Depois do fim - Peeta e Katniss escrita por Carolam1


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Essa parte inicial é monótona, EU SEI! mas acho ela tão necessária que não consegui pular :D mais um capítulo para vocês, sei que estou atrasada e devia ter postado ontem hahahaaha mas o correria da faculdade não deixou!!!



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POV PEETA

 

Estou preso em minha mente tentando entender o que é real e o que não é. Já faz dois meses desde que a guerra acabou, estou na Capital buscando organizar a bagunça que meus pensamentos se tornaram. O único motivo para continuar lutando foi a promessa que fiz. Sempre. Eu sempre estaria ao lado dela, uma parte de mim se agarra a isso como última chance de recomeçar. E eu vou manter minha palavra.

As lembranças da época dos jogos são uma grande mistura entre aquilo que sinto que é real e o que consigo identificar como sendo fruto da tortura que sofri. Meu tratamento consiste, principalmente, em formas de evitar os flashes, de evitar que o monstro assuma o controle e me transforme em um bestante da capital. Snow fez um ótimo trabalho.

As sessões diárias de terapia podem durar horas, a depender do período da tortura que estamos tratando. Eu tenho marcas por todo o corpo, principalmente tórax, dorso e braços, marcas de cortes, queimaduras, choques, mas as agressões físicas não me trouxeram muitos problemas, eu até as considero fáceis de superar. A pior parte são as marcas deixadas em minha mente, é não lembrar de detalhes, coisas simples sobre mim, é saber que boa parte dos meus pensamentos são frutos de alterações, é saber que fui um fantoche nas mãos da Capital, e pior, é perder completamente o controle sobre mim quando algum gatilho ativa uma parte do que sofri e sentir que todo o meu esforço e todo o progresso que eu pensava ter feito não conseguiram evitar o pior.

Eu perdi toda a minha família no bombardeiro, eu consigo imaginar minha mãe se recusando a acompanhar Gale para a floresta. Já sei que Katniss não foi a culpada pelas suas mortes, eu me lembro da época que ela vendia esquilos para meu pai. As memórias de antes dos jogos estão intactas, eu consigo lembrar do amor que senti por ela durante toda a vida, ele ainda está aqui. A tarefa mais difícil é entender porque eu a amava tanto, é dissociar o amor do ódio que foi implantado em minha mente. Eu sinto que, de alguma forma, eu preciso dela. Após todas as crises eu anoto ou pinto as imagens que vejo para depois assistir aos jogos e separar o que realmente ocorreu do que foi inventado. O problema é que os vídeos não têm todas as respostas para as minhas perguntas. Para a maioria delas.

Desde que impedi que Katniss ingerisse aquela pílula de amoras-cadeado e a assisti sendo levada pelos guardas, não tenho mais notícias dela. Faz parte da primeira fase do meu tratamento focar no passado para que o presente se desenvolva da melhor maneira possível. Mas é difícil quando todos os seus pensamentos insistem em permanecer no futuro, eu penso nela em todos os minutos do meu dia. É como se enquanto uma parte de mim quer que ela morra da pior maneira possível, a outra precisa desesperadamente saber se ela está bem, se ela está viva. Porque isso é o que fazemos, nós cuidamos um do outro, e não poder cuidar dela está me consumindo.

Meu dia se resume em acordar antes do amanhecer devido aos constantes pesadelos, pintar até a hora do café da manhã, tomar meus remédios, me consultar com Dr. Aurelius (o que me deixa completamente exausto). Quando retorno para meu quarto, a enfermeira coleta amostras de sangue para testar a eficácia dos remédios e mapear a quantidade de veneno que circula em mim. Almoço e durmo boa parte da tarde por causa das noites mal dormidas. Antes do jantar, ajudo no preparo de pães e bolos no refeitório pois Dr. Aurelius acredita que fazer atividades que eram parte da minha rotina pode acelerar o processo de recuperação. Algumas vezes o dia não é tão simples, quando tenho uma crise a terapia pode durar um dia inteiro, tenho que fazer uma bateria de exames para ajustar a dose do medicamento e sinto como se tivesse sido atropelado por uma multidão. Me assusto quando Dr. Aurelius entra em meu quarto acompanhado de dois enfermeiros, pois geralmente só o vejo após o café da manhã.

Peeta, chegou a hora.— Diz o médico com semblante preocupado. Levo alguns segundos para entender o significado dessa frase. Sempre que questionava sobre a situação de Katniss, recebia a resposta que seria avisado quando meu tratamento evoluísse a ponto de incluir o presente e o futuro nas minhas sessões. Isso significa mais do que acabar com minha curiosidade, é o início da minha reinserção na nova sociedade, que mesmo achando que a cada flashback meu tratamento regredia, eu estava errado, eu evoluí.

Isso é bom, não é?— Respondi sem entender ao certo o motivo dele estar acompanhado de dois enfermeiros.

A evolução do seu tratamento é uma ótima notícia, Peeta. O que me preocupa é sua reação para com a realidade atual.— Afirma o médico com um finco de preocupação em sua testa, enquanto encara um dos enfermeiros.

Conversamos sobre tudo que aconteceu a partir do momento que dei entrada no hospital. As propostas que estavam sendo feitas para o novo governo, o destaque de Paylor como líder, as regras estabelecidas para os distritos, que recebem os mesmos recursos e possuem os mesmos direitos. Ele me contou sobre o julgamento de Katniss e sua condenação a viver no Distrito 12 sob custódia de Haymitch pois sua mãe agora reside no Distrito 4, que Annie descobriu que está esperando um filho de Finnick e que Johanna foi morar com ela para ajudar no período da gravidez.

Eu sei que é bastante para processar, só tenho uma dúvida. O que você pretende fazer após receber alta, Peeta?— Reflito um pouco sobre seu questionamento. Eu poderia viver em qualquer distrito, construir uma família e tentar esquecer os fantasmas que assombram meu passado. Mas isso não é o que o antigo Peeta quer, mesmo que a outra possibilidade signifique colocar todo o meu progresso em risco.

Eu vou voltar para o Distrito 12. É minha casa, não há outro lugar que eu deva estar. — Dr. Aurelius concorda com a cabeça.

Eu não consigo imaginar morar em qualquer lugar que não seja minha casa. As lembranças, embora dolorosas, são a única coisa que me resta da minha família, e no 12 elas são mais fortes. Eu tento me convencer que Katniss não tem influência sobre minha decisão, mas eu sei que isso não é verdade. O que sobrou do antigo Peeta ainda quer desesperadamente cuidar dela. Katniss está só e, provavelmente, quebrada como eu. Todos estamos. Na guerra, como nos jogos, não há vencedores. A única coisa que restou foram sobreviventes, responsáveis por reerguer Panem. E se existe algo que eu tenha certeza, é que vou tentar com todas as minhas forças para garantir que a vida valha a pena, que a morte das pessoas que eu amava não tenha sido em vão.


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Notas finais do capítulo

Comentemmm para eu saber se estão gostando, sugestões, críticas, etc! beijos e até semana que vem (vou tentar postar antes).



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