Como se Lavado de Meu Peito escrita por Anita


Capítulo 4
Capítulo 3.1 - Arrependimentos




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Como Se Lavado de Meu Peito § 3 - Arrependimentos Notas Iniciais:
Sailor Moon não é minha, mas os personagens originais como o Shouta e a Aika são. Por fim, esta é uma realidade alternativa, sem vilões, nem sailors, nem nada. Muitas outras modificações vão ocorrer, talvez fiquem confusos, então tratem como se fosse sua primeira vez lendo Sailor Moon ^^ A história ainda se passa no Japão, na cidade de Tóquio.


Olho Azul Apresenta:
Como Se Lavado
de Meu Peito

Capítulo 3 - Arrependimentos

  A loira ajeitou os cabelos dela. Estavam já compridos demais, talvez já fosse hora de cortá-los. Então, olhou para o rapaz a seu lado. Shouta vinha lhe perseguindo fazia algum tempo, sempre se sentando na carteira à sua direita. Cabelos verdes, começando a crescer para todos os lados, camiseta com uma alguma mulher peituda de manga, bermudão e muitas lágrimas nos olhos. Acabara de receber sua nota de Constitucional, enquanto elogiava os sapatos de Aika Inoue.

-Não precisa falar tão alto, - sussurrou-lhe Serena, pronta para enfiar seus lápis pela goela do rapaz.

-Mas por que o Fujiyoshi-sensei não me deu nota maior!? - Bateu bem forte a cabeça contra a madeira e levantou com um galo já se formando.

-Porque você não merecia?

-Serena-chan continua tão má como sempre! - Rei aparecera; sua outra alma penada.

-Ooooh, Hino-chaaan! Está tão maravilhosa como sempre. Digo, acho que hoje possui um brilho a mais. Como foi na prova? Dez, né?

-Esse otaku já devia ter trancado a matrícula, não acha, Serena-chan? Aliás, devíamos era estar preocupados com a nota dela, Nobuchi-kun!

-É mesmo! No que deu o rolo todo? Poxa, fiz a prova toda pensando como daríamos um jeito nisso. Talvez fabricar algum atestado...

-Se estava tão preocupado, - interrompeu Rei, - Por que não deu a idéia antes?

-Eu sabia que só um motivo sério para afastar a Serena-chan da primeira chamada! - Sorriu.

-Por que tá me chamando pelo primeiro nome?

  Rei começou a rir discretamente. Ia falar mais alguma coisa quando Aika se aproximou do grupinho. Estava tentando decorar o nome de cada um, por isso, chamava todos em voz alta e ia até o aluno entregar as folhas. Com Serena ela apenas parou na frente da jovem e ficou olhando para o papel:

-Foi melhor do que eu imaginava... - comentou ao entregar a prova.

-Quanto? Quanto? - Shouta estendeu cabeça, sendo logo afastado pela mão de Serena. -Oh, eu vi! Oito! Muito bem, Serenaaaa! O resto tá tudo tirando sete, sete e meio...

-Como foi no escritório, afinal? Você sabe o quanto eu queria trabalhar lá...- Rei parecia ignorar o outro.

  Serena suspirou lembrando-se do alívio que sentira ao notar que seu pedido de segunda chamada fora aceito. Devia mesmo ter falsificado algum atestado... Contou o quão surpresa ficara com o loca. Era de fato um escritório bastante caro o do Professor Fujiyoshi, onde fizera a segunda chamada. Quando Rei perguntou se Darien lhe falou alguma coisa quando a viu por lá, Serena teve enfim a certeza de que a garota perfeita a ajudara em tudo. Mina dissera ter ligado para ela alguns dias depois da prova para pedir ajuda, já que se lembrou do relacionamento que Rei tivera com Darien.

  Só não agradeceu a ajuda nos bastidores, enquanto olhava seu oito e os comentários rápidos sobre seus erros feitos na letra límpida e inconfundível do professor assistente porque a imagem dos dois se beijando naquela mesma sala voltara-lhe à cabeça. Indagava-se uma vez mais se aquela não fora uma das causas para o fim do romance.

-O que ele disse? -insistiu Rei, trazendo a loira de volta à conversa.

-Inoue-san disse-nos que ele estava em algum julgamento.

-Aaaaaaaaaaaah! - O grito de Shouta interrompeu as duas; mais uma vez reclamava da injustiça de tirar 4,75, - Por que não aproximaram para cinco!? Ele ainda reclamou da minha letra!

  As duas começaram a rir, secretamente sentindo pena de Darien por ter que traduzir os hieróglifos que eram os kanjis do otaku.

-Ninguém pode ter uma letra tão linda quanto à da Hina-chaaan! - continuou.

-Bem, eu era do clube de caligrafia no colegial. Apesar de ser uma coisa diferente, ajuda muito. Você acaba prestando mais atenção ao que está escrevendo e à força que aplica.

-Complicado... - Shouta bateu de novo a cabeça na carteira.

-Mas depois que você faltou aula no dia seguinte à prova, comecei a achar que de fato estivera doente. - Rei sorriu. - Só que um dia depois eu recebi uma ligação da Mina-chan falando tão rápido que teve que me repetir umas duas vezes até que eu entendesse o que aconteceu. Ela se sentiu muito culpado por ter pegado seu despertador.

-Aposto que Hino-chan entrou em pânico!- interrompeu Shouta.

  A moça assentiu. Disse que tinha certeza de que Serena estaria com grave problema e àquela hora era provável que os pedidos de segunda chamada já estivessem analisados e quem sabe até já entregues de volta à secretaria. Foi quando se lembrou de que ainda tinha o celular de Darien e ligou imediatamente para ele.

-Devo tê-lo matado do coração! Falei mais rápido que a Mina-chan, hehe.

-Então foi isso mesmo; imaginei que tivesse me ajudado, Rei. Obrigada... - Serena abaixou a cabeça, pronta para pedir desculpas pelo que houvera meses antes, mas fora interrompida:

-Não! Logo que ele me entendeu, disse que não era mais necessário. Já havia aceitado seu pedido e deixaria tudo no dia seguinte aqui na Faculdade. Que bom, né? Apesar de no fundo eu imaginar que o Darien te ajudaria, se isso fosse parar nas mãos da Aika, seria problemático demais para ele intervir apenas por boa vontade.

  Algo quente invadiu o peito de Serena e quando dera por si já estava chorando. Olhou para frente querendo muito que Darien estivesse ali para agradecer a ajuda que nem sabia haver conseguido tão espontaneamente. Talvez, fosse melhor que tudo o que Serena tenha podia ver fora o corpo esbelto de Aika, ouvindo as queixas de nota dos alunos, ou teria abraçado o rapaz bem ali. Aquilo significaria que ele não guardava mais mágoas daquela conversa? Não, apenas Darien sendo adulto apesar da conversa, sem dúvidas.

  Na verdade, aquilo demonstrava que faltava muito para o coração de Serena atingir a maturidade de pessoas como Darien, Aika ou mesmo Rei, quem, após tanto tempo, entrara em contato com o ex para ajudar alguém que nem queria mesmo saber dela. Serena também queria um dia chegar àquele ponto.

*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*

  Os olhos azuis de Serena foram até o topo do prédio bem no centro de Tóquio. Não era o mais caro, mas sabia que ao chegar ao escritório em si encontraria copos de cristal, cadeiras de couro para todos e um desfile de ternos de todas as marcas francesas e italianas. Pela segunda vez pegava aquele elevador pensando no mesmo: "Por que Fujiyoshi ainda se importava em dar aulas?" Visivelmente, nem mesmo aparecia naquele escritório. Segundo boatos de um estagiário, ele ficava mais em Haia, cuidando da filial que tinham lá para assuntos de Direito Internacional. E, claro, era uma filial ainda mais rica que a matriz.

  Seria que um dia Darien pretenderia ir até lá? Outro estagiário também comentou que todos ali tinham no fundo o objetivo de ir trabalhar nos escritórios do exterior estando o iene tão desvalorizado. Não só nas filiais, mas nos parceiros de Fujiyoshi. Esse era o objetivo visível de Aika Inoue. Serena também tinha certeza de que todos os advogados ganhavam muito bem, só que não o bastante para a carga de trabalho imposta. Todos os estagiários o haviam reclamado até pelos advogado-juniores.

  Chegou até a recepção do escritório e se anunciou. Não havia marcado nada; viera assim que terminaram as aulas daquele dia, sentindo o estômago revirar-se, mas ainda assim queria agradecer. Não só ter podido fazer a segunda chamada, mas ter recebido uma correção justa mesmo não tendo tido direito a nota nenhuma. Com oito, estava com uma folga de um ponto quando fosse fazer a segunda prova. Balançou a cabeça; não era o que importava. Saber que pôde contar com Darien sem nem saber, mesmo ele tendo-a tratado com a mesma frieza com que vinha fazendo desde a fática conversa, aquilo realmente lhe aquecia o coração. Muito mais que nove na prova, era um sinal definitivo de que ainda haveria chances de os dois se darem bem.

  A secretária respondeu para esperá-lo ali. Não demorou muito para o mesmo aparecer sem gravata, apenas com a blusa e calça social. Era como se fizesse tempos desde que realmente o vira pela última vez. O cabelo estava perfeitamente arrumado, parecendo estar molhado por conta do gel, e os olhos azuis um pouco camuflados pelos óculos.

-Sobre a segunda chamada... - Serena decidiu-se por anunciar logo o assunto, para não lhe atrapalhar o trabalho.

-Ah, espere! Não diga nada. Tenho uma hora de almoço, por que não lanchamos algo lá embaixo?

-Hã?

-Antes de discutir, apenas aceite. - Passou direto por si, já apertando o botão do elevador. - Aceito brigas depois que eu te entregar o resto do bilhete.

-Bilhete? Ah... - Lembrou-se do papel estava no livro entregue por Inoue no dia da primeira chamada. - Por falar nisso, ainda não o devolvi! - Passou o pequeno objeto enquanto entravam no elevador. - É bastante avançado, mas achei interessante o que entendi.

  O rapaz virou-se para ela como que a analisando e soltou uma risada:

-Não era pra ler.

-Eu sei! Só fiquei curiosa com que tipo de livro você teria.

-É só mais um livro chato.

  Serena abaixou a cabeça sentindo-se levemente irritada. Sabia que aquele era mais um vestígio de como se davam mal mais quatro anos atrás. Não gostava de provas de que aquela sua vida desligada de qualquer preocupação de fato existira. Preferia achar que fora um sonho o qual esqueceria muito em breve por efêmero ser.

-Em vez de eu atrapalhar seu almoço - Optou por mudar o rumo que a conversa tomava quando a porta do elevador se abriu e ele foi andando levemente na frente, guiando-a pelas pessoas do centro. - Não podemos nos falar rapidamente?

-Não vai atrapalhar. E é só um lanche. Quanto mais eu trabalho, menos fome sinto. Aliás, eu não escrevi o restante do bilhete...

-Hã?

-Eu deixei pra escrever depois e te entregaria aula que vem.

-Não importa o que dizia o bilhete... - O rosto de Serena começou a ficar vermelho quando entraram em uma pequena, mas aconchegante lanchonete. Pareceriam um casal? Irmãos? Professor e aluna? Pensando bem, ele namorara Rei, que era de sua idade, mas olhar para Darien deixava a diferença entre eles tão gritante que era difícil de achar que se assemelhariam a namorados para os outros.

  O rapaz sentou-se em uma mesa aos fundos e logo fez seu pedido, indicando que Serena fizesse o mesmo, já que seria na conta dele. A moça recusou-se, apenas querendo agradecer e ir embora, contudo, Darien acabou por pedir por ela.

-Serena Tsukino recusando comida... Conta outra, - falou, assim que a garçonete saiu, - Ah, sim. Você mudou. Foi isso o que veio me dizer, né? Valeu pela ajuda, mas eu dava um jeito sem a primeira prova.

-Não! Posso falar agora? Enfim...

-Espera.

-Sabia. Diga.

  Darien riu-se um pouco, deixando bem claro que analisava cada detalhe no perfil da outra. Então continuou:

-Não sei como dizer pessoalmente, por isso, pretendia deixar em bilhete. Mas contigo ainda mais brava vai ser difícil te fazer lê-lo, né?

-Quê?

-Deixa-me falar, Tsukino-san, - falou lentamente, enfatizando o honorífico, - Sobre o beijo de seis meses atrás... - Pausou, como que esperasse alguma reação, o que não aconteceu. - Não sei por que está adotando essa postura estranha. Faz acontecer e depois quer fazer com que não tenha acontecido. Depois de ficar pensando, cheguei à conclusão de que era melhor seguir o que você pede. Nunca nos beijamos. Mas antes posso pelo menos dizer que não me arrependo de ter retribuído?

  Serena sentiu o calor subir à sua bochecha. Por que ele dizia aquilo? Por que daquela forma? Antes que pudessem continuar o assunto, a comida chegou. Dois hambúrgueres apenas e uma jarra de suco média. Darien serviu a bebida e sorriu para a moça, cujo rubor devia estar transparecendo, acompanhado daquele silêncio por não saber como reagir.

-Hum, como eu ia dizendo. - Tomou um gole de seu suco e limpou a garganta. - Eu só me arrependo de não ter corrido atrás de você para saber por que fez aquilo e dizer o quanto foi bom. Pronto. Agora, dê sua bronca.

  Ela não sabia ainda o que fazer. Bronca? Que bronca? Olhou para a comida e começou a comê-la, mesmo que sentisse o olhar inquisitivo de Darien a esperá-la. Já estava na metade de seu hambúrguer quando notou que o outro mal comera do seu. Teria ido muito rápido? Suspirou e olhou pela janela:

-Só vim agradecer. Rei me contou o que aconteceu.

-Hum?

-Que foi você quem me deixou fazer a prova.

-Está muito brava? Apesar de me ter pedido tratamento igual...

-Só estou agradecendo mesmo. Obrigada por isso e pelo que me disse agora há pouco. Era só isso. Já estou indo, agradeço pela comida.

  Levantou-se e saiu o mais rápido que pôde da lanchonete. Sentiu que usara um tom rude com Darien, mas não conseguira fazer as palavras saírem de outra forma, não depois do que ele falara. Não se arrependia? Mesmo que aquilo pudesse ter causado o fim de seu namoro perfeito com Rei Hino? Já no metrô de volta para casa percebeu que ainda estava com fome, devia ter comido todo o hambúrguer... Odiava seu corpo que agira totalmente como a antiga Serena por todo aquele dia.

  "Sinto muito, papai..." pensou, olhando mais uma estação passar. Tudo com Darien a estava fazendo esquecer o motivo para ter se transformado tanto. Não foi por nada que dera aquela virada toda. A forma como levava a vida antes era despreocupada demais e acabara por machucar quem menos queria. Sabia que, se desde o início fosse a Serena responsável que se tornara depois, seu pai ainda estaria ali. Então, por que ficar perto de Darien a fazia querer tanto voltar atrás? Tinha que chegar a um consenso. A Serena atual não queria um desgaste como o que teria tentando conquistar o homem perfeito que era Darien; mas, sem ele, mesmo essa Serena fria, centrada, sentia-se também vazia. "Papai, me desculpa, mas posso abrir um exceção na nossa promessa?"

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