O Primo perdido escrita por Paula Mello


Capítulo 13
Flagrada




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Duas semanas antes do fim do trimestre, o céu clareou de repente até atingir um branco leitoso e ofuscante, e os terrenos enlameados da escola amanheceram, certo dia, cobertos de cintilante geada. No interior do castelo, havia um rebuliço de Natal no ar. Flitwick, o professor de Feitiços, já enfeitara sua sala de aula com luzes pisca-piscas que, quando foram ver, eram fadinhas voadoras de verdade. Os alunos estavam satisfeitos discutindo planos para as férias de Natal.

— Infelizmente mamãe já disse que eu serei obrigada a ir para casa... – Disse Hydra, um dia no almoço.

— Nós também vamos para casa, talvez você possa nos visitar! – Disse Fred comendo uma asa de frango.

— Eu vou amar, pode deixar que vou bolar um plano para poder visitar você pelo menos um dia – Disse ela sorrindo para os gêmeos.

— Esse ano eu também irei, na verdade eu só fiquei ano passado por você... – Disse Olívio deixando Hydra vermelha.

— Onde você mora afinal? Acho que nunca perguntei isso. – Disse Hydra como sempre mudando de assunto quando a incomodava.

— Escócia na região das montanhas, apesar de eu ter nascido em Glasgow, acho que você iria gostar... – Disse ele bebendo um pouco suco de abóbora.

— Também acho que sim, quem sabe um dia eu não visito lá também! – Disse Hydra, sorrindo para o rapaz.

— Está mais do que convidada – Disse Wood -, se quiser vir nesse Natal, eu poderia te mostrar as montanhas, são lindas...

— Obrigado, Wood, nós todos amamos o convite que você tão gentilmente fez para todos e não só para a Hydra, não é mesmo? – Perguntou Jorge, querendo implicar com o rapaz, que corava.

— É claro que vocês todos estão convidados, nem precisava dizer isso... – Corrigiu Olívio.

— Claro, nós sabemos que sim! – Disse Fred, fazendo os amigos rirem.

Peter olhava da mesa da Corvinal, ele andava irritado com a demora de Hydra para assumir o romance dos dois e Hydra sabia que ele tinha toda a razão de se sentir assim.

— Hydra, eu vou esperar somente até o Natal, não estou fazendo nada de errado para ter que me esconder assim! – Disse Peter enquanto os dois estavam em uma sala vazia uma noite depois do jantar. Ele parecia realmente irritado.

— Eu sei, eu prometo que eu vou contar... – Hydra tentou acariciar seu rosto mas ele se afastou.

— Não Hydra, você já me prometeu isso diversas vezes... – Ele tinha os olhos meio fechados, da forma quando ficava quando estava com raiva ou pensativo – Eu estou falando sério, eu sei que o principal é estar com você, mas qual é o problema, você tem vergonha de mim? – Disse ele olhando em seus olhos.

— Você está brincando? – Disse ela incrédula – Dez em cada dez meninas de Hogwarts queriam estar com você, eu já ouvi várias meninas falando sobre isso e tinha uma do segundo ano que até estava lendo um dia na biblioteca como fazer uma poção do amor para te dar, fora as mais velhas...

— Então o que é? – Disse ele andando pela sala – É o Olívio?

— É e não é! – De novo os olhos de Peter ficaram apertados de raiva – Eu tenho medo de magoá-lo, ele já estava bastante triste pela derrota contra a Corvinal e...

— Ele já parece bem melhor... – Interrompeu Peter irônico.

— Você tem razão, eu vou contar, antes das férias, ok? Eu prometo! – Hydra disse melosa e puxou Peter para si pelo quadril.

— Isso não é justo, Hydra, você sempre sabe me fazer concordar com as coisas... – Disse Peter, sorrindo e beijando seu pescoço.

— Não tanto quanto eu gostaria... – Afirmou Hydra.

Para alegria de todos, houve mais uma visita à Hogsmeade no último fim de semana do trimestre.

— Excelente, assim vocês mesmo vão poder escolher seus presentes – Disse Hydra para os amigos.

— Não precisa Hydra... – Disse Angelina sem graça.

— Não precisa, mas eu quero! – Hydra sabia que os amigos se incomodavam um pouco com o fato de ela ser muito rica, mas Hydra achava que jamais fazia isso algo de se gabar e realmente não fazia, ao contrário de seu irmão.

Hydra combinou com Peter de encontrá-lo no mesmo lugar da última vez depois que estiveram em Hogsmeade no final do dia, depois que comprasse os presentes com os amigos e ele relutante acabou aceitando.

Hydra acabou comprando para quase todos presentes da Dedosdemel, inclusive para Olívio, apenas os de Fred, Jorge e Lino que não, eles foram comprados na Zonko's.

— Você não usa mais o presente que eu te dei ano passado – Disse Olívio, segurando o pulso direito de Hydra com os olhos tristes.

— Eu tirei quando a gente terminou, eu senti a pulseira esquentar e fiquei mais triste do que já estava, eu demorei muito para ficar bem, Olívio e aquilo não ia ajudar em nada...– Disse soltando o pulso da mão de Olívio

— É, eu realmente mereci isso, eu sei... – Seus olhos ficaram ainda mais tristes, mas ele se virou e saiu para encontrar com seus amigos do sétimo ano. Hydra odiava magoar Olívio, mas sabia que não poderia mais ser evitado.

Depois de comprar uma infinidade de doces para Angelina, Katie e Alicia, deu a desculpa de que precisava comprar pergaminhos novos e saiu em direção ao mesmo pub, para encontrar Peter, aonde leu um cartaz na porta.

"POR ORDEM DO MINISTÉRIO DA MAGIA

Lembramos aos nossos clientes que até nova ordem, os dementadores irão patrulhar as ruas de Hogsmeade todas as noites após o pôr do sol. A medida visa garantir a segurança dos habitantes de Hogsmeade e será revogada quando Sirius Black for recapturado. É, portanto, aconselhável que os clientes encerrem suas compras bem antes de anoitecer. Feliz Natal!"

Hydra leu o aviso, tinha se esquecido de Sirius, era estranho pensar que eram parentes, um assassino em massa, mas também, era estranho pensar que era parente de Lúcio ou Bellatrix Lestrange, mas isso continuava sendo verdade.

O que incomodava mais era pensar que Sirius, assim como Hydra também foi o primeiro de sua família a não ir para Sonserina e sim para Grifinória, mas, isso não impediu que se tornasse um bruxo das trevas, vai que ela achasse que a casa faria isso, mas era de pensar que alguém que parecia também diferente da família acabou tão igual ou pior! Hydra tinha medo do poder de seu sangue sob suas atitudes de vez em quando, sabia que algumas pessoas falavam que ela tinha a mesma pose de sua pai e que era inconfundível que eram parentes, na verdade ouviu isso muitas vezes e sempre a machucava mais do que um soco no estômago, mas tentava fingir que estavam todos errados, não a conheciam de verdade, só a aparência.

Entrou no pub e encontrou Peter esperando em uma das mesas tomando café, ele não estava sozinho, sua irmã Jeniffer estava a seu lado e também o mesmo rapaz que Hydra a vira em sua festa para seu espanto, eles acenaram e Hydra sentou ao lado de Peter que a cumprimentou com um rápido beijo.

— Hydra, você se lembra de Abbas Shafiq – disse Jeniffer que estava de mãos dadas com um rapaz de pele marrom, nariz curvo, forte de olhos castanhos, o rapaz era bonito, elegante e tinha lá para os seus 20 anos, Hydra o reconheceu como filho Azir Shafiq, um trabalhador do ministério que Hydra não sabia o que fazia, mas sabia que tinha um cargo importante e era colega de seu pai.

— Claro, tudo bem Abbas, como vai seu pai? – Disse Hydra o cumprimentando.

— Bem, ele tem muita consideração por Lúcio, você sabe... – Disse ele simpático.

— Mas que pena... – Hydra disse, deixando Abbas confuso.

— Bem, nós estávamos de saída, vamos comprar alguns doces da Dedosdemel, nos vemos depois – Disse Jeniffer levantando com Abbas.

— Prazer em revê-la, Hydra! – Se despediu Abbas.

— Igualmente – Sorriu Hydra e os dois se retiraram.

Hydra percebeu que Peter estava sério e não a olhava nos olhos.

— O que foi? – Disse ela tentando virar seu rosto sem sucesso.

— Você já falou com seus amigos Hydra? por quê estamos aqui escondidos mais uma vez? – Ele tinha os braços cruzados e os olhos apertados.

— Eu vou falar, você sabe disso, eu te prometi de verdade mesmo, eu não quero mais quebrar minhas promessas para você, hoje de noite, ok? – Ela segurava seu braço e fazia carinho em seu rosto, algo que sabia que Peter gostava muito.

— Isso não é justo... – Disse ele sorrindo e a puxando para um beijo.

— HYDRA! – Um grito veio de frente de sua mesa, Hydra soltou de Peter e para seu horror, era a voz de Angelina acompanhada de Fred, Jorge, Katie, Lino, Alicia e o pior... Olívio, todos estavam parados em choque, o corpo todo de Hydra parecia ter congelado, Olívio parecia miserável e todos no pub olhavam para a mesa.

— Angelina, Olívio, eu, eu.... – As palavras não saiam. Mas não adiantava nada porque Angelina saiu correndo pela porta e Olívio a acompanhou em seguida. Hydra estava parada em completo choque, tinha vontade de chorar e sair correndo atrás dos amigos, mas não conseguia, só olhava para a porta paralisada.

— Eu falei que você tinha que falar para eles... – Disse a voz de Peter baixinho.

Fred, Jorge, Alicia, Lino e Kate se sentaram na mesa.

— Por que você não nos contou? – Fred parecia triste de verdade, decepcionado, ela sabia que não era pelo seu relacionamento, mas sim por ter escondido algo tão importante dele.

— Eu tive medo, eu achei que você iam me odiar por namorar outra pessoa que não o Olívio! – A voz de Hydra era estridente e chorosa.

— Ei, calma! – Disse Jorge acariciando seu braço – Você é nossa amiga Hydra e a gente só quer sua felicidade, só a Angelina insistia nisso do Olívio, além do mais – Disse ele olhando para Peter que estava calado observando –, o Peter é um cara legal e a gente meio que já sabia.

— Como? – Hydra arregalou os olhos de susto.

— Nós não somos burros Hydra... – Disse Alicia em um tom amigável – Qualquer um podia ver o jeito que vocês se olhavam e como sorriam quando conversavam, até mesmo o Olívio já meio que sabia.

— Já? –Hydra sentiu uma pontada no peito.

— Saber ele não sabia, mas desconfiava com certeza! – Respondeu Katie, a única da mesa que realmente sabia o que estava acontecendo.

— Você não devia ter escondido isso dos seus amigos Hydra – Completou Alicia.

— Me perdoem por favor, eu ia contar para vocês hoje a noite, mas não sabia como, você viram o que a Angelina...

— A Angelina está provavelmente magoada porque você escondeu isso dela  – Disse Jorge –, tá, ela também ela meio que tem essa obsessão esquisita em você e o Olívio, eu concordo...

— Eu preciso encontrar ela... – Disse Hydra se levantando da cadeira.

— Agora não não acho que vá adiantar nada, espera ela se acalmar. – Fred disse segurando sua mão e a fazendo sentar novamente.

— É tudo minha culpa, eu deveria ter dito alguma coisa antes, eu fui uma idiota! – Falava Hydra com a mão na cabeça.

— Não foi não Hydra... Mas você deveria ter contado sim. – Disse Peter segurando sua mão.

— Então, agora você faz parte do grupo, é isso? – Brincou Fred para Peter, que sorriu.

— Só se a Angelina ou o Olívio não me matarem antes – Respondeu Peter também brincando.

— Boa! – Riu Jorge – Mas acho que no máximo ela te transformaria em um sapo, apesar de ter uma aposta aqui que eu meio que gostaria de ganhar...

— Jorge! – Reclamou Hydra.

— É só brincadeira – Disse Jorge.

Os amigos receberam a notícia melhor do que Hydra imaginava, exceto Angelina, que foi pior do que podia imaginar e Olívio... Hydra disse que precisava encontrar Angelina e que voltaria logo e saiu do pub deixando todos lá.

Ela andou por todas as lojas principais de Hogsmeade mas não conseguiu encontrar Angelina ou Olívio, então decidiu ir até a Madame Pudfoot, tinha um palpite que encontraria Olívio lá e não errou.

Lá estava ele, sentado em uma mesa sozinho rodeado de casais, tinha uma expressão vazia e olhava para o nada, não percebeu quando Hydra chegou e se sentou ao seu lado.

— Olívio? – Ele a olhou, sem mudar a expressão.

— Lembra que eu te trazia aqui? – Perguntou ele com um tom distante sem tirar os olhos de um canto da parede.

— Mas é claro que sim, eu amava – Sorriu, mas Olívio ainda não olhava para ela – Olívio... – Hydra tentou colocar a mão em seu rosto mas ele não deixou.

— Eu não estou triste, eu estou bem! – disse ele olhando para ela, mas seus olhos diziam o contrário – Eu meio que já imaginava, vocês não disfarçam muito bem... e o Peter é um cara legal, você merece um cara legal.

— Eu tive um cara legal também antes também – afirmou Hydra –, você é um cara legal, você foi um namorado bom que mudou muita coisa em mim... – Disse ela sorrindo.

— E eu joguei tudo fora... – Ele respirou fundo – é tudo culpa minha, eu não posso ficar triste.

— Não jogou nada fora, a gente já não dava mais certo Olívio, eu sofri pra ver isso, mas é verdade, você tem um objetivo na vida e isso é muito bom! – Olívio olhou para ela – Eu só não faço parte dele e isso não é algo errado, eu vou sempre lembrar de você, eu juro pra você, você foi o meu primeiro amor de verdade e eu o seu, é normal essa confusão, mas se você parar para pensar, não tinha mais jeito...

Olívio tinha lágrimas nos olhos e Hydra também, mas ele abaixou os olhos sem chorar e disse:

— Será que o Peter vai deixar você continuar sendo minha amiga?

— Ele não tem que deixar nada, ele não manda em mim! – Respondeu Hydra séria – E mesmo se tivesse, não acho que ele iria proibir isso, eu não deixaria, nada vai me afastar de você

Olívio abraçou Hydra que retribuiu e ficaram assim por alguns minutos.

— Eu tenho que encontrar a Angelina, você vai ficar bem?

— Sim, eu vou encontrar meus amigos, eu realmente quero que você seja feliz Hydra e eu realmente acho que o Peter pode fazer isso, ele é um bom rapaz – Disse ele forçando muito um sorriso.

Os dois saíram da loja e Olívio foi em direção ao três vassouras, Hydra andou novamente por todas as lojas e pubs mas não encontrou Angelina de jeito nenhum.

— Eu desisto! – Disse Hydra, indo novamente ao pub aonde os amigos estavam.

— Não achou a Angelina? – Perguntou Katie, Hydra notou que todos pareciam se divertir e que várias canecas de cerveja amanteigada vazias enchiam as mesas.

— Não, de jeito nenhum, eu já procurei em todo lugar que podia imaginar! – Disse Hydra, sentando ao lado de Peter, que passou o braço por seus ombros.

— Ela deve estar planejando como fazer uma poção do amor que funcione em você e no Olívio – Disse Jorge, em um tom de brincadeira, mas Hydra achava que isso era uma coisa bem possível dela pensar mesmo.

— Não brinca com isso... – Disse Hydra.

— Quem disse que eu estou brincando? – Perguntou Jorge.

— Mas por quê a Angelina é assim com vocês dois? – Perguntou Peter, bebendo uma nova caneca da cerveja amanteigada.

— Me pergunto isso todos os dias... – Disse Hydra.

— Porque ela meio que acha os dois o casal maravilhoso, ideal e não se conforma de ter acabado. – disse Alicia - Só que eu acho que até ela, no fundo, sabe que não ia mais dar certo.

— Que estranho... – afirmou Peter – Eu nunca tinha visto isso antes.

— Nem nós, mas me diga, Peter, já que você e Hydra estão namorando, você bem que poderia apresentar todas aquelas meninas que ficam babando por você e vão ficar chateadas, né? – Pediu Jorge, Lino, ao seu lado, concordou.

— Claro, mas não tem meninas atrás de mim! – Peter parecia tão sem graça, com medo de Hydra achar ruim a afirmação dos gêmeos.

— Eu não ligo, Peter – Disse Hydra, deixando ele um pouco mais aliviado.

— Que bom, porque eu realmente não consigo mais ter olhos para elas...

— Ownt! – Suspiraram Katie e Alícia, enquanto Fred, Jorge e Lino faziam caretas enojadas.

— Ok, chega dessa babação! – Disse Fred rindo.

Os amigos conversaram um pouco mais sobre o futuro, os N.O.M.s e os N.I.E.M.s e de como a Corvinal perderia para a Grifinória no quadribol.

— Eu duvido, nosso time é ótimo! – Afirmou Peter.

— Não tão bom quanto o nosso! – Afirmou Alicia.

— Você realmente vai discutir quando mais de cinquenta por cento do time da Grifinória está sentado na sua frente? – Perguntou Hydra, rindo.

— É, realmente, melhor não... – Disse Peter, fazendo o time rir.

— Muito bem, garoto esperto! – Disse Fred.

 


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