Inquebrável escrita por Larissa Carvalho, MorangoeChocolate


Capítulo 8
It's Time


Notas iniciais do capítulo

Gostaríamos de começar pedindo desculpas a quem acompanha a nossa fic. Passamos por momentos que nos impossibilitaram de continuar diariamente, mas voltamos e postaremos no máximo - TODOS OS DOMINGOS.
Dependendo do dia ou da situação, antes.
Mas... 1 vez por semana.
Obrigada para quem ainda não desistiu da fic e pelos comentários.
Amamos vocês!
Boa Leitura!
XOXO



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— Isso aí, querida! – gritou mamãe, sorrindo. O sol batia em seus cabelos ruivos e seu sorriso ficava cada vez mais largo.

Continuei pedalando a bicicleta rosa, enquanto sentia o vento bater em meu rosto e balançar meus cabelos castanhos e longos, por debaixo do capacete com a figura de borboleta.

— Está indo muito bem, querida. – gritou minha mãe novamente. Estávamos na rua calma e tranquila da nossa casa, os vizinhos passavam por mim e sorriam.

Todos eram muito simpáticos e depois que minha mãe lançou o primeiro livro, conseguimos comprar uma casa por ali. Era o sonho de qualquer família e mamãe tinha finalmente se encontrado.

Olhei para trás por alguns segundos novamente e capturei o sorriso da minha mãe. Ela estava especialmente iluminada naquele dia – com uma calça jeans escura e uma blusa vermelha que valorizava suas curvas.

E então, eu acordei...

Respirei fundo e senti minha cabeça latejar.

O colchão fofo e o edredom quentinho não conseguiram me acalmar. Umedeci os lábios e joguei o edredom roxo para o lado, saltando da cama. O relógio da minha mesinha de cabeceira marcava quatro e meia da manhã.

Fui até o banheiro, joguei um pouco de água gelada em meu rosto e encarei meu reflexo no espelho. Respirei fundo novamente e senti meu corpo vibrar por dentro. O fato de ter um irmão que podia estar procurando por mim me corroía.

Eu queria saber o que tinha acontecido e como acha-lo. Queria confrontar meu pai e saber por que ele topou a ideia maluca de sumir com o meu irmão gêmeo e deixar a outra parte dele com a minha mãe.

Queria saber por que eu tinha sido escolhida por ela e porque não tinha sido escolhida por ele. Por que eu era uma garota? Porque minha mãe não o queria? Por que eles não queriam nenhum de nós? Eu precisava de respostas e não ia conseguir dormir caso não as tivesse.

Peguei meu Robbie roxo e coloquei por cima da calça de moletom cinza, que fazia conjunto com a blusa de moletom com o rostinho do Mickey e caminhei para a sala com as minhas pantufas.

Senti meu estomago ronca no caminho para a cozinha e percebi a luz acesa. Olhei para Lissa, assim que cheguei à cozinha. Ela estava sentada no sofá com uma pequena panela de brigadeiro e focada em um filme. Eu sorri.

— Assaltando a geladeira de noite, Vasilissa? – perguntei. Lissa levantou seu olhar para mim e engoliu a quantidade de brigadeiro que colocou em sua boca.

— Tenho certeza que ia fazer o mesmo. – murmurou ela, batendo a mão no sofá para que eu sentasse.

Caminhei até o lugar que Lissa tinha mostrado e sentei-me, pegando um pouco do brigadeiro com meu dedo. Ela sorriu quando eu fiz isso e eu também sorri. Acomodei-me no sofá e sorri para Lissa com sua camisola de seda rosa clara e suas pantufas brancas.

— Sabe, eu tenho que te contar algumas coisas – murmurei, levantando-me para pegar outra colher na panela.

Lissa me acompanhou em silêncio com os olhos, enquanto eu pegava a colher no armário. Caminhei de volta para o sofá e não perdi tempo enfiando a colher na panela cheia de brigadeiro. Lissa continuou encarando-me com seus lindos olhos verdes e sorriu.

— É sobre seu novo melhor amigo? – perguntou, com aquele sorriso debochado que só eu sabia identificar. Eu sorri, enfiando o brigadeiro na boca.

Melhor ficar calada de boca cheia, do que ficar calada porque está concordando.— pensei.

— Também... – murmurei, lentamente. Lissa gargalhou, enfiando a colher no brigadeiro na panela.

— Eu sabia. – disse ela. – Você e ele estão mesmo tendo algo.

— Não. – cortei-a. – Não estamos tendo nada além de uma ótima amizade.

— Rose... – começou ela, engolindo o brigadeiro. – Eu não acredito em nada que você diz.

— Então acredite, oras! – falei. – Dimitri está procurando alguém que não sou eu.

— Ele te disse isso? – perguntou ela, com rugas em sua testa.

— Não. – supôs, sem encará-la. – Mas ele está tendo encontros. Ele não me falaria de um encontro se gostasse de mim desse jeito.

— Que jeito? – perguntou ela, sorrindo. – Um jeito romântico?

— Será que você pode focar no que eu ia te contar?

— Não, não posso. – disse ela. – Você passou a noite na casa dele!

— Foi algo que fugiu do meu controle. – expliquei. – Não sei lidar com meu excesso de sono.

— Rose, seu corpo é composto por 60% de sono, talvez 39% de inteligência, mas tem pelo menos 1% de safadeza, minha amiga. É difícil acreditar que só dormiu. – disse ela. Lissa arregalou seus olhos e sorriu, apontando a colher para mim. – Você não é mais virgem e não me contou! – disse ela, parecendo irritada. Eu gargalhei.

— Desculpe decepcioná-la, meu bem. – murmurei. – Mas a única coisa que a minha saliva encontrou, foi o sofá dele. 

Lissa arregalou seus olhos para mim novamente.

— Está me dizendo que babou a noite inteira no sofá do cara? – Lissa gargalhou. – Ele não tentou nada? – murmurou consigo mesma, totalmente pasma. – Achei que ele fosse rápido.

— Não. – falei. – Estávamos ocupados com outro tipo de coisa.

Lissa enrugou a testa, enquanto eu pegava mais brigadeiro na panela. A loira encarou-me e eu tentei pensar em um modo mais fácil de dizer para a minha melhor amiga, que a minha família tinha aumentado.

— Que coisa? – perguntou ela, encarando-me.

— Eu tenho um irmão. – falei, fitando-a. Lissa abriu a boca, enquanto seus olhos verdes não conseguiam desviar a atenção de mim.

— O que? Rose, você não me disse nada!

— Eu estava ocupada pirando. – murmurei, acabando com o brigadeiro da minha colher. – Parece que nosso vizinho pesquisou a minha vida inteira e descobriu que eu tenho um irmão gêmeo e um pai que cuida dele.

— Isso é loucura. – disse Lissa, abraçando a panela de brigadeiro e ajeitando-se ao sofá. – Você tem que achar seu irmão, Rose.

— Não tem como, Lissa. – falei para ela. – Dimitri disse que meu pai é o tipo de pessoa que só aparece quando quer.

— Uau. – murmurou, lentamente. Ela respirou fundo e fitou-me, sorrindo. – Você nem tem ideia do que fazer?

— Não. – falei, bufando. – Acabei de ganhar um emprego dos sonhos e tudo parece estar caindo em volta disso. É como se eu tivesse que segurar a casa, enquanto a cerca e o gramado afundam.

— Oh, Rose...

— E se... – continuei, tentando não olhar para Lissa. –...as paredes começarem a cair? Eu vou junto?

Respirei fundo e comi mais uma colherada do brigadeiro. Lissa olhou-me com pesar e sorriu, colocando a mão em meu ombro.

— Ele também pode estar te procurando, Rose. – eu mordi a boca e finalmente, fitei-a.

— Talvez. – disse para ela. – Mas agora, eu quero respostas, Lissa. E vou conseguir todas.

Nem que seja por livre e espontânea pressão. – pensei.

                                                      ***

Depois de comprar comida por aplicativo e contar para Lissa o que estava acontecendo na minha vida, decidimos que ela tinha que conferir a loja que ia abrir e resolver fazer isso com Cristian.

Passei o resto do dia lendo alguns livros de medicina que eu tinha feito questão de trazer e depois me ocupei em achar uma roupa que fosse interessante para um jantar entre amigos. Quer dizer, eu não podia chegar lá com um vestido vermelho sangue dizendo: Hey, olha eu aqui, olha eu aqui!

Então, eu resolvi tomar um longo banho quente. Coloquei um short jeans azul caneta rasgado na barra e uma blusa de manga longa, estilo cigana, com renda na manga. Deixei meus cabelos soltos e molhados, e coloquei uma bota de tornozelo com um zíper lateral de couro preta.

Passei um perfume e fiz uma maquiagem bem leve – que quase não era percebida. Fechei meu apartamento e fui ao encontro de Dimitri. Depois de alguns minutos, eu já estava apertando a campainha da sua casa.

Respirei fundo e por um motivo curioso – meu coração acelerou quando ele abriu a porta e sorriu para mim. Senti seu cheiro de pós barba e tentei disfarçar quando me distrai. Dimitri estava com uma calça jeans clara e uma blusa preta de manga curta e gola V. Eu sorri para Dimitri, saindo da minha viagem.

 – Oi camarada. – falei, enquanto ele me dava espaço para entrar.

— Olá, Rose. – disse ele, fechando a porta. Entrei em seu apartamento e dei de cara com uma mesa meio termo.

Não estava tão arrumada – com velas e pratos chiques, mas tinha pratos azuis bonitos de porcelana e uma travessa no meio com um cheiro incrível. Caminhei até a mesa, percebi duas taças e uma garrafa de vinho tinto.

Eu peguei a garrafa e sorri, assim que se Dimitri aproximou de mim. Analisei toda a extensão da garrafa e fiz expressão de impressionada. Sentei-me, ainda com a garrafa e fitei-o.

Bordeaux Château Camarsan. – perguntei. – Entende de vinho?

Dimitri sorriu.

Dimitri tirou a garrafa da minha mão gentilmente e pegou o saca-rolhas em cima da mesa, perto de seu prato. Ele segurou firme a garrafa e posicionou-a em cima da mesa. Cortou o lacre com uma das facas em cima da mesa, retirou o lacre cortado e colocou a ponta do saca-rolhas no centro da rolha.

Depois de perceber que já estava na posição certa – conseguiu abrir a garrafa de vinho, com cautela e como se não fosse a primeira vez que fazia isso. Eu enruguei a testa, em surpresa.

— Com certeza entende. – murmurei, comigo mesma. Dimitri sorriu, pegando minha taça.

— Assim como você entende Francês. – disse ele. Eu sorri, pegando a minha taça, já preenchida com o líquido vermelho rubi.

Eu cheirei e senti um intenso aroma de cassis com frutas vermelhas. Beberiquei o vinho, e percebi o quão fresco o paladar era – bastante frutado.

Eu sorri para Dimitri, que também bebericava a taça dele.

— Amei. – falei, sorrindo. – Boa escolha. – eu pisquei para Dimitri que sorriu, sem graça. Eu coloquei a taça na mesa e acomodei-me na cadeira, fitando-o à minha frente.  

— Como sabe tão bem francês?

— Eram palavras fáceis. – falei para ele, sorrindo.

— Esqueceu que sou policial? – disse ele, sorrindo. – Eu tenho um dossiê sobre você, Roza.

Eu mordi a boca, brincando com a taça de vinho.

— O que quer saber? – perguntei, fitando-o.

— O que mais você faz? – perguntou ele. – É uma médica incrível e fala francês muito bem. O que mais eu preciso saber sobre você que não tenha naqueles papéis?

Eu apoiei meus cotovelos na mesa e aproximei meu corpo, ainda sorrindo para Dimitri. Ele fez uma expressão séria e curiosa – achando que eu ia falar algo importante.

— Se eu contar, perde a graça. – sussurrei. Ele sorriu, como se tivesse caído em uma piada. – E tem mais... – comecei. – Você também não me conta as coisas.

— Tipo o que? – perguntou, apontando para que eu usasse o pegador de macarrão para me servir. Estava com um cheiro tão maravilhoso, que eu tive a impressão que comeria tudo sozinha, se possível.

— Como foi seu encontro, por exemplo. – falei. Dimitri pareceu aliviado com a minha pergunta e sorriu, enquanto eu pegava uma boa quantidade do macarrão com queijo.

— Normal. – disse ele, analisando-me. – Você come mesmo tudo isso?

Eu terminei de fazer meu morrinho de macarrão no prato e levantei o cenho. Dimitri parecia pasmo.

— Não muda de assunto, camarada. – falei. – Se um encontro vira normal, é sinal que você tem muitos iguais a este. Tem que mudar seu ponto de ataque.

— Ponto de ataque? – perguntou Dimitri, parecendo divertido.

Ele se ajeitou à cadeira.

— Sim. – falei. Dimitri gargalhou e eu me animei, com as ideias que passavam na minha cabeça. – Você vai sair comigo, na minha próxima folga.

— Aonde quer me levar, Hathaway? – perguntou, enquanto se servia do macarrão.

— Para um bar, boate... – falei. – Vou te ensinar a ter um encontro de verdade. Conhecer pessoas e quem sabe, uma mulher legal. Fiz uma lista dos melhores lugares da cidade.

— Eu não gosto de música.

Eu rolei os olhos.

— Não foi uma pergunta, camarada. – falei. – E é por isso que seus encontros são chatos. As mulheres devem ser mais chatas que você. – conclui. Dimitri arregalou os olhos para mim. Eu parei para analisar Dimitri e semicerrei os olhos para ele. – São mulheres, não é?

Dimitri largou o pegador de macarrão na tigela e piscou.

— Claro. – disse ele, corando.

Eu gargalhei.

— Então, é isso. – falei. – Vou te ensinar a arte da conquista.

Enrolei o garfo no macarrão e dei a primeira garfada. Ele me analisou, sério.

— E o que eu tenho que fazer em troca? – perguntou, desconfiado.

Eu engoli o macarrão, revirando os olhos por ser tão bom.

— Cozinhar para mim todas as noites. – falei, sorrindo.

Dimitri gargalhou, enquanto começava a comer seu macarrão.

Mas algo em mim não estava sendo totalmente honesta com ele. Tinha algo sim que eu queria de Dimitri, e ele também sabia disso. Então, eu só sorri e continuei esperando.

Esperando a hora certa.


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Notas finais do capítulo

ENQUETE DA SEMANA:

1 - Dimitri consegue um encontro.
2 - Rose encontra seu pai.
3 - Lissa e Rose brigam.

ATÉ DOMINGO QUE VEM!
XOXO



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