São Francisco escrita por Dri Viana


Capítulo 6
Capítulo 5


Notas iniciais do capítulo

Sara vai tentar saber o que foi conversado entre seu namorado e o pai, mas Gil não vai lhe contar. Ele pretende deixar a conversa com o sogro sóentre eles mesmo.



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—Seu pai sabe que tá aqui no quarto comigo? - Arrisquei em saber após a gente trocar um beijo e Sara se acomodar em meu colo na cama.

—Por que a pergunta? Por acaso tá com medo dele aparecer e nos pegar assim? - Ela exibia um sorriso debochado e ao mesmo tempo divertido.

—Não exatamente. - Dei uma mentida básica. Óbvio que eu tava com medo em sermos flagrado pelo pai dela, mas ela não precisava saber. _Ele me disse que não queria a gente sozinho no quarto, Sara, e eu não quero criar problemas com seu pai por isso.

Ela caiu na risada. Certamente, achando engraçado o meu "temor" em desacatar um 'pedido' do pai dela.

—Qual é a graça? - Questionei um tanto descontente com aquele ataque de risos dela, pois sabia bem qual era a razão dele.

—Você é a graça, Gil. Você diz que não está com medo, mas acho que tá se borrando de medo sim.

—Não é bem medo. É respeito. Eu tô na casa dele sabia? Então tenho que seguir as normas dele. - Justifiquei.

—Mas que namorado certinho demais eu fui arranjar.

Não gostei nada do jeito como ela falou isso de/pra mim.

—Tá reclamando? Se quiser te deixou livre pra arranjar alguém mais errado que o 'certinho' aqui.

—Ei! Eu não falei pra te ofender. Foi uma brincadeira. Pára de drama, Grissom!

—Não é drama. Se acha ruim um cara certinho como eu, então o melhor é você procurar um cara que seja o oposto de mim. Certamente, ele combinará mais com você do que eu.

—Ah, não! Eu não tenho vocação pra essa briguinha boba, não. Sério!

Sara saiu do meu colo tão logo disse isso.

—Ninguém tá brigando aqui, Sara. - Rebati levantando da cama logo em seguida à Sara. _Só tô comentando algo...

—Eu fiz uma brincadeira. - Ela disse me interrompendo. _Agora se você não gostou, me desculpa. Ok? Não achei que um simples comentário fosse causar um...

Eu não deixei mais que ela prosseguisse falando e lhe dei um beijo.

—Desculpas aceita. - Murmurei pra Sara após o beijo. _ E também peço desculpas pelo que disse. Além do mais, nada a ver a gente ficar perdendo tempo nesse... estresse todo, sendo que acabei de chegar e a gente tava meses sem se ver, não é?

—Foi você quem começou se estressando todo.

É verdade. Só que aquela "brincadeira" que ela faz ao falar de mim daquele jeito, eu não vi com bons olhos, por isso o meu estresse. Mas deixa quieto que é melhor.

— Foi mal. Assunto encerrado, pode ser? Não quero ficar em clima ruim com você.

Tantos meses e agora que acabei de chegar, a gente já ia ficar nessa birra? Não. Eu não vim aqui pra me desentender com ela. Vim pra matar a saudade, namorar e fazer coisas que por uma tela de computador a gente não podia.

—Nem eu quero ficar nesse clima com você, seu chato.

—Olha quem fala.

A gente sorriu e trocou outro beijo.

—E pra sua informação meu pai não está em casa. Ele acabou de dar uma saída pra ir buscar um encanador pra terminar de ajeitar a torneira que ele não conseguiu dar jeito. E eu aproveitei pra vim aqui te ajudar com a mala e saber se você tinha gostado do quarto. E antes que pergunte, minha mãe sabe que estou aqui.

—Hum...

—Esse quarto era do meu irmão. Você não se importa de ficar aqui, né?

—Não. Por que me importaria?

O cômodo era bonito, bem arrumado e menor que o meu próprio quarto, mas isso não era problema pra mim, caso fosse isso o qual ela se referia. Mas descobri que não era exatamente a esse detalhe que Sara se referia.

—Porque foi aqui que o meu irmão morreu, lembra que eu te falei?

—Lembro sim.

Como eu não me lembraria daquilo. Eu jamais ia esquecer aquela nossa conversa sobre o irmão dela.

—E talvez você, não se sinta à vontade ficando no quarto em que meu irmão morreu. Se tiver algum problema pra você isso, eu posso falar com os meus pais e...

—Sara não tem problema pra mim ficar aqui. Fica tranquila.

—Tem certeza?

—Absoluta.

—Ok! Agora, me conta como foi a conversa com meu pai? Ele pegou muito pesado com você?

Sara fez uma careta engraçada ao me perguntar, que inevitavelmente, eu dei um pequeno sorriso.

—Pelo visto foi uma conversa engraçada, porque você tá até rindo.

Quem dera!

—Não, não foi. Eu tô rindo da careta que fez ao me questionar sobre a conversa com seu pai.

—Ah, sim. Como foi a conversa então?

—Não foi tão ruim quanto eu pensava que seria. - Contei deslizando as mãos pela extensão do braço de Sara.

—Sério mesmo?

—Sim. Eu jurava que seria pior, mas não foi.

—E o que ele te disse exatamente nessa conversa?

—Muitas coisas que certamente um pai ciumento diz ao namorado da filha dele.

—Mas que "muitas coisas" foram essas?

—Coisas que eu vou deixar você sem saber.

—Ah, não, Grissom!

—Minha conversa com ele vou deixar só entre ele e eu, Sara. Não vou te contar.

—Por que?

—Porque não! - Dei um beijo nela e achei que ela fosse insistir em querer saber mais sobre a conversa. Mas ela não fez isso. Milagre!

—Eu e minha mãe estávamos apreensivas com essa conversa que ele pretendia ter com você. - Minha namorada me confidenciou após um breve silêncio entre nós, e enquanto ela brincava com os cós da calça caqui que eu usava. _Pelas coisas que ele nos disse ontem, nós estávamos preparadas pra ouvir berros e berros vindos daqui.

Ela me encarou e nós dois acabamos rindo desse seu comentário.

—Não teve berros como achavam. Foi tenso, não nego. Mas ao mesmo tempo foi tranquilo também.

—Que bom então. Mas não vai mesmo me contar o que ele te disse?

—Não! - Neguei com um sorriso. Tava achando muito ela não insistir.

—Ok! Sabe que... Eu fiquei preocupada com o fato dele acabar te tocando o terror total e você por conta disso, acabar desistindo de continuar namorando comigo.

Eu não consegui conter um sorriso bobo pela visível 'preocupação' dela.

—Não ri, seu nerd chato!

Ela socou meu peito e inevitavelmente, eu ri mais ainda enquanto a abraçava apertado. Era bom saber que ela parecia ter medo de me perder ou de eu desistir dela.

—Olha... Ele podia tocar o terror que fosse, que ainda assim, não me faria desistir de você. Sem chance disso acontecer, garota insuportável.

Nem se eu fosse louco ou o pai dela me ameaçasse de morte, eu desistiria da minha garota insuportavelmente irresistível.

—Mesmo?

—Mesmo... Mesmo... Mesmo! - Respondi a cada intervalo de beijo estalado que dava em sua boca que ao longo desses meses desejei tanto beijar.

...

—Nossa, a sua comida é excelente. - Elogiei dona Laura. O almoço que ela preparou tava muito bom. Tanto que eu repeti e eu não sou muito de fazer isso na casa dos outros.

—Ah, obrigada, Grissom.

—Sabia que o Grissom cozinha muito bem, mãe? Era ele que fazia o almoço pra gente quando a mãe dele não vinha almoçar em casa.

—Pois está intimado a preparar uma refeição pra gente.

Seria uma desfeita enorme se eu me recusasse a isso.

—Bom, eu posso fazer, mas nem de longe vou chegar perto dessa refeição que a senhora preparou.

—Senhora?

Dona Laura me olhou em tom de censura.

—Desculpa... você, Laura. - Corrigi.

—Melhor.

—Você e minha filha ficavam muito sozinhos na sua casa, rapaz?

Olhei pra Sara de relance antes de responder aquela pergunta do pai dela.

—Algumas vezes. Como sabem minha trabalha numa galeria e às vezes, não dava pra ela vir em casa na hora do almoço. Então acabava que Sara e eu ficávamos o dia todo sozinhos em casa. Mas jamais desrespeitei sua filha enquanto ficamos sozinhos.

"Nós até transamos, mas foi de comum acordo!"

Não queria nem imaginar se ele sonhasse com uma coisas dessas. Eu possivelmente era um cara morto!

—É pra eu acreditar nisso? - Seu olhar me mirava certeiro.

Uma das minhas sobrancelhas se arquearam com a perguntar em tom altamente descrente e irônico.

—É, sim, porque essa é a verdade, pai. O Gil é demais certinho. Ele nunca me desrespeitou uma vez sequer.

Era bom ver Sara me defender, mas eu podia muito bem fazer isso sozinho.

—Certinho, ajuizado, responsável, sabe cozinhar. Pelo visto você é bem cheio de qualidades. Não tem um defeito em você, ô rapaz?

—Otávio!

—Só fiz uma pergunta pra ele, Laura.

O pai da Sara parecia bem pé atrás comigo mesmo tendo aceitado-me como namorado da filha dele. E esse seu comportamento só me fez lembrar do meu com o Phil logo no começo do namoro dele com a minha mãe. Agora, eu tava sentindo na pele a intolerância e a desconfiança a qual submeti Phil.

Tá do outro lado da moeda é pior do que eu pensava.

—Eu tenho sim meus defeitos, Otávio, como qualquer ser humano que se preze.

—E sabe qual é o maior defeito dele pai? O mesmo que o seu. O ciúmes. Gil é tão ciumento comigo quanto o senhor é.

—Sara! - Indignados, tanto eu e quanto o senhor Sidle dissemos o nome dela juntamente, o que causou riso em Sara e na mãe dela.

—Olha só, sogro e genro compartilhando da mesma reação e do mesmo defeito.

Dona Laura nos provocou e tanto Otávio quanto eu nos olhamos nada contentes por aquilo.

—Eu não sou ciumento, Laura!

O senhor Sidle resmungou pra esposa e eu tratei de também negar aquilo, mesmo ciente de que aquela era a mais pura verdade. Eu era ciumento mesmo em relação não só a Sara mais a tudo, só que não ia assumir aquele fato na frente dos meus sogros. Não mesmo.

—Eu também não sou assim.

—Ah, Gil não vem com essa porque eu sei que você é sim ciumento.

Esqueci que Sara estava ali pra me desmentir.

—Ok! Eu posso ser um pouquinho mesmo. - Tive que admitir pra não fazer a minha namorada passar por mentirosa na frente dos pais dela. _ Mas também não sou o único. Você também é ciumenta em relação a mim, Sara.

Talvez, ela fosse até mais do que eu, ou nem tanto assim. Pra falar a verdade, acho que tá mais pra um empate técnico entre a gente no quesito ciúmes.

—Nem vem Gil.

—Sara, nós sabemos bem que você é ciumenta mesmo, filha. Inclusive, ela herdou esse ciúmes todo do pai, Gil.

—Mãe fala sério.

—Fala sério mesmo, Laura!

Laura e eu rimos em divertimento pela indignação de pai e filha quanto ao que fora dito por ela. E Sara e Otávio acabaram se juntando a nós e rindo também no instante seguinte.


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Notas finais do capítulo

Até o próximo!



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