O Estranho e Improvável Teorema de Nós Dois escrita por Siaht


Capítulo 2
Criatura de Hábitos


Notas iniciais do capítulo

Oie, gente! :D
Tudo bem com vocês?
Bom, primeiro peço desculpas pela demora, mas fiquei sem computador por um tempo e só consegui voltar a escrever essa semana.
Segundo, preciso falar sobre uma coisa bem chatinha e fazer alguns esclarecimentos. Alguns dias atrás recebi uma mensagem privada de uma autora de outra fic falando sobre o nome "Sagitta Malfoy" e como ela também tem uma personagem com esse mesmo nome. Nós já nos resolvemos, mas gostaria de deixar claro que nunca havia lido a fic em questão e não me inspirei nela de forma alguma. Escrevo fanfic há sete anos e sempre me recusei a fazer qualquer coisa nesse estilo. No entanto, membros das famílias Black/Malfoy têm o hábito de dar nomes de estrelas/constelações aos filhos e a Sagitta é um nome de constelação. Ou seja, tudo foi uma coincidência, até porque ambas estávamos nos amparando em uma ideia extremamente clichê. De mais, as duas personagens e histórias são completamente diferentes e não há nada, além do nome, minimamente similar.
Acho que era isso.
Espero que gostem do capítulo! ♥



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Louis William Weasley era uma criatura de hábitos. Hábitos metódicos e há muito definidos. Amante da rotina, do tédio e –  sobretudo –  do controle, o rapaz tinha cada um de seus passos milimetricamente planejados em uma narrativa seriada da qual ele era o roteirista absoluto. Ao menos até a quarta-feira chuvosa em que nossa história se inicia.

No instante em que Sagitta Malfoy, a pária de cabelos roxos, sentou-se na mesa de Louis Weasley, o antissocial convicto, sem ser convidada, toda a ordem do universo foi abalada. É bem verdade que, naquele primeiro contato, nenhum dos dois disse uma única palavra, encarando com uma dignidade silenciosa os longos minutos que se seguiram, ambos extremamente conscientes da presença um do outro. Ainda assim, aquela foi apenas a primeira vez em que o destino os juntou e o princípio do que eventualmente se tornaria um desastre.

Ao sentar-se naquela mesa, conscientemente ou não, a garota quebrou todas as regras e deu aos colegas futriqueiros novos motivos para que falassem a seu respeito. Naquela tarde, enquanto a chuva continuava a cair sem misericórdia, a Academia Shoreline para Abortos foi contaminada por burburinhos maldosos que se alastraram como a Peste Negra. Qualquer pequena ação de Sagitta já costumava ser motivo o suficiente para elevar as temperaturas do sempre gélido castelo. Naquele dia, no entanto, ela ultrapassara seus próprios limites, causando um verdadeiro cataclisma.

A menina havia se sentado com Louis, o misterioso sobrinho de Harry Potter que arrancava suspiros por onde passava, e ele não havia feito nada. Os dois adolescentes eram as celebridades locais e, envolvidos na áurea quase mística de suas famílias, atraiam atenção por onde passavam, despertando a curiosidade dos demais estudantes. Sendo assim, era como se Angelina Jolie e Brad Pitt tivessem seu affaire revelado. Na verdade, era mais forte e bombástico do que isso, porque os sobrenomes dos jovens tornavam a situação nitroglicerina pura. Weasley e Malfoy. Juntos. Aquilo era um verdadeiro escândalo!

Louis e Sagitta obviamente notaram o estardalhaço que se desenrolava ao seu redor e o modo como os olhares constantes se multiplicaram durante aquela tarde. Ainda assim, preferiram fingir que nada anormal acontecia e seguir suas vidas. Seria mentira, contudo, dizer que o rapaz não se incomodara com a pequena invasão de sua mesa. Sua rotina havia sido alterada, o roteiro de seu dia ganhara um segundo autor, seu planejamento sofrera uma rachadura. Aquilo o incomodou durante a tarde inteira, como se um pernilongo invisível estivesse zumbindo incessantemente em seu ouvido.

 Na hora do jantar, no entanto, a cena se repetiu, com a menina, ainda calada, sentando-se junto a ele. O garoto queria dizer alguma coisa, queria expulsá-la e pôr um fim àquela situação ridícula. Entretanto, mais uma vez se viu imobilizado pelos intensos olhos cinzentos da moça. Havia tantos sentimentos silenciosos gritando através das chamas que aqueles olhos emanavam, que o Weasley não era capaz de encará-los por mais de meio minuto sem sentir-se desconfortável e esquecer-se de qualquer indignação que seus lábios desejassem proferir. Louis simplesmente não conseguia confrontá-la e sequer entendia o motivo daquilo. Mais uma vez limitou-se a voltar sua atenção ao livro, que sempre trazia consigo, e tentar ignorar o incômodo que crescia em seu estômago.

Dessa forma, ao longo das semanas, a situação se tornou recorrente. Todos os dias Louis Weasley e Sagitta Malfoy compartilhavam três refeições: café da manhã, almoço e jantar. Nenhum deles dizia qualquer coisa, mas com o passar do tempo, o desconforto foi lentamente desaparecendo, enquanto uma nova rotina ia se instaurando. Os dois sentavam-se juntos, colocavam seus fones nos ouvidos, abriam seus livros – os da menina sempre com dragões, cavaleiros em armaduras ou princesas na capa, os do rapaz constantemente amparados em fatos históricos ou envolvendo crimes complexos e misteriosos – e decidiam se a refeição em suas bandejas valia à pena ou se podiam simplesmente ignorar a comida.

Aos poucos, o garoto foi percebendo que a situação não era de todo desagradável e se viu, mesmo que inconscientemente, prestando atenção em Sagitta. Primeiro descobriu seu nome, entre-ouvindo uma conversa empolgada sobre como ele e a tal Sagitta Malfoy seriam um casal, vivendo um romance shakespeariano. Revirou os olhos para aquela hipótese esdrúxula, mas assimilou a identidade da moça desconhecida que – sabe-se Deus por que – resolvera invadir seu espaço pessoal.

 Louis sabia que havia uma Malfoy em seu colégio. Procurava evitar os colegas e suas fofocas intermináveis, mas não era surdo, além disso, suspeitava que, mesmo que não possuísse uma audição perfeita, jamais conseguiria se manter imune ao estardalhaço que acontecera na Shoreline quando uma “filha de Comensal da Morte” fora descoberta entre os demais estudantes. Embora, na época, houvesse se apiedado da garota e de toda a atenção indesejada que ela recebia – algo que o Weasley sentia na própria pele – , o garoto nunca pensou muito sobre a senhorita Malfoy ou fez qualquer esforço para distingui-la das outras tantas infelizes alunas da Academia Shoreline para Abortos. Pelo menos, não até que ela tornasse impossível que ele não a notasse.

Seria difícil não reparar em uma pessoa com cabelos roxos, ainda assim, a principal questão era que ao invadir tão constantemente o espaço do rapaz, a moça acabou despertando sua curiosidade. Então, mesmo sem querer, Louis Wealsey se flagrava notando pequenos detalhes a respeito de Sagitta Malfoy. Durante uma aula de Matemática, a observou, sentada no fundo da sala, rabiscando algo em seu caderno enquanto ignorava as equações no quadro. Na semana seguinte, a viu passar os cinquenta minutos da aula de Filosofia, encarando a chuva através da janela. Quando se tratava de Química, a garota sequer retirava os fones de ouvido e na Educação Física era a última a ser escolhida. As colegas claramente não se importavam com o fato da Malfoy ser excelente no basquete e regular nos outros esportes – exceto vôlei. A menina era um desastre no vôlei! – e pareciam adorar lembrar a Sagitta que ela não era bem-vinda. Uma parte do Weasley achava aquilo triste, a outra sequer achava que tinha o direito de se importar.

De qualquer modo, os dias se tornaram semanas e as semanas meses. Então, apesar do contragosto inicial, o rapaz acabara se habituado à presença sorrateira e silenciosa da estranha menina Malfoy. Às vezes, até mesmo se questionava o que ela –  sempre tão imersa em si mesma, suas músicas, seus livros, seus rabiscos – estaria pensando. Quem era ela? O que se passava em sua cabeça? Como aqueles olhos elétricos enxergavam o mundo?

Sagitta era um mistério. A peça que não se encaixava no quebra-cabeça, a equação não solucionada, o enigma sem resposta. Era inevitável que o rapaz se sentisse atraído, afinal Louis sempre fora um amante da razão, das respostas absolutas e da compreensão de como cada pequeno pedaço do universo funcionava. A Malfoy era como um assassinato, em um dos livros que ele tanto adorava, um crime não resolvido. Porém, um crime com o qual  deveria se habituar, uma vez que a jovem era uma desconhecida e ele não tinha tempo a perder. Estava em seu último ano do Ensino Médio e precisava se dedicar, mais do que nunca, para o que vinha em seguida.

Louis Weasley tinha um plano. Um plano analítico, racional e matematicamente elaborado para garantir que seu futuro estivesse sob controle, que sua vida seria perfeita e, acima de tudo, para se assegurar que nunca mais estaria à mercê das surpresas. O havia arquitetado há anos e o seguira fielmente até ali, se agarrando a ele quando tudo parecia um caos. Aquela era sua luz no fim do túnel e o único consolo que jovem aborto conseguiu dar a si mesmo, após aceitar sua realidade sem magia. Garotas misteriosas e estranhas não faziam parte do plano. Independente de quão tentadoras pudessem parecer.

Ainda assim, Louis William Weasley era uma criatura de hábitos e, para o bem ou para o mal, compartilhar a mesa com Sagitta Malfoy se tornara um hábito. Desse modo, quando chegou, na segunda de manhã, ao refeitório e não a encontrou, soube que algo estava errado. O sentimento foi se intensificando durante o dia. Não houve qualquer vislumbre dos cabelos roxos da menina em nenhum corredor ou sala de aula, fazendo o colégio parecer mais cinzento e sufocante do que de costume, e a garota também não apareceu para o almoço ou jantar. A ausência incomodou Louis mais do que ele julgava ser possível.


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Notas finais do capítulo

Então? O que acharam do capítulo?
Espero que tenham gostado! ♥
Beijinhos...
Thaís



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