O silêncio reinou entre eles durante um longo período, até que Diana rompeu o mesmo.

— Acho que essa quantidade é o suficiente. – ela se levantou, e foi até onde ele estava entregando uma última flor que Chico juntou as demais – Acho que vai ficar um belo buquê – tentou sorrir – bom, eu cuido dessas flores – pegou o amontoado que estava nas mãos dele – enquanto você faz o convite a nossa amiga. Não pense que ela vai aceitar de cara Francisco, mas não saía de lá sem um sim.

Depois de ajuntar aquelas flores coloridas em seus braços, Diana se dispôs a ir para casa, cumprir sua tarefa, porém, antes que ela desse o primeiro passo, Chico segurou seu braço levemente, fazendo com que ela voltasse sua atenção a ele.

— Espera Diana!

— O que houve?

— Nada, quer dizer, eu queria te dar isso. – Olhando para o chão, ele estendeu a mão oferecendo a ela uma pequena flor, com algumas pétalas amarelas.

— Ham... Obrigada. – Um sorriso sem graça apareceu quando ela pegou o presente da sua mão.

Com toda a pressa do mundo, Diana saiu da presença de Chico, que ficou a olha-la, se perguntando se havia feito o certo, já que ela tinha dito que não gostava de tais demonstrações de carinho.

Sem outra alternativa, ele começou a caminhar a passos lentos até a casa de Rosa, afim de que uma reconciliação fosse feita entre os dois. Ele queria se desculpar com a moça, mas quem ele queria chamar para sair, era outra pessoa, que só fazia evita-lo.

Depois de algumas batidas na porta, Rosa veio o atender, sem imaginar de quem se tratava, e ao vê-lo, tentou bater a porta na sua cara, mas ele não permitiu, ele era mais forte que ela.

— Espera Rosa! – Ele se colocou na entrada, impedindo-a de fechar. – Eu quero falar com você!

— Tem certeza que é comigo que você quer falar Chico, e não com a Diana? Ultimamente você tem confundido nomes. Agora sai, que eu quero fechar a porta. – Ela tentou empurra-lo, todavia, ele nem se mexeu.

— Rosa, por favor, me escuta, eu não quero um clima ruim entre nós.

— Tarde demais. – Ela revirou os olhos.

— Olha, que tal eu te chamar pra sair mais tarde, e assim a gente conversa, hum?

— Pra quê? Pra me chamar de Diana de novo?

Ele suspirou impaciente.

— Por favor, Rosa, deixa tentar me desculpar com você, por favor. – Sua voz era tão pidona, que acabaria convencendo ela no fim.

— Tudo bem – ela se deu por vencida – você pode me levar pra sair. – Seu semblante ainda não era dos melhores.

— Juro que você não vai se arrepender Rosinha! – Um sorriso contente tomou conta de sua face. – Sete horas?

— Estarei pronta. Agora, me dá licença.

Ele estendeu os braços, como se estivesse se rendendo, e ela fechou a porta, escondendo dele a felicidade que estava sentindo naquele momento.

...

Alguns retoques, e pronto! O ramo de flores estava perfeito para ser entregue a Rosa, Diana fizera um belo trabalho, talvez porque ela quisera receber as flores das mãos de Chico.

Depois do pequeno trabalho, a moça se sentou sua cama pensativa, até que se lembrou de algo que fez levantar. Era a pequena flor amarela que havia ganhado há pouco.

Segurando aquela pequena e delicada flor em suas mãos, Diana sorria, dedilhando aquelas pétalas, sentindo o aroma suave que elas traziam consigo, e se perguntando algumas vezes:

— Será que eu to apaixonada por você Chico?...

...

Eram 6h53min quando Chico apareceu na casa de Rosa. Ela já estava a sua espera, arrumada e perfumada, porém, vestida a seu modo, e dessa vez, carregava um sorriso que ia de orelha a orelha.

Os dois foram caminhando até a sorveteria, conversando como bons amigos, e Rosa já havia se esquecido do incidente de dias atrás.

Chegando a sorveteria, Chico, como bom cavalheiro, puxou a cadeira para que a amiga se sentasse, e ela lhe agradeceu com um sorriso singelo.

— O que vão querer? – O garçom perguntou simpático.

— Eu vou escolher sorvete de creme, e você Rosa?

— Vou querer de abacaxi com passas ao rum. – Ela respondeu encarando, como se quisesse uma explicação sobre seu pedido.

— Já, já volto trazendo o pedido de vocês. – O garçom, que terminara de anotar os pedidos em seu bloco de papel, logo se retirou, deixando-os a sós.

— Sorvete de creme Chico? – Perguntou curiosa. – Não sabia que você gostava desse sabor.

— Sorvete de creme sempre ajuda, sabia? – Ele sorriu brincalhão.

Não demorou muito, e os dois, entre risos, já se deliciavam daquela maravilha gelada.

— Um sorvete de creme, por favor.

Uma voz familiar chamou atenção de Chico, que ergueu discretamente sua cabeça, para ver se reconhecera. Há uma, duas, ou três mesas de onde eles estavam, lá estava ela, Diana, de costas para ambos, para surpresa de Chico.

— “O quê essa doida tá fazendo aqui?” – Ele pensou.

— O que foi? – Rosa perguntou observando o seu semblante.

— Não foi nada – disfarçou – eu já terminei o meu, e você?

— Também, e tava ótimo!

— Vai querer mais alguma coisa?

— Não, já estou cheia.

— Ótimo, então vamos dar uma volta por aqui.

Tentando se esquecer da sua tentação, Chico tentou manter algum assunto com Rosa, e apesar de Rosa sempre o corresponder, sua mente não se esquecia que sua adorável prima, estava há poucos metros deles.

Andando pela feira livre, eles olhavam animados algumas exposições de artistas de rua, e admiravam o talento dos mesmos. A rua estava movimentada, provavelmente devido o calor que acompanhava aquela noite. Aproveitando-se do aglomerado de pessoas à volta, Rosa, encostou levemente sua mão a de Chico, que se assustou na hora, porém retribuiu a atitude da moça, segurando sua mão com mais força.

— E quanto custa esse cordão? – Novamente, aquela voz ecoou na cabeça de Chico.

— Pra uma moça tão bonita, R$ 5,00.

— Ótimo, eu vou levar!

Se o objetivo de Diana era mostrar que estava de olho nos dois, ela havia conseguido, porque Chico não se manteve sossegado enquanto ouvia a voz dela falando com outras pessoas, Rosa, em contrapartida, nem se dera conta que estava sendo vigiados.

De mãos dadas, como um casal, que arrancava suspiros dos moradores daquela cidadezinha, os dois tomaram o caminho de volta pra casa. Diana também seguiu o mesmo caminho na companhia de algumas pessoas com quem havia feito amizade, mas, após passar pela casa de Rosa, Ela seguiu, sozinha, para casa, tentando passar despercebida pelo primo, que já havia notado sua presença por ali.

— A noite de hoje foi muito agradável, sabia? Melhor que o jantar. Obrigada.

— Não me agradeça, foi o mínimo que eu podia fazer depois daquela borrada. Bom, eu já vou indo.

Chico segurou seu rosto, e ela, esperançosa, aguardou um beijo nos lábios, porém, um beijo na testa, simbolizando respeito, e carinho, foi o que ela recebeu. Ele a olhou com ternura, e logo após, sumiu na escuridão.

...

Chegando a casa, quase que correndo, ele se deparou com todas as luzes apagadas, mas sabia que a diaba estava em casa, quando escutou o chuveiro sendo desligado. Assim que ele se aproximou da porta do banheiro, a mesma fora aberta, revelando Diana somente de toalha, e com o cabelo preso num coque.

Ela o encarou no escuro, como se esperasse que ele dissesse algo. Foi então que Chico a agarrou e a pressionou contra a parede contrária do banheiro, e num beijo, matou a vontade que estava de tê-la ao menos aquele instante.

— Você tá louco? – Ela disse tentando se afastar dele, controlando sua respiração.

Ele a ignorou, e continuou a beija-la, e Diana, por mais que dissesse que não, seu corpo a entregava. Com duas tentativas, Chico conseguiu abrir a porta do quarto que ela dormia, que ficava em frente ao banheiro, e a arrastou para dentro, fechando a mesma.

Encostados na parede, ele continuou a beijar com toda a intensidade do mundo, e Diana já não queria resistir, e se entregou a ele. Sua boca deixou rastros sobre seu pescoço e seu ombro, fazendo a moça delirar, e o puxar cada vez mais para si, suas mãos buscavam sua pele nua embaixo da toalha, e Diana gemia cada segundo mais em seu ouvido, como se quisesse algo mais.

Os dois estavam a ponto de partir para o próximo passo, e se entregarem de uma vez aquela paixão avassaladora que estavam a sentir. Ele deu uma pausa nos beijos e nas carícias, e segurando seu rosto, fez uma pergunta, esperando dela uma resposta positiva.

— Diana, faz amor comigo?

Continua.


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