Mudando De Vida escrita por Ray Shimizu


Capítulo 8
Um novo aliado e uma pausa para diversão




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A garota encarou a porta pensando em quem poderia ser. Talvez fosse melhor fingir que não havia ninguém, até porque de todas as vezes que aquela porta se abriu, alguma confusão aconteceu. Por outro lado, podia ser algo ou alguém importante. Sabia que não era o manager, já que ele tinha muitas coisas a fazer, portanto deu a ela o fim do dia para descansar. Talvez fosse a Yukimura novamente e só de pensar nisso seu sangue gelou. Novamente a campainha tocou, seguido de leves batidas à porta.

— Oi! Sou eu, Kevin! Não finja que não está em casa, eu vi você chegando! — escutou a voz masculina animada, em alto e bom som.

A garota suspirou, não estava a fim de companhia, queria dormir, sentia-se cansada, porém não podia ser mal-educada, já que ele já a tinha visto. Sem demora, abriu a porta.

Sem pedir licença, entrou tirando o tênis e carregando uma caixa de papelão, repleta de bebidas, salgadinhos e um vídeo game com vários jogos.

— Eu realmente estava ansioso para poder jogar com você! Semana que vem começam as gravações, então acho que não teremos muito tempo. Sendo assim, pensei que seria legar jogarmos um pouco hoje!

Hitome não disse nada e pareceu ficar interessada, fazia bastante tempo que não jogava, além de não ter tempo por causa do restaurante, também não tinha muito dinheiro sobrando para poder comprar jogos, ou um vídeo game novo, já que o antigo já havia pifado.

Kevin colocou a caixa sobre o sofá e já começou a instalar o aparelho.

— Escolhe um para começar! — Kevin sentou no chão, conectando os fios na televisão. — Já te aviso que sou bom em todos!

Hitome não tinha coragem de expulsar o garoto do apartamento, já não restava outra opção senão se render e se divertir com os jogos que ele havia trazido. Tinha jogos de esportes, luta, tiro, rpg, terror. Enfim, uma grande variedade.

— Bom, já que eu posso escolher... — as mãos da garota pousaram em um jogo de tiro, uma de suas especialidades, ela não ia admitir que era competitiva, portanto, escolheu um jogo na qual teria mais chance de conseguir vencer.

Ajudou Kevin a terminar de instalar as coisas e também pegou copos e tigelas para poderem comer e beber enquanto se divertiam. Por um segundo, parecia que tinha voltado para quando era só uma adolescente, sem muita coisa com que se preocupar.

Os dois jogaram concentrados, Hitome perdeu as primeiras partidas. Podia-se dizer que era uma competição injusta, já que a tela estava dividida e Kevin já havia decorado os mapas e sabia todos os comandos. Entretanto, se tinha uma coisa na qual a garota era boa e que ninguém poderia negar, era que no quesito jogos, ela aprendia rápido.

— Ah, vamos jogar outra coisa agora. — Kevin, se levantou indo até a caixa de papelão.

— Não vale, só porque comecei a ganhar? — ficou indignada.

— Claro! Minha honra será manchada se alguém souber que eu perdi para uma garota! — respondeu rindo. — Além disso, esse é o único jogo que eu ganhei do Akira! Bicho viciado ele!

Hitome quis perguntar o porquê de ele ter aparecido, Akira não estava lá e não podia-se dizer que eram amigos. Devia perguntar?

— Ei, por que você resolveu vir aqui? O Akira não costuma vir aqui com frequência... — e quando percebeu já havia exposto a questão.

— Ah, na verdade eu não converso muito com o pessoal daqui, já que sempre fico no apartamento jogando vídeo game quando tenho tempo. Como o Akira é meu melhor amigo, sempre acabo chamando ele. Só que depois da filmagem disse que tinha compromisso, então pensei que seria uma boa vir aqui. Não é todo dia que se encontra uma garota fofa que nem você e que joga vídeo game! — Kevin era extrovertido, e do tipo que parecia lidar muito bem com qualquer pessoa. Hitome achou um pouco estranho o fato do rapaz ficar enfurnado no apartamento jogando vídeo game o tempo inteiro, ao invés de ir conversar com os outros moradores.

— Você devia ir se enturmar com os seus outros vizinhos também, não? Só jogar vídeo game não faz bem pra saúde.

— Devia, mas também não é como se eu não quisesse. Se você for ver, do nosso andar, tem nós dois, mais o Shizuki que fica no ultimo andar, só que ele raramente está em casa, ele é o artista mais ocupado dessa agência, então sempre está viajando a trabalho. Depois não tem mais ninguém no nosso bloco. Em compensação, os outros blocos estão cheios, e ainda vão construir mais um prédio.

— Não gosta de sair?  Eu ainda não tive a oportunidade de explorar fora do meu apartamento, mas parece que tem muitas atividades para fazer. – Hitome pensava que Kevin gostava de sair e ficar rodeado de pessoas, pelo visto estava enganada.

— Depois que você já está há um tempo aqui, não tem mais tanta graça. Mas se você quiser, eu levo você se quiser conhecer. Pra quem nunca viu é fantástico! A gente podia aproveitar que ainda não está tão tarde e ir dar uma volta. O que acha?

Por um lado, Hitome estava curiosa para conhecer, por outro não sabia se deveria, isso só aumentaria a possibilidade de ser desmascarada, de encontrar alguém que não devia no caminho. Porém, não teve chance de negar, o rapaz já estava de pé e a pegando pelas mãos.

—/-/-

Aya estava um pouco entediada, não podia fazer esforço por conta da perna e de seu braço, prometeu ao Makoto que iria ficar quietinha, assim evitaria acidentes. Entretanto, ela era uma garota dinâmica e inquieta, sentia que ia ficar louca se não fizesse alguma coisa. Além disso, estava preocupada com a situação ali, Akemi foragida com o dinheiro do restaurante, queria saber mais sobre a gravação do programa, e Touya não comentou mais nada, apenas comentou que passaria por lá mais tarde.

Sem mais paciência, resolveu fuxicar mais um pouco o quarto que agora era dela, já havia começado a organizar algumas coisas, porém ainda tinha muita coisa que ainda não tinha visto. Faltava umas gavetas, e a porta de um dos armários, sabia que tinha uma caixa de papelão sob a cama, que ficaria para outra vez, já que não ia conseguir mexer naquilo com apenas um braço.

Assim que ficou de pé, a porta de seu quarto se abriu, e para a surpresa da atriz, não era Makoto, nem Touya, mas um jovem rapaz, com cabelos coloridos e um jeito peculiar de se vestir.

— Ai! Desculpa não ter vindo antes! Mas eu só fiquei sabendo do que te aconteceu hoje, quando liguei na sua casa e seu pai me contou tudo! A gente não se fala faz tanto tempo, que quando eu ligo me vem um baque desses! — ele falava rapidamente, enquanto era abraçada e apertada pelo rapaz. Não poderia perguntar quem era, já que como Hitome devia saber.

Aya encarou o jovem por alguns segundos, logo que ele a soltou. O jovem tinha traços delicados, um pouco mais alto do que ela, além de um jeito um tanto afeminado. Suas roupas combinavam perfeitamente, muito bem vestido para um rapaz, que julgava ser mais novo do que ela. O que deixava o garoto com um ar diferente. Podia-se falar facilmente que ele era estilista.

— Ai meu Deus! — o rapaz ficou eufórico, o ar de preocupação deu lugar para a surpresa. — Aya Natsume? O que você faz aqui?

Aya se assombrou com o que ele havia dito. Como ele teria a reconhecido assim tão rapidamente? Ele poderia ter o olhar afiado do Akira?

— Aya? Eu sou a Hitome, você precisa usar óculos! — tentou disfarçar, aquilo não podia estar acontecendo, não podia ser descoberta.

— Honey, eu enxergo perfeitamente bem! Vocês são super parecidas, mas meus olhos são clínicos! Agora estou mais curioso para saber o que a atriz que vai estrelar ao lado do bonitão do Akira, está fazendo aqui! E onde está a Hitome?

Aya encarava o rapaz apavorada, o que deveria dizer? Tentar convencer do contrário parecia que não teria efeito. Abrir o jogo? Parecia ser o mais sensato a fazer.

— A Hitome morreu? Por isso você está aqui? — o rapaz se apavorou, imaginando as piores coisas possíveis.

— Vira essa boca pra lá! — Aya se exaltou. — Primeiro, feche a porta, por favor... E segundo, o que você é da Hitome? Qual seu nome?

O rapaz fechou a porta rapidamente, ajudou Aya a sentar na cama e logo em seguida fez o mesmo.

— Me esqueci de me apresentar, desculpe! Pode me chamar de Shin, é como a Hitome me chama. E nós somos melhores amigos! Eu estive fora a trabalho, e também havia esquecido meu celular no Japão! Como eu ia ficar só uma semana fora, não esquentei em conseguir outro! - O garoto falava rápido e quase sem respirar.

— Mas me conta, o que aconteceu com a Hitome?! Ela está bem?

— Eu vou contar, mas me promete que guarda segredo? Por favor, minha vida toda está em jogo!

— Minha boca é um túmulo!

Aya começou a contar toda a história, desde que a viu no shopping até a decisão de trocar de lugar devido ao acidente.

— Ai meu Deus! — Shin estava boquiaberto, totalmente desacreditado. — Eu fico fora uma semana e olha o quanto eu perdi! Quer dizer que a Hitome agora vai aparecer na tv?

— Sim, ela vai ficar no meu lugar até eu poder voltar. — respondeu. — Você acha que o pessoal notaria que trocamos de lugar? — a preocupação a assombrou, porque era a segunda pessoa que soube diferenciar, sem ter qualquer dúvida.

— Olha, se ninguém descobriu até agora, acho improvável... Acontece que a Hitome e eu somos praticamente almas gêmeas, sabe? Eu saberia diferenciá-la, mesmo se estivesse de máscara! E ela me reconheceria de longe. Eu fiquei até assustado quando a conheci pela primeira vez!

— Como assim? — se interessou em conhecê-lo e em como tudo começou.

— Vocês são parecidas, super parecidas mesmo, mas não são irmãs gêmeas, certo? Nunca se viram na vida! Agora imagina a cena. Meu irmão foi conhecer o restaurante que a Hitome trabalha. Ele a achou fofinha e bonitinha, e se apresentou pra ela como Toshihiro... Uma semana depois, eu resolvi ir junto com meu irmão, porque ele disse que a comida era muito boa e o atendimento era excelente também... Nós chegamos juntos, sentamos e ela olhou para meu irmão e disse “Oi, Toshihiro! Ele é seu irmão?”

— E qual o problema nisso? — Aya ainda não havia captado motivo da história.

— O Toshi, é meu irmão gêmeo! É basicamente uma xerox de mim! E na época até nosso corte de cabelo era parecido! Imagine se eu não fiquei assombrado! Nem nossos pais sabiam diferenciar a gente! Até o dia que chutei o balde e pintei meu cabelo!

— Jura? E como ela consegue diferenciar vocês então?

— Eu fiz essa mesma pergunta pra ela! E a Hitome respondeu que apesar de sermos parecidos, não éramos iguais. Mas não sabia dizer exatamente o que tínhamos de diferente um do outro. Apesar de que hoje já estamos um pouco mais diferentes do que uns meses atrás.

— Em que vocês mudaram? – Aya estava cada vez mais interessada em conversar com o Shin, sua energia era cativante.

— Eu me assumi gay, faz um pouco mais de quatro meses. Eu tinha receio da reação dos meus pais e meu irmão é cem por cento hétero. Mas sempre me apoiou e disse que eu devia contar ao menos para nossos pais. Então, eu resolvi contar... — deu um suspiro e revirou os olhos, lembrando-se daquele dia. — Foi a pior coisa que eu fiz! Minha mãe começou a chorar e meu pai me chutou de casa! A Hitome foi a luz do fim do túnel! Porque nós tínhamos nos mudado para essa cidade, fazia poucas semanas, eu não conhecia ninguém e fui despejado de casa sem minha mãe impedir! Meu irmão coitado... Começaram a achar que ele era gay também e queriam expulsar nós dois! E eles fizeram isso mesmo!

Aya escutava boquiaberta, não imagina toda aquela história que ouvia.

— Eu e meu irmão estávamos pensando no que fazer, porque não tínhamos muito dinheiro. Decidimos jantar no restaurante da Hitome e ela ouviu nosso drama todo! E para nossa surpresa, ela ofereceu a casa dela para gente ficar um período! Foi a nossa sorte!

— Que alívio, né? Ao menos vocês teriam um lugar para ficar! E onde vocês estão agora? Os pais dela não deixaram?

— Akemi foi contra, porque até então éramos meros clientes. Mas a Hitome a convenceu a deixar! Ficamos aqui um mês, ajudávamos no restaurante! Foi legal essa época. Depois de um mês, a gente decidiu sair, consegui um emprego em uma loja de roupas, e meu irmão em um escritório de advocacia. Aí alugamos um apartamento perto, a gente mora lá até hoje!

— Que reviravolta! E seus pais?

— Meu irmão conversa com eles, fala que eles estão arrependidos, e querem que a gente volte. Eu não piso lá, mas nem que me paguem! A gente foi tratado como lixo, ninguém ligou para saber como estávamos, para agora darem de arrependidos? Para mim, eles não existem mais!

Aya ficou um pouco triste em pensar que Shin não queria dar uma segunda chance aos pais, mas no fundo entendia, já que os pais dela chegaram a trata-la mal devido a escolha de ser atriz e modelo, e não por seguir a tradição da família. E foi um dos motivos que a levou a sair de casa cedo.

— E como vocês viviam aqui? — resolveu não tocar mais no assunto dos pais, era doloroso de certa forma, já que despertava lembranças dolorosas para ambos.

— Aqui não tem muito espaço, então eu dormia junto com a Hitome e meu irmão dormia num colchão do nosso lado.

— E... Ela não se importava em ter um homem dormindo na mesma cama, e outro basicamente do lado?

— Ela nunca me viu muito como homem, falava que era como uma festa do pijama diária, já que a gente falava besteira todas as noites, enquanto comia doces. A Hitome só ficava mais sem graça com o meu irmão, mas acostumou logo.— Fez uma breve pausa. — Eu cheguei a pensar que eles iriam namorar, pena que eu me enganei, seriam um casal fofo!

— E o que fez pensar que eles iriam ficar juntos? Ele dava algum sinal?

— Meu irmão pediu ela em namoro... Só que a Hitome deu um fora nele. Disse que não estava preparada para um relacionamento e o via como um irmão... Tadinho dele ficou arrasado!

Aya pensou um pouco nos motivos que fariam Hitome ter dado um fora no irmão de Shin, já que aquelas informações também não estavam no diário. A última coisa escrita naquele caderno infantil era sobre o fim do colegial. Mesmo que não estivesse escrito, ela podia imaginar o porquê da Hitome ter tomado aquela decisão com respeito Toshihiro.

—/-/-

Touya conseguiu finalmente o contato da loja de sapatos, conversaram apenas por telefone, já que a loja ainda estava fechada. E ali recebeu uma notícia não muito boa. Os sapatos já estavam sendo finalizados e não teria como trocar, ao menos que pagassem uma taxa para poderem fazer refazer os sapatos. O problema nem era pagar a tal taxa, mas sim, esperar os novos modelos chegarem, que seria após o inicio das gravações. Pediu para a vendedora as fotos dos sapatos, assim poderia procurar modelos parecidos em outras lojas.

Com as fotos em mãos, ele revirou a cidade em busca dos sapatos, por um momento pensou que seria mais fácil, procurar o sapato da cinderela. Já que a maioria dos modelos foram desenhados por um estilista, era difícil achar modelos idênticos. Depois de praticamente olhar por toda Tokyo, resolveu ir visitar Aya. Conseguiu comprar alguns sapatos, outros dois ficaram faltando, já que eram modelos que haviam se esgotado devido à popularidade, sobraram apenas números ou muito maiores ou muito menores.

Assim que chegou, viu Aya conversando com Shin.

— Oi, Touya! Esse é o Shin, “meu” melhor amigo. — Aya disse sorridente. Diga, quais as novas! Deu tudo certo?

O manager ficou receoso e Shin começou a falar.

— Pode falar tranquilo, eu sei de tudo! — e piscou um olho. — Aya, não sabia que seu manager era lindo desse jeito! Que felizardas vocês são!

Ela riu, era verdade que Touya era bonito, quantas vezes ouviu comentários sobre ele? Talvez milhares.

— Eu não tive oportunidade de negar nada! Ele é que nem o Akira, percebeu na hora! — a atriz se defendeu.

Touya suspirou, o número de pessoas que sabiam a verdade estava aumentando e aquilo não era bom. Por outro lado, também podia contar com mais gente ajudando.

— Bom, a gravação foi tranquila e a Hitome se saiu perfeitamente bem... E digamos que agora você sabe concertar relógios.

— Eu sei? — piscou surpresa. — Eu sei abrir e trocar a bateria, mas não sei mais nada.  — Estranhou aquela informação.

— Quando o programa for ao ar, você vai ver. Deve passar na próxima segunda. Mas não se preocupe, ocorreu tudo bem! Com o que eu estou realmente preocupado, são os sapatos para as gravações, a Hitome tem o pé menor que o seu e eu não consegui achar todos os modelos que faltam para substituir! Preciso resolver isso e logo!

— Posso ver os modelos? Conheço umas lojas que podem te ajudar. — Shin comentou.

— Espero que seja alguma que eu não tenha ido, porque eu virei essa cidade de cabeça pra baixo!

— Eu conheço muitos lugares, honey.

Touya abriu o celular e mostrou as fotos.

— Faltam esses aqui...

— Hm... — Shin pensou por uns segundos. — Esses modelos acho que você não vai achar mais. Eles saíram de linha faz menos de um mês, então vai ser difícil, mesmo em brechó. Foram muito populares.

Touya já imaginava que seria difícil de achar.

— Um dos modelos, creio que a Hitome tem, eu me lembro de tê-la visto usando, o outro não... Mas se te ajuda... Eu posso tentar fazer pra você.

— Sabe fazer sapatos? — Touya perguntou boquiaberto.

— Eu fiz um trabalho recente. Então acho que dou conta sim! Mas preciso de pelo menos dois dias, pode esperar?

— Dois dias será perfeito! Você vai salvar nossas vidas! — Touya respirava aliviado, a solução havia praticamente caído do céu. — Depois eu te transfiro o dinheiro, só me dizer quanto vai custar.

— Honey. Acha que eu vou cobrar pra ajudar minha best friend? Claro que não! Mas se quiser sair comigo qualquer dia desses não vou achar ruim. — riu charmoso.

Touya não sabia bem o que responder, então resolveu ficar quieto.

— Amanhã vou comprar os materiais que eu preciso, eu vou conversando com vocês. Imagino que o telefone da Hitome que esteja com você. — perguntou olhando para Aya, que afirmou balançando a cabeça e logo se focou em Touya. — Me passa seu número, eu te aviso quando ficar pronto.

Com o números trocados, Shin resolveu ir para casa, teria que acordar cedo para ir atrás dos materiais. O manager ficou sozinho com Aya.

— Esse Shin é uma figura! — Aya riu, realmente havia gostado do rapaz.

— Ele vai salvar as nossas vidas! — Touya realmente estava aliviado em saber que teria aquela ajuda. Pois já estava ficando louco, tentando encontrar uma solução. E a possibilidade de preencher o sapato com papel, já tinha deixado de ser um completo absurdo.

— Então, acabou sendo uma coisa boa ele saber a verdade, não é?

— Parte sim, parte não. Quanto mais gente ficar sabendo, mais difícil será manter o segredo. Por outro lado, a gente tem apoio de mais pessoas.

— Verdade... — Aya disse bocejando.

— Bom, vou deixar você descansar e eu também preciso dormir. Amanhã eu passo aqui, preciso achar o tal sapato que o Shin falou que a Hitome tem.

— Certo, amanhã também vou dar uma procurada!

Aya e Touya se despediram. Esperou Touya sair, precisava ainda escovar os dentes e trocar de roupa.

O manager entrou no carro e foi para casa descansar. Assim que chegou em casa, se  jogou na cama,  mal dando tempo de  tirar os sapatos, adormecendo imediatamente.

—/-/-

Hitome ficou impressionada, o espaço comum do condomínio era muito maior do que o imaginado. Já havia se passado duas horas e ainda não tinham terminado de conhecer tudo. Até aquele momento, havia conhecido a academia, três dos cinco salões de jogos, quadras de futebol, tênis e basquete, pista de corrida, uma grande praça de alimentação, havia duas piscinas aquecidas, mais uma infantil, além de mais duas piscinas olímpicas.

— Esse lugar é enorme! — Hitome sentia as pernas doerem, fazia um bocado de tempo que estavam andando.

— Faltam uns lugares ainda, mas acho que por hoje está bom. Também já estou cansado de andar.

— Tem que ir de carro para conhecer tudo. — Hitome brincou.

— Bom, se quiser. Você pode ligar pra ala de serviços que vem um motorista e te pega...

— Sério? — a garota não parava de se impressionar.

— Sério. Aliás, já que você não conhece aqui. O que acha da gente jantar na ala de alimentação hoje? É por minha conta.

— Hm... — Hitome ficou pensativa se devia aceitar o convite ou não.

— Pensou demais, vamos! — sem prévio aviso, pegou na mão de Hitome e a puxou para a praça de alimentação. — Ah, verdade. Ainda não começaram, mas vão construir um shopping, soube que acabaram de comprar um terreno aqui do lado. Somente moradores e visitas poderão acessar o local.

— Aqui é praticamente uma cidade. — Hitome olhava em volta e pensar que uma empresa de entretenimento conseguia bancar uma estrutura luxuosa como aquela.

— Verdade.  Porque também tem a ala de enfermagem e um mercado do outro lado. Acho que aqui só não tem escola...

Enquanto andavam, Hitome notou que eles estavam de mãos dadas, o que a fez ficar sem graça.

— Ei, pode soltar minha mão... — expressou envergonhada.

— Ah... Vamos ficar assim um pouquinho? — pediu manhoso. — A gente já está chegando mesmo.

Hitome não sabia dizer qual era a intenção de Kevin, ele parecia ser do tipo que dava em cima de qualquer garota, mas olhando-o naquele momento, sentiu um olhar solitário, foi apenas por um segundo. Sem ter o que rebater na resposta, decidiu que ficaria de mãos dadas com ele até a praça de alimentação.

— Escuta, você acompanha política?

— Eu? Eu não... Por quê? — estranhou aquela pergunta, que pareceu vir de lugar nenhum.

— Ah nada não, só perguntei por perguntar!

— Eu sei que eu devia acompanhar, mas sinceramente eu não tenho paciência para isso. E agora também não tenho tempo.

— Você não está perdendo nada não.  — Kevin riu. — O que você está a fim de comer hoje? — resolveu mudar de assunto.

— Eu não tenho preferências, pode ser qualquer coisa.

— Certo, então me deixe ver...

Kevin e Hitome entraram na praça de alimentação, que na verdade parecia mais um hall gourmet. Cada espaço tinha um restaurante luxuoso.  

— Gosta de comida alemã?

— Nunca comi...

— Quer experimentar?

— Claro.

O restaurante não era muito grande, mesmo assim parecia refinado. O que deixava a garota um pouco desconfortável, já que não era de seu costume frequentar nada muito chique.

— Tudo bem a gente comer aqui? A gente não tá muito mal vestido?

— Olha, se o pessoal aqui espera que eu venha jantar com roupa de gala, vão ficar esperando, porque eu vim comer, não participar de um desfile. — Kevin disse descontraído e os poucos clientes que estavam ali, estavam vestidos formalmente.

— Você tem razão, mas acho que estão olhando pra gente. — sentiu alguns olhares os seguindo.

— Relaxa. Se ficar preocupada com pessoas te encarando, você está na profissão errada. Fica tranquila, porque eu não ligo para nada disso, e acho que você também não devia.

Hitome suspirou. Ela realmente estava na profissão errada, o problema é que não podia sair correndo e largar tudo. Não depois de tudo o que havia passado e feito às pessoas sofrerem por ela.

Depois de um tempo, a garota conseguiu se acostumar com o lugar, e também conseguiu comer em paz, mesmo não tendo ideias de etiqueta não se sentiu mal porque só faltava Kevin comer com as mãos e limpar a boca na camiseta.

— Aya! Kevin! Que legal encontrá-los aqui! Posso me sentar com vocês? — uma silhueta feminina apareceu ao lado deles.

Continua...


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Notas finais do capítulo

E ai!! Até que não demorei dessa vez! Obrigada a todas as pessoas que seguem acompanhando minha original! :D
Se tiverem alguma dúvida ou quiserem conversar, só mandar mp ou me adicionar no facebook :D

Mas então, o que acharam do Shin? E palpites de quem é a garota que apareceu no final? xD
Até mais ♥