Assim que terminou o treino com Sasuke, Hinata foi para casa tomar um longo banho e preparar-se para o dia das meninas. Uma vez por mês elas passavam um dia inteiro juntas, conversando e se divertindo, era uma forma de manterem a amizade viva e forte. Dessa vez ela chegou atrasada por conta do treino e encontrou todas as garotas já reunidas na casa de Ino. Entrou sorridente no quarto da loira, ouvindo-a tagarelar alegremente enquanto escovava os cabelos de Sakura.

— ...E foi assim que o Sai me chamou para sair. - Concluiu rindo. - Devia matar o Naruto por ser tão linguarudo, mas no fim deu tudo certo e eu estou tão feliz. Também, seria um desperdício bater naquele loiro, já que ele está cada vez mais bonitinho, né Sakura? - A garota ficou tão rosa quanto os cabelos, engasgando com o suco que tomava e tossiu ruidosamente.

— Você devia perguntar isso para Hinata. - Rebateu quando conseguiu se recompor. Hinata viu todos os olhares voltarem-se para ela, aguardando sua resposta.

— Ele é um rapaz bonito mesmo, mas existem outros ainda mais bonitos. - A morena deu de ombros, fazendo com que todo o grupo a olhasse assustado.

— Como assim? - Ino foi a primeira a se recuperar do choque - Desde quando o Naruto não é o homem mais perfeito do seu universo? - Hinata se censurou pelo comentário impensado, percebendo tarde demais que aquilo se tornaria um interrogatório. Ela não costumava falar sobre seus sentimentos e era óbvio que as garotas não adivinhariam que ela não pensava em Naruto fazia um bom tempo. Ademais, não estava nem um pouco disposta a revelar o nome do moreno que ocupava seus pensamentos ultimamente.

— Ora, só estou dizendo que na Vila tem muitos outros rapazes bonitos.

— Mas você não gosta mais do Naruto? Você só tinha olhos para ele. - Comentou Tenten - Se bem que nunca mais você ficou corada ou desmaiou quando o viu…

— Claro que gosto do Naruto, mas não da forma que vocês pensam. Ele é um grande amigo e uma boa pessoa, mas o que eu sentia antes por ele era apenas um amor infantil e passou.

— Que bom! - Sakura falou antes que pudesse se conter e torceu para que ninguém tivesse notado seu deslize. Para seu azar, Ino não perdeu a chance.

— Bom, é? Podemos saber por quê? - Provocou.

— E-Eu… ora, só estou feliz pela Hinata. Deve ser difícil não ser correspondida… - A rosada torceu para essa desculpa funcionar, mas deveria saber que Ino não deixaria passar tão fácil

— Sakura, fale de uma vez. Algo de novo aconteceu depois da nossa conversa, não foi? - Insistiu Ino fazendo a amiga suspirar derrotada. Precisava mesmo falar sobre aquilo. Talvez realmente fosse melhor contar tudo.

— Eu estava me sentindo culpada, porque você gostava tanto dele, Hinata. Além disso eu ainda não entendia o que estava sentindo, mas ele estava comigo essa manhã e eu não acredito que vou dizer isso, mas foi tão perfeito. Nós quase nos beijamos! E eu queria muito, mas então ele parou, sabe-se lá por qual motivo e já não sei o que fazer agora… - Ino sorria, mas Tentem e Temari pareciam perdidas, assim como Hinata.

— Acho que não entendi nada. Do que exatamente você está falando? - Perguntou Tentem

— Eu… eu estou perdidamente apaixonada pelo Naruto. - Concluiu Sakura.

Depois que o choque inicial passou,as meninas a bombardearam com todo o tipo de perguntas, até entender como isso havia acontecido. Elas tentaram a todo custo convencê-la a sair em busca do loiro e confessar seus sentimentos, mas Sakura não concordou com essa ideia. Foi escolha dele parar, talvez ele tenha se arrependido. Pode ser que tenha percebido que aquilo era um erro, que ele não tenha sentido aquela avalanche de sensações. Pode ser que ele apenas estivesse brincando com seus sentimentos, agora que estava claro o quanto ele podia afetá-la. Ou ainda, talvez quisesse se vingar por tudo que ela o fez sofrer… seja qual fosse o motivo que o fez ir embora, nenhum deles parecia promissor.

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No dia seguinte Hinata e Sasuke saíram em missão, escoltando uma pessoa ilustre que viera resolver assuntos oficiais em konoha de volta a sua Vila. Chegaram ao destino na manhã do dia seguinte sem enfrentar nenhum problema e foram convidados a ficar e descansar, o que aceitaram de bom grado. Aproveitaram o tempo para explorar a cidade e caminharam a esmo pelas ruas, parando nas barracas que encontravam pelo caminho. Mesmo que estivessem curtindo o passeio, acabaram voltando cedo para o apartamento que foi cedido a eles por aquela noite, a fim de descansar para a viagem de volta.

—Nossa, foi tão divertido! - falou a morena, jogando-se no sofá. - Mas acho que não devíamos ter andado tanto, estou super cansada.

Ele sentou na frente dela e puxou os pés da garota para seu colo. Hinata o encarou confusa até que o garoto passou a mover os dedos pela sua pele, massageando suavemente os seus pés cansados. Sasuke sorriu ao vê-la fechar os olhos e suspirar de satisfação.

—Obrigado, Sasuke.

—Não agradeça, ainda não terminei. Venha cá.

Ele estendeu a mão para ela que a segurou e veio ao seu encontro. Ele abriu espaço para que a jovem sentasse a sua frente, entre suas pernas. Afastou os longos cabelos negros dos ombros e passou a massageá-los lentamente.

Ela nunca tinha ficado tão perto de um homem e estava muito consciente do corpo de Sasuke colado ao seu. As mãos, firmes e fortes, pareciam queimar onde tocavam. Na verdade, tamanha proximidade estava fazendo com que a massagem fizesse um efeito oposto e ela ficava cada vez mais tensa.

Ele acariciou os ombros rígidos e aproximou seus lábios do ouvido dela

— Está tudo bem? Você está muito tensa.

Ela arquejou ao ouvir a voz grave e seu corpo arrepiou-se instantaneamente. Não era justo com ela sempre gostar de garotos inacessíveis. Respirou fundo e juntou todo seu autocontrole para respondê-lo, pois recusava-se a gaguejar como uma criança.

— Não é nada, só preciso dormir. Obrigado mais uma vez, Sasuke.

Todo o corpo de Hinata pareceu protestar quando ela se levantou, sem olhar para ele e dirigiu-se para seu quarto.

Hinata jogou-se na cama, ainda ofegante, perguntando-se como aquele garoto passou a ter tamanho poder sobre ela. Teria que ter mais cuidado se não quisesse se machucar. Ela sabia bem o que era amar sem ser correspondida e não queira perder mais tempo da sua vida alimentando um sentimento que não seria correspondido. Aquele era Sasuke Uchiha, o menino prodígio, o homem perfeito, desejado por quase todas as moças da Vila e responsável por ignorar todas elas. Se até mesmo Sakura não teve chance, o que seria dela? Afirmou mil vezes para si mesmo que não se apaixonaria por ele, até suspirar frustrada. A verdade é que, como bem sabia, não poderia mandar em seu coração. Durante toda essa semana negou para si mesma que estava se apaixonando por ele e isso não adiantou muita coisa. Não tinha mais como fugir desse sentimento, estava na hora de admitir que já estava perdidamente apaixonada por Sasuke e era tarde demais para escapar desse sentimento. Sua única salvação se quisesse manter a sanidade seria se afastar e para isso teria que pensar em uma boa desculpa para a Hokage arrumar outra dupla para Sasuke.

Assim que Hinata o deixou, Sasuke seguiu desanimado para o seu quarto. Estava completamente nas mãos daquela garota e pela forma como ela estava se comportando ultimamente, ele poderia jurar que era recíproco. O moreno sempre foi uma pessoa observadora e se tornava ainda mais quando se tratava dela, estudando cada pequena expressão ou gesto. Ela era muito tímida, portanto sabia que teria que se aproximar devagar para não assustá-la, mas foi impossível não se deixar levar pela eletricidade que se criou entre os dois.

Nunca tinha ficado tão próximo de Hinata antes, na verdade nunca tinha tocado outra garota daquela forma. Sasuke prezava pelo seu espaço e não permitiria aquele nível de intimidade com qualquer outra pessoa, mas Hinata parecia quebrar todas as suas barreiras com uma facilidade absurda. Ele parava de pensar com coerência e agia instintivamente, movido pela necessidade de se aproximar, tocar, sentir... Tinha noção de que gostava muito dela, mas agora dera-se conta de que este sentimento era mais profundo do que imaginava.

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Sasuke estava mal humorado durante a volta. Por culpa da sua impulsividade na noite anterior, Hinata se fechou completamente. Estava mais calada do que o normal e mantinha uma distância física entre eles também. Era óbvio que ela estava evitando ser tocada.

Ele tinha percebido as reações dela ontem à noite, a pele arrepiada, a respiração acelerada... e isso de fato era um bom sinal, aumentando a certeza de que ela também era sensível a ele de alguma forma. O problema é que não fazia ideia de como reaproximar-se dela agora sem assustar ainda mais a garota. Precisava começar do zero, um passo de cada vez.

Mantiveram um ritmo rápido até anoitecer e montaram acampamento. Sasuke ficou acordado vigiando o sono de Hinata por metade da noite e agora era a morena quem desempenhava esse papel.

Ela observou o garoto dormindo. Fazia um tempo desde que o sono dele tornou-se agitado e ele remexia-se, cada vez mais inquieto, até que acordou e sentou sobressaltado, a respiração acelerada e os olhos desfocados. Hinata aproximou-se preocupada e tocou no rosto do rapaz, tentando chamar sua atenção.

— Ei, Sasuke, está tudo bem agora. Foi só um sonho ruim. - Ela pode ver os olhos nublados pela dor antes que ele a puxasse e enterrasse a cabeça em seu peito. Ela apoiou o queixo no topo da cabeça dele e o confortou, acariciando os cabelos negros e desalinhados. - Quer me contar o sonho? Às vezes falar ajuda.

Ele permaneceu calado e imóvel por tanto que ela imaginou que ele não diria nada, mas quando menos esperava ouviu a voz dele novamente.

—Era o meu irmão. Sonhei com o dia em que eu… o matei. - sua voz estava calma e controlada, mas Hinata sabia como aquela frase estava carregada de angústia. Ela afastou-se um pouco e ergueu o rosto dele.

— Sei que é difícil, mas você não deveria se sentir tão culpado por tudo que aconteceu, ninguém poderia imaginar que a realidade era tão diferente do que parecia. O que importa é que seu irmão sempre te amou e detestaria te ver remoendo o passado e sofrendo desse jeito. Você é uma pessoa maravilhosa, Sasuke. O Itachi sabia disso... e eu também sei.

Sasuke olhou profundamente para a garota. A mão pequena permanecia no rosto dele, o polegar acariciando levemente sua pele. As palavras dela ecoavam em sua mente e mais uma vez a urgência de tê-la para si fez com que agisse por impulso. Levou uma das mãos até a nuca para impedir que ela fugisse dessa vez.

—Desculpe, Hina, mas eu preciso de você.

Ele aproximou-se rapidamente e tocou seus lábios nos dela. A sensação era indescritível e, ao ver que não havia sido rejeitado, logo aprofundou o beijo. Ela era cálida e doce, o corpo pequeno e delicado encaixando-se perfeitamente no seu. Beijou-a vagarosamente, absorvendo cada uma das sensações que ela provocava. Sentiu-se vivo, completo, como a muito tempo não se sentia. Assim que afastou-se dela, não teve mais dúvidas do que deveria fazer:

—Hina, eu estou apaixonado por você. - A surpresa ficou estampada no rosto dela.

—P-por mim? Mas como? Por quê?

—Por quê? Você é uma mulher tão forte, linda e doce… você é perfeita, minha hime. Como eu poderia não me apaixonar?

Ela não conseguiu conter o sorriso tímido que espalhou-se em seu rosto. Mal podia acreditar que isso era real. O sentimento que ela queria sufocar, acreditando ser unilateral, agora expandia-se em seu peito.

—Eu também amo você. - respondeu, antes que ele tomasse seus lábios novamente.