Na manhã seguinte, depois de rolar de um lado para o outro na cama, eu acordei. Abri meus olhos e me levantei. Quando vi que Jane não estava na cama, eu estranhei.

Sai da cama e fui para o chuveiro tomar banho.

Quando voltei do banho, já com a toalha enrolada no corpo, tentei localizar no quarto as roupas que tinha usado anteriormente.

Eu vesti a mesma calcinha e o mesmo sutiã, pois...eu estava ansiosa demais para tomar o café, e acabei me esquecendo de vestir o resto da roupa.

Sai do quarto e desci a escada, descalça mesmo.

Cheguei na cozinha e vi Jane apenas de roupa íntima também, preparando alguns ovos numa frigideira. Eu a surpreendi chegando por trás e abraçando a cintura dela.

Jane virou a cabeça para trás e me fitou.

"Bom dia, Karen!"

"Bom dia, Jane!"

Jane aproximou o seu rosto do meu e nós tascamos um selinho uma na outra. Depois, nos afastamos.

"Sabe, o jantar de ontem foi praticamente um desastre. No fim, esquecemos até do bolo...", lembrei.

"Sim, me desculpa, Karen. Não vai acontecer de novo", Jane falou arrependida.

"Não, eu não falei isso como algo ruim, eu só estava brincando.", rebati.

"Entendo. Eu estou fazendo uns ovos para nós.", Jane comentou.

"Eu sei. O cheiro foi até lá no quarto".

Jane acabou rindo do meu comentário enquanto virava os ovos.

"Karen, vá lá se sentar na mesa enquanto eu termino aqui", a mesma pediu.

"Tudo bem, Jane"

Fui para a mesa que já estava organizada com um prato e talheres dispostos ao lado do mesmo, e um guardanapo.

Me sentei.

"Ei, Karen! Você vai querer Bacon também?", Jane exclamou.

Voltei minha atenção para ela.

"Sim, e tudo o que eu tiver direito, Jane"

"Está bem."

Voltei a cabeça no lugar e fiquei olhando o prato vazio.

Então ouvi o som da frigideira sendo batida em um prato para que os ovos caíssem sobre o mesmo.

Olhei para Jane apagando o fogo do fogão, e em seguida descansando a frigideira sobre o mesmo.

Depois ela foi até a geladeira, pegou um pacote de Bacon e o deixou sobre a pia da cozinha.

Jane então, acendeu o fogo, e enquanto o olho já usado esquentava, ela pegou umas fatias de Bacon e as jogou na panela. Ouvi o som da carne sendo jogada no óleo quente e uns estalos.

Jane abaixou o fogo para não espirrar tanto óleo e se queimar e continuou a cozer o Bacon.

Então quebrei o silêncio.

"Jane, o que você acha de irmos depois em um café, lanchonete, sei lá?", inquiri.

"O quê? Eu não consigo te ouvir! Deixe-me terminar o Bacon e nós já nos falamos", Jane berrou.

Deixei a mesma continuar o que estava fazendo.

Após algum tempo fritando e virando o Bacon na panela, ouvi o som do fogo do fogão sendo apagado.

Olhei outra vez, e Jane havia posto o Bacon junto com os ovos que estavam no prato, colocou a frigideira de lado no fogão, e trouxe o prato com os ovos e o Bacon para a mesa.

Então ela depositou o prato na mesa, e em seguida se sentou no lugar que ela sempre sentava.

Nós pegamos os talheres e colocamos os ovos e o Bacon nos nossos pratos.

"Então, o que você acha? Eu cozinho bem, Karen?", Jane me questionou.

"Como vou saber se não provar?", devolvi.

Cortei um pouco do ovo e do Bacon e comi os dois juntos.

Depois de saborear a comida, comentei.

"Está muito delicioso"

"Sério? Eu acertei no sal do ovo?", Jane quis saber.

"É claro, minha rainha.", eu a bajulei.

"Karen, em que século você está?", Jane estranhou.

"É brincadeira, Jane."

Então Jane deu uma provada nos ovos e no Bacon do prato dela.

"Hmm...está mesmo muito bom.", a mesma atestou.

"Então, o que você queria saber mesmo?"

"Eu estava perguntando se nós não poderíamos sair e ir em algum café ou lanchonete, comer alguma coisa, sabe?", falei para ela.

"Você está com tanta fome assim?", Jane rebateu.

"Jane, eu vou vegetar aqui só comendo ovos e Bacon", brinquei.

Jane gargalhou.

"Tá, eu te levo em algum lugar.", Jane retrucou.

"Obrigada!", agradeci.

Senti que Jane ter aparecido na minha casa fez com que eu mudasse completamente. Eu não sei se a mesma sentia o mesmo por mim.

Talvez sim.  Acho que o humor dela estava melhorando.

"O que você acha de irmos ao shopping fazer compras? Eu não consigo usar as roupas que você tem. Elas parecem não se encaixar no meu corpo.", sugeri.

"Tudo bem. Iremos ao shopping também. O que mais?"

"Você está diferente, Jane...", observei.

"Diferente? Como?"

"Eu não sei, Jane. Você passou de "A viúva de luto", para "céu aberto" como da água para o vinho", explanei.

"Bem, eu acho que ter te conhecido foi a melhor coisa que aconteceu na minha vida. E eu te agradeço por isso, Karen.", Jane declarou.

"Não precisa me agradecer. Eu é que tenho que te agradecer por aparecer na minha vida.", contestei.

"E tudo começou com aquele bolo que eu disse que ia fazer...", Jane lembrou.

"Bem, nós ainda podemos fazê-lo juntas.", eu retruquei.

"Mas, você não estava querendo ir num café ou numa lanchonete?", a mesma observou.

"Sim, mas...nós podemos fazer e deixar o bolo para de tarde. Ai podemos comer com um café na minha casa, o que acha?"

"Na sua casa? Por quê?", Jane ficou confusa.

"Você não tem uma máquina de café, tem?", devolvi.

"Verdade. Eu não tenho. Seria bom, já que eu me levanto cedo todas as manhãs."

"Bem, talvez eu possa passar a minha máquina para você.", sugeri.

"Mas, como você vai se inspirar para as suas telas?"

"Eu acho que eu não preciso mais. Você topa posar para mim?", eu a interroguei.

"Claro. Eu adoraria. Mas...você quer que eu pose com roupa ou sem?"

"Como você se sentir confortável."

"Eu acho que com roupa.", Jane preferiu.

"Tudo bem. Eu também nunca pintei um nu artístico.", contei para ela.

Então, nós fomos preparar o bolo para de tarde, com os ingredientes que tínhamos, depois colocamos o bolo no formo para assar, e Jane acertou o timer na geladeira para cronometrar o tempo de cozimento.

Fomos então para a minha casa.

Na minha área de pintura, pedi a Jane que se sentasse no banquinho e fizesse uma pose enquanto eu a pintava na tela antes branca.

Fui olhando para ela e pintando. Misturava as cores no Godê, e ia pincelando.

"Só por curiosidade, Jane, o que você está achando de ser minha modelo?"

Jane fez que ia virar para mim mas eu a avisei para se manter na posição.

"Bem, eu acho que está sendo uma experiência interessante...", Jane comentou.

"Você já foi pintada por alguém antes?"

"Nunca. Essa é a minha primeira vez."

O tempo foi passando com a nossa conversa e as pinceladas que eu dava na tela.

Assim que terminei de fazer uma pintura bem básica na tela, Jane se levantou e nós ficamos olhando para aquele rascunho.

"Tá ficando boa.", Jane analisou.

"Eu também tenho uma boa modelo...", comentei.

Então Jane me lembrou do nosso bolo.

"Ei, vamos dar uma olhada no Bolo, acho que já deve ter assado."

"É mesmo! Vamos lá!"

Larguei o material de pintura, tranquei a minha casa e fui com Jane para a dela.

Chegando lá, notamos que ainda faltava alguns minutos no Timer, mas ao abrir o forno, nós notamos que ele parecia pronto. Jane deixou a tampa do forno aberta e em seguida pegou um garfo e o espetou no bolo.

O garfo parecia sair seco do bolo.

"Acho que ele já está pronto. Só desligar o forno e deixar esfriando.", Jane atestou.

Deixamos o bolo esfriando no forno fechado.

Saímos, e fomos para um café qualquer.

Uma garçonete nos atendeu e mostrou-nos o cardápio. Nós pegamos e ficamos olhando. A mesma disse para nós ficarmos a vontade e que depois voltava para marcar o nosso pedido. Agradecemos.

"Então, o que vai pedir, Karen?", Jane me perguntou.

"Eu não sei. Acho que um suco e...um sanduíche.", repliquei.

"Lembre-se que tem sobremesa em casa.", Jane me lembrou.

"Sim. Eu sei. Eu estou escolhendo. E você, o que vai pedir?", quis saber.

"Ainda não sei, talvez...só um café, ou talvez um chá...", Jane comentou.

Nem bem resolvemos, a garçonete veio ver se já tínhamos decidido.

"Vocês já escolheram o que vão querer?", a mesma nos questionou.

"Eu vou querer um suco de laranja. E...um hambúrguer", falei para a garçonete.

"Ok. E você, senhora?", a mesma voltou-se para Jane.

"Só um café para mim, me trás um capuchino, por favor", Jane pediu.

"Ok. Obrigada", a garçonete anotou o pedido e recolheu os cardápios.

Acho que a garçonete ficou curiosa sobre nós duas, e perguntou se nós éramos mãe e filha.

Jane respondeu que nós éramos apenas amigas, nada mais que isso.

A garçonete agradeceu Jane por tirar a dúvida dela e se retirou com o pedido e os cardápios.

"Ela achou que eu era sua mãe...", Jane balbuciou.

"E que eu era sua filha.", comentei.

"Eu estou ficando preocupada com a nossa relação, Karen. Nós somos vizinhas, mas...as coisas estão caminhando para algo mais...concreto, eu acho. O que as pessoas vão dizer? Que eu não posso me relacionar com você, porque você é jovem demais?", Jane se queixou.

"Não liga para isso, Jane. Eu acho que estamos indo bem, e eu não ligo para a sua idade, eu amo como você é.", eu a lembrei.

"Karen...", Jane ficou refletindo sobre o que eu disse.

"Jane, não ligue para o que as pessoas achem. Eu gosto de você".

Então, depois de algum tempo, nosso pedido chegou. A garçonete nos serviu e depois se retirou.

Nós começamos a degustar das coisas que nós havíamos pedido.

Jane começou a beber o café dela e eu bebi um pouco do meu suco e depois dei uma mordida no meu hambúrguer.

"Como está o seu hambúrguer?", Jane quis saber.

"Está ótimo", repliquei com a boca cheia.