Black Annis: A Coisa que Nos Uniu escrita por Van Vet


Capítulo 14
Harry faz Aniversário: Parte 02


Notas iniciais do capítulo

Geeente!!

Quanta gente linda e maravilhosa que não me abandona e ainda veio me dar um 'alô'. Olha, ia dividir esse capítulo em mais uma parte, mas não, vocês merecem a coisa na íntegra! Então toma a conclusão da festa de Harry e ótima leitura.

Super beijo e até a próxima postagem!

Ps. Um super obrigada a Raquel Fuliotti que recomendou a fanfic o/ ~feliz



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/730293/chapter/14

De repente o aniversário de Harry começou a ficar mais animado. Embora seus convidados estivessem ao redor de um tabuleiro de Monopoly, o jogo mais manjado de todos, a companhia compensava.

Era a segunda rodada já e Neville – Quem diria?pensou o aniversariante, possuía uma capacidade estratégica impressionante. O menino desengonçado e retraído da escola, constante alvo de gozações de Dino e Simas, não era tão obtuso assim. Do mesmo jeito, ver Dino perder a pose de maioral e as posses no jogo era engraçado. O rapaz negro bufava, inventando mil e uma desculpas para seu baixo desempenho na partida.

─ Nunca imaginei que você pudesse ser tão ruim nesses jogos, Dino ─ Harry provocou enquanto posicionava dois prédios em seus terrenos e enfiava um punhado de balas açucaradas na boca.

─ Eu não sou nerdão igual vocês ─ ele deu de ombros se esforçando para não ceder a provocação.

─ Você está é mordido por perder em algo, principalmente para o Neville, meu caro ─ Rony entrou na provocação do amigo ─ Parabéns, Nev.

─ Não podemos esquecer que a Mione está em segundo também ─ Harry lembrou sorrindo para a amiga.

─ Na verdade estou com a cabeça na prova de segunda-feira, mas poderia ter me concentrado mais ─ ela comentou casualmente analisando o jogo adiante com seu ar de sabe-tudo.

─ Outra nerdona… ─ Dino revirou os olhos.

─ Qual o problema dela ser nerd? ─ Rony o interpelou, ácido.

─ Por que? Eu não posso chamar sua amiguinha de nerd?

─ Ninguém te deu moral par…

─ Por que você está me defendendo? ─ Hermione indagou Rony do outro extremo da mesa, desconcertada e ruborizada.

─ Não estou te defendendo ─ Rony rosnou.

─ Ótimo, afinal eu não ligo mesmo ─ ela fingiu não se importar.

─ Ótimo ─ o menino ruivo reforçou, mas sua frase perdeu o efeito em seu próprio embaraço, as orelhas, sempre essas delatoras infalíveis do verdadeiro estado do menino, avermelhadas.

Harry, Simas e Neville riam do pequeno conflito instalado ao passo que Cho Chang retornava da cozinha com uma garrafa gelada de refrigerante. Simas pegou a garrafa das mãos da menina e começou, na boa vontade, e também no desinteresse de um jogo em que apenas perdia, a encher os copos dos amigos. Quase cronometrada ao fim da partida – Neville vencedor novamente – a campainha tocou e as pizzas chegaram.

As conversas continuaram pulando para os mais variados assuntos. No ano de 1996, depois de Twister, todos estavam todos cheios de expectativas para acompanharem a estreia de Independence Day no qual, logo no trailer, Will Smith aplicava um socão nas fuças de um extraterrestre. Hermione e Neville disseram que provavelmente iriam com os pais na semana de estreia, Simas confessou sentir medo deste tipo de história e, se pudesse, passaria longe de assisti-lo, Cho e Dino dariam um jeito de conseguir uns trocados com seus pais para poder ver a invasão alienígena nas telonas enquanto Rony se esquivava de dar seu parecer porque tudo dependia da grana dos Weasley… sempre curta. De toda forma, quando o filme deixasse os cinemas alguns deles certamente alugaria e chamaria os demais para assistir em casa.

Meia hora depois, Rony e Simas disputavam quem terminava primeiro com os últimos pedaços de pizza nas caixas, tudo sob o olhar incrédulo de Hermione e o invejoso de Neville, ainda com fome, quando Cho Chang tocou no assunto:

─ E a história do Adam Fuller, o que vocês acham?

Um silêncio atípico percorreu toda a mesa e Harry sentiu um leve arrepio na nuca. Ingenuidade sua achar que a noite passaria sem o assassinato macabro do jovem local entrar em pauta.

─ Pra mim é um serial killer ─ disse Dino.

─ Serial killers não atacam em cidadezinhas no fim do mundo ─ disse Simas, mais para se convencer de que estava seguro do que por realmente saber dos fatos ─ Eles estão em Nova York.

─ Não, eles estão na Califórnia ─ Cho argumentou ─ Definitivamente a Califórnia é lugar prediletos desses caras.

─ Como assim?

─ O Assassino Golden State, Patrick Kearney, Edmund Kemper, Bittaker e Norris, Charles Manson, Richard Ramirez, O Assassino do Zodíaco*…

─ Ei, como você sabe de tudo isso? ─ Harry perguntou assombrado para Cho.

─ Eu vi em um documentário na televisão, só isso… ─ ela respondeu como se estivesse sendo questionada sobre uma questão trivial ─ Mas voltando aqui, eu vi que eles gostam da Califórnia por algum motivo.

─ Acho que é o clima, dizem que lá é bem quente ─ Rony observou entrando na onda do assunto.

─ É onde as pessoas vão tentar ser famosas também ─ Hermione lembrou aderindo ao tema.

─ E de certa forma esses caras ficaram famosos ─ disse Cho sombriamente.

─ Mas o Assassino do Zodíaco não era aquele cara de mandava cartas para os jornais? ─ Dino quis saber.

─ Ele mesmo… e também nunca foi pego. Ninguém sabe a identidade do tal ─ Cho afirmou.

Neville respirou pesadamente em seu assento, a conversa não o apetecia muito. Sorrateiro, o gato de Harry, Sr. Black, trançava entre as pernas dos convidados debaixo da mesa e ronronava alto, tornando o momento mais tenso.

─ Quando esse Zodíaco matava? ─ alguém perguntou.

─ Acho que foi no final dos anos 60 ─ Hermione tentou recordar ─ Lembro de meus pais comentarem sobre algo do tipo uma vez. Minha mãe era de São Francisco, o caso é bem conhecido por lá.

─ E quantos anos esse cara teria agora?

─ Não dá pra saber ao certo, já que ninguém conhecia a sua idade, mas se ele tivesse tipo, uns vinte anos, teria cinquenta e tanto hoje em dia.

─ Cinquenta e tanto é velho pra caramba. Ele não conseguiria matar hoje em dia caso vocês estejam pensando que o cara pode ter se instalado em Twinbrook… ─ Rony argumentou de modo definitivo.

─ Cala boca, Rony! ─ Hermione ralhou com o amigo ─ Cinquenta e tanto não é velho pra caramba. Tenho um tio de cinquenta e dois e que está em ótima forma, melhor do que você.

─ Uau! O Super Gene dos Granger atacando novamente! ─ o menino debochou, revirando os olhos.

─ Mas gente, esse Zodíaco aí atirava nas pessoas. Adam Fuller não levou tiro algum ─ Harry lembrou. O assunto de certo incomodava, principalmente depois de Lily pedir ao filho para não conversar sobre o tema da morte de Fuller com levianidade, para ter respeito ao luto de seus familiares, mas como toda conversa acerca de assassinos e crimes misteriosos, também fascinava.

─ Então conta pra gente, Harry. Como estava o Fuller? ─ Dino instigou.

─ A gente não viu nada demais, eu já te disse isso antes. Estávamos longe demais naquele dia para esses detalhes…

─ Tá, tá… mas é aquele debiloide do Hagrid? Vocês conversam bastante com ele.

─ Não chame Hagrid de debiloide ─ Harry falou bravo para Dino ─ O Hagrid, que é um policial, não fica nos contando detalhes de nada. O que a gente sabe é o que anda rolando por aí como um todo, Fuller foi cortado na barriga, não levou tiro nenhum como o Zodíaco faria.

─ Meu Deus, então foi o Jack Estripador! ─ Simas exclamou como se tivesse tido uma elucubração genial.

─ Para de agredir meus ouvidos, Simas Finnigham ─ Cho revirou os olhos ─ Se o Zodíaco já é velho, o Jack Estripador então virou pó há muito tempo. Ele matava prostitutas na Londres de 1800 e não sei quanto.

─ Ah é ─ Simas riu, constrangido.

─ Mas pode ser um imitador do Jack ─ Dino voltou ao papo mórbido ─ Os serial killers fazem muito isso, ganham imitadores.

Neste momento, um berro metálico e agudo percorreu todo o primeiro andar da casa sem piedade. Assustando a todos, Hermione deu um gritinho súbito e Neville encolheu-se todo em sua cadeira, a campainha escandalosa dos Potter retornou a tocar uma segunda vez.

─ Você está esperando mais alguém, Harry? ─ Rony perguntou aos sussurros, pálido como cera, para o amigo.

─ Não ─ Harry respondeu, hesitante e com o coração galopante, encarando a porta principal.

A campainha tocou uma terceira vez. Quem quer que fosse estava impaciente.

─ Harry, vai logo… ─ Rony lhe deu um empurrãozinho para que levantasse.

─ Melhor não abrir, Harry ─ Neville recomendou baixinho.

─ Será que não é algum parente seu? ─ Hermione recuperou-se do susto inicial, racionalizando.

─ Não sei ─ Harry continuava ressabiado. Cauteloso, saiu da cadeira e começou a caminhar em direção a porta. As mãos suavam, a garganta estava seca e ele estava irritado por ter ficado tão impressionado com aqueles assuntos exagerados sobre assassinos malucos ─ Quem está aí? ─ perguntou numa voz ridiculamente desafinada.

─ Ora, sou eu ─ uma voz feminina, uma voz que deixou-o mil vezes mais estarrecido do que qualquer assassino, soou do outro lado. Harry correu para abrir a porta, se atrapalhando com a chave, os dedos rígidos.

─ Bú!─ a menina exclamou, arregalando seus olhos claros para ele.

Harry petrificou na beleza ruiva daquela garota. Era sempre assim, aliás. Não importava se seus olhos estivessem acostumados a aparência dela, toda a vez que a revia era como se fosse a primeira vez e algo a mais, um detalhe novo e gracioso, despontava no corpo e nos gestos da menina por quem era apaixonado.

Apoiada em sua bicicleta, os cabelos suados na testa pela noite quente e o restante do comprimento esvoaçando à brisa da rua, ela o observava. Observava, linda e franca, sempre com aquele olhar superior, no momento esperando que o anfitrião dissesse algo. Como ele não disse, só continuava encarando-a boquiaberto, ela adiantou-se:

─ Bom, fiquei sabendo que você teria uma festa hoje então pensei em passar por aqui… apesar de não ter sido convidada.

─ Gi-gina? Eu não… Não que eu não quisesse… Eu ia… ─ ele gaguejava.

─ Ei, eu sou tão assustadora assim para você ficar pálido e sem palavras? Tá, eu sei que fui entrona, mas a Mione…

─ GINA! ─ Hermione surgiu por trás de Harry. Animada, passou o menino e abraçou forte a amiga ─ Eu disse pra você me avisar que vinha, eu passava com meus pais para te buscar.

─ Não, tudo bem, eu ainda não tinha certeza. Estou bem.

─ Vem, entra! ─ a garota puxou-a pelo braço.

─ Espera, o aniversariante ainda não parece muito contente de me ver ─ ela virou-se para Harry, que lutava para seu coração parar de bater tão rápido. Susto e paixão eram duas combinações perigosas até para um adolescente.

─ Não é nada disso ─ ele se recompôs ─ Eu estou bastante feliz de te ver.

Hermione sentiu o clima curioso no ar e achou que era o momento dela se retirar de fininho para dentro.

─ Consegui fazer um presente para você ─ Gina retirou um pequeno embrulho do fundo do bolso de sua calça jeans ─ Nem sei se é considerado um mas tentei algo.

─ Nossa! Legal! ─ ele apalpou o pacotinho. Ia abri-lo. Gina aproximou-se e segurou os dedos dele nos seus.

─ Não, abre depois ─ ela pediu parecendo, ineditamente, tímida.

─ Ok ─ ele sorriu. Estava enebriado, seu aniversário definitivamente melhorou muito.

 

***

Gina trouxe outra coisa para a festa além da sua presença marcante. Os meninos que pouca a conheciam já que não pertenciam a mesma escola, Dino, Simas e Neville, se perderam por algum tempo na beleza daquela garota de longos cabelos de fogo, nariz arrebitado e corpo longilíneo. A petulância de Dino caiu consideravelmente, o efeito Garota Bonita sobre qualquer menino prepotente se mostrando infalível.

De dentro de sua mochila que carregou consigo para a casa, Gina trazia um tabuleiro diferente. O grupo olhou curioso enquanto ela depositava nada mais nada menos do que uma Tábua Ouija surrada na mesa.

─ É sério isso? ─ Neville choramingou. Em algum lugar na sala, Sr. Black miou alto.

─ Agora a coisa vai ficar boa ─ Cho sorriu, animada. Não conhecia Gina, mas gostou dela logo de cara.

─ Eu não acredito nisso ─ disse Hermione cética.

─ Vocês viram O Exorcista por um acaso? ─ Simas rebateu ─ Gente, esse jogo é sério.

─ Aquilo é só um filme ─ Hermione se manteve resistente ─ Mas nossa vontade pode fazer com que isso mova de algum modo, não sei.

─ O fato, Mione ─ começou Gina de modo dramático montando o tabuleiro ─ É que minha mãe usou a Tábua para se comunicar com minha avó materna e descobrir que esperava uma menininha, no caso, eu.

─ Que mórbido isso ─ Rony arregalou os olhos.

─ Quem sabe alguém, um parente morto talvez, não tenha uma mensagem para nosso aniversariante.

─ Espero que seja uma notícia boa ─ respondeu Harry num sorrisinho nervoso, pensando bobamente que alguém do lado de lá do plano astral poderia deletar seus sentimentos por Gina diante de todos. No fundo ele tinha a mesma posição de Mione sobre a tal tábua.

Os jovens permaneceram atentos, olhando o ponteiro de madeira ser posicionado no centro da tábua por sua dona. Até Cho, que estava excitada pela brincadeira parecia vacilante. Até Hermione, a cética, parecia hesitante.

─ E então? ─ Gina disse encarando a todos, os dedos já no objeto pontudo.

─ Vamos lá ─ Harry se posicionou ao lado dela, encostando seus dedos próximos ao da amiga como acontecera mais cedo.

Pouco a pouco, os garotos uniram-se a brincadeira. Neville foi o último, apenas aderindo para não parecer muito medroso diante dos demais. O restante da casa estava as escuras e eles contavam somente com a iluminação da sala de jantar, assim como silenciosa, a não ser pelos seus batimentos cardíacos apreensivos dos adolescentes no cômodo habitado.

─ Tem alguém aqui conosco hoje? ─ Gina perguntou em voz alta.

O vazio sonoro era sepulcral. O grupo se encarou, atento, engolindo seco e respirando baixo, esperando o objeto se mover. Nada aconteceu.

─ Se tem alguém aqui não seja tímido, responda. Queremos contato ─ Gina retornou.

Mais meio minuto de quietude e então o ponteiro se moveu na madeira.

─ Ah, Meu Deus!!! ─ Neville exclamou horrorizado.

─ Que legal! ─ Cho riu para disfarçar o nervosismo.

─ Quem tá mexendo, sério? ─ Rony perguntou.

─ Nenhum de nós, Rony ─ Gina manteve sua impassividade.

─ Eu não sei se acredito ─ disse Harry.

─ Algum de nós está mexendo ─ Hermione disse, querendo manter a pompa cética.

─ Eu não ─ respondeu Dino.

─ Nem eu! ─ reiterou Simas.

O ponteiro continuava deslizando até parar no “sim”.

─ Certo. Qual o seu nome? ─ a ruiva prosseguiu.

O objeto voltou a passear. Desta vez a expressão do rosto de Gina começou a mudar. Ela não parecia mais a mesma menina confiante, Harry notou. Havia uma expressão cautelosa em sua tez, ela estava perdendo o controle de algo. Enquanto isso o ponteiro era misteriosamente guiado pelas letras até formar a palavra “O Palhaço”.

─ Aaahhh! ─ Neville saiu do jogo, encolhendo-se todo no canto da sala de jantar e tremendo muito.

─ Neville, ficou maluco? ─ Cho disse ríspida ─ Não se pode sair desse jogo assim!

─ Isso não é bom. Não é bom, não é bom ─ o garoto balbuciou, agitado.

─ Tudo bem, Neville tem medo de palhaços. Novidade ─ Dino tentou parecer debochado.

─ Essa brincadeira está nos assustando à toa ─ falou Hermione ─ Acho que não é bom ficarmos nos aterrorizando assim.

─ Espera um pouco, Mione ─ Gina continuava intrigada encarando o ponteiro.

─ Pela primeira vez concordo com a Mione. Que papo é esse de palhaço?! ─ Rony perguntou.

─ Tem um serial killer que se fantasiava de palhaço ─ Cho aterrorizou.

─ Para com isso, por favor ─ Simas chiou, bastante pálido e prestes a sair da brincadeira também.

─ Responda-nos, você é bom ou mal? ─ Gina perguntou em voz alta para a tábua. O objeto se moveu e Harry percebeu que a mão da menina tremia. Os olhos arregalados encaravam aquilo ir de encontro a letra M com perversidade. De repente, uma aura de maligna parecia rondá-los.

─ Chega! ─ Simas soltou do objeto ao vê-lo formar a palavra ‘mal’. Rony foi segundo, fazendo o sinal da cruz para se benzer. Dino retirou sua mão logo depois. Hermione também, aquilo era “tolo” demais para ela.

Somente Gina, Cho e Harry, porque não queria desapontar a garota que gostava, viram a palavra terminar de se formar.

─ Eu v-vi uma coisa esses dias… ─ Neville gaguejou do seu canto ─ Era um homem rondando meu quintal… E-ele estava vestido de palhaço.

Gina soltou a mão do ponteiro como se a madeira estivesse queimando. Harry e Cho por fim soltaram também. A moça encarou a tábua com atenção. As sobrancelhas erguidas e o lábio comprimido poderia significar qualquer coisa e Harry tinha certeza que não era nada bom.

─ Acho que esse jogo não anda funcionando muito bem ─ começou a guardá-lo, muito séria.

─ É isso! Vamos fazer algo mais divertido, brincadeira de mímica, quem sabe? Que tal? ─ Harry apoiou, mas não conseguindo ignorar o arrepio que sentiu ao soltar o ponteiro.

No mais, todos fingiram não escutar quando Neville disse sobre o palhaço.

 

***

Gina ficou diferente o resto da noite. Os outros também ficaram, principalmente Neville. Não demorou para ele ligar para os pais irem buscá-lo e, deste modo, Cho precisou acompanhar o menino uma vez que eles iam embora juntos por morarem na mesma rua e a garota depender da carona dos Longbottom.

 

Uma hora depois, perto do horário dos pais de Harry chegarem, foi a vez de Simas e Dino darem adeus. Dino dedicou um bom tempo para se despedir de Gina, informando que acharia legal se ela comparecesse a mais festas do grupo e causando um ciúme silencioso em Harry.

Rony, Hermione e Gina foram embora mais ou menos juntos. Primeiro a Granger, que insistiu até a amiga não ter mais como dizer não, de que seus pais a levariam para casa e que era perigoso para uma menina pedalar sozinha na cidade depois dos últimos acontecimentos. O último, aguardando seu irmão, Carlinhos, que voltava do trabalho, foi Rony.

─ Olha Harry, essa história de palhaço foi alguma bobeira da Cho para assustar o Neville… Eles são mais chegados e ele já deve ter falado disso pra ela ─ Rony puxou o assunto do nada, os dois aguardando na calçada em frente a casa de Harry.

─ É, pode ser ─ Harry deu de ombros, observando os dois lados da rua. Ele não queria muito falar sobre aquilo.

─ E outra, a Gina também estava com toda a panca de que mexia naquilo. Vai ver ela e a Cho até combinaram algo com olhares. As mulheres são assustadoras, como você bem sabe.

─ Não sei, a Gina ficou estranha… ─ ele afirmou lembrando-se das expressões dela ─ Eu não curto muito nada disso. Não acho que a gente deva ficar brincando com o que aconteceu com Adam Fuller, pensando bem. É como minha mãe disse, é o luto dos outros, não é legal. O Hagrid está certo também, isso é assunto de polícia.

─ Caramba, você cresceu do nada agora que fez 14 anos?

─ Não é isso Ron, mas sei lá… A minha festa era pra ser divertida mas foi… foi mórbida.

─ Pois parte dessa culpa é da Gina com aquele tabuleiro, ou vai negar devido a sua paixão avassaladora por ela?

─ Para de me encher, Cabeça de Fósforo. Quando você criar vergonha na cara e assumir seus sentimentos nós conversamos sobre isso.

─ Quê?

─ Olha lá, seu irmão vindo ─ Harry indicou com a cabeça a caminhonete barulhenta de Carlinhos Weasley contornado a esquina e sambando sua lataria velha na direção da guia.

─ Então boa noite, cara. Boa noite e feliz aniversário! ─ Rony deu um abraço rápido em Harry.

─ Boa noite.

Harry acompanhou o carro de Carlinhos seguir seu caminho até perdê-lo de vista. Única pessoa na rua aquele horário, começou então a voltar para a casa, o pensamento em Gina. Nela assustada sim, mas também nela linda e risonha surgindo em sua festa, nela linda e provocante lhe entregando um presente de aniversário que ele descobriria o que era a seguir. Então algo lhe chamou a atenção, um miado alto e em desespero. Não havia muitos gatos naquela rua de forma que ele pensou em seu próprio, que os pais sempre recomendavam a não deixar escapulir para a rua. Mas o Sr. Black não estava na rua, ele continuava segurante trancado em casa desde que Harry saiu para se despedir dos amigos…

De qualquer forma o menino contornou sua casa alcançando o corredor escuro, uma cerca de madeira que dividia sua casa da do vizinho. Aproximou-se dos objetos onde pudesse ter um gato escondido e as latas de lixo estavam lá, devidamente fechadas, mas com algo se agitando na penumbra ao lado esquerdo dos deles, desfavorecido da luz da rua.

Harry apertou os olhos e mirou atentamente até avistar algo redondo vindo em sua direção. Um balão de festa, vermelho e lustroso, flutuava daquele canto para ele. Tendo a mesma sensação ruim de outrora, durante o jogo de ouija, ele agarrou o balão pelo barbante e ficou encarando-o. O balão era brilhante e grande… De repente, entretanto, não parecia mais ser feito de borracha, mas de algum material de aspecto rugoso. Parecia ser feito de pele.

“Harry, vamos flutuar?” uma voz nefasta sussurrou próximo do menino, embora não estivesse ninguém ali.

Ele soltou o balão assustado, um grito seco dominando sua garganta por alguns segundos, e no mesmo instante um gato preto pulou da cerca para a lata de lixo e da lata de lixo para o rosto de Harry. O adolescente tombou no gramado, mas levantou no mesmo momento correndo em direção a porta principal da casa. Um medo irracional o dominando durante todo o percurso.

Enquanto se atrapalhava para girar a maçaneta viu seu gato, Sr. Black e sua coleirinha dourada, esperando, todo arrepiado, como ele, para estar dentro da casa.

Confuso, Harry entrou e se trancou passando duas voltas na fechadura e batendo o ferrolho com força. Somente quando estava seguro ali dentro, encostado numa parede, ofegante pela onda terrível de adrenalina, se lembrou que se o gato estivera lá fora, que bicho estava lá dentro, roçando entre as pernas dos convidados e miando involuntariamente o tempo todo com eles? Não, como dizia Hermione, deveria haver uma explicação lógica para aquilo. Harry tomou alguma coragem para se mexer e rumou para as janelas da casa em busca de uma por onde Sr. Black pudesse ter escapado…

… e não encontrou.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

*Assassino do Zodíaco: serial killer que aterrorizou São Francisco, Califórnia, no final dos anos 60. Costumava matar suas vítimas a tiros, mas também praticou crimes com armas brancas. Apesar de algumas vítimas terem sobrevivido, ninguém nunca conseguiu um retrato falado e pistas consistentes para se prender um culpado. Até os dias de hoje a identidade do Zodíaco (nome que ele mesmo escolheu) nunca foi descoberta, apesar de vários suspeitos. Se tornou famoso, entre outros motivos, por enviar cartas a imprensa da época instigando a polícia a encontrá-lo.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Black Annis: A Coisa que Nos Uniu" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.