CAITLIN SNOW

  Dor.

Dor em meu peito é o que estou sentido. Uma dor incalculável. Uma dor de coração partido. Uma dor como se um pedaço do meu coração tivesse sido arrancado de dentro de mim.

Aquele Barry Allen, não era o meu Barry Allen.

Para aquele Barry Allen eu era apenas a amiga. E não a mulher, o amor dele.

— Mami poque ta cholando? – Sophie pergunta quando acorda e me vê sentada em frente o berço dela.

— Mamãe ta chorando não meu amor. – digo limpando o meu rosto e me levantando. – Hora de irmos para casa Snowflake. – digo usando o apelido que Barry deu para ela, pois ele sempre disse que ela era minha cópia. E combinando com meu sobrenome ele só a chama de Snowflake.

— E o papai? – ela pergunta quando a pego no colo, e meu coração se aperta. Pois aquele Barry Allen também não era o pai da minha filha.

— Papai ta trabalhando amorzinho, hoje vamos só nós duas ok. – digo e então pego as minhas coisas e a dela e saio pela porta de emergência para não ter o risco de cruzar com ninguém.

Coloco Sophie no carro e vou para casa, só pensando o que farei da mina vida agora.

BARRY ALLEN

Depois de explicar tudo sobre a minha volta no passado, a criação de outra linha do tempo, vejo Cait olhando para o nada e sei que ela está compreendendo tudo. E então ela ergue o olhar e olha para mim.

— Nós não éramos um casal, não é? Por isso você estava agindo tão estranho. –  ela diz com a voz embargada e eu a encaro com um olhar triste sem coragem de confirmar suas suspeitas.

— Cait... –  tento falar mas ela me corta.

— Eu, eu, eu... preciso ficar sozinha. –  ela diz e sai correndo e eu tento ir atrás dela, mas Cisco me impede de fazer isso.

— Me solta Cisco, eu preciso ir atrás dela. Eu preciso explicar as coisas pra ela.

— Não é hora de você ir falar com ela agora Barry.

— Eu preciso falar com ela, você não entende? – digo tentando passar pelo meu amigo, mas agora sou impedido por Joe.

— Barry, explica melhor isso. Como assim vocês não era um casal? Vocês estão juntos há tanto tempo que é meio difícil de acreditar que exista uma realidade em que vocês dois não estejam juntos. – Joe pergunta e eu suspiro cansado.

— Eu também quero saber, porque agora você está nessa linha do tempo, e as pessoas mais afetadas por essa sua burrada será a Cait e a Sophie. – ele diz e então me lembro da minha filha. Tão inocente e linda no meio desse caos.

— Eu sei disso Cisco. Quando eu voltei pra cá eu não imaginava isso. Eu nunca poderia ter imaginado um envolvimento com a Cait. Na linha do tempo original éramos amigos. Ela era minha melhor amiga. Nunca sequer nos beijamos. Então quando cheguei aqui e vi que éramos noivos e tínhamos uma filha eu surtei. –digo e eles me olham espantados.

— Por isso você desmaiou em casa aquele dia? – pergunta Íris e digo que sim com a cabeça.- Oh meu Deus, Barry. O que você vai fazer?

— Eu,eu não sei. Oliver e Felicity me contaram a minha história com a Cait e eu não sei o que farei.

— Você não se lembra de nada? – Joe me pergunta e eu me lembro do sonho que tive na última noite.

— Eu tive um sonho essa noite onde eu descubro que o meta morfo tinha a beijado e Cisco me mostra ai eu vou atrás dela e nos beijamos e eu a convido para sair. – digo e Cisco sorri.

— Isso aconteceu mesmo.

— Então, isso surgiu do nada, e eu sei que poderá vir mais dessas lembranças. Quando eu estava na outra linha, as minhas lembranças da minha outra vida estavam sumindo, e isso pode acontecer aqui também. Eu posso me lembrar de tudo que eu vivi aqui e esquecer tudo que vivi lá.

— Mas você sabe que isso não vai mudar o que a Cait está sentindo nesse momento, não sabe? – Iris pergunta e eu sei que isso não vai mudar.

— Eu sei, o que eu menos queria era magoá-la. Cait é uma pessoa muito especial para mim e eu jamais gostaria de vê-la magoada. Por isso preciso falar com ela. – digo e então saio correndo a procura da minha Cait.

(...)

Depois de procurá-la no laboratório e ver que ela já tinha ido embora, vou para nossa casa e quando chego lá vejo que estava tudo escuro. Como se não tivesse ninguém em casa. Vou em direção ao quarto de Sophie e lá a encontro dormindo tranquilamente.  Saio do quarto dela e vou para o nosso quarto.

  E então encontro Cait deitada na cama e ouço seu choro. E ouvir aquilo parte meu coração. Pois odeio a ver sofrendo, e ainda mais sabendo que a causa disso tudo é culpa minha.

— Cait... – digo baixinho enquanto me aproximo de sua cama.

— Eu não quero falar com você Barry. Deixa-me sozinha, por favor. – ela diz com a voz de choro e ela soluça enquanto fala.

— Por favor Cait, precisamos conversar... Eu preciso te explicar. – eu digo me aproximando da cama e então ela se levanta e acende o abajur e então o que vejo parte meu coração de uma maneira que eu não posso nem dizer como. Ela estava com o rosto inchado e com os olhos vermelhos e as lágrimas escorriam pelo seu rosto.

— Explicar o que Barry? Não tem o que você explicar.  – ela diz limpando as lágrimas e eu me aproximo dela, porém ela se afasta de mim indo para o outro lado da cama.

— Eu nunca na vida queria te magoar Cait, você é minha melhor amiga. – digo e vejo a dor que minhas palavras causaram nela.

— Esse é o problema Barry, pra mim você é muito mais do que meu melhor amigo e você não tem ideia de como estou me sentindo agora.

— Eu ainda sou o Barry, Cait, fala comigo, por favor. – e então ela se levanta da cama e fica de frente pra mim.

— Você pode até ser o Barry, mas não é Barry que me beijou pela primeira vez, não é o Barry que me ajudou a entender que o que tínhamos era especial, não é o Barry que estava comigo no primeiro ultrassom da Sophie, não é o Barry que me pediu em casamento. Não é o Barry que me ama.  Você é um Barry Allen, mas não é o meu Barry. – ela diz enquanto as lágrimas dela escorrerem pelo seu rosto.  Ela passa a mão pelo rosto e me encara. - E não são apenas os meus sentimentos em jogo aqui. Temos uma filha que te ama e você nem sequer se lembra dela, de como foi quando ela nasceu, quando falou suas primeiras palavras e tudo mais. Você tirou isso dela quando mudou a linha do tempo Barry.

— Não fala assim Cait, eu nunca iria abandoná-la. – digo com a maior sinceridade do meu coração, pois nesses poucos dias sinto um laço muito grande com ela.

— Isso não importa agora. – ela diz enquanto pega no criado mudo seu celular.-  Eu vou para Star City amanhã. Já liguei para Felicity e eu e Sophie vamos passar uns dias com ela e com Oliver. – Eu vou dormir no quarto com a Sophie.

— Você não pode ir Cait, o seu lugar é aqui. – digo segurando sua mão e ela me encara triste.

— Eu não sei mais onde é o meu lugar, Barry. – ela diz e solta a minha mão e sai do quarto me deixando devastado e sem saber o que fazer.

E então percebo que ela deixou algo em minhas mãos.

O anel.

Ela deixou o anel de noivado que foi da minha mãe nas minhas mãos. E então eu sinto o peso que isso se tornou.

Eu estraguei tudo.

Outra vez.

(...)

 Não consegui dormir a noite inteira. Fico rodando o anel que Cait me deu em meus dedos e fico pensando em tudo o que está acontecendo. No dia seguinte, eu ouvi quando a Cait levantou e estava chamando um taxi para levá-las até a estação. Vou até a sala e encontro Cait no telefone e Sophie estava sentada no sofá enquanto assistia um desenho animado qualquer.

— Papi! Vamos ir ver a titia Lis e o tio Olly. – ela diz toda animada e eu sorrio com sua empolgação.

— Tô sabendo meu amor. Papai vai morrer de saudades de você. – digo a pegando no colo e sinto o olhar de Cait em mim.

— Poique você nun vai papai? – ela pergunta enquanto me abraça.

— Papai não pode ir meu amor. Ele tem que ficar cuidando da cidade. Mas eu prometo falar com você todos os dias. – digo e beijo sua cabeça.

— Vô fica com saudadi papai. – ela diz com um bico e eu vejo seus olhos encherem de água.

— Eu também vou, princesa. Mas vai passar rapidinho esse tempo meu amor. E papai promete que vai ir te ver, ta bom? – digo dando um beijo em sua bochecha.

— Ta bom papai. – ela diz sorrindo.

— Vamos querida, o taxi já chegou. Despede-se do seu pai. – ela diz enquanto pega sua bolsa.

— Eu ajudo. – digo pegando as malas dela e de Sophie enquanto seguro Sophie em outro braço.

  Descemos o elevador juntos e só Sophie que preenchia o silêncio. O taxista pega as malas e coloca no porta malas e Cait instala a cadeirinha de Sophie no carro. Dou mais um beijo em minha filha e Cait a pega e coloca no carro. Ela fecha a porta e se vira para mim.

— Você não precisa ir, Cait. Eu não quero que você vá. – digo a olhando e seguro suas mãos e ela olha para nossas mãos juntas.

— Eu preciso ir Barry. Preciso desse tempo para mim. Pra colocar as idéias no lugar e me adaptar com tudo que aconteceu. E eu não vou conseguir fazer isso com você por perto. – ela diz com um olhar triste.

— Eu não quero te perder, Cait. – digo com um medo tomando conta de mim, só de pensar em perdê-la.

Ela me encara com um sorriso triste e se aproxima de mim e me beija. Um beijo de despedida. Um beijo que sinto um medo de nunca mais ter essa mulher em minha vida.

Ela quebra o beijo e dá um beijo em minha bochecha.

— Eu te amo, Barry. Isso é algo que não irá mudar.  Quando eu chegar eu te mando uma mensagem avisando. – ela diz e então entra no taxi e Sophie me dá tchau pelo vidro.

Enquanto vejo o taxi partindo, sinto como se uma parte de mim, uma parte bem grande tivesse ido junto.

(...)

Vou para o Star Labs e vejo que fui o primeiro a chegar e aproveito e fico repassando o que aconteceu antes de Cait entrar no taxi tantas vezes que nem percebo quando Cisco entra no Córtex.

— Como assim a Cait foi embora? – Cisco me pergunta furioso quando chego ao laboratório.

Fico quieto o observando e ele então se aproxima de mim e se senta em minha frente.

— Cait me enviou uma mensagem hoje avisando que estava indo para Star City com a minha afilhada e não sabe quando volta, o que aconteceu ontem? – ele me pergunta  e eu vejo que está na hora de desabafar tudo o que estou sentindo para meu melhor amigo.

— Ela disse que precisava ficar longe esses dias, que precisava colocar a cabeça no lugar e que não seria aqui. E o que eu poderia fazer? Eu não poderia impedir ela de ir. Eu não tenho esse direito. – digo e passo a mão pelo rosto frustrado.

— Cara, eu ainda não consegui entender tudo isso que você nos contou. Se você não era noivo da Cait, o que acontecia com vocês dois naquela linha?

— Ela teve um rolo com o Jay, antes de descobrirmos que ele era o Zoom e de ser sequestrada. – digo e Cisco me olha espantado.

— Espera um pouco, a Cait, a nossa Caitlin teve um rolo com um dos nossos maiores inimigos? – Cisco pergunta ainda perplexo e eu até dou um sorriso pela cara de espanto dele.

— Sim, eu nunca gostei muito dessa relação, mas eu também estava num relacionamento com a Patty. – digo me lembrando da minha ex.

— Patty? Patty Spivot?

— Ela mesma, eu encontrei com ela enquanto almoçava com a Cait ontem, e elas não se dão tão bem aqui né. – digo e Cisco solta uma gargalhada que eu até me assusto. – O que aconteceu?

— Não se dar bem é um eufemismo. A Cait não suporta a Patty. Vocês namoraram na universidade por um tempo. Ai quando depois de um tempo que você e a Cait começaram a namorar a Patty foi transferida para cá e ela começou a flertar com você na maior cara de pal, e Cait queria matar ela. Resumindo, elas não se suportam. – ele diz e eu acho engraçado saber que a Cait pode não suportar alguém. – Mas voltando para o assunto inicial. Mas nunca rolou nada entre vocês? Nadinha?

— Nada Cisco, eu sempre a considerei como minha amiga. Não nego que eu a acho linda e uma mulher incrível. Mas eu sempre fui apaixonado pela Iris, acho que é por isso que nunca olhei para a Cait com outros olhos. – divago nessa possibilidade e lembrando de como me envolvi com a Cait nessa linha do tempo, não acho impossível que se eu tivesse desistido da Iris logo que ela começou a namorar o Eddie eu teria me apaixonado pela minha amiga.

— Íris? Você ainda é apaixonado por ela? – ele pergunta surpreso e eu apenas assinto, mas nesses últimos dias ando bem confuso com meus sentimentos – Oh caramba, isso muda tudo. A Caitlin sempre foi insegura no começo do relacionamento de vocês por causa disso.

— Como assim?

— Ela sempre achou que ela poderia ser um estepe para você, que você estava apenas usando para esquecer a Íris. Demorou muito tempo para você finalmente convencê-la de que o que você sentia por ela era verdadeiro.

— Eu sei que eu nunca faria alguma coisa assim. Nunca iria me envolver com a Cait correndo o risco de magoá-la. Já estou sofrendo tanto sabendo o quanto ela está sofrendo por causa de mim. – digo e só de lembrar-me do seu olhar magoado me deixa angustiado.

— O que você vai fazer cara? Porque além de tudo tem a Sophie. Ela é apenas uma criança no meio de tudo isso.

— Eu sei, eu nunca iria abandoná-la. Eu sempre quis ter filhos, Cisco. Eu sinto uma ligação especial com ela. E não quero perder isso.

— E quanto a Cait? O que você vai fazer? – ele me pergunta e imagens da Cait da minha outra linha começa a surgir em minha mente, todos os seus sorrisos, a preocupação que ela mostra por mim sempre que chego machucado, ou até mesmo os conselhos e abraços que ela sempre me deu quando precisei.

Ela sempre esteve ali por mim.

— Eu não sei cara. Eu não vou mentir que eu não senti nada quando nos beijamos que eu não senti algo que eu nunca havia sentindo por outra pessoa. Foi especial. Mas ela merece muito mais que isso. E teve esse sentimento, de quando eu vi o taxi a levando para longe, como se uma parte de mim tivesse ido junto. – digo e passa às mãos pelo meu cabelo nervoso.

 A minha cabeça e meu coração estão uma bagunça. Pois enquanto a razão me diz que sou apaixonado pela Iris, o meu coração se aperta por ter Caitlin longe.

— Você vai ter que descobrir o que sente por ela Barry. E se você descobrir que se você sente alguma coisa por ela, você vai ter que lutar por ela. E te falo amigo, essa batalha vai ser difícil.

E Cisco tem razão. Agora basta eu descobrir se quero entrar nessa batalha.