Fazia uma semana desde o acontecimento que me deixou com uma cicatriz no rosto, que me acompanhará até o dia em que eu morrer. Fazia uma semana que eu e Robin não nos falávamos direito devido aos acontecimentos que se deram entre nós, só trocávamos palavras para coisas realmente importantes, como os treinos, ou coisas mais simples, como passar o saleiro, nada mais.

Resumindo, éramos duas pessoas de personalidades extremamente difíceis, que tinham sentimentos recíprocos um pelo outro mas que, devido ao orgulho, não estavam querendo se encarar mais. Devo admitir que, entre os dois, eu era a mais difícil, mas após consultar fortemente a minha consciência, decidi que deveria fazer o que era certo, afinal, eu também estive errada ao não falar a verdade para ele logo que pude. Era a coisa mais difícil do mundo para um bom orgulhoso: pedir desculpas.

Eu estava decidida a fazer isso, porque embora eu estivesse com meu orgulho ferido, ele não era mais importante do que a relação com uma das pessoas que eu mais gostava na vida, que era o Dick. Para garantir que tudo ia dar certo, resolvi falar com uma das pessoas mais próximas a ele, que era Ravena. Por mais que não parecesse, Robin e Ravena eram muito amigos, confidentes, tinham uma relação parecida com a minha com Mutano, por isso, eu sabia que ele provavelmente tinha contado tudo para ela e que se fosse até ela, poderia me dizer o que se passava com ele naquele momento e se seria uma boa me desculpar. Quando cheguei em seu quarto e perguntei sobre Dick, ela me convidou a entrar, sentamos na cama dela e logo, sem pensar duas vezes, começou a falar:

— Ele está extremamente triste.

— Triste? Parece mais com raiva, afinal, não quer mais sequer olhar na minha cara. - respondi.

Nesse momento, as pupilas de Ravena se contraíram, em seguida, se levantou, indo em direção à sua bancada, que tinha uns frascos com algumas ervas e começou a preparar algo:

— Quer chá de hortelã com stevia? -perguntou

— Sim, obrigada. -respondi.

— Mas acredite, ele está em estado de extrema melancolia. Está sendo realmente difícil para ele ficar sem falar com você, afinal, ele me falou de você antes mesmo de saber que era você...entendeu?

— Sério? O que ele disse? -perguntei, super curiosa.

— Tudo que você já sabe, Victoria. Ele é louco por você.

— Não pareceu pelo que ele me falou na cobertura aquele dia. - respondi.

— Ele está totalmente apaixonado por você, sempre foi, desde que vocês eram crianças, o problema é que ele achou que tinha escapado desse sentimento se apegando a outra pessoa, no caso, a Donzela de Ferro, mas no final das contas, era você. - disse ela, em seguida, parou e deu um gole fundo no chá - Ele ficou confuso, sentimental consigo mesmo, não sabia como reagir a isso.

— Tudo que eu queria era que ele voltasse a falar comigo, por isso, resolvi que vou pedir desculpas a ele, queria saber se você acha que ele vai reagir bem a isso. - falei.

— Sério? Ele disse que iria fazer o mesmo, porque achava que você era orgulhosa demais para isso, mas que queria muito voltar a falar com você. - ela disse.

Nesse momento, acho que abri um sorriso de orelha a orelha. Ravena deu um meio sorriso e falou:

— Vá logo falar com ele, ele está te esperando!

E eu fui, no único lugar que imaginei que ele poderia estar a aquela hora, com as coisas que Ravena falou: na cobertura. Quando cheguei lá, eu não estava errada, ele de fato estava lá, parecia estar meditando, concentrando-se em algo, logo sentei ao seu lado, peguei em sua mão e comecei a meditar junto. Quando menos percebi, eu estava flutuando e Robin também estava, junto comigo, já que ao dar a mão a ele, isso fez com que ele levitasse comigo. Quando abrimos os olhos, olhamos no fundo da alma um do outro. Quando eu ia falar com ele, ao mesmo tempo, ele falou, junto comigo:

— Eu queria mesmo falar com você...ah, não fale primeiro...hahaha.

— Vic, me desculpe por aquilo, de verdade, eu só... Não consegui digerir aquilo de primeira, fui um completo imbecil com você... Senti tanto a sua falta, para no fim das contas, brigar com você quando nos reencontramos. - disse Dick, do fundo de seu coração.

— Eu também te devo desculpas, devia ter te contado desde o início, foi uma ideia idiota ficar guardando isso. - falei da forma mais sincera possível.

— Isso quer dizer que estamos bem? - perguntou ele, com olhos serenos.
Nessa hora, começamos a aproximar nossos corpos, nossos rostos, e respondi, também serenamente:

— Acredito que muito bem...

Estava prestes a acontecer o que eu mais desejava, estava muito perto. Dick colocou sua mão em meus cabelos e foi aproximando meu rosto do dele e, quando achei que ia acontecer, ouvimos uma grande explosão, acompanhada de uma luz praticamente ofuscante, que vinha do centro da cidade. Imediatamente levantamos, acionamos os outros Titãs e fomos para o local. Quando chegamos lá, vimos do que se tratava, era o Dr. Luz. Esse não era dos piores vilões, mas com certeza era um dos mais chatos, afinal, ele podia controlar muitas coisas no meio que pudessem ser dotadas de luminosidade.

Como esperado, praticamente todos os ataques contra ele eram inúteis, afinal, eu já tinha avisado a todos que os poderes contidos no traje dele eram muito específicos e precisariam ser combatidos com um inverso. Nesse momento, eu e Ravena nos olhamos, pensamos no mesmo, só que dessa vez, com outra tática. Nós entraríamos no jogo dele, dentro da cabeça dele, e lá fomos, tentando derrotar a luz com a escuridão. Por mais que os poderes dele estivessem fracos, isso não foi um motivo para ele parar de lutar, tanto que quando viu que não poderia resistir ao nosso ataque negro, Dr. Luz se encarregou de contra atacar e nos expulsou de lá. Eu e Ravena estávamos praticamente derrotadas no campo da escuridão contra a luz. De longe, vimos uma outra luz se aproximando, uma luz verde.

Era Estelar, que chegou praticamente na voadora, gritando:

— Você gosta de luz? Então vai ter luz!!!

E saiu arremessando bolas de energia em direção a ele. Parecia com raiva, ou algo do tipo, até finalmente, conseguir derrubá-lo. No fim das contas, a luz foi derrotada com a própria luz, então, confiscamos sua roupa para que eu e Cyborg fizéssemos uma análise do traje, para saber o nível de destruição que poderia ser causado por aquele traje. Descobrimos que ele poderia abrir portais para dimensões alternativas, era macabro.

No fim do dia, após mais uma vitória diante do mal, decidimos comemorar, nós merecíamos. Saímos, todos para apreciar uma deliciosa pizza. Sentados à mesa circular, estávamos nos divertindo, rindo, aproveitando. Eu e Garfield estávamos contando piadas, imitando Estelar na luta, sua raiva no momento, estavam todos morrendo de rir. Quando terminei de contar, senti debaixo da mesa algo, era Dick, que estava segurando minha mão, e assim ficamos, até a hora de irmos embora. A comemoração era graças à vitória sobre o Dr. Luz, mas para mim, internamente, era a comemoração de outra coisa, bem mais pessoal.