Nós escrita por Graciela Pettrov


Capítulo 17
Fim


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura



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Após ouvir toda a triste história que Naruto tinha para contar e marcarem de ele a ensinar Língua de Sinais durante o almoço, o dia passou como um borrão para Sakura.

Para sua surpresa seu amigo era ótimo como professor de Língua de Sinais. Apesar de ter uma abordagem totalmente diferente da de Sasuke, pois o Uzumaki não se segurava em rir de sua cara quando ela fazia um sinal errado ou idiota.

Após seu almoço com Naruto, ela voltou para sua aula e o Uzumaki para a dele seguindo cada um para seu caminho, mas não antes deles marcarem de se encontrarem ali novamente no dia seguinte. O loiro estava bastante animado em ensiná-la e Sakura igualmente para aprender.

Por sorte — ou não, ela não vira nem sombra do Uchiha; ficara tão sensibilizada com seu passado que era capaz de ela agarrá-lo e segurá-lo no colo como se fosse um bebezinho.

No entanto, sua mente também não se desviara do que a esperava a noite: seu jantar com Gaara. Continuava obstinada, ainda mais depois de saber o que sabia. Sua vida era medíocre se comparada à de Sasuke e ela não a estragaria com pormenores.

Assim como não tivera notícias de Sasuke, também não teve do Sabaku. E o resto de seu dia na faculdade passara de forma assustadoramente calma — a única coisa diferente era a própria Sakura que vez ou outra se pegava sinalizando as letras do Alfabeto com as mãos por baixo da mesa.

Percebeu, satisfeita, que não mais se confundia com o trio diabólico:  K, P e H.

[...]

A noite chegou e junto com ela um Gaara bastante sério bateu à sua porta.

Dez minutos antes, enquanto Sakura preparava comida, o ruivo lhe avisara, em uma mensagem bastante formal que já estava a caminho.

Não houve beijos, nem abraços, nem carinho. E nenhum dos dois pareceu desgostar disso ou sequer perceber a atitude atípica do que seria um casal.

Ela logo o chamou para a pequena mesa de jantar que ficava um pouco atrás do sofá. Ele a seguiu sem falar nada.

— Vamos comer enquanto está quente, depois a gente conversa — Sakura falou como se precisasse se justificar.

O clima estava tenso, mas ao que parecia Gaara também estava com fome e não houve objeção de sua parte.

— Esse arroz tá ótimo, você temperou daquele jeito?

— Sim, também adicionei um pouco de macarrão, você pode perceber os pedacinhos misturados.

O Sabaku deu mais uma colherada e assentiu. Depois disso ficaram em silêncio até terminarem e Sakura levar os pratos para a cozinha.

O ruivo se ofereceu para lavá-los, ainda formal demais, e ela negou. Ele então foi para o sofá enquanto a esperava terminar sua tarefa na pia.

A Haruno usou o pequeno espaço de tempo para refletir. E entre despejar detergente na esponja e passa-la ritmadamente em um prato, ela viu que sua determinação ainda ali.

Terminou a tarefa, secou suas mãos em um paninho e voltou para o sofá, sentando-se ao lado do ainda namorado.

Era agora ou nunca!

— Gaara... — Ela começou, obstinada, mas foi parada por um gesto de mão dele.

— Deixa eu falar primeiro, antes que as palavras fujam. — Sakura assentiu. — Eu não estou me sentindo bem... Já faz um tempo que isso... Nós, nós como casal não está me fazendo bem como deveria fazer, e sinceramente acho que nem a você.

A Haruno esperou um momento para ver se ele continuava, mas vendo-o calado, era sua vez de falar.

Era aquilo então? Era possível que eles tivessem tido o mesmo momento de reflexão sobre seu relacionamento no mesmo dia?

Se era assim, então não tinha sentido tentar prolongar o inevitável, e ela não iria:

— A gente não vai conseguir manter esse namoro né? — Sakura falou o óbvio, no entanto por mais que ela tivesse seus motivos, não sabia os deles. Precisava pelo menos saber. Resolveu perguntar o que a afligia a algum tempo, mesmo que aquele não fosse o motivo para ela estar terminando:

— Você está ficando com outra pessoa, é isso?

Gaara a olhou com a expressão grave e falou:

— Eu posso ser tudo, Sakura, menos um canalha. Não eu não traí você. Tive várias oportunidades, mas não o fiz.

Ele falava a encarando nos olhos e ela viu sinceridade neles.

Disso ela não poderia reclamar, o Sabaku era direto, até achou estranho eles terem levado aquela relação por tanto tempo. Talvez porque, nem que fosse só no começo, Gaara realmente sentisse algo por ela.

— Então por quê, qual os seus motivos? — Não havia elevação em sua voz, continuava calma e firme. Ela simplesmente gostaria de saber, não queria deixar pontas soltas.

— Não posso ficar com você, Sakura. — Ele passou as mãos no cabelo e suspirou. Não parecia bravo, mas também não estava contente. Afinal aquilo era um término.

Continuou:

— Você nem mesmo quer transar comigo. Mas o problema não é só esse. Já faz um tempo que nem parecemos um casal, porque não agimos como tal, nem na frente das pessoas, nem quando estamos sozinhos.

Sim, era exatamente o que ela sentia.

Sakura concluiu o pensamento de Gaara:

— Parece que estamos juntos só por conveniência. Você também sente isso?!

— Desculpa, mas você está certa, não posso te segurar em uma relação assim.

— Ok, já estava pensando na possibilidade do fim. Na verdade, foi por isso que te chamei.

Ficaram alguns minutos olhando para pontos diferentes do cômodo, cada um perdido em seus próprios pensamentos. Gaara foi o primeiro a falar.

— Então eu acho que é isso. Não somos mais um casal?

— Não somos mais um casal. — Sakura concordou, então pegou uma mão dele e o olhou nos olhos — Isso não significa que o que a gente viveu foi uma mentira. Eu estava falando a verdade quando disse que gostava de você, quando disse o quanto te achava bonito.... Mas agora eu simplesmente não consigo mais ver você daquela forma de antes.... Você entende o que quero dizer?

— Sim, eu entendo. — Ele apertou seus dedos, como que para garantir. — Eu realmente entendo.

Gaara então se afastou e ficou de pé.

— Obrigado pela comida, Sakura, mas já estou indo embora.

Ela também ficou de pé quando ele começou a tatear os bolsos da calça, até tirar de um deles um molho com duas chaves e uma tag, e então a estendeu para ela. Se encararam uma última vez, e não havia ressentimento no olhar de nenhum dos dois.

— Não precisa me acompanhar, eu sei o caminho.

Então Gaara se foi e deixou uma Sakura para trás, em pé no mesmo lugar, segurando um molho com as cópias de suas chaves.

...

Quase uma hora depois de estar oficialmente solteira, Sakura refletia enquanto tomava um demorado e relaxando banho em sua pequena banheira.

No fim das contas foi mais fácil do que pensara.

Pelo menos naquilo o destino estava a seu favor, e quem acabou terminando com ela foi Gaara.

Para ser sincera consigo mesma, Sakura concluiu que foi um término mutuo.

Parecia que uma rocha enorme havia saído de suas costas, apesar de ainda haver uma pedrinha pontiaguda a espetando, afinal se ela ficara com Gaara era porque o respeitava e sentira alguma coisa por ele. Mesmo que esse sentimento tivesse se desgastado com o tempo.

O segundo passo agora seria ignorar aquela pedrinha, fingir que ela não existia, fingir que não a sentia espetar-lhe, até que a mesma realmente sumisse.

O que ela queria agora era se focar na semana seguinte, quando teria sua última apresentação no teatro antes das férias de verão. Também deveria se dedicar à sua monitoria, pois o mês estava acabando e seu tempo também.

Havia também suas aulas extras de Língua de Sinais com Naruto.

Sem falar que teria que arrumar outro emprego para pagar a faculdade, já que quando anunciasse oficialmente que havia saído da equipe de torcida, ficaria sem sua bolsa.

Sakura suspirou dentro da banheira, fechando os olhos e repassando tudo o que tinha que fazer, nas responsabilidades que deixaram de ser dela e nas que viriam devido suas decisões.

Não estava arrependida de nada.

Encheu as mãos com a espuma e as soprou no ar, no seu rosto havia sorriso, como uma criança brincando durante o banho.

Ela ficaria bem.

Ela se sentia bem.

Ela estava bem.


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