Inquebrável escrita por Larissa Carvalho, MorangoeChocolate


Capítulo 7
Look Inside - Bônus


Notas iniciais do capítulo

Voltamos como prometido.
Um bônus para vocês por todo esse tempão sem postar. Espero que vocês gostem e fiquei curiosos.
Aproveitando, vim pedir para darem uma olhadinha na minha outra fic de Carrie, a estranha e de Como eu era antes de você e de VA também - Tenho certeza que vocês vão amar o enredo, mesmo que as duas primeiras não sejam de VA. Comentem lá e me digam o que acharam ♥ ♥
Beijo galera! Essa semana nós vamos voltar.
Beijoooos
Boa leitura

Com amor, Carrie: https://fanfiction.com.br/historia/734830/Com_amor_Carrie/
Fotografia: https://fanfiction.com.br/historia/713055/Fotografia/
Vidas Cruzadas: https://fanfiction.com.br/historia/713204/Vidas_Cruzadas/



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Pov Ethan

Quando eu era pequeno, imaginava como deveria ser a minha mãe. Ter cabelos loiros, pretos ou ruivos – ser alta ou magra – com olhos verdes ou azuis. Costumava sentar na minha janela e observar o enorme jardim da mansão que meu pai tinha, mas sempre suspirava quando me dava conta que era sozinho.

Não tinha irmãos ou primos que pudessem correr comigo e me fazer viver. Eu era isolado e quieto. Meu pai sempre foi ocupado, dizia que tudo que fazia ou pensava era para o meu futuro – mas que futuro solitário, afinal.

E então eu pensava nela – na minha mãe.

Fechava meus olhos e deixava a imagem de uma mulher desconhecida sorrir para mim e dizer que ia ficar tudo bem, mesmo que eu soubesse que não ia.

Depois de um tempo eu me acostumei com a vida agitada do meu pai e com a sua ausência na minha vida. Eu cresci com alguns poucos amigos em uma escola de ricos que não se preocupavam com os pobres que passavam frio à noite e ganhei meu primeiro carro sem nenhum esforço ou trabalho extra depois da escola.

Isso me matava, mesmo que meu pai me forçasse a aceitar. Eu queria ser mais – queria fazer mais. Queria poder ajudar às pessoas e talvez, trazer todas as crianças que moram em orfanatos e desejam por pais como o meu – para o meu jardim.

Então, apesar de ser contra algumas ideias de Abe, eu fiz direito. Quem sabe um dia eu convenceria meu pai que uma ONG ou coisas do tipo salvariam muito gente – mas ele não queria saber nada sobre isso. Só pensava em como eu poderia cuidar das empresas da família depois que ele não estivesse mais aqui.

O que me levava a mais um dia exaustivo nessa ridícula empresa de cosméticos. O que as pessoas que compravam todos esses produtos pensavam? Em ficar bonitas? Mas e a alma? E a essência que elas tinham que valorizar?

Coloquei todos os documentos assinados por alguns dos sócios do meu pai em outras empresas e fechei minha pasta. Era ruim trabalhar de terno e gravata todos os dias – eu não queria aquilo. Eu queria mais. Talvez, sair da zona de conforto e ajudar a pessoas que precisavam.

— Senhor, Mazur. – disse alguém atrás de mim.

Olhei para trás e percebi a Ofélia – uma mulher de meia idade, com cabelos pintados de preto e um terninho rosa claro que não valorizava seu corpo. Ela tinha um arco de pedrinhas em seus cabelos curtinhos e mal cortados, com um sapatinho fechado de salto pequeno.

Eu sorri para ela, fingindo animação.

— Sim? – perguntei, ainda atrás da minha mesa. Eu não reclamava muito de tudo, mas a melhor parte da pior parte do meu dia era a minha sala.

Mesmo que eu quisesse sair da minha zona de conforto, a minha sala era especial. Era enorme e com um carpete azul marinho, uma parede de vidro que me permitia admirar Nova York e uma mesa de vidro consideravelmente grande – com muitos relatórios e trabalhos de sobra.

— Seu pai o espera na sala de reunião. – disse ela. Eu sorri, ainda fitando-a.

— Estou indo. – falei.

Ofélia sorriu e fechou a porta, deixando-me com a luz do sol irradiando a minha sala e meu coração palpitante. Levei a mão ao peito sentindo-me estar suando mais que o normal. Eu já estava com esses sintomas a mais tempo do que tinha imaginado – mas os problemas da empresa poderiam prejudicar a mim também.

Então, só respirei fundo e fechei meu computador. Caminhei até a porta e abri-a, indo para o corredor. Senti uma rajada de ar em meu rosto e afrouxei minha gravata preta. Olhei-me rapidamente no espelho perto do corredor e admirei a minha aparência cansada.

Sempre me perguntava de onde vinham meus olhos esverdeados, já que meus cabelos cor de chocolate e meu tom de pele bronzeado eram de Abe. Acertei meus cabelos – para permanecer apresentável, pois gostava de mantê-los curtos e espetados – era mais prático pela manhã. Alarguei ainda mais a gravata e lembrei-me de voltar a caminhar até a sala de reunião.

— Senhor, Mazur. – gritou outra pessoa. Dessa vez era a minha secretária, Maya. Ela tinha olhos azuis e cabelos longos e enrolados, sua pele era branca e suas bochechas rosadas. Maya sempre colocava a mesma saia lápis preta e a blusa social branca de botão, com seu salto preto.

Eu sorri forçado.

— Sim? – respondi, já no automático.

— O que deseja para o almoço? – perguntou ela, com sua agenda e caneta. Eu pigarreei, ainda sentindo aquela estranha sensação de fadiga.

— Salada. – murmurei, andando até a sala de reunião. – Pode ser salada.

— Sim, senhor. – disse ela, anotando algo em sua agenda. – Gostaria de algum suco?

— Não. – murmurei, pigarreando novamente. Estava soando mais que normal.

 – Ok. – disse ela, desacelerando seu passo. – Obrigada.

E então, ela deu meia volta e me deixou sozinho em meu caminho – como sempre, sozinho. Caminhei em passos largos até a porta de vidro da sala de reunião, mas senti outra coisa em meu peito quando alcancei a maçaneta.

Senti a palpitação ainda mais forte em meu peito. Tentei apertar meus olhos, mas só piorava – quando dei por mim, estava vendo duas portas. Depois de alguns segundos, pude perceber a presença do meu pai – dois do meu pai.

Senti uma mão em meu ombro e duas pessoas na minha frente. Minha cabeça começou a latejar, como se eu tivesse levado uma martelada e meus olhos pesaram – como se eu não pudesse mais abri-los.

                                                         ***

Quando abri meus olhos, a única coisa que eu ouvia era um bip provando que eu ainda tinha qualquer forma de vida e o cochicho do meu pai com alguém. Pisquei meus olhos e percebi o teto branco, ainda embaçado.

Respirei fundo, sentindo a minha cabeça latejar e me mexi, entre um lençol fino. O cheiro de hospital tomou conta de minhas narinas e eu não pude evitar uma carranca – eu odiava hospitais.

Mexi-me na cama e senti o olhar do meu pai. Tinha um homem de branco ao seu lado, que me olhou com pesar. Era o médico da família – Phillipe Gilbert. Era um homem grisalho e um pouco mais velho que meu pai, com olhos castanhos e olheiras.

— O que... – comecei, mas a minha cabeça latejou novamente e eu queria desesperadamente o silêncio da minha infância.

— Fique calmo, Ethan. – sussurrou meu pai. Ele estava com seu terno e gravata verde oliva e seu lenço roxo no pescoço. Como um flash, lembrei-me de vê-lo assim na minha infância e sorrir com isso.

Passei minhas mãos em meus cabelos curtos e castanhos e minha cabeça latejou ainda mais. Meu pai sentou-se na cadeira ao lado e o médico pareceu nervoso ao se aproximar de mim.

Eu pigarrei, sem força para me mexer.

— O que houve? – perguntei, apontando para o soro em meu braço. – Precisa de tudo isso mesmo?

— Ethan, porquê não me trouxe os exames do mês retrasado?

— Muito trabalho. – menti. Eu não queria passar mais nenhum minuto no hospital por conta de exames chatos de rotina. – Posso ir embora? Deve ter sido algum cansaço.

Doutor Phillipe e meu pai se entreolharam.

Eu mordi a boca.

— Infelizmente, não poderá ir embora Ethan.

— O que? – perguntei, sorrindo. – Por quê?

Meu pai pigarreou.

— Porque quando chegou, fizemos uma análise laboratorial e seu hemograma apontou uma alteração.

Olhei para o meu pai e Abe arfou. Ele tinha o olhar distante, como se já soubesse o fim da conversa e aonde nos levaria. Abe fitou-me antes que o medico continuasse e algo em seu olhar me fez esquecer sua imagem forte e determinada. Meu pai estava mostrando desespero.

— O que isso quer dizer? – perguntei, assustado.

— Ainda não quer dizer nada, mas temos que investigar. – disse ele. – Terá que fazer um exame de medula óssea e aí veremos o que está de fato acontecendo.

— Espera... – comecei, conseguindo me sentar na cama. – Isso quer dizer que...

— Vamos esperar. – interrompeu-nos Abe. Ele me encarou com o olhar vazio.

— Não. – cortei aos dois. – Eu tenho direito de saber tudo.

— Se acalme, Ethan. – pediu meu pai.

— Doutor... – comecei suplicante, olhando nos olhos do homem. – O que pode ser essa alteração?

— Ethan. – repreendeu-me Abe, novamente.

Eu ignorei-o, sentindo meu coração palpitar.

O médico respirou fundo e depois pareceu tremer.

— Câncer. – disse ele, por fim.


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Notas finais do capítulo

E aí? O que acharam??
Comentem lá!
Beijos ♥



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