Autumn Leaves In a Snowstorm escrita por Miss Moonlight


Capítulo 16
A birthday surprise


Notas iniciais do capítulo

Oi oi, como é que vocês estão no meio desse caos que está o mundo ultimamente?

Não sei nem por onde começar, sinceramente. Eu sei, eu sei que sumi por dois anos e peço desculpas por isso. Em minha defesa, minha vida tem estado uma loucura desde 2018 e isso ajudou para eu entrasse em um bloqueio criativo tenebroso. Mas não vou ficar prolongando o assunto, só queria dizer que finalmente voltei a ter inspiração para continuar escrevendo essa história que amo tanto (pelo menos essa quarentena está servindo para alguma coisa).

Além disso, como puderam perceber, acabei mudando a capa da história. Por mais que eu ame a anterior, eu decidi que a capa não deveria conter o rosto de nenhum dos personagens, para que vocês mesmos possam imaginá-los. Acho que a experiência fica muito melhor dessa forma.

Sem mais enrolações, espero que tenham uma ótima leitura!



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Minha mão tremia ao apertar a campainha ao lado da porta de madeira escura. O som que o objeto produziu só ocasionou em um aumento dos meus batimentos cardíacos, pois significava que agora não havia mais volta e nem para onde correr.

Era fim de tarde de um sábado e naquele dia fazia exatamente dezoito anos que haviam me colocado no mundo. Apesar de ser considerado um “grande acontecimento”, esse não era o motivo pelo qual eu sentia-me diferente. Embora eu não fosse, com toda a certeza, a mesma Autumn de 365 dias atrás, não era a soma de mais um ano de vida que fazia eu me sentir dessa forma, era a soma de mais uma pessoa. Afinal, o que não havia mudado depois que Charles White entrara na minha vida?

Antes que eu pudesse continuar com a minha súbita reflexão, a porta abriu-se a minha frente e meu coração pareceu parar por um instante ao ver Martha com um sorriso de orelha a orelha e braços abertos, convidando-me para um abraço. E como previsto, não demorou muito para que seus braços se lançassem em minha volta, antes mesmo que eu abrisse a boca para saudá-la.

— Feliz aniversário, meu bem! Te desejo muita saúde e toda a felicidade do mundo. Merle e eu sempre estaremos aqui para o que precisar, você sabe disso, certo? – Afastou-se um pouco para encarar-me intensamente, com seus olhos castanhos cheios de afeto. Balancei minha cabeça para cima e para baixo, ainda sem palavras, e ela abraçou-me apertado outra vez. – Ótimo. Você não sabe o quanto é importante para nós, Auttie.

Meus olhos fechados estavam quase transbordando em lágrimas sem a minha permissão. A sinceridade e carinho impregnados em suas palavras sempre conseguiam tocar-me como nada mais conseguia. Algo dentro de mim estava quase implorando para que eu retribuísse suas palavras, mas eu não sabia se conseguiria, já que minha voz estaria embargada e, provavelmente, assim que as palavras saíssem de meus lábios, eu acabaria desmoronando de vez na sua frente.

Então, apenas apertei meus braços em sua volta, sentindo todo o conforto e afeto que aquela mulher me proporcionava. A sensação era totalmente reconfortante e não se comparava a nada que eu já havia sentido antes, pegando-me de surpresa e deixando-me desestruturada.

— Obrigada, Martha – foi tudo o que eu consegui sussurrar para a mulher quando nos soltamos, enquanto torcia para que ela tivesse compreendido, apesar da minha voz estar embargada.

Ela sorriu-me de volta e segurou meu rosto entre suas mãos, limpando uma lágrima que havia caído. Desde quando eu havia me tornado tão sensível?

— Imagina, nós ainda nem começamos! Agora vem, vamos entrando, temos uma surpresa para você.

Após ser puxada para dentro da residência, a primeira coisa que vi foi Merle. Estava ali, sentado no sofá da sala de estar, vestindo uma de suas famosas camisas xadrez e com a barba feita. Ele olhava para algum ponto no tapete sob os seus pés e estava com um semblante pensativo, até mesmo um pouco triste. Mas se comparado ao último dia em que nos vimos, era possível dizer que aquilo era um avanço. Merle não demorou para notar nossa presença e logo levantou a cabeça em minha direção, fazendo com que meu coração saltasse em meu peito.

Eu queria correr em sua direção, abraçá-lo e dizer tudo aquilo que havia planejado nos últimos dias, mas que já nem me lembrava mais, devido ao branco que tive ao olhar em seus olhos outra vez. Meus pés estavam estagnados no meio da sala de estar, enquanto eu o encarava, esperando alguma reação sua que indicasse que ele não me queria ali. Porém, quando os cantos dos seus lábios se repuxaram levemente para cima, foi o suficiente para que eu soltasse a mão de Martha e praticamente corresse em sua direção. Estava prestes a envolvê-lo em um abraço, quando paralisei a sua frente, incerta se devia ou não fazer aquilo. Entretanto, quando o homem abriu os braços para mim, percebi que não havia motivo algum para temer aquela troca de afeto.

— Eu te devo desculpas, pimentinha – ele murmurou com o rosto afundado meus cabelos. Sua voz estava embargada, indicando que estava prestes a cair no choro, assim como eu.

— Está tudo bem, Merle. Você não tem que pedir desculpas, eu te entendo completamente – eu disse com a voz falha, enquanto mais lágrimas desciam pelo meu rosto. Àquele ponto, eu já nem me preocupava mais em segurá-las.

— Tenho sim. Você só queria ajudar, mas eu fui idiota, recusando sua ajuda por não querer que você me visse desse jeito – ele afastou-se lentamente e olhou-me nos olhos, com os seus um pouco avermelhados pelo choro. Era a primeira vez que eu o via daquela forma. – Me desculpe, querida.

— É sério, está tudo bem, Merle – sorri, tentando assegurá-lo do que dizia. Sentei-me ao seu lado e segurei uma de suas mãos. – É natural que você se sinta assim diante do que aconteceu, mas estou feliz que você esteja melhor e aceitando nossa ajuda agora.

— Demorou um pouco para que eu aceitasse essa minha nova... condição – suspirou, olhando para suas pernas. – É claro que ainda é difícil e a ideia me assusta às vezes, mas então eu me lembro que tenho a sorte de ter duas mulheres maravilhosas ao meu lado e, por isso, não tenho o que temer.

Sorrindo novamente, ele depositou um beijo no topo de minha cabeça. Logo depois, olhou para o lado esquerdo do sofá, onde sua esposa já se encontrava sentada, e beijou-lhe a testa com ternura.

— Aliás, feliz aniversário, pimentinha! – disse Merle, após envolver seu braço esquerdo sobre o ombro de sua esposa e bagunçar meu cabelo com a mão livre. – Dezoito anos já, não é mesmo? Deus, como o tempo passa rápido! Você mudou tanto nesses dois anos, Auttie. Tenho orgulho da mulher que se tornou. Às vezes chego a ter inveja de toda a sua força, sabia? Mas enfim, assim como Martha discursou mais cedo, você sabe que nós sempre estaremos aqui para você.

A barreira que eu sempre tentava manter erguida entre mim e aquelas pessoas a minha frente já não fazia mais sentido aos meus olhos. Querendo ou não, nós três já estávamos envolvidos, já tínhamos uma história, um laço, e não havia como desfazer isso ou continuar negando a vida toda. E, olhando para o casal a minha frente e vendo o sorriso que eles me direcionavam, parecia-me extremamente injusto que fossem tão honestos comigo, enquanto eu sempre tentava esconder o que eu sentia e pensava em relação a eles. Estava mais que na hora das duas das pessoas mais importantes em minha vida saberem o que significavam para mim e de eu admitir aquilo para mim mesma também.

— Eu sei e sou muito grata por isso – disse, retribuindo o sorriso e olhando-os nos olhos, queria mostrá-los que o que estava prestes a dizer era sincero. – Obrigada por tudo que fizeram por mim. Eu tenho muita sorte de ter conhecido vocês dois, vocês são pessoas incríveis. Peço desculpas por todas as vezes que eu tentei afastar vocês, é apenas minha autodefesa falando mais alto. Não quer dizer que eu não me importo com vocês, muito pelo o contrário.

Martha inclinou-se para frente e segurou minhas mãos entre as suas. Seus olhos estavam marejados e o sorriso estampado em seu rosto estava quase tão grande quanto o do seu marido.

— Não se preocupe com isso, nós sempre entendemos. Mas é impossível não se emocionar ao ouvir isso vindo de você – ela riu levemente e olhou para o homem ao seu lado, que balançou sua cabeça, concordando com o que foi dito. – Mas chega desse chororô, que hoje é um dia para se comemorar! Espero que esteja com fome, temos uma surpresa para você.

— Ah, sim. Mas, além de Martha ter feito seu bolo favorito, que não é mais uma surpresa há tempos – Merle deu uma boa gargalhada, colocando a mão sobre a barriga ressaltada e recebendo um leve tapa da esposa –, também temos mais uma surpresa para você hoje, não é, meu bem? – perguntou ele, olhando para a mulher com um sorriso lateral que ela logo retribuiu.

— É sim.

O dia seguiu tão agradavelmente que os minutos se tornaram horas e eu mal percebi. Nós jantamos todos juntos, sentados na mesa de jantar dos Bakers, conversando sobre nossas experiências passadas – ou melhor, eles contavam-me sobre as suas – e gargalhando entre as garfadas. Depois disso, Merle e eu fomos para sala e logo Martha juntou-se a nós, trazendo um bolo de chocolate com algumas velas acesas em cima. Já era natural para eles a visão do meu rosto vermelho ao os ouvir cantar a famosa música de feliz aniversário. Assoprei as velas, como o esperado, não fazendo pedido algum, pois não era como se apagar uma vela com meu sopro fosse fazer minha vida mudar magicamente. Ao invés disso, eu só agradeci a oportunidade de ter conhecido aquelas duas pessoas incríveis e por Merle estar bem.

Era tarde da noite e nós ainda conversávamos e ríamos sem nos darmos conta da hora, sentados no sofá da sala de estar, sentindo o calor reconfortante que emanava da lareira.

— Achei que seu amigo viria, Auttie. Charles, o nome dele, certo? – perguntou Martha de repente, pegando-me um pouco desprevenida.

— Ah, sim. Ele disse que não daria para vir, pois tinha um compromisso hoje, mas que agradecia o convite – repeti o que havia me dito poucos dias atrás, com um sorriso amarelo.

— Martha me contou sobre esse garoto. Ele vive no mesmo orfanato que você, não é? – Merle perguntou, recebendo minha confirmação através de um balançar de cabeça. – Por que nunca nos contou sobre ele, Auttie? Seria bom tê-lo conhecido antes de... Bom, você sabe. Assim eu poderia ter colocado medo nele e fazê-lo ficar com as mãos bem longe da nossa pimentinha.

Apesar de sua piada de mau gosto, deu para notar a preferência de Merle em tratar um assunto tão delicado quanto sua paralisia com humor. Martha, que estava sentada ao seu lado, bateu levemente no braço do marido e soltou uma suave risada, escolhendo considerar aquilo como um avanço, assim como eu.

— Bom, você ainda pode botar medo nele, meu bem. Sua aparência de urso é bem intimidante.

— Eu concordo, mas não é como se precisasse. Charles é... apenas um amigo, um que fiz recentemente inclusive, por isso não tive a oportunidade de apresenta-lo antes – tratei logo de dizer, antes que eles continuassem com aquele papo constrangedor.

Queria que o assunto “Charles” acabasse tão rápido quanto havia surgido, assim não daria tempo para que as lembranças dos dias anteriores voltassem a atormentar-me.

— Espero que possa trazê-lo aqui futuramente ou mesmo na cafeteria, gostaria de conhecer esse garoto. Martha contou-me como ele serviu de apoio para você enquanto eu estava internado, gostaria de agradecê-lo por ter cuidado de você.

— Sim, ele foi de grande ajuda – concordei, lembrando-me de como ele havia ficado ao meu lado o tempo todo, desde o momento que a Srta. Stevens dera a notícia.

Após isso, houve um curto período em que apenas o crepitar da lenha sendo queimada podia ser ouvido. Acordando do meu breve devaneio, pude notar o olhar cúmplice que Martha e Merle trocavam. Era como se eles estivessem conversando apenas com o olhar. Mas antes que eu pudesse questioná-los, pressentindo que algo importante estava prestes a acontecer, Martha contou o silêncio:

— Mudando totalmente de assunto, o que acha de revelarmos a segunda surpresa que temos para a Autumn, meu bem?

Merle segurou a mão da mulher ao seu lado entre as suas, dando um leve aperto. Era visível que eles estavam ansiosos para aquele momento, deixando-me instantaneamente ansiosa também.

— Autumn, tem uma coisa que gostaríamos de perguntá-la há um bom tempo, mas não sabíamos se era o momento correto. Entretanto, depois de tudo o que passamos nesses últimos dias, concluímos que esse momento finalmente chegou.

———

Já se passava das dez horas da noite quando cheguei ao orfanato. Sentia-me cansada fisicamente e emocionalmente. Eu não via nada e nem ninguém, enquanto fazia meu caminho até a sala da Sra. Stevens para avisar que eu havia chegado. Agradeci que minha passagem acabou sendo breve em seu escritório, pois a mesma já havia me dado os parabéns no período da manhã. Entretanto, isso não a impediu de repetir o abraço e as mesmas palavras proferidas mais cedo naquele dia, fazendo com que meus olhos marejassem ao pensar que poderia ser a última vez que ouviria aquilo vindo dela. É claro que ainda havia um clima estranho entre nós duas depois do ocorrido entre Charles e Bennett. Eu ainda não conseguia perdoá-la pelo o que havia feito ao Charles, mas era impossível ignorá-la; afinal, Sra. Stevens havia sido a responsável pela minha criação e me aceitou de braços abertos, quando mais ninguém no mundo me queria.

Subi as escadas, querendo chegar logo ao quarto de Charles e entregar a fatia do meu bolo de aniversário que havia trazido para ele. Não havia o visto ainda naquele dia, pois ele havia saído cedo do orfanato sem dar muitas explicações, segundo Sr. Martin. Só poderia torcer arduamente para que estivesse lá quando eu chegasse, pois o latejar de minha cabeça não permitiria que saísse pelo orfanato à sua procura naquela altura do campeonato.

Eu mal via o que se passava à minha frente. Minha mente trabalhava a mil por hora e eu só queria que ela me desse alguns míseros segundos de paz, mas a miserável tinha vida própria aparentemente. Quando cheguei ao final do corredor, onde as portas de nossos quartos ficavam, deparei-me com um objeto branco pendurado sobre a porta de madeira que guardava o meu quarto. Peguei o pedaço de papel com a mão livre e reconheci o dono da caligrafia no mesmo instante.

“Autumn,

Bata em minha porta assim que terminar de ler este bilhete.

Sim, bata, como uma pessoa normal faria. Não vá entrando sem mais nem menos.

Estou te esperando, tenho uma coisa para você.

C.W.”

Foi impossível controlar a inquietação do meu coração ao ler aquilo e a ansiedade que sua última frase havia gerado em mim.

Rapidamente guardei o bilhete dentro de meu bolso e fui em direção a sua porta. Revirando os olhos ao lembrar-me de suas palavras, bati com minha mão em punho sobre a superfície de madeira. Três ou quatro segundos depois, a porta abriu-se e um Charles um tanto afobado apareceu através dela.

Seus cabelos estavam úmidos e um cheiro de sabonete misturado com seu cheiro natural foi logo de sua direção a minha, abraçando-me. Suas roupas baseavam-se em uma calça preta e uma blusa de frio verde musgo com gola alta, aparentemente confortáveis, e seus pés estavam descalços. Seus olhos estavam tão azuis e vívidos que me arrancaram um suspiro. Já seus lábios avermelhados estavam repuxados em um sorriso, que havia surgido assim que ele reconheceu minha figura. Entretanto, para minha infelicidade, eles não o sustentaram por muito tempo.

— Autumn, o que houve?

Sua pergunta tinha, de fato, me pego de surpresa, assim como a preocupação evidente no tom de sua voz. Não sabia que minha expressão deixava tão óbvio que algo havia acontecido. Mas se esse era o caso, como a Sra. Stevens não havia notado nada? Não era possível que ele me conhecesse tanto ao ponto de conseguir ler-me tão facilmente, era?

— Eu... – comecei a dizer, sabendo que não havia sentido em mentir para ele depois de tudo. Sem contar que eu realmente precisava dele naquele momento, pois era a única pessoa em que eu podia confiar sobre aquele assunto. – Eu posso entrar?

O rapaz logo deu um passo para trás, dando-me espaço para adentrar seu quarto. Olhei ao redor rapidamente, não notando muita coisa diferente da última vez em que estive ali. Arrepiei-me, de repente, ao lembrar de quando Charles havia me flagrado em seu quarto e dito aquelas palavras para mim. Desviei meus olhos para o garoto em frente de sua escrivaninha, arrumando alguns papéis e cadernos sobre a mesma, e percebi, naquele momento, que era quase impossível ligar a sua imagem à daquele Charles.

Era como se fosse uma pessoa totalmente diferente, apesar de eu saber que era a mesma. Aos meus olhos, ele não era mais aquele garoto frio, assustador e solitário, e, sim, um garoto inteligente, encantador e triste. Não sabia dizer o que exatamente, mas algo em sua maneira de agir, seus olhos, seu ser, exalava uma melancolia que eu ainda tentava decifrar.

Algo havia o machucado gravemente e deixado cicatrizes profundas. Talvez até fosse o bullying que sofrera na infância, mas não, parecia algo mais pesado do que isso; afinal, Charles não parecia dar muita importância para esse assunto nos dias atuais. Meu coração ansiava por respostas, pois assim eu poderia tentar ajuda-lo de alguma forma. Entretanto não era como se fosse possível tocar nesse assunto com ele. A probabilidade de ele se afastar de mim era alta demais para que eu corresse o risco. Teria que ser de alguma outra maneira, porque correr qualquer tipo risco como aquele não era uma opção; não depois de tudo o que passamos e do ocorrido entre nós dois na biblioteca na última vez.

Sobre o tal “ocorrido”, nós não havíamos tocado no assunto ainda. Era como se nada tivesse acontecido; pois, na manhã seguinte, ele cumprimentou-me da maneira como sempre fazia, enquanto meu coração parecia querer saltar pela boca e minhas mãos suavam sem previsão para parar. Ainda estava em dúvida se era melhor daquele jeito ou não. É claro que eu não queria que o clima ficasse estranho entre nós, mas parecia uma tarefa quase impossível não desejar que ele me envolvesse em mais um de seus beijos, toda vez que ele me olhava com seus olhos tão enigmáticos e seu sorriso hipnotizante.

Antes que eu pudesse continuar com minha linha de raciocínio, ele virou seu corpo em minha direção outra vez, já satisfeito com o estado de sua escrivaninha. Ofereceu sua cama para que eu me sentasse e eu assim fiz, observando-o fazer o mesmo ao meu lado.

— Isso é para você – estendi-lhe o pote que continha o bolo e ele o pegou, arqueando uma das sobrancelhas, curioso. – É uma fatia do meu bolo de aniversário. Achei que gostaria, afinal, é de chocolate.

— Obrigado – ele sorriu, tirando a tampa e olhando o conteúdo que havia dentro. – Mas não precisava fazer isso, já que eu nem fui à sua festa.

— Bom, não era bem uma festa, éramos só nós três – respondi de volta, ajeitando-me sobre o colchão não tão macio e tirando o cachecol que ainda estava em volta do meu pescoço. – Se fosse uma festa mesmo, seria a mais fracassada de todas.

Ele riu levemente ao meu lado, pegando um pedaço do bolo com o garfo descartável que vinha acompanhando e comendo-o em seguida.

— Aposto que sim – disse, depois de saborear a sobremesa e esboçar um sorriso satisfeito. – Aliás, como está o Merle? Essa sua cara estranha tem algo a ver com ele? Foi algo que ele disse?

Não pude evitar o suspiro que escapou por meus lábios. Agarrei mais o cachecol vermelho entre as minhas mãos, quando o motivo das minhas preocupações invadiu minha mente outra vez.

“— Nós sabemos que é algo sério e que precisa ser pensado e repensado várias vezes, pois não se trata apenas das nossas vidas e, sim, da sua também. E nós pensamos, Autumn, por muito tempo, tempo até demais. Mas agora, finalmente, decidimos que isso é o que nós realmente queremos e que não deveríamos adiar mais.”

— Na verdade, tem a ver com o que ele e Martha disseram – respondi com os olhos fechados, relembrando aos poucos o que havia acontecido e trazendo à tona todas as sensações que havia sentido na hora.

— E o que eles disseram, Autumn? – perguntou ao meu lado, com o tom de voz novamente preocupado. Eu não precisava olha-lo para saber que seu cenho estava franzido.

— Eles... – comecei a dizer, respirando fundo antes de continuar.

“— Você sabe que nós te amamos, meu bem, não é novidade para ninguém. E é por isso que Merle e eu... – fez uma pausa para enxugar uma lágrima que havia escorrido pela pele negra de seu rosto até chegar em seu queixo, e segurar a mão do marido mais fortemente. – Nós queremos que você faça parte da nossa pequena família... oficialmente.”

— Eles querem me adotar.


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Notas finais do capítulo

Bom, é isso por hoje!

Sintam-se livres para deixar suas opiniões, teorias, sugestões, críticas, etc. E caso encontrem algum erro, não se esqueçam de me avisar. Eu me matei de revisar esse capítulo, mas cada vez que reviso, eu mudo alguma coisa, então nunca se sabe.

Muito obrigada por terem lido e por ainda continuarem acompanhando essa história depois de tanto tempo. Espero que tenham gostado!

Vejo vocês no próximo capítulo ♥

Tati



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