Recomeçar escrita por Flower


Capítulo 27
Último Capítulo — Parte Final


Notas iniciais do capítulo

Minhas leitoras favoritas, olá! Primeiramente, eu gostaria de pedir desculpas pelos dias de demora, uma vez que o Carnaval chegou e consumiu parte do meu tempo... Logo, não consegui escrever um capítulo final na altura de vocês. Mas como os dias de folia passaram e o Ano Novo finalmente começou, com ele eu trouxe a Parte Final de nossa história.

Sim, "Recomeçar" chega ao seu fim hoje e eu só tenho a agradecer por cada uma de vocês que não me permitiram desistir. Vocês foram ótimas, sem exceções, cada favoritada, cada recomendação e acompanhamento foram importantes para que ela seguisse seu caminho. E eu fico imensamente feliz por poder ler cada palavrinha de carinho de vocês, de fúria, de diversão... Não há coisa melhor do que a resposta positiva de vocês.

É triste ter que me despedir de uma história tão intensa como essa, onde como dizem algumas leitoras, foi uma montanha russa de emoções! A ideia sempre foi um drama, mas vocês me deixaram crescer, também teve partes engraçadas, sensuais e violentas. É grandioso ver que deu certo, obrigada.

Muito obrigada!

Por tudo. ♥

Em contrapartida, como eu adoro estar com vocês, estou dando início a uma nova história e se vocês quiserem dar uma olhadinha o nome é "Neighbors - Vizinhos" e conta a história do convívio turbulento entre Oliver e Felicity em um prédio. Claro que o enredo não vai acontecer somente entre os dois, envolve Oliver com problemas no passado, Felicity em um relacionamento ABUSIVO e muitas outras facetas. O link: https://fanfiction.com.br/historia/753967/Neighbors/

Enfim, obrigada mais uma vez, tenho muita gratidão. Mas vamos ao que interessa, ao último capítulo, e assim, só nos veremos no Epílogo!

*ATENÇÃO*: o discurso feito por Oliver tem referências de "Simplesmente acontece".

Boa leitura, florzinhas. ♥.♥



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Nono mês de gestação – DAR CERTO É QUESTÃO DE ACREDITAR

O lugar está completamente repleto de lírios por todos os lados, também há pétalas de rosas brancas distribuídas pelo jardim. Os detalhes em dourado fazem um contraste refinado ao se misturarem com os raios solares e o azul do céu. Está fazendo um belo dia, mostrando-nos que o casamento de Diggle e Lyla será tão lindo quanto à decoração, e eles merecem que corra tudo bem, pois esperar tantos meses para conseguir uma data confortável para ambos não foi nada fácil. A A.R.G.U.S não costuma parar suas operações por um simples casamento, mesmo quando o casamento em questão é de sua própria chefe.

— Eu quem vou subir no altar em poucos minutos e é você que está em estado de nervos? — Diggle se aproxima com uma cerveja na mão.

— Felicity não chegou ainda, estou preocupado! Ela disse que eu não poderia me atrasar e me mandou vir na frente. — pego a cerveja de sua mão, dando um gole profundo. Eu me afogaria nela se isso amenizasse minha preocupação.

— Oliver, fique tranquilo, dará tudo certo com o bebê...

— Estamos a duas semana de tudo acontecer e eu só consigo pensar no que ocorreu a Samantha.

Suspiro.

Esses longos meses foram um divisor de águas em minha vida, acompanhar a gravidez de Felicity de tão perto me fez se inteirar de seus medos e inseguranças. A todo instante quis colocar em sua mente que daria tudo certo, que não havia problemas e que se houvessem nós os venceríamos. Mas a verdade é que eu estava tentando me convencer, enganar meu próprio subconsciente que estava a todo o momento em alerta, com medo de que eu pudesse estar prestes a viver o pesadelo novamente.

E eu não aguentaria.

Perder Felicity e supostamente o nosso bebê seria o meu fim, eu sei que William precisa de meus cuidados, mas seria difícil seguir em frente sem uma das pessoas que dá significado a minha vida. Essas suposições tiram o meu sono, tiram a minha paz, porque no fundo da minha alma eu arquivei indiretamente todas as dificuldades que passamos juntos durante esses meses, os pés inchados, a pressão sempre nas alturas, as faltas de ar incessantes, tudo agindo como um fantasma atrás de mim.

— Homem de Deus... Você não podia prever o que aconteceu a Samantha. Não coloque em suas costas um peso que não confere a você carregar!

— E se eu também não estiver prevendo agora?

— Infelizmente esse poder não está em nossas mãos... — o corpo musculoso de Diggle é empurrado para frente pelos braços de Tommy.

— Amigos, eu consegui! — ele entrega a caixa de um vermelho em veludo nas mãos de Diggle. — Nunca pensei que essas belezinhas fossem dar tanto trabalho.

— A verdade é que eu tive que seduzir o atendente para que ele acelerasse o processo! — Caitlin revira os olhos ao entrelaçar seus braços no torso de Tommy.

— Eu não me orgulho disso! — Tommy levanta as mãos em sinal de rendição.

— Você cometeu a loucura de deixar Tommy Merlyn encarregado pelas alianças? — pergunto incrédulo. — Ele poderia ter colocado o casamento em risco!

— E teria mesmo... As alianças escolhidas por Tommy eram horrendas, Lyla iria culpar Diggle eternamente. Vocês foram salvos pelo meu bom gosto! — Felicity diz com humor ao abraçar-me por trás.

Alívio.

É o que sinto todas as vezes que a tenho por perto, especialmente agora.

Giro em seus braços podendo enxergar a mulher maravilhosa a minha frente, seus cabelos estão presos em um coque alto com todos os fios no lugar. Os lábios em um tom rosa claro me faz querer beijá-la, sem contar o vestido que está usando, ele é um florido longo que destaca sua barriga acomodando-se perfeitamente a suas curvas.

Eu gostaria de um minuto de silêncio para que pudesse aproveitar cada sensação que é tê-la lindamente ao meu lado.

— Eu estava quase indo atrás de você! — sussurro após tocar nossos lábios singelamente, recebendo em troca um sorriso de Felicity.

— Sua mãe teve um pequeno problema com o vestido, mas está a caminho! — ela massageia meu maxilar. — Estou aqui, meu amor...

Diggle se manifesta. — Ele estava uma pilha de nervos sem você aqui, Felicity.

— Loirinha... Você deixou Oliver de quatro, bom trabalho! — Caitlin ri.

Maninha, você pegou a cueca do Ollie e fez alguma bruxaria? Porque vê-lo assim por uma mulher não é o comum faz um tempo! — Tommy gargalha como uma hiena.

— Vocês poderiam parar de falar de mim como se eu não estivesse ouvindo? — pergunto pasmo.

— Não ligue para eles, meu amor. — Felicity faz novamente aquele movimento em meu maxilar. Ela sempre acaricia calmamente minha barba por fazer e destina-me um sorriso compreensivo, seu toque renova minhas energias.

Somos todos interrompidos pelo cerimonialista, indicando que Lyla Michaels já está apostos para fazer sua entrada triunfal. Rapidamente deixo Felicity sentada confortavelmente em um dos bancos para assistir a cerimônia enquanto Diggle, Tommy e eu somos levados até o altar. Tudo ao redor é arborizado, as flores dão uma essência tranquila, mas não é isso que vejo nos olhos de Diggle que está com seus braços rígidos cruzados, ele parece esperar com expectativa a grande entrada.

Os padrinhos e madrinhas assim como todos os outros convidados estão com sua visão fixa à entrada, esperando avidamente pela noiva assim como o noivo. Eu também deveria estar com meus olhos na mesma direção, mas não consigo desviar minha atenção de Felicity que sorri agradavelmente de alguma besteira que esteja saindo da boca de Caitlin. É engraçado como nunca pensei em como seria se os papéis estivessem invertidos, se no lugar de Diggle estivesse eu esperando ansiosamente pela chegada de Felicity. Eu aposto que sua beleza iria ofuscar os olhos de todos que aqui estão presentes, mas nada iria se comprar com o sorriso reluzente que estaria pregado em meus lábios assim que a visse vestida de branco. Seria um dos meus dias preferidos, como aqueles dias em que você gostaria de ter a data cravada em sua pele para que mesmo se com o tempo ela se fosse de meus pensamentos, ainda restasse seu rascunho em minha carne, marcado como algo que ultrapassou todos os limites da divindade.

Lyla está magnifica, é possível ver em seus olhos algumas lágrimas escaparem mostrando o quanto está feliz em correr para os braços do seu grande amor. Meu peito agora é como uma cascata de emoções fazia certo tempo que eu não me sentia dessa forma, simplesmente estou grato. Porque seja a felicidade como ela é, tenho a certeza que está aqui em cada coração que se permite viver cada minucioso momento que é essa cerimônia. Por muito tempo eu não me permiti sentir o prazer que é viver, mas Felicity foi capaz de abrir meus olhos para o melhor da vida, e como sei que a felicidade estar por perto, poderia dizer que Felicity e nossos filhos são a personificação do que há de mais feliz.

~~~

Discurso.

Discurso.

Discurso.

É o que todos estão gritando para mim enquanto subo em um pequeno palco diante aos recém-casados para fazer o que me parece o discurso do padrinho. Eu tentei fugir, pois esse discurso é tão importante quanto os votos dos noivos, mas para meu azar Felicity me impediu. Ela foi certeira quando disse que iria fazer uma greve de sexo se passasse pela minha cabeça não fazer o tal discurso, afinal Diggle sempre foi um dos meus melhores amigos e ter o privilégio de estar no altar ao seu lado participando de um dos momentos mais felizes de sua vida merece que eu diga algumas palavrinhas, mesmo que essas sejam tão difíceis de serem ditas.

Dou com a colher de sobremesa em minha taça de champanhe atraindo a atenção de todos. — Senhoras e senhores, eu gostaria de deixar bem claro que estou aqui somente porque fui ameaçado por uma greve de sexo caso me negasse a subir a esse palco.

— Oliver! — Felicity me lança um olhar de repreensão. Eu adoro quando suas bochechas coram quando solto uma de minhas malcriações, deixando-as ainda mais lindas.

E todos ao redor me destinam uma gargalhada divertida.

— Bom... O discurso do padrinho sempre é algo muito esperado, principalmente para os recém-casados. — aponto a taça de champanhe para Diggle e Lyla que me respondem com um breve sorriso e ao corresponder ao mesmo, volto à atenção para as benditas palavras que parecem estarem presas em minha garganta. — Eu escrevi as palavras certas em um pequeno papel, mas descobri ainda pela manhã que William o pegou para um dos seus famosos desenhos! Então eu dei esse papel como perdido... — novamente uma risada do grande grupo de pessoas vem à tona.

— Eu acredito em você, cara! — Tommy grita com animação.

Respiro fundo assentindo à brincadeira de Tommy e ao afrouxar a gravata borboleta em meu pescoço, pigarreio dando início ao discurso. — Diggle... Lyla, escolher a pessoa com quem você quer dividir sua vida é uma das decisões mais importantes, que qualquer um pode fazer... Sempre. Porque quando dá errado, acaba por deixar sua vida cinza, o céu se fecha, as nuvens passam de azuis para um negro repleto de neblina e os raios solares que enriqueciam a paisagem, simplesmente se apagam. E, às vezes, você nem nota até acordar em uma manhã e perceber que os anos se passaram. — fecho meus olhos brevemente e ao abri-los eles se direcionam à Felicity que não deixa com que seu rosto deixe o meu um só minuto. Nesse instante existe apenas nós dois nesse lugar, parece que a luz se apagou em suas laterais e um grande clarão faz com que eu só tenha ela em meu campo de visão. — Eu sei bem como é isso, porque de um dia para o outro dei minha vida como perdida. Até que a personificação da felicidade bateu minha porta. Ela me trouxe um colorido novo a minha vida passando a ser presente nos momentos mais difíceis e eu sou a pessoa mais feliz do mundo por essa dádiva. — meneio a cabeça para ambos os lados, um sorriso cheio está nascendo da ponta de meus lábios. É notável a força que a íris tão azul dos olhos de Felicity me fazem ser mais forte, dando-me forças para continuar. — Espero que todos possam sentir o que você Diggle e Lyla estão sentindo, assim como eu também estou sentindo e que possam dar o máximo de valor. Peço desculpas se esse amor também ferir, palavras, às vezes, são ditas da boca para fora por conta de dias ruins, mas deem valor, peçam desculpas, e principalmente, não desistam! Mas se tudo ainda continuar dando errado, tudo bem, porque as nuvens nebulosas, as gotas gélidas que caem do céu, o frio que corta o ar e atinge seus corpos vai passar. E o dia ensolarado rico em vida irá voltar a brilhar lá fora, não importa onde quem você ame esteja ou com que esteja você continuará com toda força, verdadeiramente, completamente a amando. — uma lágrima foge de meus olhos ao receber um dos melhores sorrisos vindo de Felicity. E, então, finalizo erguendo a taça com o champanhe. — Felicidade aos recém-casados!

O aplauso de todos sai fervorosamente à medida que desço do pequeno palco, Diggle me agradece com um forte abraço e Lyla com seus olhos ainda um pouco avermelhados também me agradece. Mas estou cego, eu só gostaria de ir até Felicity e a ter em meus braços, permitindo me perder em seu cheiro floral, em sua paz que emana por cada lugar que pisa seus delicados pés.

É isso que faço, meus pés involuntariamente são guiados até a mesa em que Felicity está sentada, parecendo me esperar com ansiedade. Eu me ajoelho em sua frente tomando em meus fortes braços o seu corpo macio que me recebe deleitosamente, seus lábios tocam a estrutura de minha orelha descendo até o lóbulo onde deposita um carinho rápido.

— Foi lindo! — suas mãos afastam nossos rostos certos centímetros. Em seus olhos também há resquícios de lágrimas assim como nos meus, em uma sintonia inigualável, porque a todo o instante estávamos conectados a uma órbita que somente nós dois conhecemos, ela sabe que todas as palavras que proferi foram pensadas em nosso amor, na vida que ainda construiremos, pois eu tenho a felicidade ao meu lado e nada nos separará.

— Você está se sentindo bem? — pergunto ao acariciar seu ventre que ao reconhecer o toque me responde com uma mexida demorada, arrancando-me um sorriso genuíno.

— Maravilhosamente bem, querido. — Felicity acaricia a base de minha maxila, mandando um beijo no ar. Ela ri ao observar eu o pegando e o guardando dentro do bolso do meu paletó.

— Papai! Papai! — William me cobre com seu corpo pequeno, ele está com seu smoking pingando de suor como de uma criança que esteve correndo por todo o jardim. — Raisa pode me levar para tomar sorvete?

Olho para Felicity que faz um sinal positivo com a cabeça, assentindo para que eu permita. — Sim, campeão!

— Mamãe, a minha irmãzinha também vai querer? — pergunta ingênuo. William colocou em sua cabeça que teremos uma menininha, acredito que Felicity esteja por trás dessa ideia, é claro como a lua e as estrelas que está ansiosa para que venha uma menina e Will sente isso de forma mais intensa. Eu acho saudável, porque chegando uma menininha ou até mesmo um novo rapazinho eu estarei imensamente agradecido.

— Príncipe, ela estará esperando pelo sorvete tudo bem? — Felicity sorri, e então, o pequeno corre para Raisa que o espera.

— Uma menininha? — Moira Queen pergunta radiante. — Então sabemos finalmente o sexo?

— Mamãe... São apenas apostas. — levanto-me encostando meus lábios na superfície da testa de minha mãe.

— Sua mãe está a loucura sem saber se compra vestidinhos ou pequenos macacões azuis. — meu pai cumprimenta primeiro Felicity, depositando um beijo na base do seu avantajado ventre.

— Desculpe insistir por preferir não saber o sexo do bebê, mas gosto de uma boa revelação. Minha mãe também está histérica por não saber! — Felicity ri à medida que guia seus dedos até os meus, entrelaçando-os. Eles são quentes e aconchegantes, parecem que foram moldados para estarem juntos.

— Donna não irá vir para Starling City esperar por nosso netinho ou netinha? — Robert volta a perguntar.

— Minha mãe está esperando Gonzalez conseguir uma folga do bar e logo estarão aqui ainda antes que o bebê nasça. Assim espero, o Dr. Cooper disso que pode acontecer a qualquer momento, mas o certo é vir em duas semanas. — Felicity termina sua frase em um murmúrio ansioso.

— Ótimo, estaremos todos presentes! — Moira comemora com brilho em seus olhos.

— Minha querida é melhor irmos até os recém-casados dar os devidos parabéns. — meu pai entrelaça o braço de minha mãe nos seus e após ela assentir, ambos se afastam. Deixando Felicity e eu finalmente sozinhos.

A música que está tocando é animada, alguns casais estão dançando em uma pequena pista central. Os pés de Felicity permanecem batendo ao chão em sincronia com a batida, e agora, ela desvia seus olhos para mim, eles parecem com os do gatinho do Shrek e sempre que faz isso é porque irá fazer um pedido que eu não conseguirei negar.

— Podemos dançar essa?

— Amor... Você tem que se manter em repouso. Seus pés incharão!

— Eu adoro essa música, ela é tão animada... Não se nega um pedido de uma grávida.

Esse olhar.

Malditamente perfeito.

Como dizer não a ela?

Não existe essa opção.

— Apenas essa música... — Felicity sorri como uma criança enquanto levanta com cautela. É engraçado, há um tempo eu estaria rígido como a raiz de uma árvore presa ao chão, dizendo com todas as palavras que não era um homem de dançar. Mas a ela não consigo dizer não, porque ela me envolve, conseguindo derrubar todas as minhas resistências. Eu sou dela e tudo o que penso se tornou para ela, só ela.

Uma de suas mãos repousa sobre meu ombro ao mesmo tempo em que a outra busca a minha, entrelaçando-as. A música que está tocando é “I need a good one”, uma das preferidas de Felicity, ela está sensualmente friccionando seu quadril no meu em sincronismo com a letra da melodia. Seu rosto exibe um belo sorriso, seus olhos presos aos meus todo o momento faz com que eu seja guiado pelo pequeno espaço que estamos.

— Isso é tão agradável! — as mãos passeiam para o redor de minha nuca, descansando-as.

É agora.

Talvez não seja o melhor momento, a melhor hora, mas tenho pensando em tocar nesse assunto há um tempo. Na verdade, perco grande parte dos meus dias degustando essa ideia, de como soaria o pedido em meus lábios e como seria me regozijar da resposta de Felicity. Não que eu sinta a necessidade de estarmos casados, afinal seria apenas um papel que assinaríamos ou algo religioso que a envolveria vestir um vestido branco com um longo véu sendo arrastado pelo tapete vermelho. Embora vivamos uma vida de casados, dormindo na mesma cama, fazendo amor como se cada vez fosse a primeira, pois é assim, cada nova descoberta nos faz sentir essa sensação, qualquer parte de seu corpo parece se renovar em minhas mãos, em meus braços. Em contrapartida eu preciso tê-la em um altar, preciso dizer meus votos para que todos saibam a dimensão do meu amor. Preciso deixar registrado não só para mim, mas também para todos ao redor o quando eu amo Felicity Smoak e o quanto ela virou minha vida de cabeça para baixo de uma forma tão fantástica e inesquecível.

— Deveríamos fazer algo nesse estilo.  

Que diabos é essa sensação de nervosismo?

É uma merda de sensação.

— Que estilo? Como assim?

— Quero dizer, os amigos, a família, os bolinhos de caranguejo, os brindes... — está decretado. Eu não nasci para pedir mulher alguma em casamento, por que eu tive que citar os bolinhos de caranguejo? Ah, possivelmente seja porque são os meus preferidos... Mas não importa, não é essa questão. — É... Esse estilo!

— Você quer fazer um jantar de ensaio? Mas o que ensaiaríamos?

Franzo o cenho relaxando os ombros. — O que faríamos no dia seguinte.

Felicity para seus pés de imediato, não acompanhando mais a música. Sua feição demonstra espanto à medida que dá uma leve mordida em seu lábio inferior. Eu não sei o que está passando em sua cabeça nesses exatos rápidos segundos, mas estou querendo me enforcar com a gravata borboleta em meu pescoço por talvez ter estragado um dos pedidos mais importantes na vida de uma mulher. Sei lá, as mulheres costumam gostar de certo romantismo como pétalas vermelhas trilhando o caminho até uma mesa de centro com champanhe acompanhada de um anel de brilhantes, e não, definitivamente não, um pedido de casamento em meio a uma pista de dança, tocando uma trilha sonora nem um pouco romântica com uma melancia entre nós.

Eu sou um fracassado.

Um dos grandes.

— Estou sendo embriagada pelos hormônios da gravidez ou está me pedindo em casamento?

— E se eu estiver?

— O que?

— Tudo bem, isso foi um pouco idiota da minha parte. Eu estou a pedindo em casamento... Será que estou fazendo isso errado? Deveria estar me ajoelhando?

Que esperteza a minha, é claro que estou fazendo isso errado.

Preciso voltar a assistir a alguns filmes mela-cuecas para me reiterar sobre assuntos de casamento, quando envolve o mocinho se ajoelhando para fazer o grande pedido.

Será que é tarde demais para isso?

— Felicity Megan Smoak, quer se casar comigo? — torno a perguntar.

Ela abre um imenso sorriso dando-me expectativas. — Não...

— Não?

Que porcaria é essa?

Um não?

“Não” não era o que eu estava esperando.

— Sim. — ela volta a responder de imediato atropelando as palavras.

— Sim ou não?

Estou começando a ficar confuso.

— O não é sobre... Não ser possível. Não é possível eu estar molhada!

— Isso quer dizer que você está excitada com o pedido?

Céus, o que estou dizendo? Cortem minha língua ou passem fita adesiva em meus lábios.

— É líquido amniótico Oliver, a bolsa estourou! — Felicity está com suas pernas abertas, o chão parece ter sobre ele uma grande e repleta poça com um líquido transparente. Agora em seu olhar há apenas um nervosismo, eles estão se apertando um no outro tentando entender o que está acontecendo, tão perdida quando eu que continuo paralisado.

— Como isso foi acontecer?

— Pode ter sido a emoção, eu simplesmente não sei. — ela arqueia seu corpo em reclamação a dor. — Cólica, as contrações estão começando... Merda, isso é rápido!

Meu Deus, o meu mundo está caindo.

Tudo bem, está tudo bem, durante os meses da gravidez eu participei de cursos para aprender a me preparar caso o bebê preferisse chegar mais cedo. A bolsa com todos os mantimentos precisos estão na mala de minha Mercedes Benz, Raisa cuidará de William enquanto eu estiver me preocupando com Felicity. Meus pais irão me acompanhar até o Hospital de Starling onde o Dr. Cooper está fazendo um de seus plantões intermináveis, não preciso esquentar minha cabeça quanto a isso, afinal tenho seu numero gravado na agenda do meu celular.

Não tem o porquê de me preocupar.

Eu não vou me preocupar, está tudo sob o meu controle. Eu só preciso respirar profundamente e agir.

MEU DEUS EU ESTOU FUDIDO.

O QUE EU VOU FAZER?

— O que eu faço?

— Oliver, apenas me leve ao Hospital de Starling... O nosso bebê está prestes a nascer! Merda! Merda! Essas contrações infernais! — uma das mãos de Felicity aperta profundamente o meu ombro direito depositando a frustração da dor, e eu não consigo conter um urro de dor.

A pego em meus braços, e então, todos na pista de dança desviam as atenções para nós. Mas estou com meus olhos centrados à saída, eu apenas preciso tirá-la de todo esse tumulto e procurar alguém que possa saber fazer algo com precisão, algo que seja diferente dos meus pensamentos que estão um pouco perdidos.

Uma direção.

— Meu filho, o que está acontecendo? — Moira pergunta aflita ao se aproximar. Logo a atenção desvia para Felicity em meus braços, e assim, um sorriso escapa dos lábios de minha mãe. — Está acontecendo?

— Eu não sei o que está acontecendo de fato, mas está doendo! — Felicity volta a comprimir suas mãos em meu ombro.

— Mãe, peça a Raisa para levar William para casa. E depois peça a meu pai para que siga o meu carro até o Hospital de Starling, dê um jeito de avisar Donna e Gonzalez! — as palavras saem de forma rápida, eu nunca imaginei que pudesse falar tão apressadamente. — Eu vou ser pai...

A ficha não parece ter caído.

Mesmo passando cerca de nove meses ao lado de Felicity, convivendo com ela a cada segundo, a ficha só vem a cair nesse exato momento.

E é mágico.

— Você está bem? — ela pergunta entre lufadas intensas.

— Não se importe comigo meu amor, eu só estarei bem quando você e o nosso bebê estiverem saudáveis ao meu lado, nos meus braços.

~~~

Todo o nervosismo que guardava no meu mais íntimo em segredo está sendo colocado para fora por cada célula do meu corpo. Porque a grande verdade é que eu nunca estive preparado, eu tentava me convencer que daria certo, que seria fácil passar por cima das dificuldades, dos obstáculos que poderiam se formar a nossa frente. Mas era tudo uma mentira que eu nutria para cegar os pensamentos ruins, para não me ferir com as lembranças da primeira vez que estive em uma sala cirúrgica, o momento em que perdi parte do meu coração com a morte de Samantha. Porém, foi Felicity quem a trouxe de volta, que a reconstruiu e me fez amar novamente, a acreditar que no fim das contas acaba dando certo.

Simples, não é?

Como dois mais dois são quatro.

Mas eu não consigo engolir, aceitar que não doerá mais uma vez, porque eu tenho medo. Pavor de viver tudo àquilo que só me trouxe perdas, que arrancou tudo o que eu tinha de mais precioso, e não, eu não aguentaria viver essa escuridão novamente.

— Querida, eu não soltarei da sua mão... — Felicity está praticamente sedada, mas parece ouvir as poucas palavras que eu a disse. Estamos nos encaminhando para o centro cirúrgico, porque devido à eclampsia que se desenvolveu durante os meses de gravidez o Dr. Cooper nos disse que a melhor escolha seria uma cesariana, nada que levasse Felicity a fazer forças descabidas gerando risco para o bebê, e principalmente, para ela.

— Oliver, precisamos que você tenha o máximo de controle nesse momento. — Cooper empurra as portas do centro cirúrgico guiando a maca com Felicity acompanhado do seu time de enfermeiros de confiança.

— Por que está me pedindo isso? Você disse que tinha tudo sob controle.

— Meus planos tiveram que ser remodelados, eu não esperava que o parto fosse se antecipar duas semanas... — a enfermeira Beatrice o ajuda a vestir seu pijama cirúrgico estéril, colocando em seu rosto uma mascara descartável e uma touca. O mesmo procedimento é feito em mim, porque precisamos manter Felicity longe de qualquer tipo de ameaça.

— Está querendo dizer que ela corre algum risco?

Minha mandíbula está comprimindo meus dentes que riscam entre si ao mesmo tempo em que sinto meu coração se apertar dentro do meu peito. Eu nunca senti sensação igual desde a última vez que estive no mesmo lugar, com as mesmas roupas ridículas, escutando as mesmas palavras tão árduas saírem da boca de nosso obstetra. Indícios de que algo poderia dar errado, dando a chance de monstros escondidos em meu lado obscuro renascerem.

De voltarem a me assombrar.

— Não estou dizendo nada, só precisamos ter um pouco mais de cautela do que antes.

— Eu não posso perdê-la!

— Já fiz uma série de partos com o mesmo risco ou até piores e deu tudo certo, você precisa acreditar. Não em mim, mas sim em Felicity! Ela estará um pouco zonza durante a cirurgia por conta dos anestésicos, mas conseguirá ouvir tudo o que você disser, então dê forças a ela, não passe seu nervosismo... Isso será importante.

Outra enfermeira sussurra algo ao pé do ouvido de Cooper que assente, estamos todos preparados, mas meu coração está acelerado, querendo sair pela boca. Eu não posso deixar com que Felicity perceba, eu prometi isso a ela, que acreditaria que tudo iria seguir o rumo certo, enquanto a ouvia dizendo com palavras amenas que as coisas acontecem porque devem acontecer.

— Estou aqui... — sussurro próximo a seu ouvido, segurando uma de suas mãos que está com fios presos a ela. Aliás, há fios ligados por todo o corpo de Felicity e eles são presos em equipamentos diversos.

Ela me corresponde com um sorriso, seus olhos estão quase que fechados, mas algumas lágrimas estão nascendo por eles.

— Como estão os sinais vitais? — Cooper pergunta se preparando para dar início a cesariana.

— Por enquanto estão como o esperado, doutor. — um rapaz o responde.

— Posso confiar em você? — ele dirige sua pergunta ao anestesiologista sentado próximo a um dos equipamentos que faz um sinal positivo com seu polegar.

— Bisturi! — Cooper estende sua mão para o instrumentista que o atende.

A cirurgia inicia, eu tento manter meus olhos fixos aos de Felicity, tentando acalmá-la. Não deve ser fácil estar distante, sem poder agir enquanto mãos desconhecidas abrem seu ventre sem pena, sei que é para que nosso bebê possa vir ao mundo, mas não deve ser confortável. Eu daria tudo para que pudéssemos trocar de lugar, para que pudesse passar por isso ao invés dela, mantendo-a longe de qualquer risco que sua vida estivesse correndo.

Porque ela me tem em suas mãos.

Sempre será assim.

Meus lábios involuntariamente começam a cantar baixinho a mesma musica que conseguiu deixa-la mais calma na última vez que pensei que poderia perdê-la. A letra diz sobre sair de um inferno, porque o amor é como o gás hélio que me faz flutuar e quando finalmente estou com os pés no chão, livre de todo o mal, ela é tudo o que preciso.

“E se você deixar eu flutuarei até o sol,

Eu sou forte porque você me preenche,

Mas quando o medo vem e eu derivo para o chão,

Eu sou sortudo porque você está ao redor.”

— É UM MENINO! — Cooper grita em alto e bom som ao retirar o pequeno de dentro do ventre de Felicity. A enfermeira rapidamente o pega, o limpando e o fazendo dar o primeiro choro, libertando seus pulmões como um rapaz forte que decidiu vir ao mundo para trazer ainda mais amor.

Um suspiro de alívio é dado.

Meu peito infla aceleradamente com lufadas intensas, meu coração segue o mesmo ritmo. Dos meus olhos brotam lágrimas quentes que escorrem pelo meu rosto, as emoções são diferentes, eu gostaria de parar o tempo para senti-las com mais lentidão, com meu peito repleto de uma felicidade que não há como mensurar.

Felicity também está com seus olhos cheios de lágrimas, ela não consegue falar palavra alguma, mas não precisa porque as palavras mais lindas são aquelas que não precisam ser ditas pelos lábios e sim pelo coração, e eu sei que esse é o momento mais importante de sua vida, de nossas vidas. Ela está colocando no mundo uma criança que nos ligará, nos conectará até os últimos dias de nossas vidas, nos dando um dos motivos de sorrir.

Eu sou grato a esse momento.

— É um meninão meu amor, um rapaz! — minha voz sai embargada pelas lágrimas que continuam a ser derramadas.

Ela concorda com o que eu disse de forma emocionada.

Mas seus olhos estão se fechando ao mesmo tempo e à medida que eles se perdem, levam com si o sorriso que antes reluzia em seus lábios. E neste momento, um som estridente me acorda de um transe, fazendo-me voltar para a realidade.

— Estamos a perdendo! — Cooper se aproxima de um dos monitores. — A pressão está muito alta! Precisamos estabilizá-la... Captopril por via intravenosa imediatamente. — ele desvia sua atenção. — Beatrice, continue a sutura até fechar os pontos!

Meus sentidos são virados de cabeça para baixo indo do céu ao inferno.

— O que está acontecendo?

— Eu não contava com a pressão tão alta, se continuar assim o coração irá parar. — Cooper arrasta para próximo de Felicity o desfibrilador.

Empurro o corpo de Cooper contra a parede com deliberada força levando minhas mãos até o cós de seu pijama cirúrgico enquanto sinto enfermeiros me segurarem pelos braços na tentativa de me impedir de fazer qualquer besteira.

— Você precisa fazer alguma coisa!

— Estou tentando! — ele me empurra para longe com a ajuda dos demais enfermeiros, indo em direção ao corpo de Felicity que parece distante, não demonstrando se quer algum sentido de ainda estar conosco. — O coração parou se continuarmos assim não terá sangue o suficiente para irrigar o restante dos órgãos! Eu preciso de adrenalina intravenosa e que se afastem. — suas mãos são guiadas até o desfibrilador, ele esfrega um no outro e com cuidado os coloca sobre o peito de Felicity. — Um, dois, três. — após breves segundos novamente o desfibrilador age no peito de Felicity, mas não há reação, ela ao menos reage, o monitor não para de apitar freneticamente.

— Felicity, eu preciso que você abra os olhos meu amor! — digo após empurrar um enfermeiro da minha frente, conseguindo me aproximar das suas mãos que estão gélidas.

— Oliver você tem que se afastar! — ordena Cooper.

— Eu não irei dar merda alguma de espaço, ela tem que voltar, ela não pode me deixar sozinho. Eu não vou conseguir de novo, não há chances de conseguir sem ela...

— Preciso fazer o meu trabalho, a vida dela está em minhas mãos e não nas suas!

— Em suas mãos? Você disse que estava tudo bem e não estava, você mentiu, não fez seu trabalho corretamente. — meneio a cabeça contendo minha fúria. — Eu o matarei se você não traze-la de volta.

— Enfermeiros, tire-o daqui!

Cooper volta a ordenar alguns de seus homens para me arrancar do centro cirúrgico que estamos. Embora eu esteja reagindo como um monstro tentando fixar meus pés no chão, está doendo, não de forma carnal, mas à medida que me tiram de perto de Felicity eu sinto que há uma parte de mim que está ficando ao seu lado. Meu coração voltou a se quebrar no instante em que seus olhos se fecharam, em que ficou desacordada sem me dar ao menos um sinal de que ainda estava comigo.

Eu grito, tento me soltar dos braços fortes que estão me envolvendo, mas não há mais forças. Estou relutando contra um iceberg de kriptonita que me deixa fraco, esse iceberg é frio, a sensação de perder Felicity é gélida e cruel.

Simplesmente estou andando sem rumo pelos corredores com baixa iluminação, até que meu corpo atinge um dos bancos. Meus olhos estão inchados, as lágrimas não cessam em um choro intenso, em minha boca há um gosto amargo da perda. Meu peito está dormente, minhas mãos formigam como da primeira vez em que perdi Samantha, é como se eu buscasse o ar tão fortemente em meus pulmões e não viesse nada, sufocando-me. É assim que estou me sentindo, abandonado, sozinho sem expectativas, porque eu as deixei com Felicity enquanto era escorraçado de seu lado.

— Oliver! O que aconteceu? — meu pai corre em minha direção, erguendo meu corpo que está amuado sobre a cadeira.

Eu gostaria de falar, mas não consigo.

As palavras não saem.

Eu me nego a deixa-las saírem porque quando elas serem postas para fora será audível a possibilidade de perder a minha Felicity.

— O bebê? Aconteceu algo com o bebê? — desta vez é Moira que se senta ao meu lado. — Meu filho, você precisa falar conosco!

— Fale algo! — Robert sacoleja meu corpo, me fazendo desviar meus olhos até os seus.

Olhos esses que devem estar nebulosos como da última vez em que quase perdi Felicity. Quando decidi dar aquele passo por aquela porta, naquele dia eu também deixei uma parte de mim em suas mãos, eu fui tão tolo, tão cego, mas não recebi o mesmo de Felicity, mesmo não merecendo eu recebi o seu perdão, uma segunda chance que prometi nunca joga-la fora ou desperdiça-la.

Agora eu a tenho quase escapando de meus dedos.

Indo embora sem ao menos me dizer adeus.

— Eu estou a perdendo.

Meu coração se aperta.

O gosto amargo se torna ainda mais intenso.

Sua presença mais distante.

— Como assim? Aconteceu algo a Felicity? — Robert volta a perguntar, ele segura meu rosto que quer desviar, fugindo de suas perguntas tão dolorosas.

— Meu Deus, não pode estar acontecendo novamente. — Moira murmura com pesar.

— É um menino. — suspiro profundamente. — Como William, eu só não posso perdê-la como aconteceu com Samantha...

— Não irá... Nós precisamos confiar no Dr. Cooper! Ter fé. — meu pai leva suas mãos até as minhas, ele as entrelaçam. — Deus não irá fazer isso conosco.

Rio ironicamente.

Levantando-me com certa dificuldade.

Deus? Não venha com esse papo de “Tenha fé”, porque isso não existe! O nosso tão poderoso Deus me tirou Samantha em um dia como esse, Ele a pegou de mim. Então, por favor, não me faça clamar por alguém que não se importa comigo. — eu chuto os bancos de plástico a minha frente, passando a mão em meus cabelos curtos. Consigo sentir minha têmpora explodir contra a parede de meu rosto, assim como minha jugular que está gritando em meu pescoço. — Merda. — chuto novamente os bancos que voam em pedaços. — Eu não acredito que algo tão divino possa me tirar a pessoa que eu mais amo! De novo não... Não vou ficar aqui esperando por algum resultado, eu vou trazê-la de volta.

Os braços de Robert me prendem pela cintura, impedindo que eu dê o próximo passo.

Estou relutante.

Buscando os últimos resquícios de força.

— Você não vai fazer nenhuma besteira! — Robert grita.

— Por favor, meu filho, por favor... — minha mãe está se debulhando em lágrimas, e eu já ouvi esse pedido antes, no mesmo tom, com o mesmo clamor, porque ela sabia que eu havia perdido Samantha como deve está pressentindo que também perdi Felicity.

Mas eu me solto dos braços de meu pai e em passos longos me aproximo das portas que me separam de Felicity, passaram-se longos minutos desde a hora que fui retirado à força de seu lado, quando me impediram de segurar suas mãos, de cumprir a minha promessa.

No entanto, Cooper aparece pelas portas retirando a touca de sua cabeça, afastando a máscara de seu rosto. Sua respiração é intensa, as lufadas que seu peito dá transmitem o esforço que deve ter feito, e então, sua cabeça se curva para mim longamente e acompanhada a ela vem um sinal negativo com pesar.

— Eu sinto muito, Oliver.

— Não... Por favor.

Minhas pernas perdem a resistência, levando meus joelhos diretamente ao chão. Deixando com que minha cabeça caia para frente como se eu estivesse levado um golpe certeiro, tendo sido nocauteado.

Eu me lembro como se fosse ontem, tão claramente, a primeira vez que a vi. Ela estava vestindo um vestido vermelho até seus joelhos, os cabelos soltos e o sorriso encantador em seus lábios, foi ali que me apaixonei. Estava cego tentando negar para mim mesmo que só precisava tê-la por uma noite, uma mentira, porque desde a primeira vez eu senti que iria precisar dela em cada maldito minuto da minha existência, quando acordasse, quando fosse dormir, nos momentos mais felizes e também nos mais difíceis. Ela me tirou do fundo do poço duas vezes, na primeira vez eu tinha um buraco no meu peito deixado por Samantha, isso me destruía, mas então ela me curou. E a segunda vez foi ainda mais ensurdecedor, eu pensei que estava perdendo William por conta de um câncer, no entanto ela estava ali, curando-me. Sim, me curando, porque no momento em que ela salvou a vida do meu filho, ela também estava me erguendo, me trazendo de volta mais uma vez.

Seu sorriso.

Os olhos tão azuis.

A boca avermelhada com lábios incríveis.

O seu cheiro floral...

Eu a perdi.

— Tentamos reanima-la, mas ela não voltou. Perdão, Oliver!

— Meu Deus, eu estou aqui com os meus braços erguidos em tua direção. Se o Senhor existe e se tem piedade pelos seus filhos, por favor, ouça-me... Não me deixe de lado, não me faça perde-la...

Estou rendido, minha cabeça permanece caída para frente, as lágrimas salgadas cobrem os meus lábios.

Minha voz é rouca.

Eu tenho em minha mente o quanto sou pecador, o quanto não devo ser merecedor, mas estou aqui esperando por uma luz que consiga não me deixar sucumbir como a escuridão já conseguiu.

Por favor...

Não por mim, mas por ela, pelos nossos garotos.

A traga de volta!

— Doutor Cooper, Felicity acordou, o coração voltou a bater! Ela está de volta! — um rapaz grita pelo corredor, sua voz é desacreditada.

— Como é? — Cooper pergunta pasmo. — É praticamente impossível que um coração resista a mais de vinte minutos parado!

Ela é a minha energia.

Minhas pernas voltam a me erguer, e de novo estou cego, não enxergo nada a minha frente, somente quero tê-la em meus braços, segurar suas mãos, cumprir a promessa que a fiz.

De onde eu nunca deveria ter saído.

E lá está ela, seus olhos estão abertos, uma das enfermeiras deve ter a entregado nosso pequeno que está dormindo de forma aconchegante. Estou apenas paralisado, me deleitando com a sensação que é a ter de volta, segurando o nosso maior bem com tanto amor, como se não estivesse ficado desacordada por longos minutos, minutos cruéis que acabaram comigo, que quase foram um ponto final para mim. E agora, ela destina sua atenção em minha direção e suas lágrimas voltam a escapar de seus olhos em um choro audível, ela está pondo para fora toda a sua emoção, todo o medo que carregou em suas costas no momento em que quase nos perdeu.

— Oliver... — ela sussurra entre os lamentos.

— Nunca mais se afaste de mim... — corro para seus braços, eu toco em todas as extensões de seu corpo, aquecendo-a, colando meus lábios em suas lágrimas salgadas que deslizam pelas maçãs coradas de seu rosto. Sentindo o calor que sai do corpo pequeno de nosso bebê que permanece dormindo tranquilamente nos braços de Felicity.

— Desculpa.

Shhhhhiu. Você não tem pelo que se desculpar... Ele é tão lindo! — desvio minha atenção, meus olhos um pouco embaçados. — Obrigado por ter sido tão forte.

— Eu não conseguiria ir, não permitiria deixa-los para trás, porque estamos interligados. Para sempre, se lembra?

Ela está sorrindo para mim.

A minha Felicity está de volta.

— Claro, meu amor! — colo meus lábios nos seus, sentindo o quanto ainda são macios, como seu cheiro envolve minhas narinas me embriagando.

— Eu quero.

— O que? — pergunto confuso enquanto deposito um leve beijo na superfície da teste de nosso bebê.

— A resposta é sim, Oliver. Eu quero ter o seu nome no meu, ser a Senhora Smoak-Queen. Você quer se casar comigo?

Há minutos pensei ter tudo perdido, eu fui contra as forças superiores, quis me negar em acreditar. Mas eu a tive de volta quando estava prestes a me perder em uma escuridão conhecida, escuridão essa que ela me tirou, ela foi corajosa o suficiente para bater de frente comigo, um cara que desacreditava que poderia viver novamente.

Eu havia morrido.

Por dentro.

A terra era arenosa, não havia mais o que colher, me sentia frio e perdido. Mas ela surgiu me dando a oportunidade de florescer outra vez, ela foi os raios solares que eu precisava, foi o meu adubo, e principalmente, ela foi a semente. Montou o seu próprio jardim.

Me tornou seu.

— Sim, eu aceito a ter você como minha esposa.

— Eu te amo.

— Por todo o sempre, para sempre.


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Notas finais do capítulo

ADEEEEUS MEUS AMORES, ESPERO QUE TENHAM GOSTADO. AGORA EU OS TRAREI O EPÍLOGO EM BREVE. ♥

Nos vemos nos comentários.



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