Identity escrita por Leh Linhares


Capítulo 6
Capítulo 5 — Fade To Black


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo para vocês. Espero que vocês gostem!



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Pov. Cheryl Blossom 

Não consigo mais. Jughead não percebe, não se dá conta que me afastar de George foi a pior coisa que ele poderia ter feito. Não consigo parar as lágrimas, eu simplesmente sei que chegou a hora de acabar com tudo, sou um maldito fardo para as poucas pessoas com quem convivo.

Não sinto nada, nada importa, não me preocupei se a Karen me encontraria ou mesmo com a reação de Jughead. Sei que deveria, mas não consigo. A única coisa que tenho capacidade de pensar é que me sinto vazia, completamente vazia.

Não sou nada, ninguém se importa comigo e nada pode me salvar dessa imensa solidão que eu cavei para mim mesma. Já pensei várias vezes em modos de me matar: cortes, comprimidos, arma, enforcamento, afogamento, antigamente o lado ruim de cada um se sobressaltava e depois de horas analisando acabava adiando a decisão, porque no fim eu não tinha coragem ainda de fazer o que eu sei que é preciso.

Mas agora eu tenho. Nem mesmo beijar George foi o suficiente, nem mesmo os cortes aliviam como costumavam aliviar, não sei mais o que fazer, não sei mais como suportar tudo isso. A única coisa que preciso agora é decidir como e quando.

Dessa vez não preciso pensar muito a lembrança do corpo de Jason deteriorado pelo rio me vêm a cabeça e eu sei que estou destinada para morrer no rio, que esse é o único modo de me reunir a ele. Esse pensamento me traz certo conforto e eu me apego a ele.

Amanhã depois da aula, quando ninguém estiver prestando atenção em mim, eu vou até o rio, não deixarei carta, bilhete e nem mensagem dessa vez. Não quero que ninguém me encontre e me transforme em seu caso de caridade particular de novo.

 — O que você estava pensando? — diz Jughead visivelmente irritado enquanto me puxa pelo pulso até nosso quarto escada acima. Tento ignorar a dor que o aperto dele ao meu pulso recém cortado faz sabendo que se ele souber do corte vai ser muito mais difícil de escapar amanhã.

— Karen podia ter te encontrado ali. Tem noção que seria mandada embora na hora? Ela sequer te conhece, você não pode fazer essas coisas, Cheryl. — fala ele irritado sem perceber a mancha de sangue na minha blusa. Agora é questão de tempo até que ele veja. Estou chorando deseperadamente não sei o que dizer caso ele descubra.

— Diz alguma coisa, garota. Estou me arriscando por você, te ajudando, até te alimentando. Você não pode mais agir assim, Cheryl, pelo amor de Deus, me deixa te ajudar... — pela primeira vez ele realmente olha pra mim e a mancha não passa desapercebida.

— O que é isso? — eu tento esconder meu pulso, mas é inútil quando eu me dou conta ele já está de cara pro corte.

— Como você se machucou?

— Eu... eu esbarrei num galho mais cedo.

— Como você se machucou? — perguntou ele de novo parecendo ainda mais preocupado.

— Eu já disse, eu... esbarrei... num galho. —disse entre soluços. Não sabia mais o que dizer.

— Eu sei que você não esbarrou em nada. É muito fundo pra ter sido isso, eu já vi esse tipo de corte, sabe? Na minha mãe quando eu era mais novo. Eu entendo, não vou te julgar, prometo até mander segredo também, mas conversa comigo. Desde quando isso tá acontecendo? — eu não queria falar, mas o silêncio entre nós dois me oprimia. Jug não parecia disposto a ir embora antes que eu falasse.

— Eu comecei quando eu tinha doze anos. Meus pais cobravam muito de mim, no início era mais leve, geralmente arranhões, nada sério, mas depois de um tempo só arranhões não eram mais o suficiente, foi quando eu realmente comecei a me cortar. Passei meses fazendo isso, mas Jason descobriu e me implorou que eu parasse, o que eu consegui fazer por muito tempo...

— Até ele morrer. Esse foi seu gatilho. — Jughead afirma.

— Exatamente. Desde que ele morreu eu voltei com os velhos hábitos e por mais que eu tente não consigo parar.

— Eu sei que consegue se se esforçar. — disse ele e por mais que esse tipo de frase me irritasse antigamente. Não me provocava nenhum tipo de sentimento agora.

— Você não tem ideia de como é a sensação.

— Então, fala pra mim. Talvez conversar sobre te ajude. — posso ver a pena nos seus olhos, mas respondo sua pergunta. O que tenho a perder?

— Me cortar é o jeito que encontro de aliviar a dor. Sempre que estou muito sobrecarregada os cortes fazem com que eu me sinta melhor.

— Eu posso ver seus cortes? — eu penso muito antes de mostrar a ele, porém decido fazer isso. Vendo ou não ele já sabe de tudo.

Jug me olha confuso quando eu tiro minha calça, acho que ele esperava que meus cortes fossem todos nos braços, ele realmente não conhecia a velha Cheryl. Minha mãe nunca aceitaria que sua própria filha se ferisse em um lugar visível as aparências sempre foram mais importantes que qualquer outra coisa naquela casa.

— Aqui estão eles. — ele enconta os dedos nos inúmeros cortes, parecendo ao mesmo tempo que encantado também assustado, não sei porque decido fazer isso, mas pego sua mão por cima da minha coxa e subo com ela devagar até onde eu queria que George tivesse botado as mãos. É uma ideia idiota e estúpida, sei que ele nunca vai corresponder, que nunca vai fazer o que eu quero que ele faça, mas estou desesperada.

— Cheryl... Eu.

— Por favor, só me faça sentir algo. — me surpreendendo ele não diz nada só permite que eu termine de subir suas mãos para minha vagina e lá com seus dedos ele começa a me tocar.

Sem tirar seus olhos dos meus, ele coloca primeiro um dedo no meu clitóris, depois dois, Jug intercala entre toques rápidos e lentos e aos poucos me vejo entregue ao momento. Estou mais molhada do que já estive em tempos e mesmo que Jug não queira admitir posso ver sua excitação daqui.

Os gemidos são inevitáveis e eu espero realmente que a Karen não chegue agora. Gradativamente ele começa a me dar mais e mais prazer até chegar ao meu ápice. Só consigo sussurrar seu nome e um obrigado. Não pensei que ainda pudesse sentir tanto prazer só com um toque.

Ao fim do meu orgasmo ele tira os dedos de dentro de mim e se afasta provavelmente para lavar as mãos. Eu continuo ali ciente de isso não deveria significar alívio nenhum visto que foi feito apenas por pena, mas me alivia. Talvez apenas talvez ainda possa existir algo pra mim por aí, o que não quer dizer que darei para trás com a minha última decisão, mesmo tendo sido bom vivenciar isso, uma boa masturbação não muda nada, ainda mais uma feita por pura pena.

De qualquer maneira, prefiro morrer com essa lembrança para me consolar que continuar vivendo esperando que ela se repita quando eu sei muito bem que não vai acontecer.


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Notas finais do capítulo

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