Capítulo 23 - Um aliado nas profundezas

O Varinhão pareceu adorar Harry, e, nas mãos do rapaz, deu uma performance digna de uma história para ser contada em sete volumes. Mas Voldemort não era Lord das Trevas à toa. A magia dos dois esquentava o chão. A água do Lago chegou a esquentar.

Os dois duelavam com sede de sangue, e aparentemente, o público sabia disso. Os soldados de Dumbledore e os de Voldemort simplesmente pararam de duelar para assistir ao embate épico.

O único que não parou foi Ron Weasley, que viu uma criatura meio homem meio lobo partir para cima de uma das noviças com intenções duvidosas. Ron Weasley, por sua vez, partiu para cima do monstro.

- Pare aí, sua coisa feia!

Aparentemente não era a coisa mais gentil a se dizer para um monstro. Fenrir Greyback voltou-se para o ruivo, rosnando. Desarmado, Ron viu o monstrão esquecer-se de sua presa e partir para cima dele. O ruivo, então, saiu correndo, gritando:

- Uaiii!!!!

A noviça, não outra além de Hermione, gritou, suspirando de paixão:

- Oh, Ron! Meu herói! Vamos ter lindos filhos, quem sabe gêmeos univitelinos, se meu ácido desoxirribonucléico permitir esta fortuita descendência.

- Desoxi... Univi - o quê?

- Oh, você não é intelectual mesmo! Eu te amo!

A voz de Ron era mesmo muito potente, pois atingiu um aliado inesperado. Fenrir passou a perseguir o ruivo nas quatro patas, mas foi detido por um adversário poderoso.

Os poucos que acompanhavam a odisséia de Weasley observaram, maravilhados, quando um tentáculo se ergueu do lago e acertou em cheio a cabeça de Greyback. O homem meio lobo foi ao chão sob uma chuva de aplausos. A Lula Gigante afagou Ron com carinho, e ele retribuiu o afago:

- Ah, como seria bom se você pudesse ajudar o Harry também...

Foi só falar. O segundo tentáculo se ergueu do lago e atingiu Lord Voldemort com um sonoro SPLAT! Foi assim, no espaço de uns míseros minutos. Harry mal teve tempo de dar um passo para trás, antes que o tentáculo atingisse o Lord de tal jeito que praticamente quebrou o pescoço num golpe só.

Assim morreu o Lord das Trevas, conquistado pela Lula. Bellatrix começou a gritar, dementada, e guardas a detiveram.

Então o ar se encheu de gritos e vivas e comemorações. Os soldados do Lord que não conseguiram fugir pediam perdão, alegavam estar sob feitiços, falavam em arrependimento. Os soldados de Dumbledore queriam abraçar Harry, mas ele não queria falar com ninguém. Ele procurava a mulher de cabelos desgrenhados. Achou-a sendo arrastada por dois soldados.

- Bellatrix! Onde ele está? Para onde Lucius levou Severus?

Ela olhou para o jovem e soltou uma gargalhada sonora:

- Que bonitinho! O bebezinho quer seu brinquedinho, é?

- Severus não é um brinquedinho! Onde ele está?

- Acha que eu vou dizer a você, garoto? Você matou o meu Mestre! Meu único amor!

- Querida! - gritou Rudolphus. - Então eu sou corno?

- Eu falo! - disse uma voz atrás. - Eu digo para onde Severus foi levado, mas por um preço.

Todos se viraram. Draco Malfoy olhava a todos com um ar de desafio. Mas Harry notou que ele olhava o gigante Hagrid com um rabo de olho - contudo, se o olhar era de medo ou admiração não era possível determinar.

Sirius Black devolveu-lhe o olhar:

- O que você quer?

- Anistia.

- Terá que prometer que não vai se aproximar de Severus também.

- Eu prometo!

- Muito bem.

- Então vamos! - gritou Harry. - Ele pode estar em perigo!

Uma voz distraída ofereceu:

- Pode usar o Tetê. Ele gostou de Severus. Vai achá-lo mais rápido, com certeza.

Todos se viraram para Luna:

- Tetê?

- Tenebroso - disse Hagrid. - Ele vai levar vocês em segurança. Pode ir em segurança, príncipe Harry.

Harry olhou o cavalo esquálido, de asas parecidas a morcego, e engoliu em seco. Mas Severus precisava dele.

- Vamos!