Identity escrita por Leh Linhares


Capítulo 7
Capítulo 6 — Certeza


Notas iniciais do capítulo

Mais uma vez demorei um pouco mais do que deveria, mas aqui está. Espero que vocês gostem!



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Pov. Cheryl

São mais de duas da manhã e eu não consigo dormir, desde cedo que estou deitada pensando em tudo que tenho que fazer amanhã. Meu principal pensamento é focado nas pessoas que nesses últimos dias tentaram de alguma forma me ajudar: Karen, George e principalmente Jughead.

Cada um deles a sua maneira me tocou de alguma forma, partir sem me despedir, por mais que seja o que eu queria a princípio, soa errado. Sei dos riscos que corro ao me despedir, agradecer e até mesmo me desculpar, como sinto que preciso fazer, mas no final das contas não parece uma opção. Fazer o que eu tenho que fazer é parte do processo de desapego.

Na aula me despedirei de George dizendo que vou-me mudar de novo, o que não deixa de ser mentira. Para Jughead e Karen essa desculpa funcionaria então minha única opção é deixar duas cartas bem escondida para que eles só a encontrem dias ou pelo menos horas depois...

Não choro, como eu pensei que fosse fazer, também não sorrio. Me sinto infinitamente vazia e numa inércia que apesar de eu ter sentimentos não consigo expressá-los. Minha cabeça se divide em duas vozes, em uma que alta e clara repete que o que estou fazendo está certo, que já deveria ter acabado com isso há muito mais tempo e a outra que parece muito mais um sussurro do que uma voz que repete baixo que talvez exista como ser feliz nessa nova vida se eu tentar com mais força.

O problema é que eu não tenho mais força, não tenho energia para continuar lutando. Nada parece fazer sentido, por exemplo diversos foram os exercícios para casa passados para mim ontem, mas eu não fiz nenhum, sequer abri o livro, não porque não sei ou porque esqueci. Eu simplesmente não vi sentido em fazê-los e continuo não vendo. Nada disso serve para mim.

Não consigo tirar as velhas imagens da minha cabeça, sinto falta do meu irmão e por incrível que pareça dos meus pais. Me suicidar vai-me levar de volta para o meu irmão, vai acabar com toda essa dor e sofrimento, não tenho escolha preciso do meu irmão, sempre precisei.

Essa aceitação me provoca certo alívio e eu sorrio para mim mesma satisfeita de finalmente ter tomado uma decisão. Amanhã verei o mundo de uma forma diferente, é dia de sorrisos e não de lágrimas. Fecho meus olhos pelo que parecem ser cinco minutos e antes de conseguir dormir escuto Jughead se levantar.

Não conversamos desde o último acontecimento, era como se ele soubesse que era inevitável dizer qualquer coisa, se eu não fosse tão observadora poderia acreditar que ele esteve dormindo esse tempo todo, mas sei que não. Sua respiração não se assemelhava nenhum pouco com a de alguém dormindo. Imagino o que ele deve ter pensado por todas essas horas, em mim talvez? No que eu o fiz fazer?

Das duas uma, ou me considera uma louca, ou sente pena de mim. As duas proposições me irritam e me entristecem, mesmo não querendo admitir, o que sempre quis foram amigos de verdade...

Jughead se deita ao meu lado e me abraça.

            Eu congelo por alguns segundos. O que ele pensa que está fazendo? Não me viro para encará-lo, tenho medo de encontrar pena nos seus olhos novamente, prefiro acreditar que sem perceber ele se tornou meu amigo.

— Por que? — Perguntei a ele esperando que ele entendesse tudo que estou questionando.

— Eu só acho que você talvez precise disso. — Jug não entende, não completamente, ninguém entende, nem eu mesma. Não era essa a resposta que eu esteja procurando.

— Obrigada, Jug, por tudo quero que se lembre disso se algo acontecer comigo — disse sem muito refletir a respeito e me arrependo na mesma hora. Não quero que ele descubra o que vou fazer amanhã à tarde.

— Cher, quero que seja honesta comigo, não quero-te julgar, mas estou com medo com muito medo. O que você pretende fazer amanhã?

— Ir à escola, Jughead, como você.— Disse enquanto ria tentando despreocupá-lo.

— E depois?

— Nada. Provavelmente dormir para recuperar essa noite mal dormida. — Minto, mas a verdade parece escrita na minha cara. Se ele for um pouco esperto provavelmente já sabe de tudo.

— Preciso de companhia para um lugar amanhã. Você iria comigo? — Cogitei dizer não, mas não quero ter que explicar porque não posso.

— Por que não chama a Betty para ir com você?

— Bem, Betty e eu é algo complicado, nós brigamos... Não sei se voltaremos a ficar juntos — essa notícia me provocou um misto de sensações: a primeira parte se entristeceu por ele, os dois sempre pareceram felizes um com o outro e a segunda se alegra, essa eu realmente não consigo explicar. Talvez eu esteja confundindo meus sentimentos de novo: o que tivemos aconteceu por pena, não por desejo Preciso colocar isso na minha cabeça.

— Para onde?

— Te conto quando chegarmos lá.

— Tudo bem vou com você.

O silêncio toma o quarto nos minutos subsequentes, porém Jughead ainda me abraça enquanto usa uma das suas mãos para acariciar meu cabelo. Jason costumava fazer isso.

— Só mais uma coisa, Cheryl, talvez você não seja minha amiga, mas eu sou seu amigo, ok? Você pode contar comigo, você pode-me falar qualquer coisa, você pode me xingar que eu continuarei aqui. Talvez você não precise de mim, mas eu preciso de você.

Não respondo nada, estou muito sonolenta para fazê-lo, mas é inevitável sorrir por pelo menos um segundo. Amanhã será um novo dia...

Acordo com o rosto no peito de Jughead, mas não me levanto. Estar assim tão perto de outra pessoa me lembra das velhas lembranças com Jason, costumávamos desde pequenos dormir na mesma cama mesmo nossos pais sendo contrários a isso. As primeiras noites sem ele foram difíceis, tão difíceis que era normal que um fosse para o quarto do outro depois de um pesadelo ou de um dia ruim.

Fechando os olhos eu tentei fingir que ele era Jason e que nada tinha mudado, o que eu não consegui, Jug nunca será Jason, seu cheiro é muito diferente, mas também muito agradável a sua maneira. Não sei como ou quando, porém Jughead se tornou especial para mim, de uma forma completamente diferente e ao mesmo tempo muito parecida com como eu me sentia por Jason.


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Notas finais do capítulo

Reviews??
Para onde vocês acham que Jug vai levar a Cheryl? E estão ansiosos para o retorno da série?



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