A Rosa Dourada escrita por Dhuly


Capítulo 3
Rosas Em Fuga


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoas!
Primeiramente peço desculpas pela demora em postar, vou tentar postar uma vez na semana, mas o prazo máximo vais ser de uns 15 dias.
Tenham uma boa leitura!



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j a r d i m   d e   c i m a

Lyra estava receosa. Fugir à noite sem ninguém vê-los? Era loucura! E o pior era que ela estava completamente envolvida naquilo.

Ela já havia perdido a conta de quantas vezes havia ido até o septo rezar para que tudo desse certo e que ela e sua família saíssem bem daquela guerra. A mãe de Lyra parecia estar bem confiante na vitória dos Hightower sobre os Gardener.

Ela não era uma boa mentirosa, ter de ficar sorrindo e fingindo que tudo estava normal estava sendo difícil. Se ela pelo menos tivesse os irmãos ali talvez se sentisse mais segura.

Os jardins continuavam cheios e movimentados. Os Fossoway continuavam ali e todos cochichavam sobre um novo casamento entre a irmã mais nova de Lady Fossoway e o príncipe Gardener. Casamentos e propostas eram o que não parava de acontecer, as pessoas queriam garantias antes de se declarar por alguém e um acordo matrimonial era a melhor forma.

Lyra seguiu para dentro de um corredor, ela iria voltar para o quarto e esperar até o anoitecer com sua mãe.

Contudo não esperava dar de cara com Odethe Redwyne, a mulher mais estranha que a Tyrell já havia visto em toda vida. Trajava armadura e tinha uma enorme capa azul presa às costas por um broche que lembrava uvas. O cabelo preso em um coque simples e uma face nada alegre.

— Lady Odethe — Lyra cumprimentou, com um leve aceno de cabeça.

— Sor — Corrigiu a Redwyne nada feliz com o erro da mais nova.

Às vezes Lyra se esquecia deste pequeno detalhe, Odethe ao invés de uma lady era uma cavaleira. Uma posição que confundia muito a garota quando era mais nova, já que foi ensinada que cavalaria era coisa para homens e não para moças nobres.

— Perdão, Sor. — Disse a Tyrell levemente envergonhada.

— Aonde a senhorita vai? — Questionou a ruiva.

Lyra não achou nada educado o questionamento da outra, contudo respondeu gentilmente.

— Ver minha mãe — Respondeu apenas.

— E por que está indo tanto ao septo? — Perguntou Odethe.

Lyra tinha certeza que seu rosto estava vermelho. Não seria possível ela estar sabendo dos planos que a Tyrell tinha. Ela não tinha como saber... Ou será que tinha?

Só então Lyra havia percebido o quanto tempo havia ficado sem responder.

— Rezando por meu pai e meus irmãos que estão com ele, para que eles voltem sãos e salvos! — Mentiu Lyra.

“Tsk” chiou Odethe em desaprovação ao que ela havia dito.

— Deveria estar feliz por seu pai estar servindo o verdadeiro Rei da Campina, ou você pensa o contrário? — Falou Odethe, como se esperasse que Lyra dissesse que apoiava os Hightower ali mesmo.

— Claro que não, o Rei Garth é o único rei de toda a Campina — Afirmou Lyra com a maior convicção que conseguiu encontrar dentro de si. — Agora se me der licença, tenho de encontrar minha mãe.

A Tyrell saiu do corredor o mais rápido que pode. Aquela conversa tinha sido muito suspeita e a jovem estava com uma pulga atrás da orelha em relação à Odethe Redwyne. Mesmo assim continuou seu caminho até os aposentos da mãe.

O dia estava bonito, contudo Lyra não tinha cabeça para aproveitá-lo. Toda uma fuga eminente, um casamento e uma guerra, deixavam a cabeça dela imersa em pensamentos e mais pensamentos. Sobre o que poderia acontecer e se ela estava fazendo o certo. Ela esperava que sim.

As portas do quarto de sua mãe dois guardas estavam a postos. De armadura e espada na bainha, ela percebeu. “Todos prontos para lutar”.

A jovem entrou no cômodo onde Lady Terresa estava. A mãe de Lyra se encontrava em uma poltrona de vista para os jardins com uma taça de vinho na mão, como se toda aquela guerra não estava a preocupá-la, o que a Tyrell mais nova acreditava ser verdade.

Ultimamente ela não saia do quarto, só escrevia cartas e despachava tudo discretamente.

— Mamãe? — Chamou Lyra.

Lady Terresa virou-se para ela e abriu um sorriso fraterno, chamando-a para se sentar ao seu lado. Aos olhos de Lyra ela parecia abatida, com olheiras abaixo dos olhos e o cabelo solto sem nenhum penteado.

— A senhora está bem? — Perguntou a mais nova, com preocupação na voz.

A Tyrell mais velha olhou para a filha por um curto momento como se pensasse se responderia ou não. Depois desviou os olhos para os jardins onde crianças brincavam e gargalhavam alegres.

— Olhe para aquelas crianças — Disse ela, apontando para baixo nos jardins.

Lyra obedeceu. Olhando melhor ela viu que um se tratava de Raymun Fossoway o protegido do Rei Garth, parecia feliz. Junto dele tinha um garoto Merryweather e mais uma menina que ela não fazia ideia de qual casa fazia parte.

— Parecem estar se divertindo não? — Sua mãe perguntou e Lyra concordou com um meneio. — Sim, se divertindo, se divertindo longe da família. Longe dos pais e dos irmãos, Garth pode dizer que eles são protegidos, mas todos sabem que ao menor indício de traição das famílias deles, eles teriam as gargantas cortadas. É isso o que acontece com os perdedores, morrem. Eu não quero isso para você e seus irmãos, por isso me aliei aos Hightower, porque eles irão vencer. Contudo seu pai não enxerga como eu.

— Papai? — Novamente ela se via sem entender o que se passava.

— Ele acha que devemos ser leais — Debochou Lady Terresa rindo. — Ele crê que um pedaço miserável de terra e um título de merda é uma maravilha e que nos, os Tyrell, devemos ser gratos por isso.

— Meu pai não está de acordo com tudo isso? — Questionou Lyra com uma expressão confusa.

A mãe de Lyra soltou uma risada estrondeante, talvez por conta do vinho.

— Se dependesse dele ainda estaríamos beijando as botas dos Gardener. Ele nunca iria aceitar isso, nunca se revoltaria contra os maravilhosos e esplêndidos Gardeners. Eu tive que tomar uma iniciativa e junto do seu avô preparar seu casamento. Ele pode estar agora ao lado dos Gardener, mas sei que depois de você virar uma Hightower e estiver casado com o futuro rei ele vai mudar de ideia. Ele não ficaria contra a própria família.

 

 

m o n t e   c h i f r e

O vinho de imediato era amargo, mas logo depois deixava um sabor doce na boca de Axel. O grande salão de Monte Chifre estava vazio com exceção dele que tinha a refeição sozinho. A construção era formidável, todo feito em pedra bem talhada e com enormes vigas escuras. O teto abobadado tinha três enormes lustres de cobre e iluminavam o local.

O silêncio era inquebrável, mesmo ele sabendo da luta que poderia estar acontecendo atrás das portas de pinheiro. Tudo estava em seu devido lugar e ele finalmente havia conquistado o que tanto almejava após tantos anos, ele havia conquistado o título de Lorde de Monte Chifre.

Seu sobrinho tinha feito a melhor decisão para ele ao decidir seguir os Hightower. Ele havia se tornado um rebelde contra a coroa e Axel havia conquistado o título perante a lei sem ter de fazer um único esforço excerto escrever uma pequena carta ao Rei Garth.

Ele se perguntava se Arthur já estaria em Jardim de Cima dentro de uma cela. O ex-lorde havia saído de Monte Chifre acreditando que ele estaria cuidando do castelo e organizando as tropas, preparando às coisas para seu retorno.

As portas de pinheiro se abriram fazendo Axel levantar os olhos. O novo meistre do castelo, chamado Enrik, era mais novo do que ele esperava, trinte e dois anos e seis elos na corrente. Axel havia pedido um novo meistre antes dos Hightower impedirem da Cidadela enviar os eruditos para qualquer lugar não fosse aliado a eles. Uma tática obvia.

O último meistre não ficaria ao lado dele, queria Arthur no poder. Muitos outros poderiam ter matado o velho, mas Axel resolveu ser piedoso e deixou o velho meistre vivendo numa torre por todos os bons anos de serviço a casa Tarly. O importante era que o novo era útil e servia a ele muito bem.

— Meu lorde — Disse o meistre com uma reverência — Tudo ocorreu como planejado. Os que apoiaram Arthur foram os mesmos que o senhor previu e as suas forças puderem prendê-los sem muito sangue. Agora eles aguardam seu julgamento no pátio de treinos.

Ele se levantou do caldeirão do lorde e se dirigiu ao pátio. Onde vários homens se encontravam ajoelhados e com cordas amarando os pulsos. Seus soldados estavam em volta, muitos já trabalhavam para ele há tempos, alguns se aliaram a ele recentemente e acreditavam que ele deveria ser lorde em vez de seu sobrinho jovem e despreparado.

Axel ficou de pé em frente a todos aqueles traidores, todos seguindo um traidor que ia contra a coroa, mesmo que uma coroa não garantisse lealdade alguma. Um exército garantia lealdade e isso ele tinha de sobra.

— Meus bons homens — Começou ele e muitos levantaram o olhar para ele — Sei que muitos pensam que eu não deveria estar no posto de Lorde de Monte Chifre, contudo Arthur se mostrou um rebelde, traidor que se voltou contra o Rei Garth Gardener e se aliou aos Hightower. Com isso o Rei Garth me nomeou lorde no lugar de Arthur como a lei ordena. Agora eu pergunto, vocês podem me seguir ou ir atrás de um lorde rebelde que logo terá a cabeça decepada. Que lados irão escolher?

Muitos murmuraram e trocaram sussurros entre si. Um pequeno punhado, menos que a metade, levantou-se e os homens de Axel cortaram as cordas que os prendiam.

COVARDES — Gritou um soldado velho com um olho roxo e um ferimento do braço.

Axel se aproximou do homem e se abaixou na altura do rosto dele.

— Pelo visto você não vai querer se juntar a mim, não? — Disse Axel com um sorriso de canto.

— Você acha mesmo que o povo irá concordar com isso? Eles amam Arthur e vão tirar você daqui! — Falou o mais velho.

— Suas escolhas são ir para a Muralha ou ser enforcado, o que escolhe? — Questionou Axel.

O soldado não respondeu, apenas olhou com extremo ódio e cuspiu na face de Axel com desprezo.

O sorriso de canto sumiu, ele olhou para o homem com seus olhos azuis e extrema frieza. Limpou o cuspe com as costas da luva e virou de costas.

— Esse ai pode colocar na jaula para os corvos bicarem até a morte! — Ordenou ele e dois guardas logo foram rápidos em obedecer.

Por fim a maioria decidiu ir para a Muralha e uns poucos foram para a forca. Os últimos simpatizantes de seu sobrinho haviam ido e Axel voltou para dentro do castelo.

— Senhor, creio que o soldado tenha dito a verdade — Murmurou o meistre aparecendo ao seu lado.

— Como?! — Questionou Axel com certa fúria nos olhos.

Muitos homens poderiam ter abaixado à cabeça ou terem ficado com medo dele, mas o meistre não se assustou, continuou de cabeça erguida e logo respondeu.

— O povo ama Arthur, eles creem que ele trouxe toda a prosperidade as terras. Não vão simpatizar com você assim de forma tão rápida e repentina — Afirmou o homem olhado para Axel sem medo.

Contudo ele apenas sorriu e continuou seu caminho para os aposentos.

— Veja bem, a plebe pode amar Arthur como diz. Mas quando a guerra chegar até aqui, meu exercito defendera eles. Eu, não Arthur, vou defender esse povo e minhas terras. — Disse Axel, com prazer ao dizer as duas ultimas palavras.

 

 

j a r d i m   d e   c i m a

Arthur se misturava a escuridão com o manto negro. Tinha a mão direita repousada sobre o botão da espada, pronto para a batalha. Ele já havia percebido que algo estranho estava acontecendo. As rondas não estavam constantes, poucos homens guardavam as muralhas.

Tudo aquilo cheirava a armadilha. Ele se perguntava como teriam descoberto seu plano, tudo fora planejado no extremo sigilo e mesmo assim ele estava ali receoso que tudo desse em vão.

Seus homens já estavam a posto, todos de mantos pretos e armaduras por baixo. Eram quinze no total, todos ali cavaleiros consagrados e famosos por suas habilidades. Tinham vindo ali com a missão de levar Lady Lyra e a Senhora Terresa para Solar Rosado e Arthur iria garantir que o trabalho fosse terminado.

O Tarly deu um sinal com a mão e todos avançaram cobertos pela penumbra. Eles teriam de passar pelo labirinto até a segunda muralha e ali teriam uma passagem para dentro do castelo. Por sorte o Tarly havia vivido no palácio por um bom tempo e sabia certos atalhos.

Por todo o caminho até o labirinto não ouve nenhum alarme ou problema, tudo parecia calmo e silencioso. O céu estava nublado e a lua escondida, a noite perfeita.

Arthur foi à frente do grupo e guiou os outros até um portão enferrujado e escondido na menor e pequena muralha.  Apenas um guarda estava ali e antes mesmo que ele percebesse a aproximação do Tarly, Arthur atravessou uma espada na barriga dele. O soldado morreu rápido e foi escondido por seus homens. Então eles seguiram labirinto adentro.

Quando ele brincava com as outras crianças naquele lugar parecia divertido, contudo ficar ali a noite era assustador, principalmente se você estava tentando invadir.

Por sorte todo o caminho foi livre de soldados. E Arthur se viu na segunda muralha coberta de hera. Ele tateou a busca de um pequeno buraco que dava ligação para um dos jardins na ala oeste. Ele achou e passou para dentro, como na infância dele existia uma tabua ali, ele só teve que empurrar.

No jardim não havia nenhuma pessoa, ele chamou os outros e logo todo o grupo já estava do outro lado. Arthur escondeu a passagem novamente e seguiu para dentro do castelo com extrema cautela.

Só pelo fato de não haver nenhuma ronda pelos corredores ou uma alma viva ele já sabia que tudo aquilo era uma armadilha. Tinha de ir até uma o quarto onde as mulheres aguardavam.

Jardim de Cima nunca pareceu tão quieto e abandonado. O som das botas e do tilintar das armaduras era a única coisa que se ouvia.

Por sorte ele conhecia bem o caminho e segui até lá rapidamente. Um pequeno grupo de guardas Tyrell esperava na porta e desembainhou as espadas assim que Arthur foi visto.

— Sou eu, Lorde Arthur — Disse ele levantando as mãos.

Os homens abaixaram as armas e deram espaço para ele entrar no quarto. Do lado de dentro havia mais um pequeno grupo de homens com a rosa dourada no peito. Lady Lyra estava em pé, parecia angustiada andando de um lado para o outro. Já Terresa estava mais confortável bebendo vinho calmamente.

As duas logo notaram sua chegada.

— Arthur! — Exclamou Lyra sorrindo e dando um abraço nele que retribuiu.

— Soube que existiam donzelas em perigo aqui — Disse ele com um sorriso brincalhão.

— Pelo visto você não mudou nada — Brincou a Tyrell mais nova com um leve sorriso.

— Pelos Sete, vocês resolveram colocar a conversa em dia hoje? Temos que sair daqui está noite! — Falou Terresa com irritação na voz.

Arthur concordou com um meneio e todos saíram do quarto.

— Onde estão todos aqui do castelo? Os guardas? — Questionou o Tarly para as Tyrell.

— O Rei Garth organizou um banquete, para anunciar a todos o casamento do príncipe herdeiro com a garota Fossoway mais nova. Eu falei que não estava indisposta e que Lyra iria cuidar de mim, a maioria da corte deve estar lá, os guardas também! — Explicou a Senhora Terresa.

Mesmo com o banquete Arthur não estava convencido. Ele deu algumas ordens e logo tudo estava pronto para a ida. Eles seguiram pelos corredores escuros. Tinham de voltar à passagem na muralha e por fim seguir até o local onde os cavalos estavam esperando.

Tudo estava parecendo dar certo, contudo ao virar em um corredor uma mulher os esperava com vários homens Gardener atrás. Instintivamente Arthur desembainhou a espada e observou a mulher também desembainhar a espada dela. Aquela só podia ser Sor, Odethe da Árvore.

— Vocês têm apenas duas opções, se rendam e talvez ganhem clemência, ou morram lutando. — Ela disse olhando diretamente para Arthur.

Ele fez um sinal e todos os outros também se prepararam para lutar.

— Sor Uthor, sabe oque fazer — Disse o Tarly para o cavaleiro ao lado e ele saiu do corredor com Lady Lyra e Lady Terresa.

Então eles começaram a dança de aço contra aço.


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Notas finais do capítulo

E ai, será que o Arthur foi preso pela Odethe??Quem venceu?Lyra conseguiu fugir??
Juro que vou tentar postar esse domingo ok!
Espero que tenham gostado e comentem!
Beijos!