Mesmo que não precisasse acordar cedo, Aya havia se acostumado a levantar  antes das seis horas. Naquele momento rolava de um lado para o outro tentando dormir um pouco mais. E quando conseguiu, o celular começou a tocar, e pelo som do toque só poderia ser Shin. 

— Desculpa ligar tão cedo! Mas eu preciso muito falar com você. - Shin falava respirando rápido, parecia que estava andando rápido. 

— Claro, sem problemas. Aconteceu alguma coisa? - Aya sentou na cama, tentando se ajeitar da melhor forma que conseguia. 

— Sim!! Preciso te ver o mais rápido possível! 

— Pode vir em casa agora se quiser. Aproveita e toma café da manhã junto com a gente. 

— Perfeito! Até daqui a pouco! - Shin nem esperou Aya se despedir e tocou a campainha. 

Makoto foi atender a porta, como sempre com um sorriso simpático no rosto. 

— Bom dia! - Shin estava com olheiras enorme, porém mostrava-se animado. 

— Bom dia… Você está bem? — Makoto perguntou preocupado, o rapaz realmente parecia cansado. 

— Estou ótimo! Eu estava em um projeto, então não consegui dormir, hoje à noite eu boto meu sono em dia! 

Assim que entraram, viram Aya estava chegando à cozinha.

— Filha, como você veio até aqui sozinha? É perigoso! 

— Relaxa, papai! Eu precisava muito ir ao banheiro, e aproveitei que já estava fora da cama…

Makoto deu vários sermões em Aya, já que aquele descuido poderia ter resultado em um acidente. Mesmo a casa não possuindo escadas, ainda sim era perigoso sair andando sozinha. 

— Seu pai está certo! Se você cai e quebra mais alguma coisa, é mais uns meses de molho! — Shin também achou imprudente. — Mas sei que é chato ficar dependendo tanto assim das pessoas! Eu posso arranjar uma muleta, é menos perigoso do que ficar se escorando pelas paredes. 

— Sério? Eu vou querer sim! 

— Mesmo assim, é bom se comportar, viu...  

— Mesmo que for usar as muletas, me chame para te ajudar! — Makoto gostou da ideia, porém tinha medo que ela acabasse se machucando. — Essa menina me tira do sério, antes precisava quase que puxar ela pela perna para sair da cama de manhã, não queria arrumar o quarto, agora que não pode ficar se mexendo, quer levantar cedo! Até se ofereceu para regar as plantas, e anda com uma mania de limpeza que não sei se onde veio! 

Makoto realmente estranhava algumas atitudes da suposta filha, mas nem desconfiava que a garota à sua frente, era na verdade outra pessoa. 

— Ai papai, é que ficar na cama o dia todo me dá tédio! — Aya se defendeu. — Além disso, você anda sobrecarregado com as tarefas, tem que fazer tudo sozinho! 

— Eu não estou sobrecarregado, eu ainda sou muito jovem e tenho muita energia, fique sabendo!  

— Eu posso fazer uma proposta? — Shin ouvia os dois naquela leve discussão, e resolveu interromper. A dupla ficou em silêncio quase que imediatamente, esperando ele começar a falar.  — Semana passada eu fui chutado pelo dono do apartamento que eu estava alugando, disse que ia morar lá. Preciso desocupar o apartamento até amanhã. Posso ficar aqui um período? Eu pago aluguel e posso ajudar nas tarefas de casa, e fico de olho para a Hitome não fugir por aí.

Makoto sempre teve um bom coração, e não deixaria Shin desamparado, mesmo porque era verdade que o tinha como um filho. 

— Vamos voltar aos velhos tempos! — Aya lembrou-se da história que lhe foi contada, deu uma sensação estranha de nostalgia, como se ela tivesse vivido aquela situação. 

— Seu irmão vem também, certo?

— Meu irmão voltou para a casa dos meus pais. Já faz um tempo que meus pais ligam e pedem pra gente voltar, que estão arrependidos do que fizeram. Meu irmão que é tonto voltou, Eu não volto nem que me paguem. Lembro como se fosse ontem como a gente foi tratado.

Os três ficaram conversando, ajustando os detalhes da mudança. 

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— Ei, me espera! — Kevin olhou pela varanda do condomínio, e viu Hitome saindo para correr, então ligou no celular da garota. — Eu já tô descendo! 

Hitome sentou em um banco que tinha próximo e esperou até que o amigo aparecesse. 

— Poxa, você ia correr sem mim? — Kevin apareceu saindo do elevador. 

— Ah, ontem você não atendeu o celular e hoje foi a mesma coisa, achei que estava dormindo. 

— Ontem eu acabei esquecendo que eu tinha trabalho cedo, e hoje eu esqueci de tirar o celular do silencioso! Mas eu tô aqui! 

— Eu preciso correr todo dia, senão o Touya vai me dar bronca porque não estou perdendo peso! — Praticar exercícios físicos não era feitio de Hitome, mesmo assim, precisava se esforçar.

— Sei que no nosso ramo a gente tem que controlar até os grãos de arroz, mas você não precisa emagrecer! É linda e fofa!

— Só sei que preciso fazer o que o manager mandar, então vamos logo! Parada aqui não vou queimar as porcarias que comi esses dias! 

Hitome  ficava sem graça quando os outros a elogiavam, e pra esconder a vergonha, apenas saiu correndo. Kevin riu, achava ela engraçada no fim das contas. 

Por mais que ela não fosse de fazer exercícios, a rotina no restaurante era cansativo, sempre precisava correr para atender clientes, ir buscar ingredientes, isso quando não precisava correr uma mini maratona atrás de troco para cliente. Mas correr por quarenta minutos a deixou exausta. 

Os dois descansavam em uma pracinha, estavam pingando de suor. E ainda tinham um pequeno percurso até voltar para o apartamento, daria mais uns dez minutos de corrida. 

— Agora podemos comer mais uma pizza. — Kevin brincou. — O que você toma de café da manhã?

— O que tiver disponível na geladeira. Ultimamente têm sido torradas e frutas. 

— Eu preciso comer melhor, mas eu sempre acordo atrasado. Porque ou fico até tarde jogando video game, ou fico trabalhando até de madrugada. 

— Sempre brigo com o despertador de manhã, pra levantar cedo eu deixo meu celular no banheiro, assim eu levanto… Senão capaz de eu desligar o celular e voltar à dormir. 

— Boa tática, vou começar a aderir… 

Os dois ficaram conversando e acabaram perdendo a hora, tiveram que correr de volta para o apartamento em tempo recorde. 

Hitome tomou um banho rápido, se trocou na velocidade da luz, faminta pegou uma salada de frutas que havia feito na noite anterior, foi o que serviu de café da manhã. Pensou por alguns segundos, quando percebeu, havia mandado uma mensagem de texto para Kevin, perguntando se ele queria um pouco de salada de frutas, a resposta não demorou a vir. 

“Quero! Vai salvar meu café da manhã! Minha geladeira só tem leite e um pote vencido!” 

Hitome não sabia se ria ou chorava com aquela mensagem, por mais que ela não tivesse muito tempo sobrando, fazia questão de ter pelo menos uma refeição de verdade. Além disso, Touya sempre trazia alguma coisa saudável para comer. 

Como Touya já devia estar chegando para pegá-la, precisou ser ágil, colocou a salada de frutas no primeiro pote que encontrou, pegou uma colher e colocou tudo junto em uma pequena sacola.

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Shin voltou para seu apartamento, iria terminar de arrumar as malas, como precisaria de ajuda chamou Toshihiro para ajudar. 

— Que sorte você tem! Mas por que você não alugou outro lugar pra ficar? Vai ficar incomodando a Hitome e o senhor Makoto! 

— Eu ia para outro lugar, mas achei uma boa ideia, porque eu pagando um aluguel, ajuda eles financeiramente, além disso, é como voltar aos velhos tempos. 

— Ainda não acredito que a mãe da Hitome fugiu com outro cara, ainda por cima roubou dinheiro! Tá certo que eu nunca fui muito com a cara dela. 

Apesar de serem gêmeos, Toshihiro e Shin tinham visuais completamente diferentes. Enquanto Shin, se vestia de forma elegante com cores alegres. Toshihiro usava roupas mais casuais, como jeans e camiseta, geralmente de cores escuras. 

— Nem me fala! Quando eu soube, quase caí duro no chão! 

— Acho que seria bom fazer uma visita, né?

Shin não havia contado sobre a troca de identidade entre Hitome e Aya, apesar de ter um “Q” de fofoqueiro, achava que não seria prudente sair contando um segredo tão importante, mesmo para o próprio irmão. 

— Se você ainda não superou a Hitome é melhor não ir, né? 

— Também não posso ficar na fossa pra sempre! Eu vou te ajudar a levar as coisas, aproveito e faço uma visita.

— Você quem sabe. 

Uma parte das caixas empacotadas iria para um depósito alugado, enquanto outra parte, iria levar para casa de Makoto. 

— Nossa, como você tem tralha! Você mora sozinho, mas tem coisa para cinco pessoas! 

— Você tem razão. Mas é mais forte que eu!

Enquanto Shin era praticamente um acumulador, Toshihiro possuía poucas coisas. Uma mala era suficiente para se mudar para qualquer lugar, não era uma pessoa apegada às coisas materiais. 

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Kevin chegou no camarim do estúdio, ficou sentado em seu camarim esperando para ser chamado, a mesa estava repleta de coisas deliciosas para comer, mas ele ficou apenas com a salada de frutas que Hitome enviou. 

A equipe ainda estava arrumando o cenário para sessão de fotos, enquanto arrumavam, outros funcionários foram levar as trocas de roupas e fazer a maquiagem dos modelos. 

— Oi, Kevin! — a porta se abriu, e uma voz feminina ecoou pelo camarim, logo revelando-se quem era: Arisa.

— Oi. 

— Ai, esperava uma recepção mais calorosa! — Arisa fingiu estar aborrecida. — Vamos trabalhar juntos, não é legal? 

Não que Kevin não gostasse de Arisa, mas sabia que ela era um pouco grudenta e interesseira, então preferia manter distância, mas o destino na maioria das vezes não colaborava.

— Nossa, você não é de comer essas coisas saudáveis, levou bronca do seu manager de novo? — Arisa viu o pote na mão de Kevin, e claramente aquilo não era do camarim.

— Na verdade eu ganhei da Aya. A gente foi correr juntos de manhã, e na volta ela me deu. 

Kevin notou que Arisa enrugou um pouco a testa, mas logo aquela expressão se dissipou, e ela voltou a sorrir.

— Dá pra ver que vocês ficaram muito amigos! — Arisa disse em um tom divertido, disfarçando o ciúme. 

Kevin ficou quieto por um instante, antes de pensar em uma resposta, a equipe de maquiagem e figurino haviam chegado. 

Arisa foi para o próprio camarim, ela também precisava se aprontar para a sessão de fotos. 

— Meninas, façam a mágica de vocês, me deixem linda! — Arisa falava em tom divertido.

— A senhorita já é linda! A gente só dá uns retoques! — a maquiadora respondeu entre risos.

A figurinista apenas sorriu, porém nada disse. 

Aquele parecia ser o dia das coincidências. Akira ia participar de uma sessão de fotos, e lá encontra Hitome, que seria sua parceira naquele trabalho.

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Demorei, mas voltei! o/