Sabe quando você tem tanta coisa para pensar e para fazer que não consegue focar em apenas uma só?

Tudo que aconteceu desde que eu cheguei nessa cidade vem passando na minha cabeça como se fosse um filme, e dizem que isso só acontece quando você está prestes a morrer. Mas eu estava apenas sentada no parapeito do terraço do hospital e juro que não estou pensando em me jogar nem nada. Só que era o único lugar vazio e mais próximo que pensei quando sai daquele quarto lotado de gente, mas o que é bom dura pouco.

— Por favor, me diz que não está pensando em pular. – Percebi o tom um tanto brincalhão em sua voz.

— Nãaaao, aquele bando já passou por muita coisa hoje, mas quem sabe amanhã? O que você acha? Topa pular de um prédio comigo? — Digo vendo Derek sentar ao meu lado.

— Cassandra, Cassandra... melhor parar com essa brincadeira, se contar para outras pessoas elas podem acreditar— Derek olha para mim como se achasse graça até que ele percebe que não estou brincando e seu rosto fica mais sério e como se lesse minha mente continua. – Você não pode estar falando sério... Depois de tudo isso que aconteceu, você... quero dizer... você não é assim, você não é o tipo de pessoa que desiste de tudo e...

— Calma grandão. - Digo tocando no braço dele. — Não precisa ficar nervoso. Não vou me matar. – O sinto relaxar, mas o lugar em que minha mão está ainda pode sentir os músculos do seu braço tensos, e retiro ela dali logo em seguida. — ... é só que.. não vou mentir e dizer que isso não chegou a passar pela minha cabeça, quer dizer a minha mãe fez isso tudo por minha causa.... só fico pensando, vai que se eu der um sumiço ela resolve parar... mas você está certo eu não sou assim, vou consertar a sujeira que ela fez e colocar um ponto final nisso.

— Como você pretende fazer isso?

— Melhor você ficar de fora, você já se encrencou bastante pelo visto... — digo deixando a frase morrer e observando ele por inteiro e prestando mais atenção. Derek estava completamente sujo de sangue e com alguns riscos em sua roupa se não me engano acho que Stiles estava do mesmo jeito, só que sem o sangue e roupas rasgadas, apenas sujo e suado, mas não lembro direito, estava tão em choque quando acordei que nem prestei atenção nisso. – Falando nisso o que diabos aconteceu com você?

— Encontrei uns amigos da sua mãe no caminho.

— Como assim... você sabe onde ela está?

— Digamos que parece que ela tem aliada... e não sei onde ela está, na verdade eles que nos acharam. Fui até o veterinário procurar por vocês e Stiles estava lá também, e foi aí que eles apareceram.

— Eles quem?

— O nome deles é Berserk e a única coisa que você deve saber que é melhor ficar longe deles.

Antes que eu pudesse perguntar mais alguma coisa, fomos interrompidos pelo som da porta do terraço se abrindo.

— Achei vocês. Pensei que já tinham ido embora. – Diz Scott olhando para mim e em seguida para Derek.

— Não vou negar que eu não pensei nisso. – Digo dando um leve sorriso pensando na ideia de sair de lá agora. – Mas, aconteceu alguma coisa?- Pergunto quando ele chega mais perto.

— Na verdade, Allison quer te ver. - Diz meio sem jeito colocando as mãos no bolso do casaco.

— Bom você pode dizer que não me achou? – Respondo levantando e indo em sua direção.

— Cassie, ela só quer agradecer...

— Eu não posso fazer isso agora Scott. Desculpa. - Digo passando e indo para a porta.

— Mas Cass...

Antes de eu abrir a porta, ouvimos um tipo de explosão vindo dos postes do lado de fora do hospital.

— O que foi isso? – perguntei a Derek que estava mais próximo do parapeito do terraço. Logo em seguida eu e Scott nos aproximamos dele tentando ver o que tinha acontecido. Além da rua estar completamente escura também está com neblina por toda parte antes de eu conseguir formular uma teoria sobre os últimos acontecimentos sou pega de surpresa por uma enorme dor de cabeça que me faz cair no chão, seguida da voz de uma mulher:

Cassandra sei que está nesse hospital. Se você zela pela vida dos seus amiguinhos irá vir para a entrada principal.

— Cassie? Você está bem? – Pergunta meu primo.

— Vocês ouviram isso?— questiono meio zonza.

— Isso o que?— Pergunta Derek.

— Uma voz... — dito isso os dois trocam olhares cúmplices e só Scott responde.

— Não estou ouvindo nada.

Vamos lá você não pode ser surda criança! O relógio esta correndo...Que tal uma motivação?

Coloco a mão na minha cabeça tentando me concentrar para que a dor suma ao mesmo tempo que tento descobrir de quem é a voz. De repente um estrondo seguido por faíscas surgem atrás da gente, fazendo com que nós nos abaixássemos. Derek e Scott ficam na minha frente num gesto protetor.

— Mas que merda é essa? – disse baixo.

— Os fusíveis do hospital. – Disse Scott se levantando e indo para perto das grades. – Estamos sem energia...- o barulho do celular o interrompeu. Era Stilles perguntando onde estávamos, e que o hospital estava na base dos geradores o que não era surpresa para nenhum de nós.

Tínhamos acabado de voltar para o quarto da Allison, e Scott e Derek falaram o que ocorreu no terraço e logo depois Stiles nos avisou que Malia e Isaac foram procurar Melissa e aproveitar para ver como estava a situação do resto do hospital.

Allison ainda estava fraca, mas felizmente não precisava de nenhum aparelho. Preferi não chegar muito perto, e foi quando estava perto da porta que senti a dor novamente, e já sei que iria viria voz dessa louca de novo.

Cassandra querida, não pode ser tão difícil achar a entrada do hospital certo? Que tal assim, se você não aparecer em dez minutos vou ter que pedir aos meus amigos que não são nada agradáveis te buscar.Venha sozinha...

— OK! Por favor, me digam que alguém ouviu isso? - Digo me segurando com o braço esquerdo na porta, enquanto o outro estava na minha cabeça.

Derek se juntou a mim para servir de apoio enquanto isso Stiles estava perto de Lydia e Allison que não pareciam muito bem.

— O que você ouviu?— Perguntou Lydia com um olhar distante.

— Vocês estão bem? — Pergunto junto com a Lydia.

— Ok! O que está acontecendo aqui?— Demandou Scott confuso.

— Antes do apagão, Allison estava desconfortável e tendo algumas dores por isso chamamos uma enfermeira que deu um remédio para ela, por isso que ela está meio distante... — Disse Stiles rapidamente. — Lydia por sua vez já tem esse olhar distante por natureza, mas fica muito pior quando algo estranho está acontecendo. Por isso te telefonei quando os geradores ligaram. Para saber se vocês sabiam o que poderia ser. E agora Cassie fala que tá ouvindo vozes. Isso não pode ser coincidência.

Olho para todo mundo e respiro fundo antes de contar sobre a voz.

— Mas você não sabe quem é? – Pergunta Scott.

— Você acha que seu eu soubesse ainda estaria aqui toda perturbada?— Isso que me deixa mais intrigada, essa mulher o jeito que ela falou, parece que já me conhece, entretanto eu nunca ouvi essa voz na minha vida. – Bom, só tem um jeito de descobrir.

Obviamente ninguém queria que eu fosse sozinha encontrar essa mulher, afinal não se sabe ainda o que ela quer comigo. Como não temos muito tempo, ficou decidido que Derek e Scott seriam meus seguranças. Afinal por serem lobisomens serão capazes de ouvir a conversa mesmo de longe e saberão agir rápido caso seja necessário.

Ao sair do hospital me deparei com uma mulher ruiva de cabelos longos que poderia ter a idade da tia Melissa ou menos. Ela estava parecendo meio impaciente.

— Finalmente! Pensei que iria ter que chegar ao ponto de mandar aquele Beserks invadirem o hospital. - Disse ela andando de um lado para o outro.

— Beserks – disse baixo lembrando do que o Derek falou mias cedo e não pude deixar de olhar rapidamente para o terraço. — Bom, estou aqui agora. Quem é você e o que quer comigo?

— Direto ao ponto, que nem ao seu pai. – Disse olhando fixamente em mim. – Meu nome é Bonnie, sou uma...amiga da sua mãe. Preciso da sua ajuda. — Ao ouvir aquilo dei um longo suspiro e revirei os olhos instantaneamente. — Sei que vocês tem um relacionamento complicado...

— Complicado? – Digo rindo de nervoso. — Complicado? Só pode estar e sacanagem. Ela tentou ME MATAR! – Digo irritada.

— Ela deve ter os motivos dela...

— Isso só pode ser sacanagem, os motivos dela... – Não consegui terminar de falar porque a Weasley começou um monólogo.

— Olha só querida, eu não faço terapia familiar e se você está indignada com isso resolve com ela, ok? Estou aqui fazendo apenas o meu trabalho, preciso levar você até sua mãe porque ela esta correndo risco de vida e pouco me importa seus problemas com ela, porque você irá vir por bem ou por mal.

— Espera um pouco aí. O que quer dizer com isso?

— Te explico melhor no caminho. Vamos. – Disse chegando mais perto e me pegando pelo braço.

— Eu não vou a lugar nenhum com você. — Digo puxando o braço tentando me livrar dela.

— Quer parar com isso. - Disse segurando mais forte. – Aah sério? Eu disse para você vir sozinha. – Disse olhando para trás de mim.

— É melhor deixar ela em paz.

— Você deve ser o Hale, né? Ah olha, Scott também veio. – Falou como se fossem grandes amigos. - Eu não sou a vilã aqui, e eu to sendo muito paciente, mas o tempo está acabando então se vocês me derem licença.

Ao terminar de falar ela estalo os dedos, e num passe de mágica, surgiram duas figuras enormes que por conta da névoa eu não pude enxergar direito. A ruivinha se virou para mim e disse:

— Desculpe querida, mas a nossa festa é em outro lugar. — Em seguida tocou com seu dedo indicador na minha testa e eu apaguei.