CAITLIN SNOW – TRÊS ANOS ATRÁS

  Barry me beijou.

  Quer dizer, não foi o Barry, mas foi alguém parecido com o Barry. O que estou tentando entender é o que está passando dentro de mim no momento. Isso já faz uma semana, mas não consigo agir normalmente perto dele. Esse “beijo” está mexendo comigo mais do que eu quero acreditar.

— Cait? Está tudo bem? – Barry me pergunta e levo um susto, pois nem tinha notado sua presença.

— Claro, porque não estaria? – digo me afastando um pouco dele e indo para meu laboratório. Sinto que Barry está me seguindo então finjo que estou mexendo em algo e o cheiro dele invade minhas narinas.

— Cait...

— Eu estou um pouco ocupada agora Barry... não posso falar. – digo me afastando novamente e escuto ele suspirar.

— Ok.

Ele sai da sala e vai atrás do Cisco e eu consigo respirar novamente.

  Desde o Karaokê eu venho sentindo algo pelo meu melhor amigo que não sentia há muito tempo. Algo que nunca achei que sentiria novamente por outra pessoa, especialmente por ele. Pelo meu melhor amigo.

 - O que está acontecendo com você Caitlin? – sussurro para mim mesma.

 DOIS DIAS DEPOIS...

    Quando vejo que Barry entra no Córtex dou um jeito de sair do local falando que preciso ir resolver algo. Porém quando estou chegando perto do elevador sou impedida por ele.

— Cait... Por que você está fugindo de mim toda vez que chego? - ele me pergunta olhando em meus olhos.

— Eu, eu não estou fugindo de você Barry, de onde você tira essas maluquices? – pergunto enquanto aperto o botão chamando o elevador.

— Ah não? E o que você vem fazendo há dias? Eu chego e você sai, eu te toco e você repele. Me diz Cait o por quê.

  O elevador chega no andar e faço que vou entrar mas ele se coloca na minha frente e ficamos muito próximos um do outro. O que me faz recordar da cena de alguns dias atrás.

— Eu sei Cait. – ele diz ainda bem próximo de mim. E então eu me afasto quando percebo nossa proximidade.

— Sabe do que? – pergunto confusa e ele se aproxima de mim e eu acabo dando um passo para trás.

— Eu sei por que você está estranha comigo, eu sei por que toda vez que eu chego você se afasta, eu sei e quero entender se isso é algo tão ruim.

— Do que você está falando Barry?

— Cisco estava procurando algo nos vídeos de segurança. E me viu te beijando, quer dizer Hannibal te beijando e me mostrou. E depois que vi esse vídeo eu entendi o porquê de você estar tão estranha.

— Eu não acredito que o Cisco te mostrou isso. – digo e sinto minhas bochechas ficarem vermelhas, porém não sei se é de vergonha ou de raiva.

— E eu não acredito que você não tenha me contado Cait. Somos amigos.

— Eu sei Barry, mas como ia chegar e dizer isso pra você. Eu não tive coragem. – digo por fim e não olho nos olhos dele e sinto ele suspirar.

— Eu entendo Cait, mas sabe uma coisa que não entendo?

— O que? – pergunto e então olho nos olhos dele.

— Ele te beijou e sua primeira reação foi ficar surpresa, mas depois você correspondeu o beijo dele. Me diz... Por quê? – ele pergunta se aproximando de mim e eu acabo encostando as costas na parede.

— Por que o que Barry? – digo baixinho e seu rosto fica a pouca distância do meu.

— Por que você o beijou de volta? Me diz. – ele diz se aproximando cada vez mais de mim, e não sei se foi pela proximidade ou pelo olhar dele que quando dei por mim a resposta já tinha saído pela minha boca.

— Porque eu achei que era você. – digo e ele cola a testa dele na minha, mas vejo-o sorrindo.

— Sabe o que mais me irrita?

— O que? - então ele se afasta e olha nos meus olhos antes de responder.

— Ele ter feito isso primeiro que eu.

E reunindo a maior coragem que eu poderia ter eu disse a frase que mudou a minha vida.

— E o que você ainda está esperando? – digo mordendo meu lábio inferior e o que vejo nos olhos dele me deixa em expectativa.

  E então uma de suas mãos se encaixa em minha cintura e a outra ele coloca em meu rosto. As batidas do meu coração se aceleraram de tal forma que era nítida a minha ansiedade apenas naquele toque dele em meu corpo. Ele me puxa para mais perto nos deixando com os corpos colados.

  Quando finamente seus lábios tocaram os meus, me senti nas nuvens. Como se nada no mundo importasse mais, nem os metas, nem os segredos do Dr Wells, nada! O que realmente importava éramos nós dois. Barry me pressionava contra seu corpo com uma das mãos e percorria meus cabelos com a outra. Eu levei minhas mãos até seus cabelos e fazia o mesmo que ele.

Quando o ar foi faltando ele se separou de mim e sorriu. E eu sorri de volta para ele. E ele ainda com as mãos em minha cintura e em meu cabelo deu um sorriso bobo.

— Então, prefere o Barry original ou o do Paraguai? – diz com um sorriso no canto da boca.

E eu dou um sorriso travesso e ele me olha com expectativa. Coloco as minhas mãos por cima dos seus ombros e prendo atrás de seu pescoço.

— Acho que vou precisar de um pouco mais pra saber. -Ele dá risada e se aproxima de mim.

— Mas antes preciso fazer uma pergunta muito importante.  – ele diz sério e ele coloca uma mecha do meu cabelo que estava caído no meu rosto atrás da minha orelha.

— Caitlin Snow, aceita sair comigo?

Eu arregalo os olhos surpresa e ele ri.

— Sair? Tipo um encontro? – pergunto e o sorriso dele se alarga.

— Sim, em um encontro. O que me diz? – pergunta e ele começa a dar beijos em meu rosto.

— Eu aceito. – digo e ele sorri feito criança. E depois dessa minha resposta voltamos a nos beijar e eu nunca fiquei tão grata a um meta humano existir.

BARRY ALLEN – PRESENTE

    Hoje quanto acordei senti algo estranho. Minha cabeça doía e começou a vir flashes na minha mente, comecei a me lembrar de coisas que eu não tinha em minha memória. E então veio essa lembrança. Veio a lembrança do meu beijo com a Caitlin depois do episodio do meta morfo.

  E creio que isso foi ocasionado pelo beijo que compartilhamos ontem à noite. Eu senti como se aquilo fosse a coisa mais certa do universo. Como se beijar Caitlin fosse a coisa mais natural da vida. E senti algo diferente e não sei explicar o motivo.

  Mas nada comparado ao que senti quando acordei e a senti. Ela estava deitada em meu peito e ressonava tranquilamente. Fiquei um pouco observando ela dormir tão tranquilamente, mas depois resolvi levantar e para não acordá-la tentei sair do seu abraço o mais lentamente possível e a deixei no quarto dormindo.

  Fui para a cozinha e liguei a cafeteira para fazer um café. Coloquei dois pães na torradeira e a liguei. E enquanto esperava o meu café ficar pronto vi um celular jogado na bancada. Peguei o mesmo e o desbloqueie. Depois de fuçar um pouco descobri que aquele era o meu celular.

  Fui para as fotos e vi que tinha mais de mil fotos na galeria e fui para o começo. Fotos de dois mil e quatorze. Comecei a passar pelas fotos e vi várias minhas com a Cait. Mas também tinha fotos minhas com Cisco, Iris, Joe, Felicity e Oliver.

 E passando pelas fotos e vendo um relacionamento crescendo cheguei nas fotos de Cait grávida. E posso dizer que ela é a grávida mais linda. Ela ostentava um sorriso enorme em seu rosto, e esse meu eu também não estava diferente.

— Como eu pareço feliz. – digo sozinho e continuo passando pelas fotos. E então aparece um vídeo. Dou play no vídeo .

“ – Barry, já não aguento mais você filmando.

— Ah amor, me deixa filmar ela.”

O vídeo mostrava apenas Sophie dormindo e Cait ao lado da pequena rindo.

“- Você é o pai mais babão que existe. “

E então a garotinha da um sorriso.

“- Olha amor, ela deu risada. Isso princesa, dá risada pro papai.

Sophie não ri, mas eu continuava insistindo e ela apenas dormiu.

— Nem acredito que finalmente ela está aqui.- Cait aparece no vídeo olhando a garotinha que estava deitada na cama. Ela era tão pequena. E pelo jeito foi quando ela chegou em casa após o nascimento.

— Nem eu Bar, nem eu...

— Eu amo vocês duas. Muito.

— Nós também te amamos amor.”

 O vídeo se encerra e eu sorrio pro nada, mas antes que eu continue passando as fotos e vídeos, eu escuto um choro.

Sophie.

Corro pro quarto dela e ela para de chorar quando me vê.

— Papi. – ela diz estendendo os braçinhos pra poder pegá-la do berço.

— Bom dia princesa. – digo sorrindo e a pego no colo.

— Bun dia papi. – e dá um beijo em meu rosto.

— Tá com fominha? – pergunto e ela diz que sim com a cabeça. – Então vamos tomar café da manhã.

Eu sempre me dei bem com crianças, por isso interagir com Sophie não é um problema.  A levo para a cozinha e preparo o seu café da manhã. Faço uma mamadeira com leite e começo a fazer minha especialidade. Panquecas.

— Papai vai fazê queca? – ela pergunta enquanto toma seu leite.

— Vou fazer sim princesa, você gosta né? – pergunto, mais sendo minha filha e de Caitlin sei que ela ama.

— Eu amo queca papai. – ela diz risonha e eu dou risada.

Continuo preparando a massa e Sophie se distrai brincando com um tablet, que pelo visto é o dela.

— Esse cheiro delicioso me acordou. – ouço a voz de Cait e me viro em direção a voz dela. Ela estava na porta da cozinha vestindo um roupão rosa felpudo cheio de corações.

— Mamãe, papai tá fazendo queca.

Cait sorri para a pequena e dá um beijo no topo de sua cabeça.

— O seu pai sabe nos agradar logo de manhã não é meu amor? – ela diz rindo e se aproxima de mim. – Bom dia querido. – e me dá um beijo na bochecha.

— Bom dia Cait. – digo e continuo preparando o nosso café. E sinto o lugar que ela beijou formigar.

Caitlin vai em direção a filha e fica brincando com ela. E acabo imaginando como seria minha vida assim, com uma família, fazendo café da manhã, rindo e sendo feliz.

Mas eu não posso fingir que nada aconteceu, eu preciso dizer a verdade. Eu só não sei como.

(...)

  Depois de deixar Cait e Sophie no Star Labs fui para a CCPD e lá descobri que também havia mudanças. Eu agora tinha um companheiro, o Julian. E vamos dizer que não somos os melhores amigos do mundo.  Fiquei um pouco perdido, mas logo comecei a analisar alguns casos e voltei a minha rotina. 

— Hey Bar. – Joe chega em minha sala – Julian.

— Detetive.

— Oi Joe. Terminei de analisar esses casos. – digo entregando a pasta para ele.

— Oh sim, vou passar para o capitão. – ele pega a pasta e coloca em baixo do braço. – Mas eu vim aqui pra saber como você estava filho. Você estava tão estranho ontem.

— O que não é nada anormal se tratando do Allen, detetive. – Julian zomba e tanto eu como Joe revira os olhos.

— Eu to bem Joe, ontem só estava um pouco... confuso. – digo e Joe coloca a mão em meus ombros.

— Você sabe que sempre pode contar comigo, não sabe?

— Claro que sei Joe. Obrigado. – digo sorrindo.

— Ok, ok. Papo muito comovente, mas temos trabalho a fazer. – Julian diz e joga uns papéis em minha mesa e então eu volto para o trabalho.

(...)

 Tive uns casos de metas para analisar, porém pelo que Julian diz essas cascas estão aparecendo por toda cidade. Com a ajuda de Joe pego uma amostra e levo para Cait analisar. E acabo levando ela pra almoçar. Ela me diz que Sophie está na creche e que mais tarde iria buscá-la. E então no meio do nosso almoço encontramos uma ex colega minha da CCPD.

— Barry? Barry Allen? – olho para a voz e sorrio quando a vejo.

— Patty! Quanto tempo. – digo e me levanto e abraço. Mas ai me lembro de que pelo jeito eu nunca a namorei nessa linha do tempo e quando me volto para Cait ela está com um olhar mortal para a garota.

— Verdade, não te vejo há um bom tempo. – ela diz e toca meu braço.

— Você se lembra da Cait né. – digo, mas tenho certeza que as duas se conhecem muito bem.

— Claro que me lembro da sua namorada, como vai Doutora? – ela pergunta para Cait que dá um sorriso para ela.

— Eu estou bem, mas agora sou noiva do Barry. – diz ela com um sorriso de vencedora e eu fico meio perdido com essas duas. Pelo jeito Cait não é fã dela.

— Parabéns. Fico muito feliz por vocês. – diz ela sorrindo e Cait se levanta e se aproxima de mim segurando minha mão. Nunca imaginei ver Caitlin Snow com ciúmes de mim.

Patty conversa um pouco mais com nós, mas logo vai embora e então eu dou risada.

— Você fica uma graça com ciúmes Dr. Snow. – digo rindo e ela me encara com uma sobrancelha arqueada.

— E quem disse que eu estava com ciúmes da vaca loira senhor Allen? – ela pergunta descaradamente eu dou risada.

— Ninguém precisa dizer Cait, estava nos seus olhos. – digo e dou uma mordida em meu lanche e ela revira os olhos.

— Melhor eu comer do que falar da vaca loira. – ela diz e eu dou risada e ela me manda um olhar mortal e logo paro de rir e voltamos para nossa comida.

 Mas fico só imaginando o que aconteceu para Cait odiar a Patty.

(...)

Quando deixo Cait no Star Labs o alerta de meta humanos soa.

   - Alerta de meta – Cisco grita e eu me troco e corro para o local que Cisco me indicou e então dou de cara com um rosto muito conhecido.

— Se lembra de mim, Flash? – ele pergunta me encarando.

— Clariss? – digo surpreso.

— Ah que bom que se lembra de mim Flash, porque eu me lembro de tudo o que aconteceu aqui. – ele diz se aproximando de mim.

— Como você está aqui? – o questiono e eu fico mais confuso ainda.

— Não importa Flash, o que importa é que eu sei o seu segredinho. Você mudou a linha do tempo. Porque pelo o que me lembro, os únicos velocistas da minha outra vida era eu e o Kid Flash. Até você aparecer e roubar tudo de mim. – ele diz e eu vejo a raiva em seus olhos.

— Eu não roubei nada de você Clariss, eu só estava tentando fazer as coisas voltarem ao normal.  Como as coisas tinham que ser.

— Então fiquei sabendo Flash, que é assim que a minha vida tinha que ser. O seu rival está de volta, Flash. – ele diz e sai correndo e eu corro atrás dele.

  Corremos pela cidade toda até eu conseguir derrubar ele. E então ele desaparece. Volto para o Star Labs onde estão todos tentando entender o que está acontecendo.

— Barry, você está bem? – Cait logo pergunta quando entro no laboratório e passa a mão pelo meu rosto.

— Estou sim Cait, não se preocupe. – digo sorrindo para ela e então ela se tranquiliza.

— Quando finalmente nos livramos do Zoom, outro velocista aparece. Isso não vai acabar nunca? – Joe diz.

— Quem é esse cara? – Wally pergunta

— Eu posso ajudar a descobrir. – Cait diz e se encaminha para o computador. – Terminei de analisar a casca que Barry me trouxe hoje de manhã. – Ela fala da casca que achamos pela cidade e não conseguimos identificar o que era. –E recebi os resultados.

— O que era então Cait? – Cisco pergunta.

— É estranho porque não tem nenhum traço de matéria escura, mas tem traços da força da velocidade. O nome dele é...

— Edward Clariss. – digo antes que ela termine e ela me olha estranho.

— E de alguma forma Barry está certo. Como você sabia?

Cisco está me encarando estranho e eu desvio o olhar.

— Posso falar com você Barry? – ele me chama e saímos do Córtex.

Vamos para o corredor e lá ele retira do bolso o celular e me mostra o vídeo do meu encontro com Clariss.

— É óbvio que esse cara te conhece Barry, você pode me explicar como?

— Eu, eu ... – tento dizer algo, mas nada sai da minha boca.

— É por isso que você está tão estranho? Que você está estranho com sua família, comigo... Está escondendo alguma coisa da gente, Barry? – ele me pergunta e fica me encarando. Cisco é esperto. Ele me conhece muito bem.

— Você está certo, é tudo culpa minha. Eu que fiz isso e estou tentando concertar.

— Barry, me fala o que tá acontecendo. – Cisco pede, mas eu não posso contar.

— Só tem um jeito de resolver essa situação Cisco. – digo.

  Saio do Star Labs e começo a correr até abrir um buraco de minhoca. Quando entro, fecho os olhos e me concentro no tempo que quero voltar. Preciso reiniciar a linha do tempo. Mas então algo me tira de lá. Na verdade era um alguém.

— Flash?

— Olá Flash. Temos que conversar!

(...)

  Estou em um bar de 1988 junto com o Flash da terra 2. Sentamos em uma mesa e eu fico me perguntando o porquê dele ter feito isso.

— Me tirou da força de aceleração para comermos juntos?

— Eu te tirei porque você ia reiniciar a linha do tempo de novo depois de fazer besteira. – ele diz simplesmente e eu o olho chocado.

— Pera, como sabia?

— Depois da sua reação em me conhecer, Harry me contou tudo sobre você. Então decidi ficar de olho em você. – ele diz simplesmente e continua me encarando.

— Ele te contou... tudo?

— Sim, ele me contou que sou o sósia do seu pai. Eu entendo que uma perda dessas Barry te faça querer reverter tudo. Mas a questão Barry, é que tem consequências a viagem no tempo.

— Eu já ouvi tudo isso antes. – digo dando um riso triste.

— De mim você não ouviu. Eu já viajei no tempo e cometi os mesmos erros que você está cometendo agora. Sempre que você volta no tempo Barry às coisas nunca serão como eram. – ele diz e eu o encaro e começo pensar nas coisas como estão.

— Eu cometi um erro em ter voltado no tempo, eu brinquei com a vida e com os sentimentos de todos. Principalmente dos meus amigos. Então do que adianta eu ter esses poderes se eu não posso voltar e consertar meus erros? – derramo tudo o que estou sentindo nesses últimos dias e ele me encara com um sorriso.

— Não somos deuses, Barry. Somos homens. Não podemos consertar tudo. A pergunta que você tem que fazer a sim mesmo é que tipo de herói você vai ser? Você vai ficar voltando no tempo toda vez que cometer algum erro? Ou viver com eles e seguir em frente? – ele me questiona e percebo que ele está certo.

— Você está certo. – digo e encaro o nada. – O problema é que eu nessa vida sou praticamente casado com a minha melhor amiga e temos uma filha linda juntos. Não é só minha vida que foi afetada. A vida de quem eu amo também foi.

— Eu sei de tudo isso Barry, e você não acha que ela merece uma explicação. Que ela não merece a verdade?

— Ela vai ficar tão magoada, ela vai ficar decepcionada. E eu não sei se eu iria aguentar a ver tão triste. – digo e só de imaginar aqueles olhos magoados partem meu coração.

— O que você sente por ela Barry?

— Eu, eu não sei Jay. Eu nunca vi a Caitlin com outros olhos. Ela sempre foi a amiga que eu sempre pude contar. Eu não sei como me sinto. – digo a verdade, pois por mais que eu sinta que meu coração é da Iris, eu não sei se todo ele está com ela. Pelo menos, não mais.

— Você vai ter que descobrir o que sente Barry. Mas não será enganando as pessoas que você ama que isso vai acontecer. E nem voltando no tempo. Porque cada vez que você voltar algo pode ficar pior.

Ele está certo. Eu preciso contar a verdade para eles. E principalmente para Caitlin. E consertar as coisas, e não será voltando novamente que irei consertar as coisas.

CAITLIN SNOW

— Onde está o Barry, Cisco? – pergunto quando vejo meu amigo entrar pela porta.

— Ele saiu sem dizer pra onde ia. Ele está tão estanho... como se tivesse escondendo algo.

  E realmente, Barry está esquisito. Ele está me olhando diferente. E eu não sei o que está acontecendo com ele.

— Vou dar uma olhada na Sophie. Tenta descobrir onde o Barry foi. – digo e saio do Córtex e vou em direção ao quartinho que fizemos para Sophie logo depois que ela nasceu.

Coloco a senha para destravar a porta e entro. A minha menina estava dormindo. Passo as mãos pelo seus cabelinhos e dou um beijo em sua testa.

— Meu anjinho.

Coloco a coberta em volta do seu corpinho e deixo seu urisnho ao seu lado. Deixo o quarto com a babá eletrônica na mão e fecho a porta.

Volto para o Córtex, onde ainda se encontra Joe, Iris e Wally.

— Achou ele Cisco? – pergunto colocando a babá eletrônica na mesa.

E antes que Cisco pudesse falar uma rajada de vento entra pela porta.

— Onde você estava Barry? – pergunto assim que ele para em minha frente e ele me dá um sorriso triste.

— Eu tenho que falar uma coisa para você. Para todos vocês. – ele diz e nós nos aproximamos dele. E eu não entendo o que está acontecendo com ele. – A verdade.

— A verdade sobre o que? – eu pergunto confusa.

Ele suspira e o olho atenta. Ele não está nada bem.

— Depois que o Zoom matou meu pai, depois que o derrotamos. Eu não estava me sentindo muito bem. E eu achei que a única forma de consertar isso era voltar no tempo e salvar minha mãe. – ele diz e eu o olho chocada.

— Como assim Barry? Você impediu que o Flash Reverso matasse sua mãe? – pergunto o olhando indignada.

— Sim. – ele diz simplesmente e seu olhar foge do meu.

— Espera, ela tá... viva? – Wally pergunta e Barry o olha.

— Ela esteve por alguns meses. Eu vivi com ela e com meu pai. Eu tinha uma vida completamente diferente. Eu nem era o Flash.

— Eu não entendo. Você criou outra existência. Como isso é possível? – Joe pergunta e eu continuo o olhando que ainda desvia o olhar de mim. Algo está errado.

Ele então olha para o lado e pega o quadro.

— Essa é a linha do tempo. – ele desenha uma linha no quadro e então começa a nos explicar sobre a linha do tempo. Como ele voltou no tempo e criou outra linha do tempo alternativa depois de salvar sua mãe.

— Mas você decidiu voltar, por quê? – Iris pergunta e eu o encaro ainda confusa com toda essa história de FlashPoint.

— Aquela vida começou a sair do controle. E esse cara, o Clariss era um velocista lá. E causou muitos problemas. E então eu decidi voltar no tempo de novo e deixar as coisas como deveriam ser. Torcendo para as coisas voltarem a ser como era. Mas...

— Mas o que? – pergunto nervosa e ele então me encara com o olhar triste.

— Mas quando eu voltei tudo estava diferente, nada era igual. – ele diz olhando para mim e eu engulo em seco.

— Você quer dizer as pessoas. Como nós. – digo e ele confirma e desvia o olhar de mim novamente.

Ele volta para o quadro e risca outra linha.

— Eu criei outra linha do tempo. Essa que estamos vivendo agora. – ele diz e me encara novamente.

  Eu o encaro e vejo as lágrimas escorrendo pelo seu rosto e eu continuo paralisada com toda essa história que ele nos contou.

— Barry... isso é coisa demais. – digo e ele me encara triste.

— Eu sei que é, mas eu não podia mentir para vocês. Vocês tinham o direito de saber.

E então algumas coisas começam a fazer sentido. O espanto dele na casa de Joe, o desmaio, o jeito estranho dele perto de mim e isso só podia significar uma coisa.

— Nós não éramos um casal, não é? Por isso você estava agindo tão estranho. – digo com a voz engasgada, pois um nó se formou na minha garganta.

Barry me encara com um olhar triste e então já imagino sua resposta.

— Cait... – ele começa mais eu faço para ele parar com a mão.

— Eu, eu, eu... preciso ficar sozinha. – digo e saio correndo dali e vou direto para o cantinho de Sophie.

Entro ali e encosto na parede e então deixo as lágrimas escorrer e vou escorregando pela parede até cair sentada no chão.

E ali eu desabo.

#Algumas cenas foram baseadas no episódio 3X02 de Flash#