Capítulo 20 - Onde todos se encontram

- Tem certeza de que sabe para onde está indo?

- Não se preocupe, Severus. - O vozeirão de Hagrid soou alto na Floresta silenciosa. - Não vou deixar nada acontecer com você.

- É que eu não me lembro de ter me afastado tanto assim do castelo.

- Dumbledore está à sua espera. Mas ele quer que você fique seguro. Por isso estamos indo pelo caminho mais longo na floresta.

- Está ficando escuro - reparou Severus. - Não faço a mínima idéia de onde estamos.

- Pode ficar descansado. Está seguro comigo.

Mal ele disse isso, um barulho se ouviu na Floresta, um pipocar que Severus conhecia muito bem: o barulho da Aparatação de Lord Voldemort. Hagrid parecia não ter percebido, mas Severus puxou a manga de imenso casaco de couro, em silêncio. O homenzarrão ia falar algo, mas Severus pôs o dedo na boca, indicando silêncio. Os dois se abrigaram atrás de uma árvore, e Hagrid fez o possível para esconder o corpanzil.

Havia vozes sussurradas, que logo se tornaram próximas. Severus viu o Lord chegar com seus três lugares-tenente: Lucius, Bellatrix e Rudolphus. Eles falavam com duas pessoas encapuzadas.

- O momento é propício. Eles estão concentrados no teste do príncipe.

- Excelente - disse o Lord. - Vamos fazer um único ataque, fulminante. Você pode derrubar as defesas?

- Sim, senhor.

- Tem certeza? Dumbledore deve ter isso muito bem protegido.

- Dumbledore confia em mim, meu senhor.

- E Severus?

- Também deve estar sendo testado. Ele saiu cedinho e ficou o dia inteiro fora.

- Ótimo. Severus também pode ser resgatado e será uma excelente adição. Muito bem, Wormtail. Você fez bem em recrutar os reforços do jovem Malfoy. Se tudo der certo, quem sabe Lucius pode mudar de idéia e desistir de bani-lo da família. Ainda mais se ele ainda quiser Severus para satisfazer seus... desejos.

Severus perdeu a cor. Eles estavam conspirando contra Dumbledore. E fazendo planos a seu respeito!... Mas, pior do que tudo isso, Harry poderia ficar ferido no meio da confusão!... Ele olhou para Hagrid, que estava com os olhos arregalados. Obviamente, pensando outra coisa, mas igualmente abismado.

- Vamos rápido - disse Voldemort. - Nada poderá nos deter agora!

O grupo se dirigiu para o lado oposto do local onde Severus e Hagrid se escondiam. Severus saiu de trás da árvore, alarmado:

- Precisamos avisá-los! Não tem um jeito mais rápido de chegarmos?

- Tem - disse Hagrid. - Mas você pode não gostar.

- Como assim?

- Se eu carregar você no colo, posso atravessar a Floresta a passos gigantescos.

Severus não gostou muito, mas concordou. Especialmente quando Hagrid o carregou no colo feito um bebê. Mas ele estava certo: correndo entre as árvores, ele parecia ter ganhado novo fôlego.

Estariam lá em tempo recorde.

Outras pessoas, porém, já tinham atingido seu destino. Esse era o caso de Ron e Harry, cujo barco atracara num lugar absolutamente inesperado.

- Puxa... Eu jamais poderia imaginar que haveria um lugar assim no castelo.

- Bem útil, né? A gente sai do barco e já entra no castelo.

- É, mas onde?

- Provavelmente nas masmorras.

Eles desembarcaram no pequeno atracadouro embaixo de Hogwarts e mal puseram o pé nas escadas, quando uma figura vestida de dourado os deteve.

- Você é o rapaz Harry Potter, não?

Harry observou o velho, que parecia ter a mesma idade de Dumbledore, mas os olhos verdes faiscavam de tão brilhantes.

- Sim, mas em que isso lhe interessa?

- Estou aqui para levá-lo ao seu teste. Albus me mandou.

- Teste? Mas eu já passei pelo teste.

- Oh, não. Aquilo não era um teste. O teste, aquele a que se refere sua profecia, começa agora. Por favor, siga-me.

- E quem é você?

- Pode me chamar de Gellert. Venham, por favor.

Eles obedeceram, subindo uma escada de pedra sinuosa que dava num dos corredores das masmorras. De lá foram para o Grande Salão do castelo e então ganharam o grande gramado.

E tudo aconteceu lá, aparentemente ao mesmo tempo.