Destino Cego escrita por BeaFonseca


Capítulo 4
Inconveniente




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— Naomi! – Um rapaz alto e de cabelos castanhos chamou. Estava logo atrás da morena. No entanto, mesmo quando a garota o encarou, ele mantinha seus olhos atentos aos meus. – Ei.. Você parece muito com o J...

            Fiz um sinal para que ele não dissesse nada, sem que ela o visse. Era quase um ato desesperado. Ele se calou, incerto sobre meu comportamento. Naomi, por outro lado, parecia curiosa.

— Algum problema, Oppa? – Ela finalmente quebrou o silêncio. – O que ia dizer? - Estava alheia ao que acabara de acontecer.  

— Nada... eu só achei que o conhecia. – O rapaz disse, e em seguida, sorriu para ela.

            De alguma forma, aquele pequeno gesto simples, me deixou bastante incomodado. Não era como se eu tivesse o direito de me sentir assim, mas me sentia. Era desagradável. Quem era ele? 

— Lembra sobre o rapaz que falei ter me ajudado a alguns dias? – Eles se comunicavam entre si. Ele concordou. – Foi ele! – Apontou, animada. 

— Muito obrigado por não ter quebrado nossa porta. – O rapaz disse, e notei um tom presunçoso e de sua parte. Quase como uma provocação.

De qualquer forma, eu já não tinha ido com a cara dele desde que surgiu chamando o nome dela...

— Oppa! – Naomi reprovou o rapaz. Este, por sua vez, se divertia com alguma coisa. – Me desculpe por isso. Meu amigo geralmente não é assim. – Voltou sua atenção pra mim, depois de ralhar com os olhos o "amigo". No entanto, eu ainda encarava o rapaz, mostrando minha total inclinação a responder igualmente sarcástico.

— Não tem do que... – Sorri. – Além do mais, já fui muito bem recompensado pelo ato. – Provoquei, e ele apertou os olhos. 

"Amigo". Eu me sentia bem melhor em ouvir isso. Mas ainda não estava satisfeito.

— Okay! – Naomi chamou nossa atenção. – Isso foi um belo começo, mas tenho certeza que já estão se dando bem. – Nos lançou um sorriso, significativo. Talvez tenha percebido que não era nada disso. 

            Definitivamente, esse cara não era confiável, e eu não estava disposto a criar qualquer vínculo de amizade com ele. Naomi, por outro lado, não tinha culpa alguma da aparente má companhia. "Quem era ele mesmo?"

— Volte sempre. - Ele estava, claramente, debochando. - Uma boas vindas calorosa do dono deste estabelecimento. - Naomi o olhava intrigada.

             Era quase como se ele pudesse ter lido meus pensamentos. "Dono do estabelecimento". Mas que sorte a minha, pra não dizer o contrário. 

— Precisamos ir. – Jimin interrompeu meus pensamentos, e quebrou o silêncio constrangedor.

            Eu nem ao menos percebera sua aproximação. Será que ouviu o suficiente para ter mais motivos para ralhar comigo?

            Ignorando o rapaz alto a minha frente, encarei Naomi, que mantinha um sorriso gentil no rosto, direcionado para Jimin que retribuiu, desconfortável.

— Eu preciso ir...

— Mas e o piano? – Ela parecia decepcionada. Olhei de relance para o castanho ao seu lado.

— Eu precisava verificar pra um amigo. – Menti.

            Pra ser completamente honesto, meu único objetivo era vê-la mais uma vez, e quem sabe, arrumar coragem o suficiente para convidá-la para sair. Estava sendo uma missão impossível, estando o Hyung ao meu lado e um poste de olhos irritados me encarando. Ou melhor dizendo, o chefe dela. 

— Então vai voltar? – Perguntou, esperançosa. Meu coração parecia bater mais forte, sempre que ela me encarava daquela forma.

— Pretendo. – Falei, envergonhado com a plateia que observa nossa interação.

Bendita hora que saí daquele dormitório.” – Pensei.

***

— (...) Preço de piano, sei... – Jimin começou, no momento em que pisamos fora daquela loja.

            Conti a vontade de revirar os olhos. Não estava preparado para explicar, exatamente, o que havia acontecido. Na verdade, começava a achar de fato que foi uma péssima ideia ter chamado o Jimin para me acompanhar. Tinha quase certeza que até mesmo Taehyung seria mais contido.

— E o que foi aquilo? – Perguntou, fazendo um sinal com a mão, apontando para trás. – Pensei que a intenção fosse NÃO chamar atenção.

— Eu sei. – Foi a única coisa que eu disse.

— “Eu sei”. Só isso que tem pra falar? – Ele bufou. – E quem era aquela garota? Uma ARMY? – Tava demorando.

— Ela não é uma ARMY. – Respondi.

— Parecia bem animada em te ver. – Observou.

— Jimin-ah! – Chamei sua atenção. -  Pare de fazer tantas perguntas. – Pedi.

— Vai ter que me contar TUDO! – Exigiu. – E prometo não contar aos outros sobre o que aconteceu. – Chantageou-me. Olhei para ele, indignado. Era de se esperar que fizesse isso.

            E la estava ele, com aquele sorriso malicioso novamente. Como lidar com isso? Eu realmente não gostava se ser pressionado desta forma. Ele sabia disso.

Suspirei, parando de repente.

— Eu me sinto bem com aquela garota. – Soltei.

            Jimin me encarou, processando a informação. Seus olhos, mesmo apertados, cresceram assustadoramente. Ele quase nunca fazia isso.

— Mas você só a conheceu hoje... – Parou. Eu sabia o que ele diria em seguida. Sabia que havia entendido. – Então seu passeio a dois dias resultou em algum encontro avassalador? – Seu tom era de pura diversão. Eu quase podia ouvi-lo dizer, “Eu sabia!”.

— Não foi bem assim. – Resmunguei. Não gostava de dar explicações.

            No entanto, cá estava eu, contando todo o episódio ao Hyung, ciente de que ele não me deixaria em paz. Prestava tanta atenção, que eu me sentia um verdadeiro contador de doramas.

Bom... Era quase um, não é?

— Porque não chama ela pra sair? – Perguntou. Olhei para ele, como se fosse a coisa mais óbvia do mundo. – oh.. Entendi.

            Sim, ele entendeu. A presença dele no mesmo ambiente que Naomi, atrapalhou minhas chances. Talvez não tanto quanto eu esperava, porque esse mérito, foi para o grandão de olhos debochados.

— Deveria tentar de novo. – Sugeriu.

            Pensei sobre isso. De súbito, lembrei que o “amigo/chefe" de Naomi me reconhecera, e muito provavelmente diria a ela. O que seria terrível, tendo em vista que ela não me veria mais como um rapaz comum. Não que eu fosse, mas ela não precisava saber agora.

— Ela não sabe quem eu sou. – Respondi, e voltando a caminhar. – Me apresentei como um cara comum.

— Melhor ainda! – Se animou. Queria muito compartilhar disso.

— Mais aquele cara me reconheceu, e tenho certeza que vai contar pra ela. – Falei.

— Isso não me parece um problema. Você é um K-Idol, e se ela não é uma Army, então não tem porque ficar com medo de investir, só porque alguém te reconheceu. – Não fazia muito sentido o que ele dizia, mas havia entendido, de alguma forma.

            Jimin tinha sérios problemas para expressar suas ideias. Ou eu estava lento demais para entender.

— Ela pode se chatear por eu não ter dito a verdade... – Fui interrompido.

— Ela pode se chatear com o fato de você sumir ACHANDO que ela te veria como um mentiroso. – Passou seu braço no contorno do meu ombro. – Seu problema é não confiar nas pessoas. Como sempre.

            Fiquei surpreso com sua avaliação. Nunca parei para pensar em como eu agia em relação as outras pessoas. De fato, eu não confiava muito.

— Vai pensando aí nas suas ações. – Deus dois tapinhas em meu peito, antes de e soltar.

            Esse Hyung, definitivamente, não era o melhor exemplo de conselheiro, mas era um bom amigo, e isso eu não poderia negar.

Sorri. Eu, de fato, iria pensar sobre tudo isso. 

 - A propósito, Naomi comentou algo sobre alguém que toca os instrumentos e canta para as pessoas na loja. – Lembrei. Seria uma boa desculpa para retornar a loja, levando em consideração que ainda precisávamos de um prodígio musical.

— Isso é perfeito! – Hyung se animou, de repente.

***

Pov. Naomi

— (...) Você foi muito hostil, Oppa! – Ralhava enquanto me concentrava na organização dos CDs.

— Não me culpe por não confiar nele. – Shane retrucou, revirando os olhos, impaciente. – Deveria tomar mais cuidado com quem anda trocando ideias. – Bufei.

— Pare com isso! – Pedi, finalmente o encarando. – Ele me ajudou, e foi muito gentil.

— Você confia demais nas pessoas, Naomi! – Shane analisou.

            Por algum motivo, aquela afirmação me incomodou. Ele estava passando dos limites. Não tinha direito algum de me dizer em quem eu devo ou não confiar. Eu realmente não estava entendendo seu desagrado.

— Não é como se ele fosse um ladrão ou algo pior. – Rebati.

— Você nem o conhece. – E continuava.

— Pare, Oppa! – Pedi. – Está me deixando irritada com essa discussão sem sentido.

            Shane bufou, e fez um gesto como se quisesse dizer mais alguma coisa, mas fomos interrompidos por Sunbae Yon, que o chamava com urgência.

— Ainda vamos conversar sobre isso. – Ele avisou, antes de me deixar sozinha naquele corredor vazio.

            Eu estava confusa com aquele diálogo. Shane nunca agiu daquela forma comigo. O que eu teria feito de errado? Nem mesmo Sunbae ralhou comigo sobre o ocorrido.

            Dispersa em questionamentos, não ouvi quando algum cliente chamava a minha atenção. Na verdade, eu o ignorei por pura impaciência. Sabia que era uma atitude rude. Porém, eu não estava me importando muito com aquilo. Eu só precisava de um momento sozinha para pensar em tudo o que eu poderia ter feito de errado.


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Notas finais do capítulo

Oi gentee!! E então?? Por favor, não deixem de comentar. Isso é muito importante!!
bjsss



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