São Francisco escrita por Dri Viana


Capítulo 7
Capítulo 6


Notas iniciais do capítulo

Gil vai conhecer um pouco da pousada, entregar um presente à Sara e vai ser alvo do ciúmes do sogrão.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/727804/chapter/7

Depois do delicioso almoço preparado por Laura, eu me dispus a ajudar na retirada da mesa, mas a mãe da minha namorada disse que não tinha necessidade. Eu protestei, pois não ia ficar ali sem fazer nada. Pelo menos meu prato então, fiz questão de lavar apesar dos protestos de Laura dizendo que não era preciso, que ela mesma lavava o meu prato junto com o resto da louça.

Nem pensar! Minha mãe sempre me ensinou que ao menos a nossa louça suja, a gente deve lavar na casa dos outros.

Depois de ter feito isso e visto com resignação, Laura aceitar que eu juntamente com Sara lhe ajudasse a arrumar a mesa. Minha namorada então me levou para conhecer a pousada por sugestão de sua mãe. Seu Otávio já se voluntariou pra ir junto com a gente. De certo, não queria nos deixar circulando pela casa sozinhos.

Mas Laura resolveu me ajudar, deixando-me passear sozinho com Sara, sem ter Otávio à tira-colo. E pra isso, a mãe da minha namorada intimou o marido a ficar ali na cozinha com ela e ir secando e guardando a louça que ia sendo lavada por ela.

Ao menos, a minha sogra era gente boa comigo!

Sara me levou pra conhecer cada canto da enorme pousada.

O lugar era por dentro tão grande quanto aparentava quando se via do lado fora.

Sara me contou que ali haviam doze quartos ao total. Sendo que três deles eram ocupados: um por minha namorada, outro por seus pais e o terceiro por Sean, quando este ainda era vivo.

Os outro quartos que restavam e que eram segundo minha namorada, maiores que os que eles da família ocupavam, eram todos para alugar.

Sara me mostrou um dos quartos que estava vazio. E ele realmente era maior que o que eu estava hospedado. Nele havia: uma cama de casal espaçosa, armador pra colocar uma rede ali para mais alguém dormir no quarto. Ar condicionado split para refrigerar o quarto. Banheiro privativo. Frigobar. TV LCD. Ventilador de teto. Roupeiro pequeno. Além de uma mesa pequena para fazer as refeições caso algum hóspede resolva comer no quarto. E atrás de uma janela/porta de vidro, havia uma sacada pequena de onde se tinha uma vista para o jardim e a rua que passava ali diante da casa e, mais ao fundo a gente conseguia ver até a praia que tinha perto da pousada.

Sara disse que cinco dos nove quartos dali da pousada eram idênticos ao que me mostrava. Os outros quatro se diferenciavam deste por não ter cama de casal e sim, uma bicama e uma beliche.

Depois de conhecer como era um dos quartos alugados ali, Sara me levou pra conhecer onde ficava um dos banheiros sociais - Haviam dois. Um no primeiro andar da pousada e outro no segundo andar - a sacada que ficava também no andar de cima.

Além das redes ali no espaço da sacada, ainda tinham pufes e cadeiras confortavelmente acochoadas para os hóspedes ficarem acomodados lendo livro ou pegando vento, já que naquela área era bastante ventilada.

Em seguida, descemos e eu conheci a  sala de refeições, que ficava passando a recepção da pousada. Ficava numa área espaçosa que contava com alguns conjuntos de mesas com quatro cadeiras, além de contar com uma mesa enorme encostada no canto do lugar. Sara disse que era nela que eram postas as refeições para os hóspedes se servirem. O café da manhã era sempre servido no horário das 8 e ficava posto até às 10 da manhã.

"Quem comeu, comeu. Quem perdeu a hora do café e não comeu, fica sem comer mesmo!", Sara disse em tom de brincadeira.

Na sala de refeições havia uma TV presa no alto de uma das paredes e quatro ventiladores também presos as paredes em cada canto da sala e também tinha janelas que davam vista pra área dos fundos da pousada e uma porta de vidro que levava para aquela área também.

Depois conheci a copa onde era preparada a comida e anexo à ela, a pequena cozinha que fora onde eu almocei com a família de Sara.

Ela me mostrou depois, o outro banheiro privativo.

Seguimos para área externa, localizada nos fundos da pousada. Nela vi uma piscina de tamanho médio onde três hóspedes estavam se divertindo. Havia algumas espreguiçadeiras pra pegar sol ou se deitar apenas pra relaxar. E tinha também uma pequena quadra de vôlei de praia.

—Nossa não imaginava que a pousada da sua família fosse tão grande assim. - Comentei com a gente escorados a cerca que delimitava os limites da pousada. Dali a gente via a praia mais de perto.

—Você achou que era uma coisinha pequena?

—Sinceramente achei! Faz tempo que sua família tem esse lugar?

—Essa era uma propriedade do meu avô. O pai do meu pai. Quando ele morreu antes mesmo de meu irmão e eu existirmos, isso aqui ficou pro meu pai. Era somente um casarão abandonado e velho, sabe? Meu pai me contou uma vez, que ele pensou em vender essa casa, mas depois desistiu. Aí, alguém sugeriu à ele a ideia da pousada. Já que aqui ficava perto da praia e também havia na época uma carência de lugares para as pessoas ficarem hospedadas por essas bandas.

—Hum...

—E meu pai com a cara e a coragem. Largou o emprego de anos de gerente de um hotel no centro de São Francisco e minha mãe largou o dela de assistente de chefe de cozinha e juntando a grana que eles pegaram pela rescisão de contrato em seus empregos, que não foi muito diga-se de passagem, e um empréstimo que pegaram no banco, então montaram isso aqui.

Nossa era muita coragem largar um emprego e tentar a sorte num negócio que podia tanto dar certo quando não. Menos mal que deu certo, muito certo, pelo que eu podia ver.

—E nisso faz quanto tempo que eles montaram essa pousada.

—Acho treze anos.

Assoviei diante da resposta. Achei que fizesse bem menos tempo que eles tinham montado essa pousada.

—Um negócio de família que deu muito certo, né?

—Sim.

—E você ajuda aqui?

—Claro, né?! Qual é? Tá achando que eu fico só de flozô por aqui?

—Achei! - Provoquei e ganhei de Sara um soco de leve no braço. Sorri.

—Eu trabalho aqui tá legal. Quando chego da escola ajudo no que é preciso. Desde que era menor já ajudava. Meu irmão quando era vivo e antes de se meter com as drogas ficava na recepção e levava as bagagens dos hóspedes para os quartos. Mas depois que ele começou a se meter com essas porcarias, meu pai contratou o Carl. Ele é filho da Marta, que trabalha na cozinha com a minha mãe. Ela não veio hoje, mas amanhã você a conhece.

—Certo!... E vocês só tem esses dois funcionários?

Era pessoas de menos pra cuidar da organização de um lugar grande como aquele.

—Não. Ainda tem o Lucca, que é tipo o  "faz tudo" daqui. E a Taylor, nossa roupeira. Ambos também não vieram hoje. Só aparecerão segunda.

—Hum...

—São tudo gente com um parafuso a menos, já te aviso logo.

—Ah, então são que nem você?! - Provoquei mais uma vez minha namorada.

—Você veio de Vegas com muita gracinha pro meu gosto, Grissom.

Novamente, Sara me golpeou o braço e abri um sorriso enquanto abraçava minha namorada e, lhe roubava um rápido beijo pra não correr o risco de Otávio ver.

...

—E então, tá pronto?

Ouvi Sara bater do lado de fora da porta do quarto.

Aqui, ela sabia bater na porta, é?!

—Tô!

—Então vamos, né?

Por sugestão dela, a gente ia dar uma volta na praia já que o sol havia baixado mais aquele horário da tarde. Só que antes de irmos, eu precisava entregar uma coisa à ela que consegui esconder à muito custo de Sara quando ela me ajudou a guardar meus pertences na pequena cômoda que havia no quarto.

—Entra aí antes rapidinho, Sara. - Pedi.

No instante seguinte, ela já abria a porta e entrava no quarto.

—O que foi?

—Antes da gente ir, quero te dar isso. - Estendi à ela um pequeno estojo retangular preto enfeitado com um delicado laço azul claro.

—O que é isso?

—Um presente de aniversário atrasado.

O aniversário dela tinha sido no mês retrasado, mas eu fiz questão de trazer um presente à ela. Mesmo já tendo passado dois meses da data.

—Mas o meu aniversário já passou.

—Não importa. Eu quis trazer mesmo assim um presente pra minha irritante namorada. - Contei em tom brincalhão.

—Valeu pelo irritante, viu?! - Debochou Sara de minhas palavras.

Sorri enquanto via minha namorada pegar o estojo de minha mão. Sem delicadeza alguma, ela arrancou o laço. Podia simplesmente, tê-lo desfeito com delicadeza, mas não. Com ela delicadeza e sutileza eram que nem água no deserto. Ou seja, coisa rara de se ver!

Assim que ela abriu o estojo e viu seu conteúdo, um sorriso bonito apareceu enfeitando seu rosto.

Dentro do estojo havia uma correntinha de ouro a qual carregava um pingente de uma guitarra com dois pequenos cristais azuis turquesa cravados do braço da guitarra. Era uma peça bonita que assim que bati os olhos na joalheria que fui com minha mãe, imediatamente, lembrei da Sara. Como ela gosta de rock, então, não pensei duas vezes em optar por esse pingente.

—E aí...?

—É lindo, Gil. - Ela sorriu mais ainda e me abraçou, confessando logo em seguida, que tinha adorado o presente e me agradecendo pelo mesmo com um beijo. _ Coloca pra mim. - Sara me pediu assim que o nosso beijo terminou.

Virando-se de costas pra mim, ela ergueu seus cabelos castanhos que já estavam mais compridos um pouco do que eram na época em que ela ficou na minha casa. E então, eu prendi a correntinha no pescoço dela.

—Ficou bonito?

Sara quis saber ficando de frente pra mim.

—Ficou lindo!

Descendo as escadas nós encontramos o pai de Sara conversando com um casal de hóspedes. Eles pareciam lhes pedi uma informação de onde ficava determinada praia.

Ficamos de certa distância esperando que ele terminasse de falar com eles pra ir contar que íamos à praia dá uma volta.

Assim que vimos o casal se afastar de Otávio, nós então nos aproximamos do pai de Sara.

—Pai!

—Oi.

—Gil e eu vamos dar uma volta na praia e ver o pôr-do-sol.

—Vocês vão sozinhos, Sara?

—Pai não começa. Gil e eu somos bem grandinhos pra andar com escolta. A gente volta logo.

—O quê é isso pendurado no seu pescoço?

—Um cordão, né pai?! Foi o Gil que me deu de presente de aniversário.

—Mas o aniversário dela já passou, sabia?

—Eu sei. Mas eu quis trazer mesmo assim um presente pra sua filha.

—A gente tá indo, pai.

—Não quero demora, hein Sara?!

—Ok.

Com um aceno de mão, Sara se despediu do pai dela e eu a imitei. Otávio apenas me olhou sério. Começo a pensar fortemente que ele não irá com a minha cara mesmo que eu tente ser o mais educado dos seres humanos na face dessa terra.

Já do lado de fora da pousada me atrevi a passar o braço pela cintura de Sara, mas ouvi um "Psiu" alto reverberar atrás da gente. Era o pai de Sara que tinha nos seguido até a porta sem que víssemos.

—Nada de andar segurando a minha filha como se fosse uma preguiça agarrado ao tronco de uma árvore, rapaz!

Nós ouvimos de Otávio ao nos virarmos pra ele.

—Pai!

Sara disse em tom de censura ao pai dela. Prevejo que desse jeito e com um sogro desses, eu não vou ter chance de passar dos beijos com Sara. Isso se a gente conseguir trocar um beijo se não for só escondido. Já que pelo visto, Otávio parece que manterá uma "vigilância" constante em cima da gente e principalmente, de mim.

—Pai nada! Tira esse braço daí da cintura da minha filha, rapaz.

Fiz o que ele "pediu" e depois ele ainda exigiu que eu desse dois passos e me afastasse um pouco da filha dele, e só após eu ter feito isso, foi que Otávio nos liberou pra retomarmos nosso caminho pra praia.

—Tô de olho em vocês!

Escutamos enquanto caminhávamos pela rua e nos afastávamos da pousada.

—Que saco! Ninguém merece isso!

Sara resmungou ao meu lado e eu lhe olhei.

—Foi mal pelo meu pai. Ele tá sendo pior que irmão pequeno.

—Não achei que ele fosse tão ciumento assim.

—Te falei que ele era.

—Se ele mantiver essa marcação cerrada na gente, não vamos poder fazer nada. - Comentei com certa preocupação.

—Eu sei. E já pensei num meio de burlar a marcação do meu pai.

—Ah, é?! E posso saber que "meio" é esse?

Era muito bom saber que ela já tinha pensado numa saída pra gente. Pelo visto, não era somente eu quem não queria ficar só nos beijos.

—Ah, isso é surpresa, quatro olhos.

Seguimos caminhando lado a lado, mantendo certa distância um do outro, como o pai de Sara pediu. E por falar nele, arrisquei uma olhadela pra trás e ele ainda estava à nos observar da entrada da pousada.  Parado de braço cruzados e cara fechada, Otávio até lembrava aqueles seguranças de festa. Minha namorada tinha um segurança e tanto. Pobre de mim!

—Ele ainda tá olhando, né?

Assentí com um sorriso pra Sara.

Ainda bem que alguns passos depois, a gente já dobrava a rua e então livre dá vigilância de Otávio, pude passar meu braço pela cintura de Sara e seguimos assim até atravessarmos a rua e alcançarmos deste lado o calçadão da praia.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

"Preguiça agarrado ao tronco de uma árvore." Kkkkkk

Otávio é fora de sério.

Tô até com pena do Gil.

Até o próximo capítulo.

Um beijo.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "São Francisco" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.