Entre Ela&Eles: Um segredo. escrita por BeaFonseca


Capítulo 25
Capítulo 24 - ligação indesejada e uma dolorosa lembrança




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O restante do final de semana havia passado rápido. Yoongi e Taehyung ainda não estavam se falando, e muitas vezes tive que ouvi meu pai perguntando-me se eu sabia o motivo da discórdia entre ambos, embora eu estivesse desconfiada de que Appa sabia muito bem sobre o que se tratava e queria minha confirmação.

         Em meio a nossa conversa em particular, Appa soltou que pretendia casar-se com Yanna, e perguntou-me se eu a aprovaria. É obvio que aquele questionamento ia além de uma resposta simples. Na verdade, ele estava interessado em saber se eu estava pronta para contar a verdade.

— Eu quero... – Engoli em seco. – Mas preciso de um pouco mais de tempo... – Afirmei. Appa sorriu.

— Tudo bem.

         Esse foi nosso último diálogo do dia. Durante a noite, eu estava pensativa em meu quarto, apenas ouvindo barulhos de risadas que vinham lá de baixo. Os irmãos de Tae eram bastante barulhentos quando queriam, embora isso não me incomodasse.

         De repente, ouvi quando meu celular vibrou, e bastante desconfiada, peguei rapidamente, apenas para soltá-lo com a mesma velocidade.

  - Om... – Eu não conseguia se quer falar. O choque me impedia de tomar qualquer atitude.

         Ela estava ligando para mim. Minha mãe estava retornando, pela primeira vez em muitos meses, a minha ligação. E realmente não esperava por isso.

         Logo após o choque, a raiva invadiu-me por completo. Em um ato de desespero, peguei o celular em mãos na tentativa de quebrar-lhe no chão, mas a sensatez me impediu. Eu estava apenas com raiva, e muito provavelmente, não estava agindo de forma prudente.  

         Olhei para a tela, novamente, a tempo de ver a ligação cessar. Não demorou mais que segundos até que ela volte a ligar. Sem pensar, deslizei a tecla para a direita, atendendo.

— Filha! – Sua voz ainda era a mesma, e o tom de animação era irritante aos meus ouvidos. Depois de tudo, ela ainda tinha a capacidade de achar que poderia me contatar.

         Eu sei que passei muitos meses esperando a sua ligação. Eu sei que passei noite chorando e sentindo a sua falta, mas eu havia encontrado os meus limites, e sinceramente... já havia me esquecido completamente dela.

— Hm... – Eu não conseguia produzir uma frase. Apenas esperei.

— Parece desanimada? – Questionou. Era nítido que debochava, e me perguntei o motivo para essa relação ter desandado. – Ah... esqueça! Talvez saiba porque estou ligando, hum?

         Expressei minha confusão no rosto. Eu não tinha ideia do motivo. Saudade, com certeza, não era.

— O que quer? – Questionei, ríspida.

— Ora essa! – Se alterou. – Isso não é jeito de falar com a sua mãe! – Encolhi os ombros. Eu não queria admitir que também tinha medo dela. Das suas atitudes imprudentes. – Apesar de ser uma filha ingrata, eu só liguei para dizer que estou com muita saudade.

         Eu realmente quis quebrar o telefone naquele momento. Me contentei apenas com um suspiro profundo, pensando eu que ela, muito provavelmente, estaria bêbada, e por esse motivo, tenha lembrado de mim.

— Tenha uma boa noite, Omma. – Foi a única coisa que falei, antes de desligar o celular, bloqueando-o rapidamente. Em seguida, pensei melhor. Ele estaria melhor desligado.

         Joguei o aparelho por cima da cômoda, e me joguei na cama, respirando profundamente. Sentia-me cansada, no fim das contas. Ela me cansava.

         Olhei para a janela, que me dava a fresta de uma noite silenciosa. Um silêncio que eu já não estava mais acostumada. Nem mesmo o som de um galho agitado... Bufei.

         A vontade que eu tinha era de grita, falar os piores dos palavrões. Xingar até não aguentar mais. Mas não o fiz... não o fiz porque sabia que isso só chamaria atenção. Então eu chorei.

         A medida que as lágrimas embaçavam meus olhos, algumas outras lembranças surgiam em minha mente.

Flashback on

         Minha mãe estava em mais um de seus ensaios enquanto eu estava entretida no celular, em seu camarim vazio. Eu estava mais uma vez escapando do diretor de produções. Ele me enojava completamente. Infelizmente, minha própria mãe não parecia ter percebido meus sentimentos. Eu ainda não a culpava por isso.

         De repente, ouvi um estralo na porta, imaginando que tivesse sido ela a retornar dos ensaios, mas minha cabeça rodou no momento que senti o perfume enjoativo no ar. Percebi que a porta havia sido trancada por dentro.

— Vamos nos divertir, queridinha...?

         Na tentativa de gritar por ajuda, o diretor de produções já havia me alcançado rapidamente. Eu era frágil perto daquele corpo gigante. Não era a primeira vez que ele tentava alguma coisa, mas era a primeira vez que ele realmente havia conseguido.

         Nunca, jamais tive coragem de dizer a minha mãe, embora, com um tempo, eu tenha percebido que ela não se importava. Eu fui vítima de abuso por meses, sob ameaças constantes que poderiam interferir na carreira que minha mãe tanto presava. Eu fui, praticamente, obrigada a me calar instintivamente todas a vezes. Até o dia em que daquele abuso, um fruto havia sido desenvolvido, embora podre...

— Fique quieta! – Ouvia minha mãe dizer, no dia que ela havia descoberto a gravidez indesejada. – Ninguém precisa saber disso, e ninguém será prejudicado.

         Foi exatamente isso que ela disso quando descobriu que, no mesmo dia, eu havia perdido o bebê. Não me julguem, mas eu não desejava nenhum mal aquele bebê que nem mesmo tinha culpa de ter se desenvolvido. Eu havia traumatizado, desencadeando uma série de problemas que me levou a beber. No fim das contas, a única coisa que recebi em troca foi ainda mais ameaças caso eu abrisse a boca sobre o abuso.    

         Eu, como uma boba, acreditei mesmo que minha mãe quisesse me proteger. Proteger minha reputação, mas a única coisa que ele se preocupava, era com a própria carreira.

Flashback off

         Ele tinha ligado não porque estava com saudades, mas para me lembrar de manter a boca fechada, é claro. Ela ainda passava por um processo de julgamento, e eu não ficaria surpresa caso me chamassem para depor algum dia. A justiça sabia da minha existência, embora tenha concordado com o sigilo em nome da minha proteção social. Eu ainda era de menor.  

         Eu sabia que appa se decepcionaria com a minha covardia. Mas no fim das contas, eu também o estava protegendo de calúnias. Ele não precisava saber que tinha uma filha deflorada pela boca da mídia.

         Minha boca secou repentinamente, e a abstinência do álcool já dava seus indícios novamente. Mas eu tinha que me controlar. E não iria ceder novamente a depravação.

         Eu só precisava de ajuda, mas ninguém poderia me ajudar, a não ser eu mesma.

“...Se quer que os boatos parem, então aprenda a ser firme com o que quer, ou aceite o que vier. – Olhei para Yoongi. – O que acha que pode perder com qualquer uma das opções? É simples. (...)”

         Aquela lembrança havia me acometido de repente. Yoongi estava certo em me fazer refletir. O que eu tinha a perder?!

         Para começar, até a algumas semanas atrás, eu só tinha uma reputação e o amor de um pai a perder, agora eu tinha amigos – mesmo que não admita -, e uma amiga, embora mais velha – a sra. Abby -. Eu tinha mais do que merecia a perder. Eu agora também tinha uma segunda mãe, e essa, eu também não queria perder.

         Eu tinha muito a perder. Isso me matava internamente.

         Uma batida suave na porta tirou a minha atenção.

— Querida, estamos planejando uma noite de filme, quer participar? – Ouvi quando a Sra. Yanna perguntou, animada.

         Eu não consegui responder. Minha voz sairia embargada. Eu não queria demonstrar toda a tristeza que estava sentindo. E depois de mais uma leve batida sem resposta, imaginei que ela havia desistido.

         E novamente, me vi presa em lágrimas e temores.


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Notas finais do capítulo

E então? Revelação bombástica, não é??!! T.T Não me matem pela demora!
Bjssssss



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