Capítulo 07 - Grey

   — De onde você conhece o Paul, Anastácia ? Você tem algo com ele ? São intímos ? Perguntei de uma vez...

— O quê ? Eu e o Paul, intimos ? De onde tirou isso ?

— Ora, pude ver o olhar que ele dirigia à você.... E estava sendo correspondido...

— Enlouqueceu Christian ? Claro que não temos nada.... Eu o conheci hoje....

— Hoje ? O conheceu hoje e já estava cheia de intimidades com ele.....?

— Intimidades ? Que intimidades Christian ? Pelo amor de Deus....

— Estavam caminhando lado a lado, na garagem e sozinhos.... Você era toda sorrisos... Acredito que se eu não estivesse lá te esperando, você teria entrado no carro com ele.....

— Você só pode estar louco.... Nos encontramos por acaso no elevador, ele estava indo almoçar também.... Até me convidou, mas, eu disse que já havia combinado de almoçar com você..... Não tenho culpa se o carro dele estava estacionado ao lado do seu..... Aliás, por que estou me justificando mesmo ?

— Ele a convidou para almoçarem juntos ? Quanta ousadia.... Minha vontade é voltar lá e dar-lhe uma lição.... Você preferia estar com ele Anastácia ?

— Qual o seu problema Christian ? Eu estou aqui com você, não estou ?

— Sim está ! Não sei qual o meu problema, não sei de fato se tenho um.... Apenas não gostei de ver vocês dois juntos.... Não admito relacionamento entre os funcionários do hospital.... Só isso.... Seria anti-ético....

— Oh sim.... Entendo.... Você não admite relacionamento entre os funcionários..... E entre patrão e secretária ? É permitido ? Porque acho que sua secretária não sabe disso.... Ou melhor... Talvez você próprio tenha se esquecido, não é ?

— O quê ? Não.... Não sei do que você está falando..... Respondi gaguejando e engolindo seco....

— Ah garanto que sabe sim.... Aliás, deve saber muito bem do que eu estou falando.... Devo informá-lo que assim que sai da sua sala hoje pela manhã, sua projeto inacabado de secretária me cercoum me fez acusações e me ameaçou.... Pelo conteúdo da conversa, pude deduzir, que vocês dois são bastante íntimos... Mas acredito que as regras do seu hospital, não se aplique a você, não é ?

Merda ! Vou matar a Leila.... O que ela pensa que é... Será que nunca vai entender que é apenas uma foda casual ? Ou melhor... Era.... Por que não a quero ver nem pintada de ouro em minha cama novamente.... Por que tinha que abrir a boca para Anastácia ? Como fui tolo.... Me arrependo de tê- la fodido.... Nem valia tanto a pena assim.... Inferno !!!

— Vamos Christian.... Estou esperando sua resposta....

— Não devo explicações da minha vida aos meus funcionários, Anastácia.....

— Ah... Claro que não deve.... Afinal de contas, você é o todo poderoso Christian Grey !

— Sim, sou Christian Grey, Diretor geral e dono do hospital que você trabalha... Portanto, seu chefe...

— Ótimo ! Meu chefe ! Então acredito que não deveríamos estar indo almoçar juntos e tendo essa discussão... Já que seus subordinados não têm permissão para se relacionarem....

— E desde quando um simples almoço demonstra ser um relacionamento, senhorita boca atrevida ?

— A partir do momento em que se convidou para almoçar comigo e com o meu amigo sem que eu tivesse chance de negar o convite.

— Ah... Então esse é o seu problema ? Queria estar a sós com o seu amiguinho ? Suponho que eu esteja atrapalhando o seu encontro.... É isso ?

— Não é um encontro.... Mas de fato não estava contando com a sua presença, é meio constrangedor.... Você é meu chefe... Praticamente acabei de lhe conhecer e o José é um grande amigo de longa data... Vai ser estranho...

— Ótimo ! Já que ele não é seu namorado, e apenas um amigo, não vejo constrangimento nenhum em almoçarmos juntos.... Você pode até achar que não nos conhecemos bem, mas, sinto que já temos uma ligação... Mesmo que seja profissional..... Então vamos descer... Já chegamos....

Não deixei que ela continuasse com essa história de que éramos quase estranhos, porque para mim ela já era tão importante.... Sentia que tinhamos de fato uma ligação, muito além de profissional, como eu disse. Descemos do carro e eu fiz questão de segurá-la pela mão, enquanto atravessávamos o estacionamento.

O restaurante que escolhi fica em um lugar encantador, cheio de verde.... Nem parece que estamos no centro da cidade.... A comida também é ótima....

Continuei de mãos dadas com Anastácia até que estávamos dentro do restaurante.... A energia que sentia correr entre nossos dedos entrelaçados só me condirmava como era bom estar com Anastácia.... Sinto que essa mulher será minha perdição.... Estou agindo com ela de uma maneira muito diferente do que agia com as outras.... Até mesmo Helena... Nada se compara a essa ligação que sinto quando estou perto dela. E é maior agora que estamos conectados por nossas mãos. O seu simples toque me alucina.... Quero que todos nesse restaurante vejam como ficamos bem juntos..... Principalmente esse tal de José.

Assim que entramos pude observar um olhar de espantodirecionado a nós, que vinha de um rapaz desminliguido, sentado à mesa reservada. Mesa qual eu sempre gostava de sentar, todas as vezes que vinha à esse restaurante. Caminhamos até ele e quanto mais eu me aproximava, mais apertava os dedos de Anastácia na minha mão. Queria deixar claro a esse merdinha que ela não pertencia e nem pertenceria a ele. Podia jurar, pelo seu olhar de surpresa e decepção, que esse babaca seria mais um candidato a entrar na calcinha de Anastácia. Porém, ele não teria nenhuma chance... Teria que passar por mim antes de se quer sonhar em tocá-la. Pensei ao mesmo tempo :

— Será que já tiveram algo ? Por isso esse olhar se posse dele direcionado à ela.... Ou a atitude e as palavras de Anastácia direcionadas a mim, dizendo que seria constrangedor esse nosso almoço? Ai merda ! Não posso aceitar que ela tenha tido algo com esse cara, não posso sonhar nele a tocando.... Não.... Não é possível.... Ela é muita areia para esse miserável caminhãozinho..... Quantas viagens ele teria que dar até satisfazê-la ?

Fui tirado dos meus pensamentos, ao ouvir a voz toda contente que Anastácia direcionava ao amigo..... Diabos.... Vou acabar com isso em dois tempos.... Coloquei a mão nas costas de Anastácia e a direcionei à cadeira que havia puxado.... E antes que ela reclamasse, sentei ao seu lado, possessivamente e disse :

— Prazer em conhecê-lo meu rapaz! Você deve ser o José, amigo da Ana. Fico feliz que pôde almoçor conosco... Anastácia insistiu muito para que almoçássemos juntos e está sendo um prazer para mim estar aqui com ela. E é bom conhecer um amigo de Ana....

Ela me olhava indignada, com tudo que eu dizia, e principalmente com a velocidade que as palavras saiam da minha boca, sem dar chances a ninguém mais falar.... O olhar dela para cima de mim era mortal, e do tal José era de total indignação.... Quem se importa com essa merda.....? Eu é que não iria dar chance a esse mané.....

Assim que parei de falar para respirar, Anastácia comprimentou o amigo, e para minha infelicidade, fez menção a se levantar, para beijá-lo por cima da mesa, enquanto se apoiava em meu ombro, me impedindo de reagir.....