Depois do fim - Peeta e Katniss escrita por Carolam1


Capítulo 3
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

Final de semestre acaba com a disposição, né? Mas reuni forças do âmago do meu ser pra escrever mais um capítulo pra vocês! DESCULPEM O ATRASOOOOO
Boa leitura e lembrem de comentar, estimula a continuação da história nos tempos tão difíceis de bloqueio criativo!



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POV KATNISS

 

Haymitch está falando, mas não presto atenção. Como sempre, o ponto que encaro fixamente parece mais interessante, cena que se repete por minutos até que ele cita um nome. Peeta. É a primeira vez que escuto seu nome desde que vim para o Distrito 12, antes disso ele só estava presente em minha cabeça, como uma memória de algo bom que não existia mais. Isso é suficiente para transferir meu olhar da parede para Haymitch por um segundo, voltando a encarar o nada logo em seguida, fato que não passa despercebido pelo velho bêbado. O sorriso convencido em seu rosto é a prova que ele percebeu como esse nome mexe comigo.

Ele ficaria feliz em saber que conseguiu.— Continuo ignorando-o. – Snow. Ele ficaria feliz em saber que destruiu você. E pelo visto não sobrou nada. Ele destruiu suas chances de um futuro com o caçador, destruiu o amor que Peeta sentia por você, destruiu sua família...— A esse ponto, uma lágrima pesada desce sozinha pela minha bochecha, enquanto eu tento ignorar tudo o que Haymitch está dizendo. Mesmo estando sempre presentes em meus pensamentos, é difícil ouvir e aceitar que minha vida não é mais um de meus pesadelos, que Peeta não vai estar de braços abertos para afastar meus medos, que Prim está morta. – Por outro lado, eu acho que Prim estaria desapontada.— Ele interrompe sua fala para dar um grande gole em sua garrafa de aguardente enquanto eu o encaro. – O mais engraçado é que ela virou cinzas, mas você consegue estar mais morta que ela. – Completa com seu tom sarcástico enquanto me olha com desprezo.

Não fale sobre Prim.— Vocifero com raiva.

Então você ainda fala, Docinho? — Haymitch sorri convencido e percebo que sua intenção ao fazer tais provocações era me tirar do torpor. Volto a encarar o ponto na parede, bufando de raiva por ele ter conseguido, deixando claro que ele não vai mais conseguir interação de minha parte. – A propósito, esse seu cheiro de rosas está me deixando enjoado.

Após Haymitch se retirar, percebo o cheiro que está impregnado em mim e em toda a casa. Vou até o escritório e vejo uma única rosa, que mantém a perfeição natural cultivada na estufa de Snow, enquanto todas as flores restantes estão secas. Agarro o vaso com força e ando apressada até a sala. Despejo as flores na lareira e assisto enquanto elas queimam, com lágrimas banhando meu rosto. Imediatamente lembro dos olhos de serpente me encarando sadicamente enquanto me ameaçava. Atiro o vaso na parede, quebrando-o em vários pedaços. Subo às pressas para o banheiro, arrancando minha roupa e pedaços de enxerto feitos na capital para tratar minhas queimaduras que ficam grudados às peças caídas no chão. Entro embaixo do chuveiro e esfrego todos os pedaços do meu corpo na tentativa de arrancar o cheiro enjoativo. Minha pele dói e pinica enquanto visto uma roupa antiga que achei no armário. Demoro 30 minutos para retirar todos os nós que se formaram em meu cabelo.

Desço as escadas e vejo que os cacos já não estão espalhados pela sala o que me leva à conclusão que Greasy já deve estar aqui. Sigo em direção à cozinha e me deparo com o olhar estarrecido da senhora, me encarando como se estivesse diante de uma alma, fato que seria engraçado se essa não fosse minha aparência atual.

— Bom dia. - digo enquanto me sento à mesa.

Alguma coisa aconteceu?— Pergunta enquanto arruma o café da manhã. – Não a vejo com essa disposição desde...— interrompe sua fala enquanto me fita com uma feição abatida.

Eu precisava arrumar algumas coisas.— A senhora não contesta. Tomo pequenos goles do chá enquanto recordo do chocolate quente feito por Peeta. Onde ele está? Será que pretende voltar para o distrito 12?

Volto de meus devaneios com Greasy questionando se ainda pretendo comer. Nego com a cabeça e vejo pequenos frascos em cima da bancada da cozinha.

Dr. Aurelius os receitou. Eles deveriam ajudar com seus pesadelos.- Assinto e saio da cozinha, me encolhendo na poltrona habitual.

Os dias seguem assim, com minha nova rotina de acordar com os primeiros raios do sol devido aos meus pesadelos, tomar um banho e me sentar à mesa para tomar café da manhã, Greasy passou a vir duas vezes ao dia (manhã e noite). Eu continuo a recusar suas tentativas de me fazer aderir aos medicamentos receitados, assim como atender os chamados de Dr. Aurelius. Não acredito que isso posso ajudar em minha recuperação. Não há o que recuperar. Estou quebrada. Buttercup me faz companhia quando a falta que sinto de Prim faz com que volte a encarar o ponto na parede cinza. Haymitch não voltou a me visitar desde a nossa discussão e não me surpreendo, ele deve estar bêbado em algum canto de sua casa.

Me arrisco a ligar a televisão para tentar afastar os fantasmas da minha cabeça após a saída de Greasy e descubro que já se passaram 3 meses desde o fim da guerra. Três meses sem minha patinha e a dor ainda lateja em meu peito como se tudo tivesse acontecido ontem. Três meses sem Peeta e seus olhos azuis que me acalmam. Três meses sem nenhuma notícia de Gale ou mesmo minha mãe.

Me levanto e caminho até a cozinha, cogitando a possibilidade de tomar os remédios receitados por Dr. Aurelius. Todos eles de uma vez. Alcanço um papel que estava localizado embaixo dos frascos e que contém instruções de uso. O frasco maior contém comprimidos para dormir e devem ser tomados após o jantar. Engulo o pequeno remédio azul com um pouco de água e retorno para o sofá. A poltrona foi substituída após minha descoberta do sofá como sendo local mais favorável para minha longa hospedagem.

Estou caminhando em direção à floresta, apreciando como o distrito está se reerguendo. Pouco a pouco os corpos são retirados e novas obras iniciam. Faço meu percurso mais logo, cumprimentando os moradores que, mesmo com a destruição, ainda consideram o que sobrou do Distrito 12 como sua casa. Atravesso a cerca conferindo se a mesma está eletrificada, hábito que não perdi com o passar do tempo. Estou andando pelo Meadow quando um buraco se abre sobre meus pés. Tento escalar as paredes, porém não tenho apoio, o que me faz despencar enquanto grito por ajuda. Qual a probabilidade de alguém me ouvir? Continuo a chamar por socorro até que uma figura bloqueia parte da luz do sol.

Então agora você precisa de ajuda? A garota em chamas realmente acha que merece viver?— Fala Cato soando sarcástico enquanto me encara com olhar de ódio.- Você é uma assassina, Everdeen.— Cato despeja uma pá cheia de cinzassem minha direção. A poeira formada me impede de respirar, entra em minha boca e minhas narinas. Um a um, todos que foram mortos por minha culpa cavam e jogam cinzas em mim, repetindo a palavra assassina em coro, até que minha visão é bloqueada e respirar se torna impossível. Meu corpo se encolhe começo a tossir na tentativa de livrar minha garganta do pó que se acumulou.

Acordo assustada em meu sofá, porém o barulho da pá cavando a terra continua em minha cabeça. Levanto e sigo em direção ao som, acreditando piamente que posso brigar com os mortos. Abro a porta da frente e saio às pressas descendo os degraus da varanda. Então eu congelo. Fios loiros balançam ao vento enquanto pequenas gotas de suor descem por seu pescoço e molham sua camisa branca de algodão, marcando seu corpo e deixando em destaque alguns dos músculos conquistados após a guerra. Peeta está agachado cavando meu jardim enquanto alguns arbustos frágeis repousam em um carrinho de mão. Ao se dar conta da minha presença, gira seu corpo e fica de frente para mim, enquanto seus olhos azuis como o céu de primavera, que já não estão nublados e perdidos como antes, me encaram. Peeta voltou para casa.


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Notas finais do capítulo

O que acharaaam? Agora as coisas começam a melhorar! Comentem, enviem críticas, elogios, sugestões! Qualquer coisa ajuda :D Beijos e até a próxima semana.