Capítulo 2 - O bondoso Lord Voldemort

- UAI!

Ronald Weasley deu um pulo para trás e foi afastando-se do monstro, até que seus pés tropeçaram em algo macio ao pé de um arbusto e ele também foi ao chão. Então Ron viu que tinha tropeçado em um homem, um jovem como ele, que estava desacordado, mas tinha acordado com a chegada dele.

O rapaz, de brilhantes olhos verdes e cabelo desgrenhado, sentou-se, ainda tonto.

- Tudo bem aí, companheiro? - indagou Ronald, preocupado.

- Oh... - fez o jovem Harry, segurando a cabeça como se ela estivesse girando por conta própria. - Não estou ferido... Mas o monstro!... Uma aranha enorme, nojenta, peluda!!

- Calma, calma. Ela está morta. Está ali adiante.

O jovem se ergueu e foi até a direção que Ronald apontava. Ao constatar que Aragog não podia mais atacar ninguém, ele indagou:

- Como é seu nome?

- Ronald Weasley, senhor.

- E o que você faz, Ronald Weasley?

- Bom, eu deixei minha numerosa família para tentar a vida, sozinho na Floresta. Com sorte, eu gostaria de arrumar uma mulherzinha que cuidasse de mim, me desse comida, talvez um Weasleyzinho ou dois. E o senhor?

- Eu sou Harry Potter. Eu sou um herói. Venho de muito longe para cumprir minha profecia.

- Profecia?

- Diz a profecia que eu posso enfrentar o mal e que só eu poderia dar conta disso. Mas eu teria que tomar cuidado com as aparências. Então vim nesta busca contra o mal.

- Não sei se encontrou o mal, meu camarada, mas sei que entrou nas terras do Lord das Trevas. Ele é que reina sobre a Floresta Proibida. Se ele desconfiar que você invadiu as terras dele, irá soltar um de seus monstros em você.

- Acho que foi isso que aconteceu. Eu enfrentei Aragog. Mas o monstro era muito grande.

Sem querer parecer fraco, Ronald Weasley estufou o peito e disse:

- Grande? Uma aranhazinha daquelas?

- Então você não tem medo?

- Acha que um cara como eu iria ter medo de uma aranhinha como Aragog?

Impressionado e ingênuo, Harry confessou:

- Eu o admiro, Ronald Weasley. Você matou o monstro Aragog. Deve ser muito corajoso.

Ronald Weasley arregalou os olhos, rapidamente dando-se conta de que Harry Potter tinha chegado à conclusão errada. Ao ver a aranha morta, concluíra que o autor da façanha era Ronald Weasley.

E Ronald Weasley estufou o peito ainda mais.

- Bom, quando alguém mata o monstro Aragog, certamente não o faz se tiver medo.

Uma voz quase o interrompeu, vinda de trás:

- Com certeza!

As três figuras em negro aproximaram-se. Harry se manteve em guarda, mas uma voz masculina aristocrática tranqüilizou-o:

- Não se preocupe jovem Harry Potter. Não viemos fazer mal. Somos os enviados do Lord das Trevas. O seu amigo, pelo cabelo característico, é um Weasley.  - Disse a palavra como se fosse algo particularmente repugnante e desagradável. - Estou certo?

- Ronald Weasley, senhor.

A mulher indagou:

- E você diz que foi você quem matou o monstro?

Harry respondeu:

- Oh, sim. Ele é modesto para admitir. E é muito corajoso, também.

- Mentiroso!

Ela apontou uma varinha para Weasley e um raio vermelho o fez cair no chão. Harry franziu o cenho e partiu para cima da mulher, que o deteve:

- Calma, garoto! Como eu disse, não viemos aqui fazer mal.

- Mas também não deixamos que outros levem o crédito por aquilo que nós fizemos - disse o aristocrata, acariciando sua bengala de prata.

- Vocês fizeram? - repetiu Harry. - Foram vocês que mataram Aragog com sua mágica? Devem ser poderosos!

- Não, nosso Lord é poderoso.

- Salvaram minha vida. Posso retribuir o favor?

Eles se entreolharam. O mais aristocrático se aproximou, fez uma breve mesura e convidou, em voz afável:

- Como eu disse, viemos aqui a pedido do Lord das Trevas. Lord Voldemort reconhece o valor e a coragem de Harry Potter e deseja lhe oferecer sua hospitalidade no castelo de Little Hangleton.

- Ficarei honrado - Harry respondeu com uma mesura profunda.

- Venha também, Weasley - disse a mulher. - Você está se vangloriando de ter conquistado bestas, então ao menos acompanhe o jovem herói em aventuras de verdade.

Foi então que Harry ganhou um acompanhante nas terras de Lord Voldemort, que, apesar de ter apenas o título de Lord, era na verdade como um rei para aquelas pessoas. E ele foi tratado como o hóspede de um soberano, banhado em águas perfumadas, vestido com sedas macias e outras roupas vistosas. Comida também lhe foi trazida, um banquete digno de um príncipe, mas quem mais gostou disso foi Ronald Weasley, que se atracou na comida como se não tivesse se alimentado nos últimos dias.

Então Harry foi conduzido, com Weasley a acompanhá-lo, por dois criados aos três enviados de Lord Voldemort, no Salão Principal do castelo. Sem as máscaras, eles eram ainda mais imponentes. Mas Harry não se intimidou. Foi quando os sussurros se espalharam:

- Ele está vindo!

- O Lord está vindo!

- Ele está vindo! Preparem-se!

Harry ficou sobressaltado, ao ver o corre-corre e o nervosismo de todos os criados. Até os três altivos enviados do Lord estavam inquietos. Todos se postaram de joelhos e abaixaram a cabeça. Harry fez o mesmo.