O Passado Sempre Volta escrita por yElisapl


Capítulo 39
Capítulo 38: Ligação.


Notas iniciais do capítulo

Estamos indo para os capítulos finais.



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Um ano atrás:  

Duas semanas. Treze dias. Esse foi o tempo que levei para matar as trintas pessoas que estavam na lista de Arkady.  

O trabalho fora fácil, a maioria dessa gente não sabia se defender e possuía apenas guarda-costas que não chegavam aos meus pés. Eu apenas tinha que fazer o serviço sem deixar vestígios e nem pontas soltas. Tinha que ser cuidadosa para não ser descoberta e rápida para não ser pega na ação.   

Matei trinta pessoas, nenhuma a mais e nenhuma fora do que estava na lista. E todos os corpos foram encontrados mortos, ou em seus quartos ou em algum lugar público. Algumas pessoas eu as assassinei como um simples corte na garganta, outras por um tiro silêncio na cabeça, mas nada que pudesse deixar minhas digitais.  

Perfeitamente como uma assassina profissional que me tornei. 

Vou até Arkady que está sentado na poltrona da sala. Ele sabia que faltava apenas uma pessoa para eu terminar o serviço e também sabia que eu terminaria hoje mesmo.  

Assim que entro na sala, jogo a faca que usei para cortar a garganta do último nome da lista na frente dele e por fim, inquiro:  

— Onde Blue Jone está? – É a única coisa que desejo saber para poder realizar minha vingança.  

— Acha mesmo que está preparada para matá-lo? – Ele me pergunta de volta. Eu apenas bufo como resposta. – O que foi? Eu devo garantir que não morrerá nas mãos dele. Afinal, você foi submissa dele por anos. Acredita mesmo que conseguirá assassinar o homem que fez de você uma boneca?  

— Sim – respondo, o olhando seriamente e friamente.  

— Aqui está o endereço de onde Blue Jones está - ele tira de seu bolso um papel pequeno, como um cartão. - E quando terminar sua vingança, volte para me contar qual é a sensação de pôr fim ao último motivo que te fez viver até agora. Quero saber se é realizador.  

Apenas pego o cartão de sua mão e trato de sair deste local sem olhar para trás, sem me importar com simplesmente nada, pois a única coisa que quero eu acabo de conseguir.  

Está na hora de começar a minha vingança.  

Eu vou ao meu carro – que ganhei para fazer o trabalho sujo de Arkady – e dirijo-me em direção ao endereço que Blue Jones está. O infeliz estava há uma hora de distância de mim este tempo todo.  

Paro de dirigir apenas quando estaciono em frente a uma casa, que aparentemente é o local que ele está escondido. Observo e analiso criticamente. Não há ninguém do lado de fora e aparenta não haver ninguém do lado de dentro.  

No entanto, o som da porta sendo aberta me faz agachar no carro. E ainda me mantendo escondida, consigo avistar quem estava procurando. 

Blue Jones. Ele está bem à minha frente, apenas alguns metros longe de mim. Se eu quisesse, poderia matá-lo agora, apenas com um tiro da arma que trouxe comigo. Entretanto, não é isto que quero.  

O permito ir embora e seguir seja para qual for o caminho. Eu sei que ele retornará para o seu esconderijo novamente, e quando voltar, estarei à sua espera dentro de sua casa. O deixarei preso igual fez a mim.  

Assim que Blue some do meu campo de visão, pego o meu celular e disco o número de Sweet Pea.  

— Felicity? - Ela pergunta, preocupada. Nós nos falamos poucas vezes desde que entrei no treinamento de Arkady. Inventei que além da viagem do trabalhei, comecei a fazer uma faculdade que me deixava ocupada. Tanto Sweet quanto Bruce foram ingênuos em acreditar em minha mentira. - Está com algum problema na faculdade ou no emprego? Sabe que se precisar, Bruce pode lhe dar dinheiro suficiente para isso.  

— Pare de falar, Selina e apenas me ouça - mando, a fazendo ficar quieta. - Eu passei este último ano inteiro mentindo para você. Eu não estou trabalhando e tampouco estudando.  

— Felicity... - Ela suspira, nitidamente decepcionada. - Você continuo atrás de Blue, é isso? Por que Felicity? Nós estamos livres dele, não somos mais vítimas dele! Por que não consegue simplesmente seguir em frente?  

— Porque não é possível, Sweet Pea! - Exclamo, enfim mostrando a raiva que contive por tanto tempo. - Enquanto Blue estiver vivo e solto, nós nunca estaremos a salva. Nós nunca estaremos de fato livres!  

— Você parou para pensar que a única coisa impedindo de sua liberdade é você mesma? Sua paranoia e seu medo. Babydoll, você não é mais a boneca dele. Desfaça das amarras que te mantem preso a ele.  

— Queria que fosse tão fácil quanto diz, Sweet, eu realmente queria – declaro, olhando a rua que se encontra vazia. - Mas não se preocupe, eu encontrei uma maneira de seguir em frente. 

— O que quer dizer com isso? - Ela questiona, não entendendo.  

— Eu encontrei Blue Jones, Sweet. E eu vou matá-lo. E assim que o matar, estarei finalmente livre dele – afirmo, convicta.  

— Não, Babydoll – ela nega, com tom de voz duro. - Se matar ele, Blue vencerá, seu pai vencerá - a citação de meu pai me faz frisar o cenho. - Eu me lembro de seu pai, lembro dele dizer que queria transformá-la em uma coisa que sua mãe não queria. E era disso que seu pai estava falando. Ele queria transformá-la em um monstro. Não deixe que ele vença, não deixe que Blue te vença. Nós podemos encontrar outra maneira de fazê-lo pagar.  

Eu gargalho no telefone. 

— Felicity? Ainda está aí? - Sweet Pea inquira, após segundos de silêncio quando parei de rir.  

— Já é tarde demais – falo, desempolgada. - Eu me transformei em um monstro, Sweet. Não há mais nada que possa me concertar.  

— Nunca é tarde, Felicity – ela começa a dizer - Você apenas precisa... - eu desligo a ligação. Não quero ouvir nenhum sermão.  

Eu quero apenas minha vingança. 

Pego do banco de trás os diversos itens de tortura que escolhi durante o tempo em que era treinada por Arkady. Graças a esses objetos, eu alimentava mais e mais o meu desejo.  

E enfim chegou a hora de usá-los.  

Atualmente:  

Meus olhos abrem devagar e demoram para se acostumar com a iluminação, mas assim que consigo deixá-los aberto, avisto Oliver sentado em uma poltrona ao meu lado.  

— O.. - sinto minha garganta seca. - Oliver – tento chamá-lo mais uma vez. E seus olhos que até então encaravam o chão, preocupados, voltam para mim.  

— Felicity! - Exclama, sentindo-se aliviado. - Como está se sentindo? 

— C.. Com sede – faço esforço para pegar o copo que está em minha frente, mas paro assim que vejo meu braço enfaixado. - O que é isso? 

— Deixa eu ajudá-la – ele diz, pegando copo d’água e me ajudando a beber. - Não se lembra do que aconteceu, Felicity?  

— Do que aconteceu? - Inquiro e só agora me dou conta que não estamos na arque, e sim em um hospital. - Oh, meu Deus... - murmuro, arregalando os olhos. - Tudo aquilo foi real? - Verifico o meu braço, a metade dele está enfaixada.  

— Sim, Felicity – responde e noto em sua expressão que a culpa nele. - Os médicos disseram que você tentou se matar e que nós chegamos a tempo de pará-la. Mas isto não é verdade, certo? 

— É claro que não! - Nego rapidamente. 

— Eles fizeram uma segunda avaliação em você, Felicity. E os resultados continuam o mesmo. Sua cabeça está bem. Não há nada que explique o porquê de tentar cortar seu pulso.  

— Eu não tentei me matar! - Aumento a voz, irritada. - Eu pensei que era um sonho, eu pensei que estava cortando os dedos de Blue porque era a única maneira de me livrar da mão dele que me segurava! Não achei que estava cortando o meu pulso!  

— Por que não disse para mim que estava tendo alucinações, Felicity? - Oliver pergunta triste. - Eu poderia tê-la ajudado a passar por isso.  

— É porque esta foi a primeira alucinação que tive, Oliver – explico, pegando na mão dele com o braço que está bom. - Não estou mentindo para você e tampouco escondendo um segredo. É sério o que digo. Eu achei que fosse apenas outro pesadelo, pois sempre o tive. No entanto, a projeção de Blue em minha mente me pegou de surpresa. Precisa acreditar em mim - peço, me sentindo impotente. - Acredite em mim, por favor.  

— Eu quero acreditar, Felicity. No entanto, Selina e Rocket disseram para mim que você já tentou se matar diversas vezes nesses oitos anos – as palavras de Oliver me acertam em cheio. Ele realmente acha que tentei acabar com minha própria vida. - E não há nenhuma explicação médica sobre sua alucinação com Blue.  

— Isso deve ser pelo cansaço que tive nos últimos dias. Eu estive há dois dias sem dormir e sobrecarreguei minha mente com diversas coisas. No entanto, agora estou melhor. Podemos voltar para arque.  

Oliver simplesmente nega com a cabeça. 

— Você ficará aqui, Felicity, até que o médico não te considere mais um perigo para si mesma ou para outros – declara, se levantando da poltrona e soltando de minha mão. - E é melhor assim, pois terá os tratamentos médicos corretos por quanto tempo precisar. Eu já volto, irei chamar uma das enfermeiras para dizer que acordou.  

E com isso, fico sozinha no meu quarto. Começo a observar a máquina indicando que o meu coração está batendo, o soro que estou recebendo devagar em meu corpo e por último a luz que vem da janela.  

Assim que ouço o som da porta do meu quarto ser aberta, torço para que seja a enfermeira e que ela consiga me dar alta daqui.  

Contudo, quem entra em meu quarto está longe de ser uma mulher.  

— Em que estado deplorável você está, Babydoll – Blue diz, caminhando em minha direção. - É assim que seu amado te trata? 

— É apenas uma alucinação. Ignore-o e ele vai embora – digo para mim em voz alta, deixando de olhar para Blue, focando-me na luz da janela. 

— Te prenderam aqui porque acham que você está ficando louca - Ele afirma rindo. - Eu vou fazê-la enlouquecer a ponto de duvidar de tudo que ver, Babydoll e assim, ninguém irá acreditar em nada do que diz– ele provoca e então, ficar perto demais de mim.  

Sinto que tem algo errado aqui. E por causa disso, deixo meus instintos agirem. Há apenas uma maneira para eu descobrir se estou alucinando ou não. Eu retiro a agulha do soro que está enfiada em meu corpo e perfuro a mão de Blue que está tocando em minha perna.  

— Você realmente nunca para de lutar – Ele diz, retirando de si a agulha de sua mão. Vejo em sua expressão um incomodo de dor e assim que vejo pequenas bolinhas de sangue escapando do furo que a seringa fez, eu tenho a certeza de que isto não é uma alucinação.  

— SOCORRO! - Berro, subitamente, fazendo Blue assustar. E eu simplesmente pego no braço dele, com a mão que possui mais força. - ALGUÉM ME AJUDA! - Continua a insistir.  

— O que está fazendo, sua idiota? - Inquira, com raiva. Sem hesitar, puxa seu braço com tudo, me impedindo de continuar a segurar. - Se continuar a gritar como uma louca, pensarão que é uma. 

— Se eu realmente estivesse louca, você não estaria com medo – afirmo e encho os pulmões para gritar: - OLIVER, BLUE ESTÁ AQUI!  

— Você sempre se achou muito inteligente, Babydoll – declara, se afastando de mim, eu tento prendê-lo de novo, mas não consigo, ainda estou fraca para isso – Mas não sabe o que te espera. 

— Não, é você quem não sabe o que te espera - eu desço da cama, mas acabo caindo no chão. Devo ter perdido muito sangue para não estar aguentando meu próprio peso. - Eu vou pegá-lo, Blue Jones.  

— Isso só acontecerá se conseguir sair daqui – ele para na porta e me olha, com humor – E isso eu duvido muito, afinal, você já não sabe mais o que é real ou não - e com isso, fecha a porta e desaparece da minha visão.  

Tento me levantar do chão e assim que forço os meus dois braços para me erguer, noto que o esquerdo, o qual havia cortado o pulso, está sangrando. No entanto, não posso me preocupar com isso.  

Consigo ficar em pé e vou em direção a porta, mas nesse mesmo instante, dois enfermeiros entram no local. Eles vão até mim e vejo que um deles está com uma seringa.  

— O que estão fazendo?! - Pergunto, preocupada. - Fiquem longe de mim! - Desvio deles, mas não serve muito, pois ambos estão em situações melhores que a minha – Me solte! Me solte! - Tento me soltar dos braços e impedir que a seringa seja aplicada em mim. - ME SOLTEM!  

— Felicity, pare! - Ouço a voz de Selina e com isso, paro de olhar a seringa e vejo que ela acabara de entrar no quarto.  

— Selina! Você precisa me escutar. Blue. Ele está no hospital! - Exclamo, desesperada. - Você precisa chamar o time e encontrá-lo!  

— Felicity... - ela me olha com pesar e sei o que irá dizer. 

— EU NÃO ESTOU ALUCINANDO! BLUE REALMENTE ESTÁ AQUI! - Continuo a me debater, mas está sendo difícil de continuar lutando, pois me sinto enfraquecer, porém, não posso deixá-los aplicar a seringa em minha. Eu preciso estar acordada, pois só assim consigo ajudar Selina e o time. 

— OUÇA-ME, FELICITY! - Ela ordena, com a voz cheia de dor. - UM SEGURANÇA FICOU DO LADO DE FORA DO SEU QUARTO ESTE TEMPO! E ELE NÃO VIU NINGUÉM ENTRAR E TAMPOUCO SAIR! VOCÊ ESTÁ ALUCINANDO DE NOVO! - E com sua afirmação, desisto de lutar.  

Isso não pode ser verdade. Eu não estou ficando louca.  

A seringa que é aplicada em meu corpo me faz acalmar e percebo que fui sedada. Os enfermeiros me colocam na cama novamente e devolvem o soro para o meu braço.  

Não demora muito para Oliver surgir com a enfermeira que havia ido chamar. Ele não fala comigo, apenas conversa com Selina e depois, simplesmente sai sem me dizer nada.  

A enfermeira trata o meu pulso. Ela percebe que graças ao esforço, a costura foi aberta, com isso, preciso refazer o processo novamente. Levou apenas quinze minutos para estar enfaixado novamente.  

Com isso, a moça sai e me deixa apenas com Selina que está sentada na mesma poltrona que Oliver estava sentado.  

— Você vai ficar bem, Felicity, nós vamos ajudá-la a se recuperar – ela diz com carinho, mas suas palavras me deixam confusa.  

— A se recuperar do quê? - Inquiro. - Nem sequer sabem o que tenho. 

— O médico acredita que você está com depressão, que ocasionou após o choque que passou ao ser presa novamente por Blue. Amanhã um psicólogo se encontrará com você e fará testes psicológicos para confirmar se não há nada mais.  

— Nada mais? Acha que eu possa estar enlouquecendo? Ter perdido sanidade? - Pergunto irritada. - É isso que Oliver também pensa? Quantas vezes terei que dizer que eu não quis me matar! - afirmo, acidamente. - De todas as pessoas, Selina, é você quem deveria acreditar em mim. Eu disse a você que estava bem. Nós conversamos sobre eu querer viver!  

— Sim, nós conversamos! - Ela responde dura, olhando-me intensamente. - Mas lembra-se que contou diversas mentiras para mim durante um ano? Como posso saber que isto não é mais uma mentira? Você sempre fora uma boa mentirosa – suas palavras me acertam em cheio. E Selina percebe isso. - Me desculpe. Eu não queria machucá-la, Felicity. Eu só quero que você melhore. Eu só quero garantir que fique bem. E se para garantirmos isso signifique você terá que por uma avaliação psicológica, eu apoio a ideia do médico - eu assinto, compreendendo.  

— Você tem razão, se fosse eu em seu lugar, também duvidaria de mim mesma. Afinal, eu estou enlouquecendo. Vendo coisas que não estão lá e fazendo coisas sem ter noção de estar agindo. Talvez eu tenha mesmo tentado me matar e não me lembre.   

— Deve haver uma explicação para suas alucinações, Felicity. Você não está ficando louca – ela tenta me ajudar, mas balanço a cabeça. 

— Eu não sei, Selina. Eu não sei de mais nada. Mas tem algo que ao menos tenho certeza. Eu quero conversar com Oliver, você pode chamá-lo, por favor? - Peço e ela assente. 

Mas antes de sair do quarto, beija minha testa e sussurra para mim:  

— Você vai ficar bem – e com isso, sai do quarto.  

Em menos de dois minutos, Oliver entra. Seus olhos se encontram com os meus. Acredito que nós dois estamos refletindo a mesma coisa um ao outro: Puro cansaço.  

— Selina disse que você queria conversar comigo. 

— Na verdade, eu quero te contar uma coisa – falo, preparando-me para começar. - Eu não sei o que está acontecendo comigo nesse momento, mas eu sei o que aconteceu comigo nos últimos oito anos.  

— Felicity... Você não precisa fazer isso agora. Eu não tenho pressa e posso esperar até que esteja pronta.  

— Eu estou pronta, Oliver – afirmo, o olhando seriamente. - Eu não diria estas coisas se não tivesse. Por favor, apenas me escute.  

Com o meu pedido, o vejo anuir e então, começo a contá-lo tudo desde o começo. Desde o momento em que fui levada ao um hospício que na realidade era uma casa de prostituição.  

Em alguns momentos, ele me olhava com horror, mas não de mim e sim das situações que passei. Em outros, sua expressão era de puro ódio, principalmente quando cheguei a parte do abuso que sofri e do tempo que passei sendo torturada por Blue.  

Quando eu termino de contar, percebo que estou chorando. Oliver simplesmente vem até mim e se senta na cama hospitalar. Ele me envolve em um abraço e acaricia minhas costas. 

— Está tudo bem, Felicity – diz, tentando me fazer parar de chorar. - Tudo o que aconteceu está no passado e continuará no passado. Blue foi preso uma vez e será novamente. Só que desta vez, eu garantirei que seja para sempre. Que seja enviado para a Lian Yu e apodreça na ilha – e então, ele beija a minha cabeça. - Obrigado por dividir o seu peso comigo. E isto me faz te amar ainda mais, se é que é possível. Você é incrível, Felicity. Você é uma lutadora. A minha guerreira. 

Eu acabo rindo.  

— Sua guerreira? Isso soa realmente bem. Me imaginei lutando contra um dragão e vestindo uma armadura para te salvar. Você seria o rei na torre – eu brinco, pegando a mão dele e envolvendo na minha.  

— O certo não é ser um príncipe na torre? - Indaga, rindo. 

— Sim, mas Sammy é o meu príncipe. Você é o meu rei – sorrio.  

— Sendo assim, eu, Oliver Queen, seu rei... – ele diz, colocando-se de frente para mim e com sua mão, toca no meu ombro esquerdo e depois no direito – A nomeio, minha rainha guerreira – nós dois rimos com sua interpretação.  

— E qual é a minha missão? 

— Nunca parar de lutar. E nunca abandonar o seu rei, pois este não quer governar sozinho e mesmo sabendo que sua rainha guerreira pode viver sem ele, o pobre coitado não pode.  

— Você consegue viver sem mim, Oliver – digo, brincando com sua mão.  

— Tem razão, eu consigo. Mas não quero – afirma, entrelaçando nossas mãos de vez. - Minha alma se apaixonou pela sua. E elas estão entrelaçadas exatamente como nossas mãos. Eu amo você, Felicity Smoak. Do jeitinho que é - desta vez, ele beija o meu nariz. 

Novamente, não consigo me conter e acabo sorrindo.  

— Até mesmo se eu ficar louca? - Indago.  

— Você não vai ficar louca. Eu garantirei que fique bem.  

— Sei que fará isso, Oliver. É por isso que também amo você - nós nos fitamos intensamente. E de repente, era como estivéssemos olhando um para a alma do outro. Como se elas estivessem conversando.  

O som de alguém batendo na porta faz com que nossa ligação chegue ao fim, pois ambos olhamos para quem está na porta. 

— Desculpa interromper, gente - É Thea quem está na porta. - Mas tem diversas pessoas que também quer ver Felicity – e com isso, Sammy surge correndo em minha direção.  

— Felicity!! - Exclama feliz. - Você já melhorou?! Comida de hospital é realmente ruim? Por quanto tempo vai ficar? E por que machucou a si mesma? - Ele pergunta disparadamente.  

— Respira, Sammy – Roy pede entrando no quarto, atrás dele, vem Diggle, Laurel, Rocket, Bruce e Selina.  

E com isso, todos nós conversamos muito. Nos esquecemos que estávamos em um hospital e conversávamos como se estivéssemos em um bar ou restaurante. Parecíamos uma grande família.  

No entanto, como toda família, sempre há um parente brigado com outro. E nesse caso, eu e Sara somos estes parentes.  

Assim que Sara entra no quarto, todos decidem sair, até mesmo Oliver. Acredito que eles pensem que ela irá se desculpar comigo. Contudo, não a conhecem tão bem assim.  

Quando ficamos as duas sozinhas, Sara enfim começa a falar:  

— Eu não acredito nisso, Felicity – declara irritada - Não acredito que tentou se matar.  

— Sara, se veio aqui apenas para me dizer que todo mundo passou por várias coisas difíceis e que mesmo assim todo mundo suportou e ninguém tentou se suicidar. É melhor nem começar com o sermão. Eu não tentei fazer nada comigo.  

— Eu sei. É por isso que disse que não acredito que tentou se matar – ela se aproxima de mim. - Mas por que o médico teve que te sedar?  

— Porque eu achei ter visto Blue novamente. E com isso, o médico acha que posso ser um perigo para mim e para os outros.  

— Não. Eu não acredito neste médico - ela diz, pensando – Deve haver algo mais que não estamos percebendo. ] 

— O que está querendo dizer com isso? - Friso o cenho, não entendendo. 

— Você é inteligente demais, Felicity. Não seria enganada duas vezes por uma alucinação. E se realmente viu Blue? Se ele realmente esteve aqui? 

— O segurança ficou na minha porta o tempo todo, Sara. Ele disse que não havia visto ninguém - e então, eu percebo o erro que deixei passar. - A não ser que o segurança seja comprado por Blue.  

— É como eu disse, você não seria enganada duas vezes por uma alucinação. A conheço o suficiente para saber que arranjaria um jeito de não ficar agindo como louca.  

— Você sabe se há uma câmera no corredor que dá acesso ao meu quarto? - Indago e ela assente. - Acha que consegue a gravação da hora em que enlouqueci?  

— Será moleza – declara, indo para a porta. - Não conte para ninguém sobre isso, Felicity. Senão, eles pensarão que seu estado está ficando pior a cada momento. Apenas me espere – e com isso ela sai.  

Após Sara sair, ninguém entrou no quarto. E eu continuei a esperar, preparando-me para saber se conseguimos alguma coisa. Se Blue realmente esteve aqui, pois se sim, significa que está na cidade. Significa que está preparando alguma coisa.  

Você sempre se achou muito inteligente, Babydoll. Mas não sabe o que te espera. Relembro-me do que havia dito.  

Será que é um aviso de que em breve voltará a atacar? No entanto, qual é a razão de tentar me fazer parecer louca? De me deixar presa neste hospital?  

Paro os meus pensamentos assim que ouço a porta do quarto ser aberta. Sara entra apressadamente e tranca a porta.  

— Você tinha razão,  Felicity – ela diz, abrindo a janela do quarto e olhando para baixo. - Blue esteve no hospital e é por isso que nós temos que tirá-la daqui.  

— Por que está preocupada, Sara? - Inquiro, confusa ao vê-la abrir as gavetas do cômodo que possui no quarto. - O que está acontecendo? 

— Assassinos, Felicity – ela responde, pegando os panos que encontrou e começando a amarrá-los um no outro. - Lembra da Liga de Assassinos na qual fui treinada? Então, há vários deles aqui. E duvido muito que estejam aqui para me visitar.  

— Se não estão atrás de você, então, estão atrás de quem? - Friso o cenho e já trato de me colocar em pé, afinal, já se passaram horas e com isso estou melhor fisicamente. O braço com o pulso cortado é o único que não tenho como utilizado.  

— Estão atrás de você, Felicity – ela responde, puxando o coberto da minha cama e o lençol também. - Blue Jones está liderando-os.  


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