A primeira vez que o rei usa fogovivo em sua frente, Jaime acha que não pode respirar, que não pode sobreviver àquilo, que morrerá sufocado por seu próprio desespero e pânico e todos verão o quão fraco e incapaz é. As gargalhadas do louco soam esganiçadas e terríveis, mas nada é tão horrível quanto os gritos daquele moribundo que parece se recusar a morrer. Sua cabeça retumba como tambores de guerra e seu coração força contra as costelas em um desespero asfixiante.

(Você está meio morto, menino.)

Não importará tanto se cair gritando e chorando com o medo em suas veias junto do sangue Lannister carmim. Exceto que seus irmãos da Guarda Real olham profundo para dentro de seu terror e se força a permanecer congelado, indiferente a tudo e a todos enquanto, em seus pensamentos, conta até números que apagara de sua memória para não gritar, para nunca gritar.

(Você nunca gritou.)

Quando acaba – uma eternidade depois e Jaime acha que sufocará por causa da fumaça espessa que toma tudo –, não resta nada além de cinzas. Cinzas e as risadas do rei que ecoam eternas em seus sonhos.

(Você acorda e ainda é apenas um menino assustado, o Regicida.)