Mordet Et Vivit escrita por MaryDiAngelo


Capítulo 30
Mangueira, Banhos Indesejados & Fred


Notas iniciais do capítulo

Leiam as notas finais, é importante!

Obrigada Helly pela linda recomendação para MEV que me fez chorar, foi uma das motivações para que eu visse postar esse capítulo! ♥



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— Quanto tempo eu vou ter que ficar aqui? — Thalia resmungou assim que viu Nico passar pelo arco da adega, o sorriso de canto e o prato com um pedaço de bolo nas mãos deixando claro que estava ali para mais uma sessão de tortura.

— Não sei. — Respondeu, dando de ombros. — Quem sabe dias, meses...anos?

— Anos? — ela respondeu de súbito, arregalando os olhos.

— Eu fiquei aqui por anos e ainda fiquei acorrentado de pé, mocinha. Você deveria me tomar como exemplo. Mas isso que você ainda está sentada no chão porque Silena achou melhor para não cansar!

Thalia revirou os olhos e teria cruzado os braços se as correntes em seu pulso não servissem para empatar o movimento.

— O que acha de comer? — Nico propôs, sentando-se de frente para a garota. — Esse bolo parece realmente bom.

— Não quero.

— Você não pode ficar sem comer, Thalia.

— Eu não estou sem comer. Você que vem aqui todo santo dia para me alimentar!

— Mas é condicional a sua saúde que você coma alguma coisa, sério. Além de ajudar a se livrar do vício mais fácil, então você pode ficar menos tempo aqui se degustar esse lindo bolo de chocolate! O que acha?

— Não.

O di Angelo torceu o nariz, não acreditando que a humana estava negando um pedaço do bolo de Silena. Estava prestes a desistir, porém uma cena de muitos anos atrás veio em sua mente, o fazendo arquear as sobrancelhas quando uma lâmpada imaginária se acendeu acima de sua cabeça com a ideia que teve:

— Vamos, Thaliazinha. Só um pedaço, não vai te matar.

Ele pegou um pedaço do bolo, espetando-o no garfo e se aproximando da Grace e, ainda que ela recuasse, os troncos não a deixavam sair do lugar, restando-lhe apenas desviar com sua cabeça do prato de bolo.

— Nico, eu não quero! Para! — negou com o tom beirando a uma súplica, mesmo tendo um pequeno sorriso nos lábios que indicava estar se divertindo com a brincadeira.

— Abra a boquinha! — Nico implicou com ela. Thalia apertou os lábios com força, balançando a cabeça em negativa. — Então tá bom, você que escolheu o seu destino!

Dito isso, com uma das mãos segurou a nuca da Grace e a puxou de encontro ao prato de plástico, enfiando seu rosto contra a fatia de bolo e fazendo questão de pressionar bem para que ficasse grudado nela como tinha ficado nele há anos, quando Thalia fez a mesma coisa ainda criança.

Ela começou a se debater, balançando a cabeça para tentar se livrar do prato em seu rosto, falhando miseravelmente e, de brinde, fez com que o vampiro começasse a rir de seu estado.

Por fim, ela usou sua língua, empurrando o plástico e sentindo-o descolar de si. Torceu o nariz, abrindo os olhos e fitando Nico com uma carranca irritada.

— O que, querida? Não gostou da brincadeira? — implicou, arqueando uma única sobrancelha.

Thalia bufou, sentindo a massa grudada em seu rosto.

— Tira isso! Agora! Vai!

— É bom, né?! — repeliu com um tom vingativo. — É, quando você era menor não teve ninguém pra me ajudar e eu tive que ser traumatizado por baratas vindo até o meu rosto.  

A garota bufou, tendo sucesso em desgrudar o prato de seu rosto e levantando as sobrancelhas lambuzadas.

— Limpa! — mandou, não gostando nada das brincadeiras que estava sofrendo por estar presa e não conseguir se defender. — Por favor, Nico!

Ele crispou os lábios em uma careta pensativa, descendo os olhos pelo corpo dela como se estivesse a analisando. Depois, sorriu travesso com uma ideia se formando em sua mente.

— Se bem que você está meio sujinha mesmo… Acho que precisa de um banho.

Thalia só não se jogou no chão dramaticamente, pois as correntes a imobilizavam de tal movimento. Mas só pôde fita-lo em busca de piedade enquanto o próprio saia da adega, voltando tempo depois com uma mangueira nas mãos.

Maldito registro. A Grace ralhou mentalmente, cruzando os pulsos na frente do rosto com certa dificuldade.

E, com uma gargalhada de escárnio, Nico ligou a mangueira e a redirecionou para a garota no chão, encharcando-a de imediato.

Thalia tinha flashes em sua mente de quando era menor. Quando se aproveitou do vampiro estar preso na parede para brincar de jogar bexigas com tinta nele, sobrando para Silena limpar tudo depois com a própria dita mangueira.

— Está gostoso aí, Lia? — a voz dele transbordava no deboche e isso a fez encolher as pernas contra seu abdômen, escondendo seu rosto em seus joelhos. O jato potente acertando-a em todos os lugares, uma vez que Nico balançava a mangueira livremente, deixando-a molhada por inteiro.

— Para com isso! — retrucou, falando alto o suficiente para que ele a ouvisse. — NICO! PARA! — se viu obrigada a gritar, ouvindo-o rir. — EU VOU SAIR DAQUI, E VAI TER VINGANÇA, ME OUVIU?

— Como se eu fosse ter medo! — Nico retorquiu, por fim desligando a mangueira e vendo-a levantar a cabeça meio receosa. — Agora sim está limpinha.

— Eu era tão irritante naquele tempo quanto você é agora? — Thalia resmungou, os cabelos negros grudando em sua testa e caindo em seu olho. Agora as roupas coladas em seu corpo, delineando-o.

— Pode ter certeza que sim. — Sorriu travesso, deixando a mangueira de lado e caminhando até ela. — E eu tenho uma surpresa pra você.

— Eu não quero essa surpresa.

O vampiro levou uma das mãos para o pseudo coração, sentindo-se ofendido com o tom grosso dela.

— Mas… Você nem sabe o que é!

Thalia o encarou por alguns segundos, os lábios apertados em uma clara linha de reprovação. Depois, suspirou.

— Fala, Nico. O que é?

O rosto dele se iluminou com um sorriso malicioso. E isso bastou para que a garota se arrependesse por ter dito que queria saber o que era, mesmo sendo a contragosto.

Esperou ele tirar um balde cheio de coisas gosmentas e jogar em cima de si ou até mesmo trazer algumas baratas para lhe fazer companhia — é claro que iria morrer depois disso, pois Thalia ainda tinha medo daqueles bichos asquerosos —. Todavia, o que não esperava era que Nico saísse da adega em segundos, voltando com um ursinho panda de pelúcia nas mãos...

— Fred?

O coração dela se apertou, lembrando-se de como era apegada com o ursinho quando menor. Assim que cresceu, o deixou de lado e acabou por cair em esquecimento.

— Parece que o incêndio não destruiu tudo. — Ele comentou, se abaixando nos calcanhares para ficar à altura dela. — É uma ótima companhia, não?

Melhor que você, com certeza. A resposta estava na ponta da língua de Thalia, mas sabia que o vampiro faria drama por isso, então se contentou em sorrir sem humor.

— Claro.

Nico começou a balançar Fred em sua mão, usando-o como um boneco de ventrículo. Forçou sua voz, tornando-a assustadoramente mais fina e deu início a sua dublagem:

— Oi, Thalia. Tudo bem com você? Por que me esqueceu?

— Perturbador... — Thalia murmurou, arrastando seu corpo para trás ao recuar. Não era todo dia que um ursinho de pelúcia parecia tanto que iria te dar uma facada enquanto dorme.

— Eu sou fofinho! — O di Angelo continuou sua dublagem.

— Olha que eu vou te chutar, Nico!

— Eu não sou o Nico!

— Para com isso, seu...

— Thalia, quero ser seu amiguinho para sempre!

— Vou gritar a qualquer momento se você não parar. — Ela ameaçou, os olhos semicerrados ao ver que o ursinho chegava cada vez mais perto de seu rosto e a careta psicopata de Nico não estava ajudando em nada, tampouco sua voz alterada.

— Pode gritar... Você não vai ter lugar para se esconder!

E é claro que Thalia gritou quando Fred foi jogado em seu rosto, causando uma crise de gargalhadas no rapaz à sua frente.

Não demorou nem um minuto para que uma terceira pessoa se juntasse a eles na adega. As sobrancelhas arqueadas e os olhos bem abertos em sinal de alerta.

— Eu ouvi um grito, o que aconteceu? — Silena irrompeu, olhando para Thalia e tombando a cabeça para o lado ao notar que esta focava no ursinho caído perto de seus pés acorrentados.

— Tira isso daqui! — Ela tinha o tom de suplica, agora os olhos azuis cravando-se na loba. — Bota fogo!

Nico riu mais ainda, passando o dedo na pálpebra inferior como se estivesse se livrando de uma lágrima.

— Você tinha que ter visto, Silena! — Ele tentou se pronunciar, sendo cortado por sua própria risada. Respirou fundo, tentando se conter e formulando o resto da frase com um sorriso travesso: — Fred estava falando com a Thalia e ela querendo chutar o coitadinho!

— Eu acho que você está sucumbindo a loucura. — Silena opinou, apontando para o vampiro. — Muito tempo trancado da nisso.

— Ei! — A Grace protestou.

— Indelicado? Desculpe, flor. — A respondeu com um sorriso doce, pegando o ursinho e tirando-o de perto dela para que não houvesse mais escândalos. — Tentem não se matar. Sério, já basta os problemas da matilha. Assim que não vou aguentar!

— Nico é vingativo demais, não quero a companhia dele! — Thalia fez um bico entristecido. Conseguia sentir seu rosto grudar por conta do chocolate do bolo ao abrir a boca, torcendo o nariz, agoniada.

Ele só teve tempo de arregalar os olhos antes do silêncio ser rompido pelo som estalado que os dedos de Silena produziram ao acerta-lo no ombro.

— Você tá judiando da menina?! — Acusou.

— Quando era comigo tava tudo bem, né?! — Ele a respondeu no mesmo tom, incrédulo com aquilo.

— Ah, pronto! — Levou as mãos para a cintura. — O que está insinuando, di Angelo?

— Estou insinuando que você não reclamava de judiar de mim! — Retrucou, a olhando de cima por estar abaixado e ela em pé.

— Não é pra tanto! — Silena revirou os olhos com todo o drama que ele estava fazendo com algumas coisinhas simples que ela fora forçada a fazer para enganar Luke.

— Fala sério! Você veio me beijar com bafo! Tem tortura pior?

Nico nem pensou ao dizer, só se lembrando da existência de Thalia quando as bochechas da loba tingiram-se de vermelho e seus olhos claros se arregalaram. Os dois voltaram a atenção para a menina em um movimento sincronizado.

— Vocês... — A Grace estava boquiaberta. Sequer conseguia formular uma frase concreta para esboçar sua reação. — Vocês...? Ah, meu deus!

Silena não sabia ao certo o que dizer. Tinha tido um mínimo caso com Nico e isso fez com que se aproximassem da forma que são hoje, mas ainda assim era constrangedor falar sobre. Não que já tivessem tentado antes, mas...

— Você também estava! — Como não tinha muito a se fazer, ela escolheu o retrucar como se nada tivesse acontecido.

E é claro que o di Angelo não ficaria para trás naquele joguinho:

— Mas deixei um gostinho de quero mais pra acontecer de novo!

Thalia estava tonta. Era uma informação impactante demais para seu psicológico. Mas isso não a impediu de sorrir maliciosa, resolvendo tomar a frente:

— Eu não acredito! Vocês ficaram e nem me contaram?!

— Era meio desnecessário você saber. — Nico foi o que respondeu primeiro. — Foram só duas...ou três vezes.

A boca de Thalia se abriu de uma vez em sinal de indignação. Sentia-se totalmente excluída dos papinhos do casal a sua frente, junto de uma pontada em seu peito que poderia ser nomeado “ciúmes” sem esforços.

— Isso já são vezes o suficiente. — Respondeu, torcendo o nariz e fugindo do papel maliciosa.

— Ah, que bonitinha! Está com ciuminhos! — Nico sorriu.

Era claro que estava com medo de morrer depois que ela saísse dali sabendo que ele e Silena haviam tido algo algum dia, mas não iria deixar de zoar a garota que começava a enrubescer.

Para implicar, levou sua mão até a bochecha dela, apertando o dedo indicador no local e subindo as sobrancelhas quando a ouviu rosnar baixo de raiva. Logo depois, quando ela avançou, teve o reflexo de puxar sua mão de volta para si antes que a Grace arrancasse uma parte de seu dedo.

— Que isso, doida? — Reclamou. — Isso lá é coisa que se faça?

— Quer que eu te lembre de quando eu era pequena? — Thalia retrucou a altura, e iria cruzar os braços se eles estivessem soltos e não fosse tão difícil o fazer. — Quando o senhor civilizado me atacou nitidamente e eu lá toda inocente achando que tinha caído do banco?

Nico levou a mão para o pseudo coração, afetado com a acusação. Pôde ouvir Silena rir, todavia, preferiu a ignorar.

— Isso é calunia! Nunca fiz isso!

Thalia apenas o fitou com as sobrancelhas arqueadas, deixando claro que não iria aceitar aquele drama tão fácil. E isso o fez bufar, formando um bico em seus lábios avermelhados.

— Eu não era ciente dos meus atos, ok? — Se defendeu. — Além disso, você era uma criança irritante, eu tinha motivos.

A Alpha apertou os lábios em uma linha fina de reprovação, dando um pescotapa no di Angelo. Ele reclamou, o que levou as duas garotas ali a darem risada.

— Ok, vamos, Nico. — Silena o puxou pela manga da camisa, fazendo-o se levantar. — Vamos dar um tempo para Thalia descansar.

O vampiro olhou para o chão, abrindo um pequeno sorriso travesso.

— É... Vamos sim.

Com isso, Nico pegou Fred e o deixou bem próximo de Thalia, a fazendo bufar e tentar alcançar com o pé a ameaça, fracassando. Depois, o rapaz a deixou na adega sozinha com o bichinho, conseguindo ouvir os resmungos dela que consistiam em “vou voltar para puxar seu pé de noite!” caso o ursinho de pelúcia resolvesse a atacar.


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Notas finais do capítulo

Hãn...oi amorinhas!
Eu não sei como chegar aqui, dar as caras dessa forma depois de um mês sem postar e simplesmente sumir das redes sociais. E ainda por cima vir com uma notícia ruim.

Eu sinto muito, mas, provavelmente, essa vai ser uma das últimas vezes que vocês vão me ver por aqui. No tempo que eu fiquei afastada, uma série de acontecimentos me fizeram mudar e, bom, eu não me vejo mais no ramo da escrita como eu me via.

E eu estou dando um tempo em tudo a ver com este site e fanfics. Por isso, não se surpreendam se o perfil estiver sem nada, apenas com as histórias paradas por aqui, ok?

Sinto tanto por quem gostava :(
Espero que possam me perdoar, mesmo, mesmo.
Minha MP sempre vai estar aberta para quem quiser conversar comigo, mesmo não entrando frequentemente.

Até algum dia
Com carinho,
Mary.



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