A Cidade do Sol escrita por Helen


Capítulo 24
Grosseria.




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Coberto de orvalho, uma musculosa criatura saiu das sombras das árvores. Sua pele era tão oleosa que criava uma camada, sob a qual a água escorregava. Espinhas incontáveis cobriam o seu rosto e seus ombros, e dividiam lugar com um pelo animal semelhante ao de um cão, que cobria todo o resto do corpo. O que antes era cabelo, agora se tornara um ninho sujo e cheio de caspa, onde pequenas e nojentas cobras dormiam. Suas unhas estavam sujas de terra e suas pernas, arranhadas e com feridas abertas e também sujas de terra.

— Quem é você? — balbuciou a criatura. Seus dentes tortos, cobertos de um estranho metal, apareceram por um instante. — Ein? Q-quem é você?

— Amaldiç... çoado. — tremia.

— Seu nome, criatura imunda. — outra voz saiu das sombras.

Uma cabeça de peixe surgiu antes do corpo. Amaldiçoado deu um pulo de susto ao ver aquilo. No lugar de uma cabeça humana, o monstro possuía uma cabeça de peixe, que por algum motivo bizarro se conectara com seu pescoço normalmente. As escamas da cabeça desciam pelos seus braços e metade da sua barriga. Pelos grossos começavam a crescer depois do umbigo, mas ao chegar nos joelhos, de repente paravam, como se tivessem sido tirados. Suas pernas eram cheias de pequenas cicatrizes de cortes. Seus pés, por incrível que pareça, eram normais, apesar de serem grandes. E suas unhas eram pintadas, mas a cor era irreconhecível a esse ponto.

— Como é que chegou até aqui? Ein? — perguntou a cabeça de peixe. — Diga, diga! — o primeiro monstro empurrou Amaldiçoado com violência.

— Eu... eu... — Amaldiçoado não sabia se dizia algo ou não.

— Você o que? Ein? Diga! Diga! Eu não tenho o dia todo! — Amaldiçoado ouviu uma das cobras acordar com a barulheira da cabeça de peixe.

— Eu fugi de casa! De trem! Mas o vagão descarrilou no caminho e...

— Isso aconteceu há uns dois dias atrás! E a uns três quilômetros daqui! Acha que me engana, ein, ein? — interrompeu a cabeça de peixe. — Diga seu nome, amaldiçoado! Diga a verdade!

Ao ganhar novamente a noção do tempo e de quanto havia andado, Amaldiçoado se tocou de que ninguém veio atrás dele. Ele estava livre. Terrivelmente livre.

— Quem você pensa que é pra me ignorar?! — gritou a cabeça de peixe.

E, com uma ordem da cabeça de peixe, o monstro musculoso começou a brigar com Amaldiçoado.


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