Mermaid escrita por Pietrah


Capítulo 1
The Beginnig




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/734509/chapter/1

— Você nunca teve asma antes. - O olhar pesado de meu pai caía sobre mim. 

Ele veio correndo para a escola, escancarando as portas da enfermaria quando recebeu a ligação. Meu pai tem um navio de pesca, esse tem sido nosso ganha-pão desde o acidente, há quatro anos atrás. Lembro de ter ligado uma chamada de vídeo com mamãe antes de ela entrar no avião. Ela tinha ido a Nova Iorque à negócios, e estava radiante. Foi sua primeira viagem pela MARIE CLAIRE MAGAZINE, e ela estava nas nuvens, no emprego dos sonhos. Ansiava por chegar na Austrália, como anseio por seu abraço até hoje. Dizem que o avião caiu aqui, perto da Oceania, mas nunca o encontraram. Não encontraram a pequena escultura de golfinho que ela havia me comprado. Não encontraram sua aliança ou mesmo seu colar favorito. 

De qualquer forma, ele ainda está se adaptando ao fato de me criar sozinho. Ele mal fica em casa, o que de certa forma me alivia. Gosto de ficar sozinha e ele respeita isso, mas tem ficado preocupado e atencioso em excesso. Acho que ele tem medo de me perder, também. E talvez seu coração se aperte quando me vê. Partilhamos muitas características. Tenho o rosto em formato de coração e os mesmos olhos verdes dela. E odiava as sardas em meu rosto até que se transformaram em uma lembrança dela, também. 

— Eu já disse que não foi asma. - Encolho os ombros, tentando descrever o que sentia. - Mas estou melhor. 

Fui sincera. Há meia hora, sufoquei como se me enforcassem. O ar que eu inspirava não parecia encher meus pulmões, e meu pescoço não parecia mais parte do meu corpo. Meu corpo adormeceu por inteiro e senti a falta de oxigenação atingir meu cérebro, ficando tonta, sem enxergar nada além de vultos. Sentia batidas que iam de dentro para fora em minha cabeça e meus lábios, antes secos, agora bebiam sedentos a água de um copo plástico. Disseram que desmaiei por cerca de cinco minutos.

— Pode ter sido ansiedade. - A enfermeira entra pela porta, pousando a mão em minha testa. - Está em semana de provas? 

Assinto, segurando a mão de meu pai afim de tranquiliza-lo.

— Isso é mais normal do que você pensa. Se voltar a acontecer, vamos te encaminhar para a psicologia, tudo bem? Não tem por que se preocupar. - Ela diz, anotando algumas coisas na prancheta. - Se sente bem para continuar na aula?

— Estou bem agora. - Olho para papai. - É melhor você ir. Os camarões não vão esperar o dia todo. - Sorrio de lado e recebo um beijo em minha testa.

— Amo você. Fica bem. 

Seus passos pesados ecoam pelo corredor e ponho minha mão na garganta. Olho para meus dedos, que parecem colados por uma pele fina, e franzo o cenho, aproximando a mão de meu rosto. 

— Está liberada, querida.

Sou tirada de meus devaneios pela enfermeira e, quando volto meus olhos para minha mão novamente, meus dedos parecem perfeitamente normais. Isso não pode estar certo.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Eiiii, o que acharam? Devo continuar?



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Mermaid" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.