Prólogo

Ser mutante não é fácil.

Sofremos constantemente por sermos diferentes, por termos poderes sobrenaturais. Por sermos quem somos.

Lembro-me de quando criança ter perguntado a minha mãe o porquê de nos mudarmos tanto. Ela havia me dito que gostava de conhecer lugares novos, mas descobri pouco tempo depois que era porque me perseguiam.

Queriam de mim o que podia fazer.

Todos a minha volta me achavam uma aberração, um monstro. Menos minha mãe.

Ela dizia, todas as vezes que me via chorando, que eu apenas era especial. E que ninguém compreendia. 

Ela costumava brincar sobre o meu nome, dizendo que levei a sério o que havia desejado.

Quando se decidiu por Celeste, ela queria que eu alcançasse o céu, que eu o ultrapassasse. Que eu visse além do que os olhos mortais podem ver. Que eu voasse alto, bem alto. O céu não seria meu limite.

E ele não é.

Minha vida deixou de ser normal quando descobri isso.

Com apenas seis anos, aprendi a ver o que outros não conseguiam e fazer coisas que eram impossíveis.

Um dia, logo após meu aniversário de seis anos, estava brincando com um coleguinha de escola quando ele me contou que havia perdido seu cachorrinho e não conseguia encontra-lo.
Acabei por imaginar o pobre bichinho perdido por ai.

Somente isso.

Eu só pensei.

Foi como se minha mente estivesse viajando em alta velocidade, correndo contra a luz.

Em minha cabeça, apareceu a imagem de um cachorro preso dentro de um fundo buraco no grande parque da cidade. E via também um homem que provavelmente o havia jogado ali dentro.

Quando contei para o menino sobre isso e descrevi o homem e o animal, ele começou a chorar dizendo que era o pai dele.

Foi a primeira vez que usei meus poderes e nem sabia.

Depois desse dia, para tudo que eu queria encontrar ou descobrir, bastava apenas pensar.

Um pensamento é tudo que preciso.

No momento que descobriram sobre mim, pensaram que era uma bruxa. Uma feiticeira.

Vinham até mim querendo resposta como se eu fosse algum tipo de vidente.

O que não é tão diferente do que realmente sou.

Foi aí que as perseguições começaram. Se ficássemos muito tempo em apenas um lugar às pessoas começavam a desconfiar. Eu não tinha controle sobre meus poderes, e piorou ainda mais quando comecei a ter uma super força. 

Esconder estava ficando cada vez mais difícil.

Eu tinha medo do que estava acontecendo.

Do que estava me tornando.

Não queria ser uma mutante.

Mas tudo mudou quando, aos dez anos, conheci o Prof. Charles Xavier, que vem me ensinando a controlar e usar os meus poderes.

Agora posso aceitar quem sou.

Meu nome é Celeste Reed. 

Mas agora também sou conhecida como Vidente.