O Passado Sempre Volta escrita por yElisapl


Capítulo 1
Prólogo.


Notas iniciais do capítulo

Primeiramente, obrigada por dar uma chance a história de Felicity.
Agora irei explicar um pouco antes de inicia-la.
Nesta história haverá muitos dramas, mistérios, ação e sofrimento. Não garanto que tudo será rosas, está mais para cactos.
Se você tem paciência, digo para seguir em frente com a leitura, mas caso não possuir, se arrisque.



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Mal você sabe como estou quebrada 

Enquanto você cai no sono 

Oito anos atrás: 

Meu filósofo favorito sempre fora Romain Rolland, pois ele foi um homem notável. Sempre levei comigo uma de suas frases: ''A vida não é triste. Tem horas tristes. '' 

Para mim, neste exato momento, a vida parece estar travada em apenas uma hora. Os ponteiros pararam e me deixaram permanente nesta hora triste. 

Eu tento fugir disto, mas não consigo e talvez eu nem quero. No entanto, eu não fico só neste estado melancólico. Eu sinto raiva. Um sentimento que me preenche toda vez que penso nele. 

Continuo me perguntando como uma pessoa é capaz de fazer algo monstruoso, ganancioso e desumano. Mas às vezes não há respostas para isso, portanto não encontro nada que explique como meu pai foi capaz de fazer tal ato que nunca cogitei que alguém pudesse fazer. 

— Não se preocupe garota, eu irei garantir que receba um bom tratamento, pois será necessário depois do que fez. – fala meu pai com um grande sorriso estampado em seu rosto.   

Antigamente eu gostava de ver meu pai sorrindo, ele não era de sorrir muito. Mas desde o que ele fez seu sorriso não se fecha.  Quando vejo seus dentes amarelados significa que algo ruim está por vir. Algo que será ruim apenas para mim. 

Desvio meus olhos e foco meu olhar em outra coisa que não seja seu rosto, não compensar gastar meus últimos minutos de liberdade olhando para alguém que não reconheço mais.  

Observo a paisagem do lado de fora da janela, o dia está nublado e chuvoso. A antiga eu odiava dias assim, ela iria querer ver o sol, sentir o calor dele na pele, ver as nuvens e seus formatos diferenciados, entretanto, a antiga eu não existe mais. Agora só existe uma pessoa vazia e sem esperanças, uma pessoa que torce para que seus dias na Terra acabem, pois não encontra motivos para continuar. 

Meu pai está me levando para um lugar desconhecido, no qual sei que será minha ruína.  

Ao perceber que o carro parou, levanto-me, pois estava deitada. Olho atentamente o lugar no qual ele irá me deixar. Macabro. Meu próprio pai me abandonará em um hospício. Se eu for observar, não parece tão mau assim. Talvez eu realmente esteja louca, afinal é isto que dizem em jornais: Filha surta e mata sua mãe e sua irmã. 

Alguns homens vestidos de médicos caminham em nossa direção com um grande sorriso estampado em seus rostos. Faço esforço para impedi-los de abrirem minha porta, mas minha resistência é inútil. Eles me puxam para fora do carro. Tento correr para fugir daqueles que querem me prender, porém é em vão. As mãos daqueles homens me seguram e não parecem fazer muito esforço. Arrastam-me para dentro do local que exala um odor pútrido. 

Quanto mais fundo entramos, mais eu me sinto presa. 

Param de me arrastar ao chegarmos a um cômodo que não parece nada como de um hospício.  Avisto mulheres treinando passos de danças. Todas elas param para me olhar de cima a baixo e começaram a sussurrar. É como se eu tivesse na escola e as garotas me avaliassem.  

A diferença é que tinha algo depois da escola, aqui eu estarei presa por um tempo indeterminado. Sinto que terei minha liberdade de volta apenas quando morrer, caso o contrário, continuarei presa.  

Os sussurros param quando um homem de terno entra. Pela sua aparência posso julgá-lo que tem por volta dos 25 anos. Ele possui um bigode, seus cabelos e olhos são escuros e inexpressivos. Quando seu olhar cai sobre mim, ele se espanta.   

— Posso saber agora o que está acontecendo aqui? – questiona ele. 

— Esta é a minha filha que comentei por telefone, a que eu iria trazer aqui. – meu pai fala me puxando para mais perto, e me fazendo sentir ainda mais desprezo. 

— Ela pelo menos tem 18 anos? – o homem pergunta com desdém. 

Ainda faltam muitos meses para meu aniversário. Eu ansiava por ele, porque assim eu seria dona de mim mesma, no entanto, pela primeira vez fiquei contente em não ser maior de idade. 

— Eu tenho 17 anos. – disse me intrometendo. 

Ele passa suas mãos nos cabelos e me dá uma longa olhada. 

— Não posso ficar com ela. Nós temos regras em relação à idade. – declara suspirando. 

— Talvez isto aqui possa convencê-lo a quebrar esta regra – meu pai pega sua carteira e coloca na mão do outro homem. – O que acha agora? - o homem de terno avalia o dinheiro que contém dentro da carteira e vejo luxuria em seus olhos. Não é uma coisa boa para mim. 

— Eu acho que esta gracinha aqui vai adiar a data de seu aniversário – ele responde calmo. - Parabéns querida, agora você tem 18 anos. – um sorriso abre-se em seu rosto. - Hoje é o seu aniversário. 

Mantenho-me calada, pois se eu abrir minha boca, irá apenas sair impropérios. Contudo, este lugar me deixa um tanto curiosa, não aparenta ser um hospício como diz a placa, então o que é aqui?  

— É agora que nós iremos se separar, querida. – diz meu pai com um tom repugnante.  

Se essa for à última vez que o vejo, preciso que ele fique com algo que nunca irá esquecer-se de mim. Com este pensamento, eu o arranho com minhas unhas, deixando uma marca em seu rosto. 

— Sua filha da puta. – vocifera ele, enquanto me acerta um soco. Aquilo é o bastante para me derrubar no chão. Por sorte o roxo do soco não durara tanto tempo quanto a marca das minhas unhas 

— Olha só a gatinha tem garras – pronuncia-se o homem de terno. - Você merece um nome – seus olhos avaliam o meu rosto. – Se chamará Babydoll. 

Atualmente: 

Meu aniversário é hoje. Não gosto de comemorá-lo, pois não é uma data feliz, pelo menos não para mim.  

Eu fico agradecida por estar viva, mas não me convenço o suficiente para comemorar mais um ano de vida. Não depois de tudo que aconteceu comigo. 

Às vezes me pego pensando em como seria a vida das pessoas se eu não tivesse nascido. As únicas pessoas afetadas pelo meu nascimento foram minha mãe e minha irmã, tirando elas, a minha existência fora muito bem utilizada. Então, não há muito que reclamar, eu apenas preciso aceitar. Uma coisa que tento fazer há anos. No entanto, falho miseravelmente nas tentativas. 

Meus treinos diários continuam, mas diminuíram desde me instalei nesta cidade. Só que desta vez eu precisava socar algo. Por isto peguei o boxe e comecei a socá-lo sem parar. Descontei tudo neste saco cheio de areia ou qualquer coisa que esteja dentro dele. 

Hoje eu estou de folga da empresa, o que para mim significa ficar o dia inteiro treinando. Não é bom para uma pessoa como eu ficar sozinha, pois algumas vezes me pego conversando com pessoas que não fazem mais parte deste plano e isto me faz perguntar o quão perto estou de se tornar louca. 

Não consigo me ver em um sanatório, um lugar onde estará cheio de pessoas que serão mais loucas que eu. Não me vejo presa e enjaulada, pelo simples fato que a loucura me atingiu por completo. Seria horrível morrer em um lugar desses. Torço para que quando eu morrer tenha todas as pessoas que amo em minha volta. Isto sim seria uma ótima morte. 

Fico contente ao ver que é hora de estar na arque-caverna e finalizo meu treino para me arrumar. Tomo um relaxante banho e visto um simples vestido azul. 

Dirijo-me até a arque e começo meu turno. 

Não achei que meus amigos fossem fazer uma festa em relação ao meu aniversário, mas Diggle é um tipo de amigo que gosta de comemorar datas festivas – mesmo que não signifique o mesmo para a pessoa - e isso me faz pensar o quanto tenho sorte em tê-lo. 

— Parabéns Felicity. Nós não nos esquecemos que hoje é seu aniversário. – ele sorri para mim. 

Logo vejo Roy com um pequeno bolo, e eu assopro as velas que indicam que hoje estou completando 26 anos. Nunca pensei que viveria tanto tempo. 

— Muito obrigada, meninos. – beijo cada um deles. 

— Ideia do grande Oliver. – Digg pigarreia. 

Nós encaramos Oliver que aparentemente está ocupado olhando paras as câmeras, quando ele percebe que está sendo observado, nos dá um olhar confuso.   

— O que foi? – pergunta franzindo o cenho. 

— Droga, Oliver, nem para nos ajudar a fingir. – comenta Roy rindo. 

O olhar de Oliver cai sobre mim e é tão fascinante a maneira como ele consegue me fazer perder o ar. Eu nunca vou me cansar de admirar seus olhos azuis que me lembram do céu. 

— Não tem problema – minto. Talvez eu quisesse que Oliver se importasse pelo menos um pouco. – Há muitas coisas pedindo nossa atenção, como por exemplo, a cidade.  – desvio o meu olhar para o computador buscando por algum movimento estranho. 

Não há nada. 

— Que estranho. – as palavras acabaram escapando de minha boca.   

— Também estranhei Felicity, está tudo calmo – Oliver se aproximou por de trás de mim, me fazendo suspirar levemente. É difícil resistir à tentação de não tocar em seus bíceps. – Se houver algo me avise, enquanto isso eu irei treinar um pouco.  - Eu apenas assinto. 

Meus olhos começam a segui-lo e não demoram muito para terem uma visão de Oliver sem camisa (no qual fica muito melhor assim), pensei que este aniversário fosse deprimente como os outros, mas muito pelo contrário. Ver Oliver Queen, um deus-grego sem camisa é a melhor coisa que alguém pode ter me dado, são poucas as coisas que me lembram o motivo de eu continuar vivendo e não ter desistido. Uma dessas coisas é ele – junto com seus músculos - não faz quase nem um ano que estamos trabalhando juntos e este é o meu primeiro aniversario que passo com ele e com o resto do pessoal. 

—Você não está achando tudo muito calmo? – Diggle pergunta para Oliver. Acabo me lembrando que tenho algo para fazer em vez de ficar observando um deus-grego. 

—Está tudo fácil. – sua voz grossa fez com que meu olhar voltasse para ele. Sua afirmação é verdade, nos últimos dias as coisas andam tão fáceis. Apenas alguns roubos e tentativas de assassinato. 

Mas minha cabeça não está pensando em como as coisas estão fáceis. Minha cabeça está pensando em por que eu simplesmente não tomo coragem em falar com ele de uma vez? Porque você não quer estragar isto, afirma meu subconsciente. 

Desde que entrei para o time me convenci de não tentar nada em relação a Oliver, pois seria ridículo estragar nossa amizade por apenas uma noite. Uma noite que seria o maior arrependimento de nós dois. Eu sei muito bem que sinto uma enorme atração em relação a ele, mas a questão é: quem não sentiria? Oliver Queen é o desejo de todas as mulheres, e olha que elas nem sabem que ele é o Arqueiro-Verde, pois se soubessem, todas lamberiam o chão que ele pisasse. 

Algumas vezes minha razão é colocada em aposta quando Oliver se aproxima de mim ou quando vai fazer seus treinos sem a camisa. Tirando essas vezes, eu consigo agüentá-lo normalmente, desde que esteja muito bem vestido e distante de mim. Mas não tem como fazer algo sozinha, pois ele nunca se mostrou estar interessado em mim da mesma forma que eu. Mais um ponto para garantir minha amizade com ele intacta. 

Meus pensamentos param quando escuto o toque do meu celular, me afasto dos monitores – e desvio meus olhos de onde Oliver treina – para conseguir atender a ligação de uma pessoa que provavelmente desejara algo de mim.  

Eu não tenho muitos amigos. Grande parte do meu ciclo de amizade está aqui comigo. Então só pode ser as meninas querendo consultar como está a cidade, pois as irmãs Lance estão de folga hoje. Apenas sei que elas não estão me ligando para me desejar parabéns, porque já fizeram isto de manhã. 

Sinto um arrepio ao ver que o número que está me ligando não é de ninguém que conheço. Na realidade é de um desconhecido. O que é estranho, pois meu número é particular, as pessoas só possuem meu número caso eu passe para elas. 

— Não faço ideia de quem seja, mas espero que tenha ligado errado. – digo de maneira suave. 

Uma parte de mim queria que a pessoa realmente tivesse ligado por engano, mas a outra parte já sabe que ninguém iria conseguir ligar para o meu número apenas porque cometeu um erro ao digitar os números. 

 - Tenho certeza que liguei para o número certo. – responde com um tom de sarcasmo. Há quanto meses não escuto esta voz? Não sei, no entanto, eu ainda consigo reconhecer seu timbre. - Feliz aniversário, Babydoll. 

 


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Notas finais do capítulo

Sintam-se à vontade para prosseguir, vocês já notaram como será a história daqui para frente.
Sintam-se à vontade para comentar e favoritar.



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