Into You escrita por Shiroyuki


Capítulo 1
1. Me and my friends at the table doing shots


Notas iniciais do capítulo

Levi não sabe dançar.
Hanji quer muito que ele dance.

Isso nunca vai dar certo.



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Capítulo 1.

Me and my friends at the table doing shots

 



"Nós não vamos casar nunca!".

Essa havia sido a promessa feita, aos berros, naquele bar decadente perto da universidade, onde eles iam sempre depois - ou durante - a aula. Os três muito bêbados, muito jovens e com muitas certezas do que o futuro lhes reservava.

Não acreditavam no casamento, e não acreditavam no amor. Amor é para imbecis. Amor é para iludidos, alienados, pessoas sem inteligência, que não acreditam na ciência. Amor é para os fracos. Eles nunca deixariam essa doença os derrubar.  Não, não a eles. Estudantes de Direito, a razão e a justiça eram seus guias, a sabedoria era sua diretriz. Jamais se rebaixariam de tal forma. Eles eram mais evoluídos do que isso.

Hanji Zoe havia descoberto poucas horas antes disso que seu namorado a traíra, e, depois de largá-lo completamente nu no meio do centro da cidade como vingança (ninguém sabia exatamente como), ela chamou seus dois melhores amigos para afogar as mágoas no álcool e comemorar a recém descoberta liberdade. Erwin Smith nunca havia tido um relacionamento sério na sua vida, depois de uma decepção amorosa durante a adolescência, na qual a garota que ele gostava preferiu ficar com o seu, na época, amigo. Ele nunca se recuperou por completo, e era conhecido por ser sempre visto acompanhado por uma garota diferente.

E Levi? Levi Ackerman não gostava de seres humanos, fossem eles quem fossem. Não conseguia suportar a ideia de alguém invadindo a sua privacidade ou fazendo parte da sua vida em uma base cotidiana. Jamais suportaria outra pessoa dessa forma por muito tempo. Só buscava por relacionamentos casuais a fim de relaxar, mas esses nunca duravam até o amanhecer.

Não demorou muito até que a promessa eterna feita entre copos de vodka barata, garçons mal educados e música de gosto duvidoso começasse a ruir. Na verdade, foi alguns anos depois da formatura. E Levi nunca acreditou muito naquilo.

Quando Hanji dizia, em meio a outras centenas de profanidades que saíam da sua boca diariamente, que achava Erwin “gostoso”, Levi não dava credibilidade. Quando Erwin contou a ele em uma noite em que madrugavam para terminar um trabalho, com mais cafeína do que sangue nas veias, que Hanji era a melhor garota que ele conhecia, ele não levou a sério.

Ainda assim, contra todas as probabilidades e estatísticas, ali estavam eles.

Aqueles dois idiotas, com seus sorrisos mais idiotas ainda, sentados no seu sofá. De mãos dadas. Dizendo com uma cara de pau sem tamanho que estavam namorando. Levi não colocou muita fé. Deviam ter se comido quando estavam bêbados, e achavam aquele embrulho no estômago da ressaca era amor.  Ele não dava duas semanas.

Dois anos depois, eles contaram que iam morar juntos. Três anos depois, adotaram um cachorro. Cinco anos depois, planejavam comprar uma casa própria.

A vida deles havia mudado muito desde aquela época boêmia e universitária de dez anos atrás. Durante aqueles anos, Hanji havia se formado em mais duas faculdades, e era investigadora forense. Passava o dia em meio a cadáveres e rastros de sangue, e sempre cheirava a formol e desinfetante. Era um sonho realizado. Erwin era inspetor de polícia, e trabalhava diretamente com investigações, que sempre havia sido sua área almejada. Ele planejava conseguir o cargo de chefe da polícia regional em alguns anos mais. Levi era o único deles que permanecia no seu ramo de formação, e seu escritório particular havia se transformado em um dos mais renomados escritórios de advocacia do país, especializado em criminalística.

Os três já não se encontravam mais com a mesma frequência de anos atrás e não aguentavam mais beber como antes também, mas isso não mudava nada. Mesmo com Hanji e Erwin juntos, de uma forma que Levi jamais poderia imaginar que fosse dar certo (eles eram tão diferentes, nunca gostaram das mesmas coisas, não concordavam nem sobre que filme assistir ou o que comer. Como poderia dar certo?), entre eles três tudo permanecia como antes. E, quando se encontravam por acaso durante o trabalho, quando algum caso em comum os reunia, ou somente de passagem por algum local, e Hanji ressucitava alguma piada muito antiga, ou Erwin fazia alguma provocação irritante, ele tinha certeza de que nunca mudaria.

Levi gostava daquilo que não mudava. Tudo em sua vida era planejado, estável, previsível, e era assim que ele queria que continuasse por muito tempo ainda. E jamais, em qualquer existência ou considerando todas as variáveis possíveis, ele poderia prever - ou considerar - aquelas mudanças bruscas que invadiram sua vida e se instalaram sem pedir licença.

Lá estavam os dois idiotas. Com os mesmos sorrisos idiotas de sempre, e as mãos dadas. Levi podia jurar que já tinha presenciado essa mesma cena antes. Seu sofá era muito melhor agora, porém, e o apartamento então, sem comparação. Mas aquele sentimento incômodo de que algo no universo não estava certo quando eles o fitavam com aquelas expressões nunca ia embora.

—  Vamos nos casar.

Não, essa não era a mudança repentina que agitaria a vida de Levi. Essa notícia era algo até esperado, e que, julgando como todo o resto se desenrolara, tinha demorado a acontecer. Mas era o seu estopim.

 



—  Hanji, eu vou embora.

—  Aaah, por quê? Nós nem começamos ainda!

Levi franziu a testa, desejando que, ao invés da xícara de café preto que estava na sua frente, ele tivesse um copo de conhaque. De outra forma, não conseguiria aguentar mais disso. Era o seu dia de  folga, e lá estava ele, com aquela maluca, na área externa de uma cafeteria no centro da cidade, a caminho de alguma loja com cheiro excessivamente doce que vendia expectativas falsas criadas por causa dos filmes da Disney. O inferno seria uma opção melhor para ele, no momento.

—  Me dê ao menos três razões plausíveis para eu continuar aqui.

— Porque hoje é sábado, você não tem nenhum compromisso, eu não consigo fazer essas coisas sozinha… Ah, e porque você é o meu padrinho de casamento! - Ela respondeu, enumerando cada uma das razões, como se essa resposta justificasse também todos aqueles torturantes últimos dias, em que Levi foi arrastado contra a sua vontade por lojas de vestidos, floriculturas, decoração, fotógrafos, degustação de buffet, aprovação de convites… Se ele visse mais algum vestido bufante ou glacê de bolo na sua frente, não responderia mais por si.

—  Você tem um noivo que serve para isso. - Ele soltou o ar, reunindo o resto de paciência. - Sabe, o loiro com aquelas gloriosas sobrancelhas e o penteado de pastor recém convertido que você está “pegando” há, sei lá, uma década, pelo menos?

—  Ele está ocupado, e está cuidando de outros assuntos pra mim. - Ela deu de ombros. - Além disso, você lembra das roupas que ele usava na faculdade? Antes de eu cuidar das compras dele, eu digo. Não, ele definitivamente não tem um gosto apurado.

— Hanji, você usava moletons de desenhos animados e camisetas com frases que envolviam pizza. - Ele tomou um gole do café, esperando que, se terminasse com ele logo, pudesse ser liberado antes daquela tortura. Até parece que isso seria possível.

—  Exatamente, vê como eu não posso ser largada sozinha em um mundo de tecidos finos, castiçais de cristal e decorações majestosas? Nós vamos acabar tendo um bolo em forma de cadáver, eu vi na internet um desses, é incrível. Vem com os órgãos separados também!

—  Hanji. Eu entendo o seu ponto, mas eu preciso mesmo fazer isso com você todos os finais de semana? - Ele tentou ser racional, e argumentar de maneira válida. Discutir com Hanji nunca levava a nada, então, ele precisaria fazê-la pensar por outro ângulo. -  Eu tenho trabalho acumulando na minha mesa, e preciso organizar algumas coisas no meu apartamento, você consegue entender isso? Eu tenho vida.

— Passar o sábado lendo documentos ou fazendo faxina não é vida, Levi! Você precisa relaxar mais, se divertir. Me preocupa ver você assim, sabe? - Ela baixou o rosto, tentando simular um semblante adorável, que jamais conseguiu convencer Levi em toda sua existência.

— Mentira. E ir a agências de casamento e confeitarias no tempo livre não é minha ideia de diversão, então, eu passo. Eu não vou mais servir de motorista para você, não vou te ajudar a escolher a cor de toalha de mesa nenhuma, e se eu tiver que provar mais um pedaço de bolo que seja, eu juro que…

A ameaça ficou no ar, pois Hanji segurou a mão dele entre a sua, invadindo seu espaço pessoal sem nenhuma hesitação, apesar do semblante nada cordial que ele exibia.

—  Por favor, Levi! Se não fosse por você eu não teria conseguido planejar nada. Eu só preciso da sua generosidade por mais algumas semanas, e então, eu prometo que vou te deixar em paz!

Obviamente, pois o casamento seria em três meses, e, depois disso, Hanji e Erwin sairiam em lua-de-mel. Mas Levi não acreditava nessas promessas vazias de “nunca mais te peço nada” ou “só mais essa vez e não falamos mais sobre isso”. Ouvia essa mesma história há pelo menos quinze anos, e, no final, era sempre ele que se ferrava. Hanji sabia como ser insistente, mas, dessa vez, ele não daria o braço a torcer.

Levi suspirou, soltando a mão de Hanji e questionando todas as decisões que já havia tomado na sua vida até aquele momento. Se, no primeiro dia de aula da faculdade, ele não tivesse escolhido o assento próximo à parede lateral, a garota de óculos, rabo de cavalo torto e camiseta de Star Wars que chegou atrasada e invadiu a sala pedindo desculpas por ter se perdido jamais teria sentado do seu lado, e ele poderia estar nesse exato momento sozinho em casa lendo um livro enquanto tomava uma taça de vinho relaxante.

—  Você não tem nenhuma amiga, prima, eu não sei, que possa ir com você nesses lugares? - Ele tentou mais uma vez.

—  Não, eu só tenho você, Levi! Minhas primas me odeiam, e mesmo que você pense que eu sou popular, eu não tenho tantos amigos próximos assim, sabe?

—  E a Petra? Ela não é sua madrinha?

—  Você sabe que ela está morando longe, em outra cidade, ela só vai vir para o casamento. Aaah Levi, deixa de ser chato, sim? - Ela cutucou-o no ombro, com a voz mais aguda a cada frase. Levi sentia que sua paciência já estava se esvaindo. Por que ele aceitou sair de casa com ela, mesmo? - Eu preciso de você! Você é meu melhor amigo! Nosso melhor amigo.

—  Eu não tenho culpa.

— Mas eu confio na sua opinião sincera! Sem falar nos descontos que as atendentes resolvem dar quando descobrem que você não é meu noivo, e ainda está solteiro.

Ele sabia que existia algum motivo mais obscuro por trás daquele interesse todo.

— Sinceramente, eu não acredito que haja uma única loja referente a casamentos nessa cidade que eu não tenha visitado com você, Hanji.

—  Bem… Talvez, dessa vez, não seja exatamente em uma loja desse tipo que nós vamos hoje… - Hanji falou cuidadosamente, e se concentrou na sua xícara de chocolate quente, desviando o olhar. Levi tinha experiência suficiente com criminosos para saber que aquele era o típico comportamento que denotava culpa.

—  Desembuche.

—  O quê? - Hanji voltou a fitá-lo, os olhos muito abertos, claramente fingindo desatenção.

— Você planejou algo. E é algo que eu não vou gostar. Só fale logo, e acabamos de vez com isso. - Levi gesticulou com uma das mãos, impaciente. Ele fechou os olhos, sentindo a dorzinha latejante surgir na sua cabeça, só de imaginar o que é poderia estar passando pela mente perturbada da pessoa à sua frente.

Hanji soltou aquela risadinha que ele mais temia, e que estava acostumado a ouvir, infelizmente. Sempre se seguia de uma longa narrativa de algum plano muito elaborado e sem noção, que invariavelmente acabava com eles usando a piscina de um estranho no meio da madrugada, ou presos na sala de vídeos do último andar da faculdade, e tendo que esperar até o dia seguinte para sair de lá. Levi já deveria ter aprendido sua lição, a essa altura. Então, por que ainda estava sentado naquela cadeira, esperando-a falar?

—  … Então. - Ela começou, hesitante, parecendo escolher bem as palavras para começar. Pegou seu celular, mexendo em alguma coisa na tela, antes de continuar. Aquele sorriso que agourava tempos negros e sem esperança alargou-se, e Levi sentiu seu instinto gritar “dê o fora daí, imbecil” a todo volume na sua mente, ao perceber o estranho brilho nos olhos de Hanji. - Eu tive uma ideia realmente ótima para a recepção do casamento. O Erwin e todos os outros envolvidos já me apoiaram, e adoraram, é claro… Só falta você, Levi.

Levi sabia que nada bom poderia sair disso. E, ainda assim, não conseguiu forçar a si mesmo a levantar-se da cadeira e dar as costas àquela maluca naquele momento. Apenas assistiu enquanto ela colocava o celular na frente do seu rosto, tão perto que ele teve que recuar um pouco para conseguir enxergar qualquer coisa, enquanto ria como uma maníaca prestes a cometer um assassinato, empolgada demais para o parâmetro de qualquer um.

Ele precisou de alguns segundos para puxar o celular para sua própria mão, pois não podia ver nada com ela o chacoalhando de um lado para o outro daquela forma. A música estava baixa, já que estavam sem fones de ouvido, mas ele distinguiu a batida repetitiva e pegajosa de alguma música pop. Na tela, havia uma gravação evidentemente amadora do que parecia ser um salão de festas, com pessoas animadas demais. No centro de todos, um grupo de homens, todos vestindo ternos brancos, começou a se  mover em unidade, fazendo as pessoas gritarem, em uma dança tão estranha que Levi não precisou ver o resto para saber onde Hanji queria chegar. Era incrível o quanto as pessoas eram capazes de ir longe quando o assunto era passar vergonha. E ele não estava nem um pouco disposto a participar disso.

—  Não.

—  O quê?

—  Nem pensar.

—  Mas eu nem disse nada! Olha, você nem viu o vídeo inteiro…

— Você está querendo que eu me junte ao seu noivo estupidamente tolerante,  e mais outros amigos seus, ainda mais idiotas, para me humilhar na frente de todos os seus parentes bêbados, enquanto você grita como uma louca, filma tudo, e coloca na internet. - Levi resumiu em um só fôlego, sem hesitar nem por um momento.

Hanji sorriu, nem um pouco surpresa com o raciocínio de Levi, muito menos ofendida com as suas palavras. Tudo aquilo havia poupado a ela toda uma longa e desnecessária explicação.

—  Exatamente. - Ela recolheu o celular, ainda sorrindo, como se nada do que Levi havia falado tivesse interrompido sua linha de pensamentos. - O que acha?

—  Acho que vocês podem fazer a merda que quiserem, desde que não me envolvam nisso.

—  Mas… Levi! É o nosso grande dia! Meu e do Erwin! Pensei que fosse importante pra você. - Hanji baixou o tom de voz, e Levi, que estava pronto para se levantar e dar o fora dali, voltou à sua posição inicial.

—  Eu te ajudei com tudo o que você pediu até agora, Hanji, cada estúpido detalhezinho, desde a cor dos guardanapos até o sapato que você vai usar na recepção. Coisas que eu nem entendo, pra começo de conversa. Só não me peça pra fazer esse… essa… isso.

—  Mas seria bem rapidinho, sabe? É só algo que eu quero ter como lembrança! Os dois homens da minha vida, dançando juntos, por mim! Não é algo que vai ficar marcado pra sempre?

—  Com certeza, e esse é exatamente o motivo da minha resposta ser não.

—  Eu já matriculei você nas aulas de dança. - Ela só podia estar de brincadeira. - E eu paguei adiantado. - A indignação de Levi cresceu. Ela não podia estar falando sério.

—  Não me diga que você usou…

—  O dinheiro da nossa poupança de casamento, que nós temos guardado por anos. Sim, essa mesma. - Ela confirmou o que Levi temia. Como é que essa mulher teve coragem de desperdiçar o dinheiro que ela vinha salvando quase a vida toda em algo tão estúpido quanto isso? - E, antes que você diga qualquer coisa, eu não considero isso como um gasto, mas como um investimento. Tenho certeza absoluta que valerá a pena.

—  Pois trate de ir até essa escola de dança e pedir seu reembolso, porque eu não vou nem que você me pague o dobro. - Ele a encarou firme, da mesma forma que faria se estivesse em um júri, dando seu argumento final. Só esperava pelo seu “caso encerrado, o réu é inocente” para se levantar e ir embora, e seria como se essa conversa louca nunca tivesse ocorrido.

— Me recuso. - Ela cruzou os braços, teimosa como só ela conseguia ser. Levi de repente lembrou do motivo por sempre evitar entrar em conflitos com Hanji: ela dificilmente desistia deles sem conseguir pelo menos algo em troca. E negociar com ela não era nada fácil. Ele só podia esperar que ,de tudo, ele conservasse ao menos a dignidade ao sair disso. - Levi. - Seu tom era sério, e isso por si só já era sinal de alerta. - Eu não estou fazendo isso só por mim, ou só por essa ideia que eu tive, para animar a minha festa. Eu faço isso por todos nós. Você quer que eu seja sincera? Você não dança.

— Eu sei disso. - Ele assentiu - Ou seja, essa conversa toda é completamente inútil, já que eu pretendo manter o status quo.

—  Você vai ter que dançar de qualquer jeito. Comigo, e com a Petra, que será seu par como madrinha. A valsa, pelo menos. Você quer estragar o meu casamento, Levi? É isso?

—  Claro que não…

— E o que custa, participar dessa coreografia? É algo tão simples! - Ela reforçou, interrompendo o que quer que ele fosse falar anteriormente. - Você pode ficar no fundo, se quiser, não precisa nem se mexer muito. Eu só queria que você estivesse lá, porque é algo importante para mim. É o meu casamento, depois de tanto tempo sonhando com isso, e eu só queria que ele fosse perfeito.

—  Hanji…

—  E eu já paguei pelas aulas, então você vai ter que frequentá-las, pelo menos! São todas no horário oposto ao seu expediente, e eu já falei com o professor, ele é muito simpático! Com certeza ele vai conseguir te ajudar.

—  Eu não preciso de ajuda, porque eu não tenho nenhum problema.

— A aceitação é o primeiro passo, é o que dizem. - Ela afirmou, fitando-o com mais esperança no olhar. Inclinou-se sobre a mesa, segurando a mão de Levi na sua de novo, claramente impedindo que ele tivesse qualquer chance de escapar. - O que me diz? Você vai aceitar, ou vai viver sua vida em profundo remorso, sabendo que estragou completamente o dia mais importante da minha vida, que jamais irá se repetir novamente, por puro e fatal egoísmo do fundo do seu coraçãozinho pequeno e gelado de Grinch? - A referência dela estava errada, já que Grinch odiava o Natal, e não casamentos. Mas ele provavelmente devia odiar casamentos também. Ainda mais aqueles em que era obrigado a dançar.

Levi respirou fundo, sentindo o ar invadir seus pulmões e clarear seu cérebro. Hanji ainda o encarava com aqueles olhos castanhos enormes por trás das lentes quadradas dos seus óculos, sempre sujos demais, na opinião dele. Ele não tinha motivo nenhum para aceitar aquela palhaçada toda. Erwin era a pessoa que estava fadada a aceitar todos os pedidos fora da realidade da sua imprudente futura-esposa. Era o que diziam os votos que eles leriam na frente de todos, em pouco mais de 90 dias. Erwin é quem devia estar preocupado em dançar e se exibir como um pavão para sua pretendente e todos os outros convidados. Levi não tinha nada a ver com isso.

Ele chacoalhou a mão dela da sua mais uma vez, e virou-se de lado na cadeira que ocupava, cruzando uma das pernas. Hanji aguardava, apreensiva. Parecia prestes a abandonar toda a racionalidade e começar a chorar ali mesmo, se fosse necessário, e Levi não duvidava nem por um segundo de que ela fosse capaz de fazer exatamente isso.

—  Desde quando você me deu alguma escolha? - As palavras que ele pronunciou não foram exatamente as que pretendia, mas elas soaram, de certa forma, corretas. Ele não era o Grinch. Não queria estragar a festa de ninguém.

O sorriso de Hanji alargou-se gradualmente, até ocupar o rosto inteiro. Ela estava muito compelida a atirar-se sobre a mesa e abraçar Levi com força ali mesmo, mas ele se adiantou, e pediu ao garçom pela conta, antes de qualquer coisa.

—  Você vai mesmo fazer isso por mim? - Ela mal se aguentava, dando pequenos pulinhos impacientes sobre a cadeira, enquanto Levi deixava algumas notas de dinheiro, e preparava-se para sair dali.

—  Se disser mais uma palavra, eu mudo de ideia.

—  Ok, ok, não está mais aqui quem falou! Silêncio total! - Ela fez um gesto de fechar a boca e jogar a chave longe, enquanto se erguia, saltitante, e puxava o braço de Levi, apoiando-se nele pelo caminho até o seu carro, feliz como um cachorrinho de rua que recebeu um pedaço enorme de costela assada.

Ele não disse nada, mas já estava pensando em alguma maneira de escapar daquele problema. Possuía uma reputação pela qual desejava zelar, e esta incluía não rebolar seus quadris na frente de estranhos, evidentemente. Talvez ela não fosse reclamar se ele frequentasse as tais aulas, e, no final, apenas dissesse que não conseguiria aprender a coreografia, e que era melhor ficar de fora. Seria mais fácil de convencê-la, aparentemente.

Ele só precisava formular uma boa estratégia para se ver livre de vez.




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Notas finais do capítulo

Olá pessoas~

Bem, é um prazer que vocês tenham lido até aqui, e espero sinceramente que tenham gostado dessa história.

Essa fanfic já estava arquivada há uns bons... meses? Anos? Enfim, ela já tava acumulando poeira há um bom tempo até eu ter motivação pra mexer nela, e com o encorajamento da minha amada beta, resolvi que seria melhor postar ela logo, ter algum feedback, para então prosseguir com o que já tinha planejado.

Eu tenho esse problema de não conseguir escrever fics curtas mesmo quando as ideias vêm e eu penso em "só escrever uma oneshot" isso nunca acontece... Essa fic é resultado exatamente disso XD

De qualquer forma, eu realmente gosto muito dessa história e de tudo o que pensei para ela, espero que gostem também~ ♥ Aguardo vocês no próximo capítulo e no resto que virá também ;)



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