Pacto Secreto escrita por Annie Felicity


Capítulo 6
Capitulo 6


Notas iniciais do capítulo

Perdão pela demora, mais um capítulo saindo.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/733766/chapter/6

Quantico (Virginia)

Era por volta de 10 horas da manhã quando Hotch atendeu a ligação da Interpol. Ele logo desligou o telefone e retornou a ligação para a ex-mulher. Pouco falava com Emily depois do divórcio e sabia que quando ela ligava era porque algo grave devia ter acontecido, e a primeira pessoa em que ele pensou foi na filha. A cada toque da chamada, seu coração palpitava.

— Emily? — ele falou assim que percebeu que ela atendera.

— Aaron, eu preciso da sua ajuda — ela respondeu, ainda se mantendo calma.

— É alguma coisa com a Wendy? — Hotch perguntou apreensivo.

— Sim — Emily foi direto ao ponto —, ela me ligou pedindo socorro — Nessa hora já era praticamente impossível para Emily manter o controle, ela falava tentando engolir o choro. — Ela disse que alguém que estava atrás dela e depois só ouvi um barulho como o de  uma explosão, mas menos potente, e os gritos dela.

— Quem estava atrás dela? — Hotch quis saber, levando as mãos à cabeça em desespero.

— Ela não disse e o celular só dá caixa postal. A única coisa que ela disse é que estava em Washington.

Emily fez uma pausa para tentar parar de chorar. Limpou o rosto rápido e voltou a falar.

— Ela chamou por um“Fred”. Eu não conheço ninguém no círculo de amizades dela com esse nome.

— Eu vou pedir para Garcia investigar.

— Eu estou a caminho do aeroporto, devo chegar em Washington no final da tarde, vou te encaminhar por mensagem as coordenadas do último lugar que o celular de Wendy teve sinal. Hotch… Por favor, ache a nossa filha.

— Não se preocupe, eu vou achá-la.

***

Morgan, Reid, Elle e Garcia aproveitavam que os casos haviam dado uma trégua e interagiam no escritório da BAU enquanto analisavam relatórios de casos não resolvidos.

— Que vontade de estar curtindo uma folga — falou Elle. — Odeio trabalho interno.

— Ela nasceu para caçar — brincou Morgan.

— Uma praia não faria mal a ninguém — disse JJ.

— Faz tanto tempo que não vou à praia — comentou Garcia. — Na última vez que fui ao Havaí, trouxe várias conchinhas para eu ficar ouvindo o barulho do mar sempre que tiver vontade de voltar lá.

— Na verdade não se ouve o barulho do mar dentro de uma concha — falou Reid. — Quando você “ouve o mar em uma concha”, na verdade você está ouvindo o som do seu próprio sangue correndo em suas veias. Você pode usar qualquer compartimento parecido com uma concha, como um copo, para perceber o mesmo fenômeno.

— Reid, você está quanto tempo sem transar? — perguntou Morgan irônico.

— Morgan! —JJ repreendeu o colega.

— Lá vem a mamãe do Reid defender o filhote — Morgan falou em tom de brincadeira.

— Isso é coisa para se falar? — indagou a loira.

— Cara, ele é o único que está se divertindo com essas análises e ainda estragou nossa conversa sobre praia — respondeu Morgan. — Tem alguma coisa errada aqui.

Porém o tom de brincadeira encerrou-se quando eles viram Hotch descer às escadas correndo.

— Garcia — falou Hotch num tom urgente. — Preciso que faça umas pesquisas para mim.

— Sim, senhor — ela afirmou prontamente.

Garcia o acompanhou eufórica enquanto todos se entreolhavam, preocupados. Hotch estava agitado e muito tenso, alguma coisa havia acontecido. As brincadeiras cessaram e nenhuma palavra foi dita. Instantes depois, Hotch saiu da sala de Garcia e se dirigiu à de Gideon.

— O que deu em Hotch? — perguntou Morgan. — Eu nunca o vi assim.

— Será que seria uma boa ideia irmos lá perguntar? — indagou Elle.

— Se ele quisesse que soubéssemos teria nos chamado. — Reid comentou, pensativo.

— Eu vou — falou JJ decidida. — Vocês fiquem aqui que eu volto para dar notícias.

Passados alguns minutos, JJ voltou da sala de Garcia bastante agitada.

— Descobriu alguma coisa? — perguntou Morgan assim que ela se aproximou.

— A filha de Hotch está desaparecida.

— A Wendy? — perguntou Reid retoricamente, quase caindo da cadeira. — O que aconteceu?

— Ninguém sabe ao certo — respondeu JJ. — Ela estava em Washington e ligou para a mãe em Londres pedindo ajuda.

Antes que eles continuassem a conversa, Hotch saiu da sala de Gideon e desceu as escadas para falar com os agentes.

— Eu estou indo para Washington — disse ele sério —, vou precisar me ausentar por alguns dias.

— Hotch, nós já sabemos o que está acontecendo — disse Reid. — Eu quero ir com você para ajudar.

— Eu também — disse Elle.

— Todos nós vamos — completou Morgan.

— Eu não vou a trabalho — explicou Hotch. — Trata-se de um assunto pessoal.

— Se é pessoal para você, é pessoal pra a gente também. — retrucou Morgan. — Mas não vou como agente — disse Hotch. — Só vou para acompanhar a investigação da polícia de Washington que já está a par do ocorrido. Não vou poder usar a identificação do FBI, nada...

— Seis cabeças funcionam melhor do que uma — argumentou Elle. — Nós podemos e queremos te ajudar. E você sabe que podemos.

— Por favor — pediu JJ.

— Não posso pagar hora-extra por um assunto que não é oficial — falou Hotch.

— Uma rodada de Margarita compensa — brincou Elle, percebendo depois que não era uma boa hora para brincadeira.

— Hotch — falou Reid, ainda meio tímido. — Não consigo imaginar você procurando sua filha e a gente aqui analisando relatórios de casos que podem esperar.

O chefe passou a mão no rosto, pensativo, instantes depois tomou sua decisão.

— Certo, vamos.

***

Hotch dirigia um dos carros, JJ ia no banco do carona e Reid no banco de trás. No outro, Morgan dirigia, enquanto Gideon ia ao seu lado e Elle no fundo. Eles conversavam com o celular no viva-voz entre si e com a Garcia em Quântico.

— Olha, Hotch — falou Garcia. — Há três dias Wendy pediu demissão da promotoria em Nova Iorque e comprou uma passagem de avião só de ida para Washington.

— O que aconteceu? — perguntava-se Hotch furioso. — Eu sabia que tinha algo errado, por que eu não fiquei lá para falar com ela?

— Calma, Hotch — pediu JJ.

— Eu também pesquisei todos os Fred’s que cruzaram com Wendy durante os cincos anos que ela esteve neste país — continuou Garcia. — E só na Universidade George Washington achei 822, mas só 28 pagaram alguma disciplina em algum período com Wendy, mas podemos tirar três que saíram do país e mais cinco que estão em outros estados. Preciso de mais algum dado para diminuir ainda mais a lista.

— Não temos nada além desse nome — falou Hotch preocupado.

— Garcia — disse Reid, pensativo. — Pesquise as meninas que faziam parte da irmandade de Wendy na Universidade.

— É pra já — respondeu ela, digitando a pesquisa em seu computador.

Hotch olhou surpreso para Reid pelo retrovisor interno. O rapaz percebeu.

— Foi só uma ideia que me ocorreu — falou nervoso. — Ela falou das amigas da irmandade na nossa última conversa...

— Achei, Irmandade, são as Zetas — falou Garcia, fazendo o rapaz respirar aliviado —, são Cassidy Woods, Jéssica Crew, Ellen Forward e Megan Summers.

— Agora cruze essas informações com a lista dos Fred’s — completou Hotch.

— Oh, bingo! — disse Garcia. — Freddie Forward, irmão da Ellen Forward.

— Já temos por onde começar — comemorou JJ.

— Mais uma coisa — falou Garcia nervosa. — Das quatros moças que estão na lista, duas estão desaparecidas.

— Quem são? — quis saber Hotch.

— Megan Summers há 18 meses e Ellen Forward há 10 dias.

— Garcia — falou Hotch —, veja se tem outros desaparecidos dos mesmo círculo delas e nos passe a ficha completa de Freddie Forward.

— Sim, senhor — respondeu a loira, desligando o telefone.

Hotch havia ficado ainda mais preocupado.

— É um intervalo muito grande entre o primeiro e o segundo desaparecimento — falou JJ. — Não acredito que eles estejam ligados.

— Mas vale a pena investigar — retrucou Morgan. — Wendy seria a terceira desaparecida da mesma irmandade.

— Se os desaparecimentos estiverem ligados, seria um caso de vingança por bullying? — indagou JJ.

— Há muitas possibilidades — respondeu Gideon. — Mas se houver alguma coisa que ligue esses desaparecimentos, é a chance que temos de trabalhar no caso.

— Vou falar com o detetive responsável pela investigação — concluiu Hotch.

***

Wendy estava num local escuro que mal conseguia enxergar. O chão era úmido e tudo que ela ouvia eram os gritos estridentes da amiga e uma voz masculina grave, como se fosse uma gravação. A garota tentou levantar para saber o que estava acontecendo, no entanto parecia que uma força a puxava para baixo. Estava fraca e os barulhos que ouvia pareciam cada vez mais distantes.

— Eu vou contar — ouviu Jéssica dizer.

— Isso, conte-me.

— Não era para ninguém ter morrido, eu juro que não era — ela chorava.

— Conte-me logo — falou a voz grave e mais uma vez Wendy ouviu os gritos de Jéssica.

— Megan queria se vingar de Freddie por ele tê-la traído... mas a brincadeira saiu do controle, não era para ninguém ter morrido.

Os gritos eram incessantes, mas Wendy foi perdendo a consciência, mesmo tentando manter-se acordada.

***

Hotch chegou junto com a sua equipe no local do desaparecimento, um beco sem saída no subúrbio da cidade. O Detetive Martin os acompanhava explicando o que já havia descoberto.

— Achamos o carro da sua filha naquele prédio em frente — falou Martin. — O perito do caso diz que quem quer que tenha a abordado, o fez no estacionamento, pois encontrou marcas de sapato no chão de lá que indica luta corporal. Ela correu para fugir dele, porém acabou vindo parar nesse beco sem saída, então escondeu-se atrás desse container de lixo, pois encontramos um brinco jogado aqui que confere com o que foi encontrado no carro de Wendy. Foi quando ela fez a ligação para a mãe. Localizamos o celular jogado um pouco à frente da caçamba com a bateria fora, deve ter caído das mãos dela. O barulho que a sua ex-mulher ouviu foi de um pedaço de madeira que a perícia está analisando. Ele bateu com força na caçamba, pois queria assustá-la. Depois achamos marcas de arrasto para um utilitário que estava parado desse mesmo lado da rua um pouco à frente. Era provável que estivesse desacordada, porque não há nada que indique que ela resistiu.

— Encontraram alguma coisa no carro da minha filha que sirva de pista? — perguntou Hotch.

— Só a bolsa de outra garota, Jéssica Crew — respondeu Martin. — Nós não conseguimos localizá-la em lugar nenhum.

— É a outra colega da irmandade de Wendy — falou Reid.

— Martin — disse Hotch. — Queríamos te passar uns dados que eu e a minha equipe descobrimos.

— Pode falar — ele anuiu, surpreso.

— Wendy e Jéssica são a terceira e a quarta desaparecidas de uma irmandade da Universidade George Washington e nós queremos que nos convide para investigar diretamente o caso.

Martin ficou pensativo.

— Eu não posso fazer isso até ter uma prova concreta que esses desaparecimento estão ligados, por enquanto eu continuo no comando. No entanto, eu deixo vocês acompanharem a investigação como uma gentileza.

— Certo — Hotch respirou fundo, insatisfeito com a decisão.

O detetive Martin continuou com sua explanação, enquanto os agentes se reuniram num círculo.

— Agora estamos de mãos atadas — falou Morgan.

— Como não estamos oficialmente no caso, vamos ter investigar sem usar a identificação do FBI — falou Hotch. — Vocês estão comigo nessa?

Todos os agente concordaram.

— Se alguma coisa der errado — continuou Hotch. — Eu assumo a responsabilidade. Digam que vocês só recebiam ordens minha.

— Estamos aqui porque queremos, Hotch — falou Morgan. — O que tiver que vir, vamos enfrentar juntos… unidos.

— Unidos, como sempre estivemos… como uma família — completou JJ.

— Precisamos falar com a família de cada uma das garotas desaparecidas — falou Hotch. — Vou pedir para o detetive Martin chamá-las e quero que tentem conversar com elas a sós.

— Por que não descansa um pouco enquanto vemos isso — disse Elle, percebendo o quanto Hotch estava mal mesmo tentando disfarçar.

— Eu não consigo — Hotch falou. — Não sabendo que minha filha não está em segurança.

— Mas você precisa — falou JJ. — Quando você tiver calmo, pensará melhor. Por enquanto, deixe tudo nas nossas mãos.

— Vamos voltar para a delegacia para conversar com o detetive Martin — falou Hotch, ignorando a sugestão das colegas.

***

Wendy abriu os olhos sentindo nada além de dor. Suas energias haviam esgotado, ainda sentia o chão úmido e aquilo lhe causava calafrios. Ela piscou para verificar se o local estava mesmo escuro ou se havia perdido a visão. Numa tentativa de pedir ajuda, ela abriu a boca para gritar, mas o som saiu fraco. Sua garganta estava seca e totalmente entorpecida.

— Chegou a sua vez — falou o desconhecido.

— Diga-me, o que você quer? — ela indagou com dificuldade, a voz quase não saindo.

— Logo você saberá!

***

Hotch estava sentado na sala de espera da delegacia totalmente inconsolável. As horas passavam e nada de saber notícias da filha; ele sabia que quanto mais o tempo passava, menores as chances de encontrar Wendy viva, o que só fazia o seu desespero aumentar.

Ficou com a cabeça baixa apoiada nas mãos, os cotovelos apoiado nas pernas, a pura imagem do desconsolo.

— Hotch — ele escutou JJ chamar.

Olhou para a colega, que apontou para a porta que dava acesso a sala de espera.

— Ela está te procurando — falou a loira.

Hotch olhou para a porta da delegacia. Era Emily, sua ex-esposa. Ela parecia perdida, olhando apreensiva de um lado para o outro como se procurasse algo ou alguém.

Apesar da situação de desespero que o agente se encontrava, ele não pode conter a emoção ao rever a ex-esposa. Ela continuava linda, na verdade o tempo só fizera bem a ela. Hotch levantou-se lentamente, fitando o tempo todo seus olhos nela. Emily continuava olhando de um lado para o outro, até que seus olhos encontraram os de Hotch. Ela sentiu um frio na barriga que a consumiu; Prentiss não imaginava que pudesse sentir algo assim após dez anos sem ver o ex-marido.

Eles ficaram se olhando por longos minutos de longe e não puderam conter a emoção. Os dois ficaram sem ação, até que Emily correu, já não conseguindo conter as lágrimas, e o abraçou fortemente. Ele fechou os olhos, querendo aproveitar esse momento. Sentir o cheiro dela, tê-la tão perto como há tempos não tinha, o fez sentir uma emoção fora do comum.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Não se esqueçam de comentar. Beijos no core!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Pacto Secreto" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.