São Francisco escrita por Dri Viana


Capítulo 22
Capítulo 21


Notas iniciais do capítulo

Uma conversa de sogro e genro.

E uma surpresa especial da Sara para o Gil.



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—Laura, você pode me ajudar com uma coisa mais tarde?

Minha sogra me fitou rápido enquanto eu a ajudava na cozinha com a preparação do almoço. Marta não veio hoje, pois segundo Carl, ela não estava passando bem, inclusive Marta foi ao médico. E com a ausência dela ali pra ajudar minha sogra com o preparo das refeições, eu me disponibilizei pra ser seu assistente já que gosto de cozinhar. Sem contar que seria uma ótima distração, pois Sara não estava em casa. Minha namorada tinha saído com o pai pra ir ver umas coisas. Eu queria ter ido com ela, só que simplesmente Sara vetou minha ida junto. Achei estranho isso, mas não reclamei.

—Claro que ajudo, mas no quê quer a minha ajuda?

—Eu quero comprar um presente pra dar a Sara amanhã na noite de Natal. Só que eu não conheço bem a cidade pra ficar zanzando por aí e nem quero pedir a Sara pra me levar, porque não quero que ela saiba que vou comprar um presente pra ela. Então queria que me acompanhasse nisso.

—Eu acompanho sim. A gente pode ir depois do almoço, o que acha?

—Aonde pretendem ir depois do almoço posso saber?

Minha sogra e eu nos viramos rapidamente pra encontrar Otávio entrando na cozinha com algumas sacolas de supermercado.

—Cadê a Sara?

—Ficou na recepção falando ao celular. Mas onde vão?

De maneira rápida e resumida minha sogra contou ao marido que ia me levar pra eu comprar um presente pra filha deles, mas era segredo.

Otávio já ia dizer algo, mas se calou com a entrada de Sara ali na cozinha.

—Ei, está bancando o ajudante da minha mãe?

—Pois é.

—Mãe esse assistente é bom?

—Muito! Acho que vou contrá-lo como assistente reserva, pra quando a Marta faltar como hoje.

Eu sorri e minha sogra também.

Horas mais tarde após o almoço, minha sogra apareceu na varanda onde eu e Sara estávamos de conversa.

—Grissom a gente já pode ir.

—Ah, tá.

—Aonde vocês vão?

Olhei pra Laura e minha sogra rapidamente inventou uma mentira.

—Pedi ao seu namorado pra me acompanhar a cidade. Mas vamos só os dois, Sara. Você fica aqui com seu pai ajudando a tomar conta da pousada. Vamos, Grissom?

—Vou só apanhar minha carteira, trocar de camisa e calçar o tênis.

—Vou te esperar no carro então.

—Tá bom!

—Por que não me contou que ia sair com a minha mãe?

—Não sabia que tinha que te avisar.

Olhei pra Sara que vinha no meu encalço até o quarto. Cheguei no cômodo, troquei de camisa, calcei o tênis e apanhei minha carteira e celular, sendo o tempo inteiro observado por Sara.

—Aonde vocês vão?

—Não sei. Ela não me disse.

—E quando ela te pediu pra acompanhá-la?

Eu ri do interrogatório dela enquanto saíamos do quarto e vínhamos pelo corredor.

—Você tá parecendo da Interpol me crivando de perguntas assim.

—E você não respondeu a minha pergunta.

—Foi quando eu estava ajudando sua mãe na cozinha. Qual é? Não me diga que está com ciúmes de eu sair com sua mãe?

—Até parece!

—Pois pior que tá parecendo mesmo.

Eu apertei os lábios pra não rir da cara de serial killer dela ao me fitar pelo que eu lhe disse.

Ao chegarmos na recepção me despedi da minha namorada com um beijo e saí pra encontrar Laura no carro.

—Ela te fez um interrogatório, não fez?

—Fez!

—De qualquer forma ela faria se sumíssemos sem avisar.

—Com certeza!

—E você já sabe o que quer comprar pra Sara?

—Sim.

...

Quase duas horas depois de sairmos da pousada, minha sogra e eu já estávamos de volta. O meu presente estava devidamente guardado na bolsa de Laura pra Sara não vê-lo.

—Acha que ela vai gosta, Laura?

—Com certeza. O que eu já não posso dizer muito do Otávio. Ele não vai gostar nada desse presente.

—Acredito que não mesmo.

Minha sogra e eu sorrimos enquanto saíamos do carro.

—Você quer que eu guarde esse presente até amanhã?

—Por favor. Do jeito que a Sara é curiosa vai acabar descobrindo isso e estragando a surpresa.

—Ah, é bem capaz mesmo! Amanhã a noite te dou então.

Assenti pra Laura e pedi também que não comentasse com o marido sobre o presente que comprei. Ela concordou e nós seguimos em direção a entrada da pousada. Na recepção encontramos Carl de papo com Taylor.

—E meu marido, vocês sabem dele?

—Seu Otávio tá no quintal junto com a Sara de papo com Paul.

—Ah, que bom que o Paul tá aí. Vem, Grissom, vamos lá com eles.

Segui Laura até onde Carl disse que meu sogro e minha namorada estavam. Encontramos os três na maior risada.

—Olha só quem chegou?! Estávamos falando agorinha em vocês.

—Ah, e posso saber o quê falavam?

—Na verdade esses dois aqui... - Paul apontou para Otávio e Sara. _... Estavam reclamando da demora de vocês em voltar.

—Novidade! Como vai Paul? - Minha sogra trocou um abraço com o padrinho de Sara.

—Vou bem, Laura. E você?

—Também vou bem.

—E aí, rapaz?! - Paul me estendeu a mão e eu aceitei o cumprimento. _Como vai você?

—Vou bem, obrigado.

—E a hospedagem aqui na casa dos seus sogros, como tem sido?

—Muito boa, Paul.

—Soube que vai ser presença constante por aqui.

—Sim, vou ser.

—Infelizmente! - Meu sogro resmungou de maneira nada discreta e todos olhamos pra ele. _O quê?

—Otávio, você não tem jeito, homem!

...

—Você não gosta de mim e nunca vai gostar mesmo que eu tente ser o sujeito mais educado e paciente, não é?

Meu sogro se virou pra me encarar postado ao lado dele, apoiado a cerca que eu tinha pintado ontem.

Da varanda, eu tinha visto Otávio observando as estrelas no céu e resolvi vir até ele e tentar entender porquê o meu sogro não me "engolia" de jeito nenhum.

—Sabe que essa sua pergunta eu já ouvi antes? - Meu sogro sorriu e depois voltou sua atenção pra frente e encarou o céu de novo. _Eu fiz essa mesma pergunta ao pai da Laura, porém com palavras diferentes. John era implacável comigo e me marcava em cima quando eu ia visitar Laura. Ele era muito mais implacável até do que eu sou com você. Meu sogro não me dava qualquer descanso, sabe?

—E agora desconta em mim o que ele fez pra você?

—Não, rapaz. Não estou descontando nada em você.

—Então por que me trata assim? Eu acho que não sou um sujeito tão ruim assim, sou?

Ele me olhou de relance pra logo em seguida se virar e escorar as costas na cerca pra fitar a pousada. Eu o imitei na sequência.

—É curioso, que você só entende algumas coisas quando está bem no centro delas. Quando eu perguntei ao pai da Laura por que ele não gostava de mim, sabe o que ele me respondeu?

—Não!

—Ele respondeu assim: "Otávio, quando você for pai de uma menina e ela arranjar um namorado... você vai entender bem porquê eu te trato assim.". E, agora, eu entendo perfeitamente o que ele quis dizer e a razão de me tratar como tratou no começo do meu namoro com a filha dele!... Não é fácil pra um pai... pelo menos é assim comigo e foi com o meu sogro... aceitar que a nossa única filha cresceu, deixou de ser a menininha do papai e virou uma mulher, e arranjou um namorado. A gente deixa de ser o único homem no coração dela, porque agora ela tem namorado. E, quando você estiver no meu lugar, vai me entender como eu agora entendo meu sogro.

—Eu não vou agir assim com o namorado da minha filha, se eu tiver uma filha com a Sara.

—Com a minha filha, você só vai ter filhos depois que ela passar dos 30 anos. Antes disso, nem pensar.

Eu ri dele.

—Ok! Só achei que ia querer ser avô mais cedo.

Otávio me fitou com cara de poucos amigos.

—Nem pensar numa coisa delas. E sobre você agir diferente com o namorado de uma filha, quando tiver uma... saiba que falei exatamente isso pro meu sogro na época em que ele me disse sobre quando eu for pai. E cá estou eu fazendo exatamente o contrário do que disse que faria. Você também vai fazer diferente. Vai por mim, que você vai agir exatamente como eu com você, e o meu sogro comigo. Você vai detestar ver um cara abraçando sua filha na sua frente, beijando-a, sozinho com ela num quarto e outras coisas desagradáveis pra um pai imaginar.

Talvez ele tivesse certo ou não. Mas eu só saberia no futuro mesmo isso.

—Eu amo a sua filha, Otávio. Amo muito.

—Eu sei, não duvido disso, rapaz. Até porque dá pra ver bem na sua cara que a ama. E dá pra ver também na dela que ela te ama. Mas é como eu te disse, não é fácil pra mim aceitar na boa que agora minha filha tem um sujeito na vida dela. Todavia, eu vou me acostumar um dia com você, como meu sogro acabou se acostumando comigo.

—E esse "um dia" vai demorar muito?

—Bastante, rapaz!

...

A quarta-feira, véspera do Natal chegou e a pousada ficou uma loucura. A noite irá rolar uma festa no quintal da pousada para os hóspedes e alguns convidados dos meus sogros. Laura queria que tudo estivesse pronto antes das sete e meia da noite, pois havia marcado com seus convidados para as nove e meia.

E enquanto minha sogra, Marta e eu de assistente, as ajudava na cozinha com a preparação da enorme e variada ceia de Natal, após o almoço. Os demais tratavam de arrumar e enfeitar o quintal que seria o local da festa, com alguns balões, mesas e apetrechos natalinos.

Não sei se foi o trabalho em excesso, mas nem via as horas passarem naquele dia. E quando terminamos do serviço que fui notar que já era noite.

Meus sogros, eu e Sara subimos pra nos arrumar. Já Carl, Marta e Taylor foram pra suas casas se arrumarem e voltarem pra pousada mais tarde. Eles passariam a ceia de Natal com a gente.

Tomei um banho bem demorado. Depois fui me arrumar sem pressa. Escolhi uma calça jeans com lavagem bem escura e que era nova, uma camisa roxa de botões e mangas compridas, e sapatos escuros.

Estava penteando o cabelo de frente para os espelhos quando vi Sara apontar a cabeça pelo vão da porta que ela abriu.

—Ei! Ainda não tá pronto?

—Tô quase.

—Eu que sou mulher fiquei pronta antes de você.

—Entra aí. Deixa eu ver como você tá.

Ela entrou no quarto e eu fiquei encantado, pois minha namorada tava linda demais num vestido de alças finas, que era justo no busto e solto da cintura até a altura de seus joelhos, onde batia o comprimento dele. Ela ainda usava um sapato de salto, os cabelos estavam escovados e brilhantes, e a maquiagem era suave.

—Sabia que você é a namorada mais linda do mundo?

Ela sorriu toda sem jeito enquanto eu me aproximava dela. Gosto quando ela fica tímida, pois fica mais linda ainda.

—E você o namorado mais bobo!

Eu sorri abraçando-a pela cintura enquanto ela abraçava meu pescoço.

—Eu te elogio e recebo essas palavras em troca?

—Fazer o quê? Eu sou assim e você sabe bem disso.

—E como sei!

A gente sorriu juntos e ouvimos Laura chamar Sara e aparecer pela pequena brecha da porta do quarto.

—Oi, mãe.

—Vem aqui fora rapidinho, filha.

Enquanto Sara saiu do quarto com Laura, eu fui terminar de pentear o cabelo e passar perfume. Assim que terminei de fazer as duas coisas, minha namorada voltou ao quarto.

—O que sua mãe queria?

—Nada de mais. Você já terminou de se aprontar?

—Nesse instante.

—Ótimo! Então você vem comigo, porque eu tenho que te entregar um presente que não dá pra ser entregue só meia noite.

Sara saiu me puxando pela mão pra fora do quarto e foi me arrastando pelo corredor até chegarmos a recepção. Pelo caminho eu quis saber que presente era esse, mas ela disse que era surpresa. Seguimos em direção ao quintal e quando faltava um curta distância pra chegar lá, Sara falou pra eu fechar os olhos e assim o fiz. Ela então ainda tapou com as mãos meus olhos e foi me guiando devagar até o quintal.

—Olha vou tirar as mãos dos seus olhos, mas ainda é pra mantê-los fechados.

—O que você tá aprontando, Sara?

—Você vai gostar. Agora eu vou tirar as mãos, mas continua com os fechados.

—Ok!

Senti suas mãos abandonarem meus olhos e segundos depois Sara me mandou abrir os olhos pra ver o meu presente. Tão logo fiz isso, eu enxerguei a minha frente poucos passos de distância de mim, minha mãe e Phil, postados ao lado dos meus sogros.


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Notas finais do capítulo

Bruh como você mencionou acertivamente em um dos seus comentários, Sara trouxe a mãe do Gil e Phillip pra passar o Natal com eles em São Francisco.

Sábado a continuação desse capítulo e da fic que já está se encaminhando para a reta final.

Beijo e até sábado.



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