Como A Luz No Mar escrita por JuMaravilha


Capítulo 7
Quer dizer que você é...?


Notas iniciais do capítulo

Primeiro queria agradecer a quem favoritou a fic e a quem está acompanhando! Vocês são uns anjos, obrigada! sz



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/730755/chapter/7

— Creme ou baunilha? – Itachi segurava os potes de sorvete para que Sasuke pudesse escolher.

— Tanto faz. Não são a mesma coisa?

— É aí que você se engana, querido irmão. São duas coisas bem diferentes.

— Para mim os dois têm o mesmo gosto – Sasuke deu de ombros.

— E, com isso, concluímos que você tem um péssimo paladar – Itachi falou, decidindo pegar o pote de baunilha e colocando o outro de volta no freezer.

Os irmãos se encontravam no supermercado fazendo uma pequena compra nada saudável. Doces, pacotes de salgadinhos e, agora, sorvete eram os componentes da cesta que Itachi carregava nas mãos.

— Não devíamos, sei lá, comprar comida de verdade? – indagou Sasuke.

— Ainda temos bastante dessas em casa. Sem contar que você quase nunca está lá para comer o que eu preparo – ele falava enquanto se dirigia ao caixa. – Pelo jeito, tia Kushina faz uma comida super deliciosa.

Sasuke revirou os olhos ao ouvir o falso ciúmes na voz do irmão.

— Vou esperar lá fora – ele anunciou, já indo em direção a saída. Infelizmente, quando já ia passando pela porta, distraído, acabou esbarrando em alguém.

— Porra, vê se olha por onde anda – à frente de Sasuke estavam dois dos garotos que ele e Naruto haviam encontrado na festa; o loiro, em quem acabará de esbarrar, e o baixinho de cabelos vermelhos. – Ora ora, veja só se não é nosso amiguinho misterioso. E então, será que pode nos contar seu nome dessa vez?

— Não é muito educado perguntar o nome de alguém sem antes dizer o seu – Sasuke o encarou.

— Touché – ele lhe lançou uma piscadela.

Por alguns segundos se encararam. O sorriso no rosto do garoto já começava a irritar Sasuke.

— Será que dá para saírem da nossa frente? – Itachi apareceu, de repente, perguntando por cima do ombro do irmão.

— I-Itachi... não tinha te visto aí – o loiro pareceu engolir em seco, o sorriso relutante em continuar em seu rosto.

— Vocês estão bloqueando a porta – o tom monótono na voz dele não era um bom sinal, seu irmão sabia.

— Ah, me desculpe, só estávamos batendo um papo aqui.

— Batendo um papo? – Itachi franziu o cenho, olhando para Sasuke.

— Nem sei quem são – Sasuke deu de ombros, confuso com toda a situação.

— Que eu saiba a calçada é pública – falou o baixinho, pela primeira vez, recebendo um olhar nada amigável de Itachi.

— Eu gostaria muito que deixassem meu irmão em paz.

— Irmão? – o loiro olhou Sasuke com interesse ao ouvir aquilo.

— Sim. Agora, se não se importam, poderiam sair do caminho? – havia hostilidade em sua voz. - É que não tínhamos planejado ficar o dia inteiro em pé aqui.

Sasuke reparou no olhar de seu irmão; era um olhar que indicava perigo, em sua opinião. Os dois garotos pareceram sentir a mesma sensação.

— Nós já estávamos de saída, de qualquer maneira. Vamos – o ruivo se apressou em dizer, já puxando o amigo e sumindo de vista.

Itachi suspirou e, depositando algumas das sacolas que carregava nos braços de Sasuke, se pôs a andar. O menor correu para alcançá-lo.

— Quem são aqueles caras?

— Ninguém importante o bastante para que você precise saber quem são.

— Itachi... – insistiu Sasuke.

— São só um bando de idiotas – deu de ombros.

— Me fala a verdade. Você e Naruto parecem odiá-los.

— Ódio é um sentimento muito forte, irmão – a todo custo, Itachi tentava desviar a atenção do outro.

— Eu sei, por isso quero saber o motivo.

— Bom, no meu caso, não é exatamente ódio – suspirou. – É só que, se eu tivesse alguma escolha, iria preferir nunca ter que olhar para a cara deles.

— E o que foi que te fizeram?

Itachi já parecia cansado daquele assunto, mas sabia que o menor não descansaria até ter suas respostas.

— Logo que me mudei para cá – ele começou - eu costumava caminhar na praia de vez em quando, sabe? Igual você faz quando quer encontrar o Naruto, e finge que tudo não passou de uma coincidência.

— O que...? – Sasuke quase se engasgou com a própria saliva. Itachi apenas riu da reação do irmão, voltando a falar antes que o outro pudesse negar:

— Enfim, certa vez eu tive o prazer de encontrá-los andando por lá também. Eles tinham uma aparência bem suspeita, então eu ia simplesmente ignorá-los e seguir meu caminho. Mas pelo visto eles não tiveram a mesma impressão de mim, porque depois desse dia eu comecei a perceber que eles sempre apareciam, aonde quer que eu fosse.

— Eles te seguiam?

— Como um bando de pervertidos – Itachi riu. – Aposto que era Deidara quem insistia em fazer essas idiotices.

— Deidara?

— O loiro – ele assentiu.

— E o que aconteceu, então?

— Dei um jeito neles – Itachi falou, normalmente.

— Como assim?

— Fiz com que eles parassem, ué.

— Você... bateu neles? – indagou Sasuke, ao que o irmão apenas afirmou com a cabeça. – Nos quatro?

Itachi deu de ombros. Um sorriso se abriu nos lábios de Sasuke.

— Então quer dizer que tudo isso foi só uma desculpa para você se relembrar dos seus dias de estudante?

— Você me conhece tão bem, irmãozinho – Itachi jogou um dos braços sobre os ombros do outro, rindo.

Já chegando em casa, Sasuke se lembrou de mais uma coisa:

— Ta bem, você me disse porque você não gosta deles, mas e o Naruto?

— Isso você vai ter que perguntar pra ele.

Insistir ainda mais no assunto não adiantaria, Sasuke sabia. Sua única opção era conversar com o loiro.

...

Os raios de sol bateram forte em seu rosto assim que pisou para fora da proteção de sua casa. O céu se encontrava livre de nuvens e o vento fresco que vinha da direção do mar causava uma boa sensação no corpo de Sasuke.

Ao pisar na areia, veio em sua mente o que Itachi havia dito: “Igual você faz quando quer encontrar o Naruto, e finge que tudo não passou de uma coincidência”. Sasuke se pegou rindo ao pensar que nem mesmo podia negar o que foi dito; rir era a opção mais saudável diante de toda aquela situação.

Duas semanas haviam se passado desde o episódio que tivera na quadra da escola e Sasuke ainda não sabia o que fazer com a confusão de sentimentos que lhe assolava.

Tudo parecia confuso em sua cabeça, o que não era normal para ele, que sempre tinha seus pensamentos organizados e não se deixava levar pelas pessoas a sua volta. Ele começava a agir de maneira estranha e pela primeira vez em muito tempo, Sasuke não sabia o que fazer a seguir.

Olhando para a casa vizinha ele avistou Naruto, que se encontrava sentado na espreguiçadeira, entretido com a música que tocava em seus fones de ouvido enquanto observava o horizonte. Lembrando-se de que queria falar com o amigo, Sasuke foi andando pela areia até ele. Naruto sorriu ao vê-lo.

— Queria te perguntar uma coisa – o moreno já chegou dizendo.

— O que? – ele perguntou num tom alto, apontando para os fones, como se não pudesse ouvi-lo.

— Eu disse que quero te fazer uma pergunta – Sasuke aumentou a voz.

— Não estou te ouvindo!

Pelo sorriso escondido nos lábios de Naruto, Sasuke sabia que estava sendo feito de bobo. Agora irritado, ele puxou o fone rapidamente, arrancando um murmúrio de dor do loiro.

— Não precisava ser violento! – Naruto reclamou.

— Não precisava ser idiota – retrucou, encerrando o assunto.

— Então, o que queria me perguntar?

— É sobre Deidara e os amigos dele – assim que as palavras saíram de sua boca, a expressão descontraída de Naruto se tornou impaciente.

— Fala sério, Sasuke! Eu estou de bom humor hoje, não estrague o meu dia - reclamou.

— Você sempre está de bom humor.

— Mas hoje, especificamente, é pra ser divertido.

— O que quer dizer?

— A maratona de filmes – ele falava, como se fosse óbvio, esperando que Sasuke finalmente se desse conta e se lembrasse do compromisso que haviam marcado. – Na casa da Yukie...? Ela disse que chamaria o resto da galera.

— Acho que você ta delirando, Naruto – Sasuke o olhava, preocupado, levando a mão a sua testa para checar a temperatura.

— Eu estou perfeitamente bem – ele bateu na mão de Sasuke, afastando-a. – Estranho, vai ver ela esqueceu de te chamar.

— Não acho que ela tenha esquecido.

— Claro que esqueceu. Yukie não o deixaria de fora, ela parece gostar de você.

— Pouco me importa se ela gosta ou não de mim – Sasuke já se tornava impaciente de novo. – Quero dizer que ela não me quer na tardezinha de filmes de vocês. Assim como eu aposto que ela não chamou mais ninguém além de você.

— Agora é você quem não ta fazendo sentido algum, Sasuke.

— Naruto, eu duvido muito que Yukie tenha te chamado na casa dela para assistir filme.

— Então para que ela me chamou, hein? – perguntou o loiro, com deboche.

— Sexo.

Após a expressão inicial de espanto, Naruto começou a rir.

— Não estou brincando - Sasuke cruzou os braços.

— Nós somos só amigos - ela balançava a cabeça, negando.

O moreno suspirou, já cansado de falar sobre aquilo, o que não passou despercebido por Naruto.

— Por que todo esse mal humor? Olha, – ele começou – eu não pretendo ter esse tipo de relacionamento com a Yukie. Se você gosta dela, vá em frente, eu não me importo.

A ironia daquela fala quase fez Sasuke gargalhar. Quase. A idéia era absurda demais para que ele tivesse qualquer reação imediata.

— Ela não é exatamente o meu tipo.

— Como não? Ela é legal, bonita...

— Mas continua sendo uma menina.

— Se o problema é ela ser uma menina, então o que seria...

Naruto cortou sua própria fala, finalmente percebendo o significado por trás daquelas palavras. Por um momento o som do mar era tudo o que podia ser ouvido.

— Quer dizer que você é...?

— Gay? – ele completou, ao que Naruto assentiu. – É, eu sou.

Ele parecia tão confuso; Sasuke não sabia o que fazer, vendo o loiro imerso em pensamentos como estava. Seria aquele um mal sinal?

— Filho, o almoço está pronto! – a voz de Kushina gritou de dentro da casa, fazendo ambos voltarem a realidade.

— É... eu... eu tenho que ir – Naruto se levantou rapidamente e saiu porta a dentro, deixando Sasuke ali, sozinho.

O que acabou de acontecer?

...

As horas se passavam e Sasuke continuava ali, jogado no sofá, usando a TV ligada como desculpa para estar fazendo alguma coisa. No entanto, a reação de Naruto não saía de sua cabeça. Ele não ficara aborrecido, com raiva e nem enojado com o que ouvira; ele parecia apenas... confuso. O que não fazia muito sentido para Sasuke, já que aquela confusão poderia acarretar qualquer reação. Garoto estranho! Quem age desse jeito quando descobre que o amigo é gay? 

Passando a mão nos cabelos pela milésima vez, Sasuke se levantou, pronto para chutar a primeira coisa que visse, quando ouviu a campainha tocar. A passos pesados ele foi até a porta; era só o que me faltava, pensou ao ver quem era.

— Oi, Sasuke! – Sakura cumprimentou, animada. Ino e TenTen, que estavam ao seu lado, a imitaram.

— Oi... o que estão fazendo aqui? – ele perguntou, jogando pro ar qualquer tipo de gentileza.

— Nossa, acho que temos alguém irritado aqui – Ino cantarolou enquanto passava por Sasuke e seguia até a sala.

— Estamos esperando a Hinata voltar da aula de etiquetas – dizia TenTen, acompanhando a amiga, assim como Sakura. As três se sentaram pelo cômodo, ficando a vontade.

— Hinata faz aulas de etiqueta? – Sasuke indagou, se jogando novamente no sofá, ao lado da morena.

— Sim. É que a família Hyuuga é bem tradicional, sabe?

Sasuke assentiu. Sabia como era ter uma família rígida.

— Mas isso ainda não explica porque vieram para cá. Naruto mora bem aqui do lado, poderiam ter ido para lá.

— Ah, já atormentamos ele há anos, é bom variar de vez em quando – TenTen abriu um sorriso doce para Sasuke, que apenas suspirou.

— É sério que estava assistindo a isso? – perguntou Sakura, mencionando o desenho animado que passava na TV.

— Eu não estava assistindo, para falar a verdade – deu de ombros.

— Então vamos procurar algo mais interessante – pegando o controle remoto, ela começou a passar os canais.

Nesse momento Itachi desceu as escadas, parando abruptamente assim que viu as meninas, que olharam para ele com interesse. Já sabendo que o irmão diria algo para lhe envergonhar, Sasuke se apressou em dizer:

— Cala a boca.

O sorriso maroto que surgiu no rosto de Itachi apenas confirmou o que pensara. Por sorte, a campainha tocou novamente e, com um último olhar suspeito, o mais velho foi atender a porta. Passados alguns segundos ele voltava com um grupo de garotos o seguindo. Sasuke enterrou o rosto nas mãos, querendo desaparecer.

— Sejam bem vindos à toca dos Uchiha – Itachi dizia, teatralmente. – Aqui neste ambiente, se vocês repararem bem, temos o macho caçula, que tenta, miseravelmente, impressionar as fêmeas do bando.

Lee, Kiba, Shikamaru e Neji caíram na risada, assim como as meninas; já Sakura se encontrava com as bochechas levemente coradas.

— Super engraçado – Sasuke fitou o irmão. – Será que você não tem nada melhor para fazer?

— Na verdade, não – Itachi sorriu, mas percebeu que o outro não estava com um humor para brincadeiras. – Tudo bem, vou te deixar a sós com seus amigos – ele então se voltou para o resto dos adolescentes na sala. – Por favor, não deixem o mal humor dele estragar o dia de vocês.

E com um pequeno aceno, ele desapareceu escada acima.

— O que estão fazendo? – Kiba perguntou, sentando-se ao pé do sofá; os outros também começavam a se acomodar.

— Não sei vocês, mas eu estou vendo a minha casa ser invadida – Sasuke alegou, arrancando risadas dos outros. Eles realmente acham que estou brincando, pensou, revirando os olhos.

— Naruto não está com vocês? – indagou Ino.

O meninos se entreolharam.

— Não, ele está em casa – Lee suspirou. – Nós passamos lá, mas ele nem se importou em falar conosco.

— Ele estava deitado na cama, encarando o teto igual a um maluco – Kiba afirmou. – A mãe dele disse que ficou assim a tarde inteira.

— Ele está passando mal? – Sakura quis saber, preocupada.

— Não acho que seja esse o caso – Shikamaru comentou.

— E vocês simplesmente o deixaram sozinho?

— Claro que não, Gaara ficou lá com ele.

A partir de então, Sasuke já não prestava mais atenção na conversa. Será que Naruto estava agindo daquela maneira por sua causa? A cada minuto o receio de que a amizade dos dois seria afetada por tal besteira crescia dentro de Sasuke. Ele não é esse tipo de pessoa. Não pode ser.

Sasuke se segurava para não ir até lá enfiar algum senso na cabeça de Naruto, nem que precisasse ser a força. Respirando fundo, ele se ajeitou no sofá, forçando-se a prestar atenção na conversa que rolava a sua volta. No momento, não tinha cabeça para lidar com o loiro.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Estava meio receosa de postar esse capítulo, mas depois de revisar ele mais de uma vez acho que ficou bom. Se por algum motivo estiver confuso, me avisem; se não, só ignorem esse pedido ^.^
Comentários e críticas são bem vindos tbm, viu?
Obg e até! ;*



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Como A Luz No Mar" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.