- SERENA! – Eu não gritava com freqüência. Apenas quando estava muito irritada. Ou seja, sim, eu estava muito irritada. Ela entrou praticamente voando no quarto e pegou meu braço com calma.

- Não Serena, eu não cortei meus pulsos. – ela suspirou aliviada – Por enquanto. – alertei com um sorriso maléfico nos lábios. Ela me conhecia bem o suficiente para saber que eu não faria aquilo, mas era bom assustar ela. – Ligue para a produção da ISM e diga que eu aceito o convite. – ela sorriu.

- Ótimo B., eu sabia que não ia deixar aquele drogado acabar com a sua oportunidade de apresentar a ISM. – apresentar a ISM. Que sonho, Deus! É claro que por ter que agüentar o meu karma, vulgo Chuck Bass, eu teria que ter alguma recompensa. Eu devo ter sido o Hitler na outra encarnação. Ninguém merece aquele chiclete grudado no sapato. God! – Ah, o Nate ligou, ele disse que quer falar com você. – Merda! Diabos! Palavrões impronunciáveis e palavras coreanas! Eu não acredito que esqueci o nosso aniversário de 1 ano de namoro! Péssima namorada, eu sou uma namorada ausente, sem memória e sem presente.

- S., ligue pra Barney’s agora. Mande eles enviarem qualquer coisa que esteja entre 200 e 300 dólares. Ah, nada de cores vibrantes, o Nate odeia cores vibrantes. – Um ano de namoro não era tão importante no final das contas.

- Mas, alguma preferência? – ela pediu enquanto pegava o telefone.

- Claro! O que estiver mais perto do caixa. De preferência embalado. – Nunca fui boa com pacotes de presente. Uma vez, amarrei minhas mãos com a fita. Serena riu e ligou para a loja enquanto eu escolhia uma roupa. Peguei um vestido vermelho fosco, bem casual, que tinha um laço abaixo dos seios e prendi o cabelo em um rabo. Não tinha muito tempo. Entrei de baixo do chuveiro e deixei a água correr. Eu estava no auge da minha carreira. Da minha beleza. Tinha o namorado que todas as mulheres acham perfeito. Mas talvez ele não seja perfeito para mim, porque eu não me sinto feliz. Não completamente.O Nate tinha uma ótima forma física. Comunicador nato, cabelos perfeitamente dourados e olhos perfeitamente azuis. Perfeito. Irritantemente perfeito. Era tão perfeito que chegava a ser cruelmente humilhante compará-lo com qualquer um.

Me arrumei com pressa me vesti. Amarrei os cabelos e pensei em fazer uma maquiagem. Se eu tivesse tempo, é claro. Peguei o presente que tinha chegado a pouco e decidi não abrir com medo de estragar o perfeito pacote.  Me olhei no espelho. É, parecia bom. Espero que ele goste de garotas-sem-maquiagem-com-rabos-de-cavalo. Entrei no carro e segui direto para o restaurante, onde ele estava me esperando.

- B.! – Ele exclamou quando me viu, eu sorri. – Você está linda! – Meu sorriso se abriu mais. Ele é um fofo. E não está nada mal também.

- Você também, querido. Obrigado por me aguentar por um ano! – Não, não estava sendo sincera. Mas ocasiões especiais pedem falsidade especial.

- Obrigado por me dar o prazer da sua presença por um ano. – Ele disse e depois me beijou. Sabe, é engraçado. Eu sempre ouvi pessoas que dizem ter nojo do beijo do namorado. Mas eu me sinto estranhamente confortável com o Nate. Embora ainda sim não consiga amar ele da maneira que eu gostaria, e que ele merece

Sentamos e conversamos sobre coisas fúteis do dia a dia. Rimos dos vários momentos desse longo ano. E finalmente, resolvi dar o meu presente.

- Espero que goste. – Empurrei o pacote delicadamente sobre a mesa.

- O que está aprontando Blair... – Não faço ideia. Bom, mas é melhor descobrir logo.

- Abra logo! – Ele abriu e tirou do pacote um lindo relógio esportivo, graças a Deus! Sorri e vi que ele gostou do presente!

- Agora abra o seu. – Ele empurrou uma caixinha retangular, aquelas de colar. Abri lentamente. Bom, pelo menos não era um... UM ANEEEL?

- Blair, desde a primeira vez que eu te vi eu ntive certeza que você é a mulher da minha vida. Esse ano que passei ao seu lado  foi o mais lindo e intenso da minha vida. Me daria a honra de ser minha esposa?

- O QUE? – Serena gritou assim que mostrei o lindo anel de diamante para ela. – B., eu passei metade do ano ouvindo o quanto você esperava amar o Nate. Ai, você sai para comemorar um ano de namoro e volta noiva? – Ah, o anel é o mais lindo que já vi na vida.  Mas o pensamento de passar o resto da vida com o Nate era realmente medonho. Quer dizer, o resto da vida é muito tempo. Eu espero.

- O Nate é muito especial. Eu gosto muito dele. – Falei determinada. Nada do que eu disse é mentira.

- Gostar não é amar. – Ela disse.

- Veja quem fala. A garota linda e perfeita que não tem namorado. – Era verdade. Ela nunca aproveitou as oportunidades que teve por esse complexo de princesa-procurando-o-principe-encantado. Olhei para trás e vi a ultima pessoa que eu queria ver. Na verdade, adoraria ver ele. Queimando no inferno. Chuck Bass, parado minha porta da minha sala de estar.

- Desculpe interromper. Na verdade, estou gostando do show, podem continuar se quiserem. – Ele disse um uma merda de meio sorriso no rosto.

- A senhorita precisa de algo? – Uma empregada se aproximou. Acho que dava pra perceber minha raiva.

- Que tal uma faca? Ou um revólver? – que ódio. Ódio. Era por isso que minhas pernas estavam tremendo. A empregada saiu assustada.

- Eu deixaria vocês a sós mas não quero um assassinato na sala de estar. – Serena disse enquanto se colocava entre mim e ele.

- Só quero fazer um bem a humanidade. -  sorri maliciosamente acompanhada por ele. – Ande logo, Bass. Tenho um ótimo CD para ouvir. – Pausa dramática. – E não é o seu. – terminei com um sorriso calmo e ouvi a gargalhada dele ecoar pela sala. O que será que ele queria afinal?