Mentirosos escrita por Blair Herondale


Capítulo 4
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

Eu ia postar segunda feira, mas passei o feriado+o final de semana inteiro em um Congresso de Estudantes que me desgastou completamente. Completamente, ressalto aqui.
Mas! Bem! Finalmente postei o terceiro capítulo! Nos vemos nas notas finais.
P.S: Em relação às mensagens de texto, os nomes "Asshole" e "Gold" é a forma como o Connor está salvo no celular da June e como a June está salva no celular de Connor, respectivamente.



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Na manhã daquele novo dia, June estava encostada na fileira de armários reservados para os estudantes da academia esperando Elle tirar todos os livros para as aulas do dia, entretanto, a amiga era incapaz de terminar aquela simples tarefa por estar ocupada demais observando Christian praticamente comer uma garota qualquer no final do corredor.

—Eu sou mais bonita do que essa garota, não sou?- Elle perguntou, tirando o rosto da cena quase profana para encarar os olhos azuis de June. Todos os seus cachos castanhos se mexeram naquele movimento, fazendo June comparar a amiga com uma modelo dos comerciais de shampoo.

—Esse não é o tipo de comentário que você deveria fazer. Não diminua a garota apenas porque Connor nunca quis ficar contigo.

—June! -comentou exasperada, tirando mais um livro de dentro do armário e colocando sobre o braço- É claro que eu sei disso, mas é um pouco frustrante. Ele já ficou com tantas garotas dessa escola, porque nunca tentou nada comigo? Não foi por falta de oportunidades. -Elle acrescentou, levemente chateada, fazendo June acreditar que a amiga recordava todas as festas em que bebera ao lado de Connor. O garoto, entretanto, nunca lhe direcionara nem mesmo um olhar mais malicioso.

—Talvez isso seja um sinal do universo lhe avisando que você merece coisa melhor. Sinceramente, o que vocês, garotas dessa academia em geral, vêem nesse garoto? Connor é apenas mais um clichê e vocês continuam sofrendo por ele.

—Mas ele é tão gostoso.-Elle afirmou, fechando o armário após tirar todos os livros necessários para as aulas matinais.

June não conteve um revirar de olhos.

—Existem coisas além de beleza.

—Eu sei. -retrucou, fazendo June erguer os olhos para a amiga, surpresa. -Pegada. -disse, após poucos segundos de silêncio, quebrando todas as expectativas da jovem de cabelos negros. -E Christian Connor certamente tem.

Ambas direcionaram o olhar para o casal que se beijava no final do corredor. Christian prensava uma menina de cabelos ruivos contra um armário. Uma de suas mãos sobre a cintura dela e outra em seu cabelo. A ruiva, claramente satisfeita, parecia ser capaz de derreter se não tivesse o suporte dos armários sobre suas costas.

—Normal. -disse June, não conseguindo deixar de sentir pena por aquela garota. Christian a faria se apaixonar por ele, mesmo sem querer, apenas para deixar seu coração em cacos poucas semanas depois. Poucos dias depois, se corrigiu mentalmente.

—Duvido que você nunca tenha pensado o que é estar no lugar de Samantha. Connor é o garoto mais bonito dessa academia entediante e ele tem toda essa aura de mistério ao seu redor. -Elle soltou suas palavras, o encantamento explícito em cada uma delas.

—Você sabe que eu já pensei, El, mas isso faz parte do meu triste e sombrio passado. Eu aniquilei qualquer atração que eu pudesse ter por ele no momento em que percebi que tratava as mulheres como se fossem mercadorias. Você deveria fazer o mesmo. -aconselhou, prendendo o cabelo negro em um rabo de cavalo para poder ajustar a saia que as garotas eram obrigadas a usar naquele academia antiquada.

—Mas talvez tenha um motivo para ele agir assim. Talvez ele não queira se apegar.

—Nada justifica agir como um escroto.

—Eu soube -continuou Elle, como se não tivesse escutado as palavras de June- que ele foi criado pelos avós, porque a mãe não queria ter essa responsabilidade. Parece que ninguém sabe quem é o verdadeiro pai de Christian, porque a mãe estava bêbada demais para se lembrar. A Sra. Connor quis abortar o bebê, mas seus pais não deixaram e assumiram a responsabilidade da criação. Você consegue imaginar como é crescer sabendo que sua própria mãe o rejeitou? -a negra perguntou em um tom baixo, deixando a pena explícita nos olhos castanhos que observavam Chris com atenção.

—Nada justifica. -repetiu June, embora a prévia discussão mal passasse em sua mente devido à nova descoberta.

Ela virou o rosto, mudou o peso do corpo de um pé para o outro e contemplou o jovem garoto que continuava sua atividade de divertir a ruiva, que agora sabia se chamar Samantha.

Durante todos aqueles meses que moraram juntos, ela nunca se preocupou em saber qualquer informação a mais de Christian, uma vez que não lhe interessava. Entretanto, descobrir o triste histórico de sua vida mudava um pouco as coisas.

June sempre acreditara que o motivo para Christian ter pedido para Dimitri aceitá-lo no apartamento se devia simplesmente ao fato de preferir dividir um local com um amigo do que viver sozinho, mesmo que naquele caso também fosse obrigado a lidar com a ex-namorada do loiro.

Olhar para Christian com aquela nova afirmação fez June se questionar se havia mais do que a simples vontade de compartilhar um apartamento. Talvez ele precisasse sair de casa para não lidar com a rejeição.

Mas, claro, nada justifica tratar as garotas como objetos. Repetiu mentalmente.

Quando o garoto ergueu o queixo para permitir que Samantha espalhasse beijos e mordidas sobre a linha de sua mandíbula, seu olhar se cruzou com de June.

—Merda, ele está olhando para cá. -Elle soltou as palavras em um tom de voz agudo, se virando rapidamente para fingir que não estava secando o garoto descaradamente.

Porém, apesar de toda a reação exagerada da amiga, June não moveu nem um músculo. Sustentou, com toda a força e indiferença que possuía, o olhar de Christian.

Era a tempestade se encontrando com um azul safira.

Se lhe perguntassem quantos segundos permaneceu no silencioso embate de olhar, June não saberia dizer. Estava concentrada demais tentando entender o que o garoto queria dizer com aquilo, mas a tarefa estava sendo mais complicada do que ela esperava. Christian não era como Dimitri, não conseguiam se comunicar com olhares tão facilmente.

Quando, por fim, estava prestes a desistir, o garoto sorriu.

Era um sorriso pequeno, de lado, mas que parecia dizer muito mais do que representava.

Não entendo, quis retrucar de forma irritada, mas havia um ruído na comunicação. Eles não eram capazes de se falarem com o olhar.

—Ele está sorrindo para a gente? -perguntou Elle espantada -June, esse sorriso é para você?

—Não seja ridícula. -retrucou, desviando o olhar do jovem de belo cabelos negros -Christian não me suporta.

—Christian? -surpresa pela intimidade.

—Christian. Connor. É tudo a mesma coisa. -resmungou, sentindo o seu celular tremer no bolso.

—Mas você está certa. -concordou Elle, se escorando no armário para formular toda a sua linha de raciocínio- Não só ele, mas a maioria dos garotos parecem querer te matar quando você abre a boca para falar dos movimentos feministas ou do empoderamento das mulheres no último século…

[texto] Asshole: Isso que eu vi em seus olhos foi desejo, Silver?

June virou o rosto na direção de Connor, expondo toda a sua incredulidade pelo conteúdo da mensagem. Naquele momento, Samantha se separara do garoto para poder pegar seus materiais dentro do armário, Christian, portanto, estava livre para mandar besteiras para June.

[texto] Gold: Só em seus sonhos. Estava tentando entender como você consegue ser um escroto sem sentimentos.

[texto] Asshole: Outch. Você sempre adorou usar essa palavra para me definir, mas ela parece tão suja na boca de uma menina como você.

[texto] Gold: Menina como eu? Você só pode estar brincando.

[texto] Asshole: Sim, estou.

[texto] Asshole: A verdade é o contrário. Você é garota da revolução.

O garoto respondeu, surpreendendo June devido à suas palavras. Porque, de fato, ela nunca havia sido o tipo de pessoa que as professoras esperavam coisas boas. Quer dizer, inicialmente, ao verem sua pele branquinha, seu nariz de criança e seus olhos azuis com grandes cílios negros, a comparavam com um anjo, porém, no momento em que sua boca se abria para falar, qualquer pessoa era capaz de dizer: June fora feita para a luta.

—E eu sei que falar sobre isso é importante, mas Connor não se interessa e eu gostaria de ficar com ele mais pela beleza do que pelo conteúdo... -Elle continuou explicando, apesar de June não ser capaz de prestar atenção em suas palavras.

[texto] Gold: Quer dizer o que com isso?

June ergueu o olhar na direção de Christian, confusa com a conversa dos dois. Ela nunca vira o garoto com um bom humor tão grande, mesmo que a típica expressão de indiferença houvesse voltado para o rosto de Connor.

—Você está me escutando? -Elle perguntou irritada, no momento em que seu celular começou a tocar. Não era Christian Connor.

Na tela do seu celular, o nome de sua mãe brilhava em um aviso perigoso, levando tudo a ficar em segundo plano a partir dai. Não tinham mais conversas com Elle ou mensagens com Connor. O universo se resumia nela e em seu celular.

—Um segundo. -pediu para a negra, tirando todo o esboço de um sorriso que poderia haver em sua face ao se dirigir para o banheiro feminino. -Não precisa me esperar. -acrescentou ao escutar o barulho do toque da academia.

O nome de sua mãe fazia seu estômago se contrair incomodado. Marlene Silver só ligava em situações de emergência e desde que haviam descoberto a depressão de seu pai, todas as vezes que seu celular tocava, June só conseguia esperar pelo pior.


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Notas finais do capítulo

Esse ficou sendo bem menor do que os outros capítulos, mas não pretendo fazê-los tão extensos para não cansar vocês.
POR FAVOR! Comentem e favoritem, isso é muito importante para mim. Acho necessário saber o que vocês, pessoinhas, estão achando da história. Só um "gostei" ou "não gostei" já vai me ajudar a postar com uma frequência maior.



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